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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo, de modo precípuo, analisar os óbices e desafios ao ensino
efetivo de Língua Portuguesa, Matemática e Raciocínio Lógico, no contexto da mudança
curricular que elevou o CFGS (Curso de Formação e Graduação de Sargentos) para o Ensino
Superior e incluiu estas disciplinas no currículo como Disciplinas Acadêmicas. O estudo foi
realizado a partir de discussões sobre a relevância de Metodologias Ativas e aulas
interdisciplinares para a promoção do protagonismo do aluno no processo de ensino-
aprendizagem e para o aprimoramento do seu pensamento crítico. Assim, propõe-se que se
associem as instruções de Cálculo Proposicional e Estratégias Argumentativas, ambas previstas
na ementa do curso, com o intuito de aprimorar a capacidade de resolução de situações-problemas
ligadas à realidade do aluno. Por conseguinte, espera-se que haja um avanço no nível das
instruções, de maneira a contribuir para uma formação intelectual mais robusta em consonância
com o perfil profissiográfico do concludente de quaisquer umas das especialidades do Curso
Superior de Tecnologia de Formação e Graduação de Sargentos.
ABSTRACT
The main objective of this paper is to analyze the obstacles and challenges to the effective
teaching of Portuguese Language, Mathematics and Logical Reasoning, in the context of the
curricular change that elevated the CFGS (The NCO Training Course) to Higher Education and
included these subjects in the syllabus as Academic Disciplines. The study was carried out from
discussions on the relevance of Active Methodologies and interdisciplinary classes to promote
student protagonism in the teaching-learning process and to improve their critical thinking. Thus,
it is proposed that the instructions for Propositional Calculus and Argument Strategies, both
provided for in the course syllabus, be associated with the aim of improving the ability to solve
problem-situations linked to the student's reality. Therefore, it is expected that there will be an
advance in the level of instructions in order to contribute to a more robust intellectual formation
in line with the professional profile of the Bachelor of Technology in any of the specialties of the
NCO Training Course.
1. Introdução
O ensino da lógica geralmente é tratado nas primeiras fases da aprendizagem, em que os
alunos devem aprender a desenvolver o raciocínio lógico para auxiliar na resolução de problemas.
Para Rouber, 2003- existem três habilidades básicas que devem ser adquiridas pelo estudante no
processo de alfabetização: aprender a ler, aprender a escrever e aprender a resolver problemas
matemáticos. No ensino do Brasil, a maneira como é ensinada estas habilidades constrói uma ideia
de dissociação, ou seja, não há um diálogo com duas disciplinas cruciais que é a Língua Portuguesa
e Matemática, a partir da alfabetização e, em decorrência dessa visão, tal deficit perdura-se até o
Ensino Superior de um aluno.
Essa forma de ensinar é exatamente encontrada na formação do Sargento de carreira do
Exército Brasileiro, oriundo de uma cultura de planejamento que ocorre desde a Alfabetização, mas
que com o avanço de estudos voltados para como ensinar, dentro do que se espera em Metodologias
ativas da Aprendizagem, por exemplo, é questionado como não ideal. Dessa forma, o trabalho tem
como objetivo criar uma breve análise, sem pretensões de esgotar o assunto, mostrando as
desvantagens de um conhecimento fixo, cerrado, não atrelado a outro conhecimento, com as
vantagens, ainda que de modo teórico, por não ter ocorrido uma prática efetiva em sala de aula, de se
associar os estudos de Cálculo Proposicional a Estratégias Argumentativas, para a formação do
Sargento e exemplo de líder de pequenas frações.
É importante ressaltar que o perfil de liderança do Terceiro Sargento foi bem engendrado
pelo decreto 9.171 de 17 de outubro de 2017 do presidente da República, alterando o Regulamento
da Lei de Ensino do Exército que, a partir da portaria n°504-EME, emitiu diretrizes para
Equivalências de Estudos dos Cursos de Sargentos com implementação do Curso de Formação de
Sargentos no Nível Superior de Tecnologia. Desse modo, a investigação se desenvolve a partir da
ideia de quais são os desdobramentos que o ensino de Língua Portuguesa com ensino de Raciocínio
Lógico exercem na formação do líder de pequenas frações. Logo, para que se encontre uma resposta,
faz-se necessário sustentar o seguinte objetivo particular: constatar os impactos que o domínio da
argumentação lógica realizará na prática do profissional militar.
