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Petição Inicial - Ação Pessoas com deficiência -

Procedimento Comum Cível - Tjsp - contra e a


Fazenda Pública do Estado de são Paulo
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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A)


JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA CAPITAL - SP.

LIMINAR

Nome, brasileiro, Estado Civil, menor impúbere, portador


da cédula de identidade RG nº 00000-00-X e inscrito no
CPF/MF sob o nº 000.000.000-00, neste ato como
representante legal de seu filho menor impúbere Nome,
Brasileira, casada, das lides domésticas, portadora da cédula de
identidade RG nº 00000-00e inscrita no CPF/MF sob o
nº 000.000.000-00, ambos residentes e domiciliados
à EndereçoCEP 00000-000por seus advogados e bastante
procuradores que a esta subscrevem, com endereço
profissional onde recebem intimações
na EndereçoCEP 00000-000, tels.
(00)00000-0000/(00)00000-0000, e-
mail: email@email.comvem respeitosamente perante Vossa
Excelência ajuizar
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO
DE TUTELA

ANTECIPADA

FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO


PAULO , pessoa jurídica de direito público inscrita no
CNPJ/MF sob nº 46.00000-00-50, representado pela Sra.
Procuradora Geral do Estado, Dr. Nome, com gabinete
na Endereço, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
TRÂMITE PRIORITÁRIO - CRIANÇA COM
DEFICIÊNCIA

Inicialmente cumpre esclarecer que a ação envolve


matéria regulada pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
( Estatuto da Criança e do Adolescente).

Considerando que o Requerente é portador de deficiência


de Estenose laringotraqueal CID J95.5 e neurofibromatose
CID: Q85 além de neurofibromatose, ou seja, a ação envolve
matéria regulada pela Lei 7.713/1988, requer prioridade da
tramitação da presente demanda, nos termos do art. 1.048,
inciso II, do CPC.

BREVE RELATO DOS FATOS

O Autor possui apenas 6 (seis) anos e é portador de


deficiência de Estenose laringotraqueal CID J95.5 e
neurofibromatose CID: Q85 além de neurofibromatose tendo
sido submetido a diversos tratamentos e cirurgias para
melhora de seu quadro clínico. Referidas doenças são crônicas
e ele ainda tem uma predisposição genética para
desenvolvimento de câncer, com dificuldades de aprendizado
inerente à deficiência, conforme laudos em anexo.

O aluno está devidamente matriculado na Escola


Professor Reynaldo Porchat no 2º ano D Tarde, mas pela
ausência de acompanhamento de profissionais habilitados à
educação de portadores deste tipo de deficiência, a sua
frequência e acompanhamento das aulas está impossibilitada.

O Autor tem a necessidade de acompanhamento


constante de profissionais qualificados, devendo lhe ser
garantido atendimento especializado na escola, requerendo,
para tanto, o acompanhamento pedagógico com imediata
contratação e custeio de professor para auxiliá-lo,
proporcionando sua efetiva inclusão educacional na rede
pública de ensino, na qual já está matriculado.
O Autor buscou junto à Secretaria da Escola uma solução
que atendesse o interesse do menor, obtendo a negativa,
conforme resposta em anexo, razão pela qual só lhe restou a
intervenção judicial.

DO DEVER DO ESTADO

A Educação é direito fundamental previsto


na Constituição Federal, o qual dispõe em seu Art. 6º que " são
direitos sociais a educação , a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição", sendo, portanto, um direito inconteste.
No entanto, para o pleno exercício deste direito, tem-se a
necessidade da efetivação da raiz do princípio da igualdade,
conforme destaca a doutrina:

" Dar tratamento isonômico às partes significa


tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na exata medida de suas desigualdades .
Por isso é que são constitucionais dispositivos legais
discriminadores, quando desigualam corretamente os
desiguais, dando-lhes tratamentos distintos; e são
inconstitucionais os dispositivos legais discriminadores,
quando desigualam incorretamente os iguais, dando-lhes
tratamentos distintos. Deve buscar-se na norma ou no texto
legal a razão da discriminação: se justa, o dispositivo é
constitucional; se injusta, é inconstitucional." ( NERY JR,
Nelson. Princípios do Processo na Constituição Federal.13a
ed. Editora Revista dos tribunais, 2017. Versão ebook, cap.
III. 10)