Além disso, nota-se que, hoje, a prática de argumentar, conjecturar, justificar, formular e
construir faz parte da prática profissional do militar. Assim, “a argumentação está mais próxima das
práticas discursivas espontâneas e é regida mais pelas leis de coerência da língua materna do que
pelas leis da lógica formal que, por sua vez, sustenta a demonstração”. (BRASIL, 1998a, p. 70). Não
se pode esquecer de que o paradigma tecnológico e científico é predominante nas várias formas de
organização e nas práticas da vida social e profissional e, para se praticar ciência, é preciso ter um
posicionamento crítico que se desenvolve com estudos voltados ao raciocínio lógico e a
argumentação. Dessa forma, na prática profissional do militar, a argumentação realiza papel
fundamental na rotina diária, as quais são ações que estão apoiadas em princípios considerados
racionais pela filosofia e pela ciência. Por isso, o ensino de Raciocínio Lógico e Estatístico ocupa
uma posição de destaque na formação do líder de pequenas frações, uma vez que no exercício de sua
liderança como Sargento exige a capacidade de organizar e articular ideias, para que, por meio deste,
este profissional tenha condições de alcançar bons resultados em suas estratégias.
Faz-se relevante destacar que o tipo de pesquisa realizado foi o de não experimental, em que
se buscou apreender a base da formação acadêmica do Sargento, como eles agem e devem agir, de
modo que a manipulação feita em uma pesquisa experimental não é tentada e nem desejada. Atrelado
a isso, tem-se um Estudo de Caso sendo desenvolvido, pois há uma sutil tentativa de aprofundar a
descrição de determinada realidade, o que possibilita que os objetivos atingidos permitam a
formulação de hipóteses, com resultados que serão obtidos em uma possível prática futura. Logo,
busca-se explorar situações práticas da vida real, cujos limites anteriores já pré-definidos podem ser
modificados, levar em consideração o contexto particular da formação de um Terceiro-sargento.
Por último, tem-se como método qualitativo por atender a estes aspectos e por não ser um
trabalho a partir de dados e, sim, com problemas exploratórios, tendo em vista a complexidade do
assunto e o não esgotamento deste. Nessa perspectiva, a leitura e a escrita são fatores de extrema
importância para a resolução de problemas matemáticas. É primordial, então, que os alunos
compreendem e raciocinem sobre o que se está sendo proposto e não somente decorem e apliquem
fórmulas, ou estudem com o objetivo de passar na prova e essa mudança de cenário é o foco de um
bom profissional para uma boa formação de seus alunos.
2. Metodologia
Ao enunciar a seguinte indagação: “qual a potencialidade da articulação entre a Língua
Portuguesa (LP) e o Raciocínio Lógico (RL)?” Tem-se a condição de se verificar as capacidades que
há em uma instrução interdisciplinar. Nesse aspecto, a pergunta apresentada acima ganha o status de
fio condutor deste trabalho investigativo, o que compreende a pesquisa dentro de um caráter
exploratório, a partir da ideia de se verificar, por meio de um problema, o diálogo entre conhecimentos
de Raciocínio Lógica e de Língua Portuguesa. Esse contexto se pauta no processo de elaboração de
sua solução tendo em vista como se dá tal potencialidade explicitada no problema de pesquisa. Na
discussão promovida pelo percalço proposto, há a oportunidade de se interpretar como a Língua
Portuguesa exerce um papel articulador com Raciocínio Lógico, dando clareza e mostrando a
relevância das instruções em Disciplinas Acadêmicas.
Com o propósito de descrever a abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa, fez-se
necessário recorrer a seguinte compreensão sobre o conceito de Pesquisa Qualitativa, utilizada no
presente trabalho: “método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois considera que
os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político, econômico etc.” (PRADANOV;
FEITAS, 2013, P. 213). Além disso, por se tratar de uma investigação de cunho exploratório, entende-
se que a abordagem mais adequada é a pesquisa qualitativa, tendo em vista a relação dinâmica que
há na articulação destas duas disciplinas que constitui parte integrante do currículo formativo do
profissional militar. Dessa forma, dar-se-á condições de se contrastar as abordagens mais tradicionais
com as interdisciplinares, fornecendo subsídios para se elaborar escolhas mais assertivas no que
concerne ao ensino destas disciplinas na formação do 3° Sargento do Exército Brasileiro.
No que concerne ao tratamento de dados, esta investigação se alinha ao seguinte
entendimento:
Os dados coletados nessas pesquisas são descritivos, retratando o maior número possível de
elementos existentes na realidade estudada. Preocupa-se muito mais com o processo do que
com o produto. Na análise dos dados coletados, não há preocupação em comprovar hipóteses
previamente estabelecidas, porém estas não eliminam a existência de um quadro teórico que
direcione a coleta, a análise e a interpretação dos dados. (PRADANOV; FREITAS, 2013, P.
70)
Nesse ínterim, face ao caráter exploratório existente nesta pesquisa e apoiados nos referenciais
adotados na citação de PRADAVOV e FREITAS (2013), infere-se que há um forte movimento no
sentido de analisar os dados desta investigação de modo indutivo/descritivo, porque o processo e seu
significado são os focos principais de abordagem, e não análises pura e simples de dados. Concorda-
se, então, com a compreensão de que os dados coletados nestas pesquisas são descritivos, retratando
o maior número possível de elementos circunstanciais existentes na realidade estudada. Por fim, o
olhar crítico de dois profissionais da educação, em estudos matemáticos e em linguística textual, foi
relevante para que se pudesse enxergar novas formas de ensinar e abordar conteúdos, tendo em vista
o processo de aperfeiçoamento do professor em cursos oferecidos pela própria Escola de Sargento
das Armas (ESA).
3. Referencial Teórico
Ao se considerar os conceitos apoiadores e os autores consultados para dar base teórica ao
presente Artigo Científico, de caráter investigativo e exploratório, faz-se necessário se amparar em
exposições sobre o assunto de modo detalhado, para que se debatam ideias e teorias que sustentam o
assunto em questão, com o objetivo de um melhor desdobramento do assunto. Porém, antes de tudo,
ao se tratar sobre educação, deve-se ressaltar Piaget (1975), o qual defende que o conhecimento evolui
progressivamente, por meio de estruturas de raciocínio que substituem umas a outras, através de
estágios e é no estágio operatório formal que a criança começa a desenvolver seu pensamento como
o de um adulto, criando ideias abstratas que vão gerar seu raciocínio lógico – estágio este que se
depreende em torno de 12 a 15 anos de idade.
A partir desse cenário, dando um salto temporal na formação intelectual de um sujeito,
segundo Rouber (2003), é comum encontrar alunos universitários com dificuldades para interpretar
o que estão lendo, por não terem sido alfabetizados para entender o que está “por trás” daquilo que
está escrito, ou seja, o real significado e contexto. Assim, para o autor é preciso sempre validar de
forma clara as convicções, para que se consiga sustentá-la, e, é nessa sustentação que se pautará a
interdisciplinariedade das Disciplinas Acadêmicas LP e RL, porque mais do que ler superficialmente,
é preciso inferir e pressupor.
Ainda, faz-se circunstancial comentar Copi (1978), pois o autor especifica que “o estudo da
Lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto.”
Estudo de sistemas que definem como pensar de forma mais crítica no que diz respeito a opiniões,
inferências e argumentos, dando sentido ao pensamento. Ao fim e ao cabo, como desassociar esta
ideia se dialoga tão precisamente com estudos voltados a Estratégias Argumentativas, visto em Garcia
(2010), ao defender que o ato de escrever e argumentar e o estudo de raciocínio também contribuem
em aulas de argumentação e não só aulas de argumentação contribuiriam para o estudo de raciocínio.
Salienta-se: são matérias complementares, e não desassociadas.
Contudo, é interessante frisar a diferença sutil de argumento nas duas disciplinas trabalhadas
do artigo. No contexto do ensino do Raciocínio, argumento é definido do seguinte modo: “conjunto
de n proposições, onde uma delas é consequência e depende das demais” (BISPO et al. 2011,p.32).
Desta definição vale fazer o seguinte destaque: a proposição consequência é chamada de conclusão e
as demais de premissa. De posse desta definição e observando a conjuntura profissional do líder de
pequenas frações, fica explícito que no desenvolvimento da liderança deste militar, formular hipóteses
e argumentar de modo convincente é parte de sua práxis, tendo em vista que a prática deste
profissional é ressignificada na tecitura social, a partir da realidade mundial que caminha para o
progresso. Padilha (2019) complementa tal definição, afirmando que o sinônimo da definição
apresentada anteriormente é um silogismo, ideia que será mais desenvolvida e defendida no decorrer
do artigo.
Desse modo, compreende-se a articulação que o ensino de lógica exerce no dia a dia do futuro
Sargento, que no universo da matemática, a intuição é uma forte aliada no processo de
desenvolvimento do pensamento. Neste contexto, a tradução de uma intuição para Linguagem formal
é útil, a fim de representar de forma simbólica um determinado raciocínio. Para tal conceito, Pereira
(2020) apresenta a seguinte compreensão: métodos de inferência, usados para representar raciocínio,
tem como principal finalidade: representar argumentos, isto é, sequências de sentenças em que uma
delas é uma conclusão e as demais são premissas; e, validar argumentos, isto é, verificar se sua
conclusão é uma consequência lógica de suas premissas. Já Filho (2002) apresenta um procedimento
de validar um argumento no contexto do cálculo proposicional. Tal procedimento passa pela boa
utilização da Tabela-Verdade que tem a finalidade de: 1) demostrar; 2)verificar ou testar a validade
de qualquer argumento. Assim, tais concepções serão exploradas, a nível mais elementar, nas
instruções de LP e RL.
Nos estudos em Língua Portuguesa, para abarcar a estrutura textual, à nível de superfície, à
luz dos estudos de coesão, é fulcral destacar o seu principal autor, Koch (1992), que sustenta a ideia
de um elemento comunicativo constituído por elementos lingüísticos serem selecionados e ordenados
pelos coenunciados, com o intuito de propiciar a interação, a partir de processos e estratégias de
ordem cognitiva, estabelecendo uma função comunicativa reconhecível. Para tal, estudar conectivos
é criar uma ordenação linguística capaz de, semanticamente, produzir uma relação de palavras e
inferências.
Dessa maneira, ao tratar de elementos coesivos, como o uso de conectores, faz-se primordial
destacar a funcionalidade da ordem Lógica para um texto, visto em
das três proposições que constituem o silogismo, as duas primeiras chamam-se premissas,
e a última, conclusão. A primeira premissa diz-se maior, a segunda, menor. Mas entre
ambas deve haver uma ideia (ou termo) comum: condenado por fraude(no sujeito da
primeira e no predicado da segunda). Esse é o termo médio, condição indispensável ao
silogismo verdadeiro. Além disso, a premissa maior deve ser universal: todo ou nenhum.
Não pode ser alguns, pois sua característica é a universalidade. O silogismo pode ser
válido, quanto aos seus aspectos formais, e verdadeiro, quanto à matéria, ou ser uma coisa
sem ser outra. (GARCIA, 2010, pág.: 159)
Logo, destaca-se que, apoiado nestes teóricos, há um enlace que legitima uma abordagem
interdisciplinar entre as instruções de RL e LP, o que constitui o cerne do objeto estudado no presente
trabalho e, em aspectos de ensino-aprendizagem, constituirá em um avanço na formação do
profissional militar, tendo em vista o perfil de liderança do Sargento e sua feitura no projeto de
pesquisa que agora precisam apresentar no final do curso. Assim, há claramente uma defesa teórica
de que há outras possibilidades de se trabalhar conteúdos e conceitos que terão um mesmo caminho:
criar um pensamento crítico no corpo discente.
A
figura
supracitada mostra, de modo genérico, para que haja pouca exposição dos alunos do ano de 2021,
como foi realizada a última instrução da disciplina comum a todos os alunos, Português Instrumental,
trazendo a prática da oralidade como foco. Além disso, é relevante frisar que os alunos são avaliados
não só pela veracidade dos argumentos trazidos e suas estratégias, mas também pela sua fala formal,
apresentação e posicionamentos voltados à liderança, já que serão futuros instrutores e militares.
Tendo em vista que os conhecimentos não estão isolados um dos outros e postos pela ciência
de maneira estanques, cabe reafirmar como uma aula proposta de forma tradicional de Raciocínio
Lógico e Argumentação pode ser vista de maneira dialógica, gerando, assim, um potencial inovador
na formação acadêmica do profissional militar. Sob esse aspecto, a aula de Raciocínio interdisciplinar
se daria no assunto específico, relacionados aos Argumentos e regras de Inferência, que teria uma
situação-problema como norteadora do conteúdo, ocorrendo explicações com base em conteúdos de
Língua Portuguesa.
A atividade se desenvolveria tendo em vista a questão abaixo:
A partir do argumento “a saúde é uma fonte de riqueza, pois as pessoas saudáveis são muito
trabalhadoras, e as pessoas trabalhadoras sempre enriquecem” responda: a referida proposição constitui
um argumento válido?
Nomenclatura
P 1 ^ P2 ^P3 ^… ^ Pn = C
Onde
P1: Premissa 1
P2: Premissa 2
…
C é a Conclusão
P1 P2
V F
Conclusão: ~ C
Com base na resolução desse exercício de modo mais complexo e dinâmico, pode-se
corroborar com o que o professor da área de Lógica do Departamento de Filosofia da UNICAMP,
Marcelo Coniglio, confirmou, pois, para muitas pessoas, o ensino de Raciocínio Lógico e
Argumentação vai ser importante na vida prática para identificar as propagandas enganosas, o
jornalismo tendencioso e os discursos mal intencionados de políticos, juntamente, a saber criar
estratégias para conseguir se expressar e gerenciar pessoas com lógica e coerência.
Dessa maneira, tal atividade, ainda que simples, mas objetiva e utilizada de modo para
exemplificar como o trabalho seria realizado objetivamente, aumentaria a capacidade de atenção dos
alunos e estimularia o raciocínio, de modo geral, sobretudo o abdutivo, aquele que permite prever e
explicar situações; e o inferencial, capacidade de tirar conclusão (s) com base em situações presentes,
além de estimular a busca por hipóteses, sendo uma premissa do próprio fazer científico, pois não se
deve esquecer de que os alunos precisam produzir um trabalho final, voltado à pesquisa. É relevante
pontuar, por último, que tais aulas dialogam também com outras disciplinas, como Metodologia e
Pesquisa, porém já seria um assunto para um novo artigo, de modo a comprovar que esta temática
não se esgota em si mesma e pode possuir voos maiores.
6. Desdobramento da discussão
Sem pretensões de trazer as aulas interdisciplinares como algo novo na Didática de um ensino,
é crucial demonstrar que no caráter de um ensino tradicional militar, tal abordagem se torna
inovadora, e, hoje em dia, passível de discussão, pelo processo da entrada de questões relacionadas
às Metodologias Ativas de Aprendizagem, e abordagens que levam em consideração a Tendência
Didática da Escola Nova. Nesse aspecto, pensar as instruções de forma inter-relacionadas elevará o
nível das aulas, tendo em vista a questão de mudança curricular para Ensino Superior, bem como
refletirá na formação de um aluno com um perfil profissiográfico mais atual e real, pois argumentar
é primordial para a execução da prática de liderança e de tomadas de decisão em geral.
Tal prática, voltada principalmente à comunicação entre o Sargento e os seus subordinados, é
apoiada em uma comunicação concatenada de elementos de formalidade. Logo, ao se fazer entendido,
sua ordem deve ser altamente compreensível. Tal consciência pode ser muito bem acolhida, quando
se usa de modo eficaz o que se chama de tratamento de dados. Essa habilidade é desenvolvida na
instrução de Estatística que, apoiada nos conceitos de lógica, dá subsídio para a um diálogo
compreensível e dinamizando, assim, competências gerenciais que possuem fortes relações com as
práticas profissionais de cunho administrativo, como na sargenteação, departamento pessoal,
biblioteca, e diversas outras áreas de uma OM, entrariam nesse contexto. Contudo, de modo a
comprovar que o ensino precisa ser cada vez mais direcionado para a prática, pode-se observar que
várias teorias vistas e estudadas pelo aluno como “decoreba”, devem acrescentar propostas que se
baseiam em interdisciplariedades e situações-problemas, trazendo até um aproveitamento maior da
captação do conhecimento.
Ademais, este artigo pode, posteriormente, servir como inspiração para que outras disciplinas
da ESA, até mesmo voltadas para as instruções das armas, ou fora do militarismo, pensem e repensem
suas aulas, a forma de ensinar e o alcance da boa aprendizagem, levando em consideração as aulas
interdisciplinares, sobretudo transdisciplinares, que pode ser um desdobramento para outros artigos.
Dessa forma, ratificaria que os conteúdos dialogam entre si, de modo que os ensinar como algo
estanque, faz parte de um ensino antiquado que prevê a obtenção, puramente, de resultados e não de
pensadores, seres críticos, capazes de questionar a sua realidade, pois a maneira atual, expositiva,
demonstra um aprendizado simplório, não baseado em situações-problemas ou em estudos de caso
reais e dinâmicos, visão atual para o futuro Sargento do Exército Brasileiro.
Portanto, ao se considerar que tal abordagem ainda é uma proposta pedagógica teórica e não
foi realizada na prática, há um comprometimento futuro de se planejar as aulas a partir de diálogos
entre disciplinas. Este seria realizado de maneira coerente e coesa, respeitando padrões tradicionais,
para que haja uma maior assimilação dos conceitos pelos alunos, garantindo resultados de
entendimentos reais e com menos “decoreba”, já que trabalharia os objetivos da aula de modo em que
o aluno seja capaz de resolver situações complexas de seu cotidiano e, fora do ambiente de trabalho,
seja, de fato, um ser pensante, protagonista de sua realidade e não um mero telespectador. Eis um
grande desafio.
7. Considerações Finais
As duas disciplinas, Língua Portuguesa e Matemática, são independentes, porém a partir deste
trabalho e pesquisa percebe-se que uma complementa a outra, pois na resolução de situações-
problemas não só de matérias voltadas ao Raciocínio Lógico e Argumentação, mas também em outras
que poderiam aumentar a área de atuação e sair do foco do diálogo aqui defendido, comprova-se a
relevância da interpretação textual do enunciado proposto, necessária aos comandos, bem como sua
execução para promover a obtenção dos resultados lógicos e precisos. Assim, faz-se relevante, para
uma prática mais real do ensino, elaborar planos de aulas interdisciplinares.
Outrossim, a proposta defendida se pauta em uma expectativa de que os alunos consigam
alcançar resultados ideais na disciplina de matemática – Raciocínio Lógico, durante sua formação
como SGT Combatente do EB e consigam escrever e debater de forma mais clara e argumental, com
teses e defesa do ponto de vista, além de utilizar tal aprendizado não só para resolver problemas
conteudinais e escolar, bem como ser capaz de o desenvolver para práticas sociais de diversas esferas,
direcionadas ao combate em tempos de guerra e de paz. As análises e conclusões perpassam pela
compreensão do perfil profissiográfico deste profissional, que mudou com a mudança de currículo e
muda constantemente com o dinamismo do mundo globalizado em que se vive. Sendo assim, ao
pensar disciplinas com um viés mais técnico/científico, foi incluído notadamente a disciplina de
Raciocínio Lógico e Estatístico e Língua Portuguesa, a fim de aprimorar a formação desse aluno,
pensando no perfil de um profissional do futuro, capaz de ser crítico e um notável líder de pequenas
frações.
Como parte do exercício de liderança, sabe-se que ao Terceiro Sargento é imposto situações
que exijam uma avaliação mais acurada, de modo que a este profissional tem-se a necessidade de
estruturar e planejar uma boa solução para os problemas que venham a enfrentar. Assim, diante desse
processo de treinamento, inseridos por meio das instruções de RLE (Raciocínio Lógico e Estatístico)
conceitos de Lógica e de Estatística, atrelado os estudos de Oralidade e Oratória, buscou-se, ao longo
do trabalho, defender também aspectos de liderança militar, atitude indissociável a formação de um
Sargento, mas não enquanto disciplina, e, sim como consequência de uma formação acadêmica.
Por fim, para que tais aspectos fossem contemplados, foi escolhido conteúdos que dialogam
diretamente com os aspectos da liderança e foi apresentado um exercício que pode ser visto como
uma analogia, em nível de ilustração, a questões que estariam no cotidiano do militar, com o objetivo
de, além do que já foi mencionado, desenvolver as seguintes capacidades nos discentes:
planejamento, cooperação, disciplina, iniciativa, reflexão, entre outros, de maneira que os conteúdos
atitudinais não se esgotem em um processo real de aprendizagem, pois para se desenvolver atitudes,
deve-se levar em consideração formações particulares de cada ser humano, contextos que a Língua e
a Matemática não conseguem delimitar. Portanto, há uma breve tentativa de contribuir para a melhor
formação dos alunos e para a evolução dos estudos em Pesquisa da ESA, a fim de que aqueles sejam
não só excelentes profissionais, porém seres humanos excepcionais.
Referências
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