Para tanto, a escola deveria compor no seu quadro,


professores habilitados pedagogicamente à educação de
crianças portadoras deste tipo de deficiência, com atendimento
educacional especializado, com absoluta prioridade, conforme
disposições expressas no artigo 208, inciso III, da Constituição
da Republica; e no artigo 54, inciso III, do Estatuto da Criança
e Adolescente.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado


mediante a garantia de: (...)
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

Nesse sentido, em relação aos portadores de deficiência


física, a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
dispõe que a educação é direito da pessoa com deficiência, que
deve ser garantido ao longo da vida, visando seu
desenvolvimento e inserção na vida em sociedade, in verbis :
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com
deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em
todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de
forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais,
segundo suas características, interesses e necessidades de
aprendizagem.

E com o fim de garantir que a pessoa com deficiência


alcance o máximo desenvolvimento possível, o art. 28 do
Estatuto da Pessoa com Deficiência dispõe o dever do Poder
Público implementar sistema educacional inclusivo, inclusive
com formação e disponibilização de professores para
atendimento especializado, nos seguintes termos:

Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,


desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:

I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e


modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a
vida;

II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a


garantir condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos
de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a
inclusão plena;

III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento


educacional especializado, assim como os demais serviços e
adaptações razoáveis, para atender às características dos
estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao
currículo em condições de igualdade, promovendo a
conquista e o exercício de sua autonomia;

IV - oferta de educação bilíngue, em Líbras como primeira


língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como
segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas
inclusivas;

V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em


ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e
social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a
permanência, a participação e a aprendizagem em
instituições de ensino;

VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos


métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de
equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;

VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano


de atendimento educacional especializado, de organização de
recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e
usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;

VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas


famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade
escolar;

IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o


desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais,
vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a
criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com
deficiência;

X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos


programas de formação inicial e continuada de professores e
oferta de formação continuada para o atendimento
educacional especializado;

XI - formação e disponibilização de professores para o


atendimento educacional especializado, de tradutores e
intérpretes da Líbras, de guias intérpretes e de profissionais
de apoio;

XII - oferta de ensino da Líbras, do Sistema Braille e de uso de


recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar
habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua
autonomia e participação;

XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e


tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com
as demais pessoas;

XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível


superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de
temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos
campos de conhecimento;
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de
condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de
lazer, no sistema escolar;

XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores


da educação e demais integrantes da comunidade escolar às
edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a
todas as modalidades, etapas e níveis de ensino;

XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;


XVIII - articulação intersetorial na implementação de
políticas públicas.

Referida lei foi mérito de ADIN, sendo julgada


improcedente pelo STF com o reconhecimento de sua
CONSTITUCIONALIDADE, nos seguintes termos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA


CAUTELAR. LEI 13.146/2015. ESTATUTO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA. ENSINO INCLUSIVO. CONVENÇÃO
INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA. INDEFERIMENTO DA MEDIDA
CAUTELAR.CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 13.146/2015
(arts. 28, § 1º e 30, caput, da Lei nº 13.146/2015).1. A
Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência concretiza o princípio da igualdade como
fundamento de uma sociedade democrática que respeita a
dignidade humana.2. À luz da Convenção e, por
consequência, da própria Constituição da Republica, o ensino
inclusivo em todos os níveis de educação não é realidade
estranha ao ordenamento jurídico pátrio, mas sim imperativo
que se põe mediante regra explícita.3. Nessa toada,
a Constituição da Republica prevê em diversos dispositivos a
proteção da pessoa com deficiência, conforme se verifica nos
artigos 7º, XXXI, 23, II, 24, XIV, 37, VIII, 40, § 4º, I, 201, §
1º, 203, IV e V, 208, III, 227, § 1º, II, e § 2º, e 244.4.
Pluralidade e igualdade são duas faces da mesma moeda. O
respeito à pluralidade não prescinde do respeito ao princípio
da igualdade. E na atual quadra histórica, uma leitura
focada tão somente em seu aspecto formal não satisfaz a
completude que exige o princípio. Assim, a igualdade não se
esgota com a previsão normativa de acesso igualitário a bens
jurídicos, mas engloba também a previsão normativa de
medidas que efetivamente possibilitem tal acesso e sua
efetivação concreta.5. O enclausuramento em face do
diferente furta o colorido da vivência cotidiana, privando-nos
da estupefação diante do que se coloca como novo, como
diferente.6. É somente com o convívio com a diferença e com
o seu necessário acolhimento que pode haver a construção de
uma sociedade livre, justa e solidária, em que o bem de todos
seja promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação
(Art. 3º, I e IV, CRFB).7. A Lei nº  13.146/2015 indica
assumir o compromisso ético de acolhimento e
pluralidade democrática adotados
pela  Constituição  ao exigir que não apenas as
escolas públicas, mas também as particulares
deverão pautar sua atuação educacional a partir de
todas as facetas e potencialidades que o direito
fundamental à educação possui e que são
densificadas em seu Capítulo IV .8. Medida cautelar
indeferida.9. Conversão do julgamento do referendo do
indeferimento da cautelar, por unanimidade, em julgamento
definitivo de mérito, julgando, por maioria e nos termos do
Voto do Min. Relator Edson Fachin, improcedente a presente
ação direta de inconstitucionalidade. (STF, ADI 5357 MC-
Ref., Relator (a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno,
Julgado em: 09/06/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-240
DIVULG XXXXX-11-2016 PUBLIC XXXXX-11-2016)
#(00)00000-0000

Portanto, a garantia à educação inclusiva e adaptada ao


portador de deficiência é uma proteção constitucional que deve
ser assegurada, conforme precedentes sobre o tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER - MINISTÉRIO PÚBLICO - EDUCAÇÃO INCLUSIVA -
ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A MENOR - GARANTIA
DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO. 1- o Juízo da
Infância e da Juventude é competente para processar e julgar
demandas que visem o acesso à educação aos portadores de
deficiência menores ( ECA, art. 208, II); 2- A  Constituição
Federal/88 garante a todos o direito à educação,
atribuindo à família, à sociedade e ao Estado,
"com absoluta prioridade", a garantia ao direito à
vida digna, com acesso à educação, à cultura e lazer
à criança, ao adolescente e ao jovem ; 3- A educação é
direito da pessoa com deficiência, que deve ser garantido ao
longo da vida, visando seu desenvolvimento; 4- Visando
propiciar com que a pessoa com deficiência alcance o
máximo de desenvolvimento possível, cabe ao Poder
Público implementar sistema educacional inclusivo,
por meio da oferta de serviços que elimine as
barreiras e promovam a inclusão plena, inclusive
com formação e disponibilização de professores para
atendimento especializado . (TJ-MG - Agravo de
Instrumento-Cv 1.0313.00000-00/002, Relator (a): Des.(a)
Corrêa Junior, julgamento em 17/04/2018, publicação da
sumula em 24/04/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. ECA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO


À EDUCAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO
CONFIGURADO. CONTRATAÇÃO DE MONITOR.
CABIMENTO NO CASO CONCRETO. DIRETRIZES DE
INCLUSÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NO
ENSINO REGULAR OBSERVADAS. OBSERVÂNCIA DOS
PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, DA
RAZOABILIDADE E RESERVA DO POSSÍVEL. Cerceamento
de defesa. O julgador é o destinatário da prova, podendo, na
busca da verdade real dos fatos, determinar de ofício as
diligências úteis e necessárias para formação do seu
convencimento e indeferir as inúteis. No presente caso, os
documentos juntados aos autos esclarecem suficientemente a
necessidade do autor. Mérito. O direito à educação, sobretudo
tratando-se de crianças e adolescentes que possuam
necessidades especiais, deve ser assegurado de forma
solidária pelos entes federativos com absoluta prioridade,
preferencialmente na rede regular de ensino, conforme
termos dos artigos 208, III, e 227, § 1º, II, ambos
da Constituição Federal, artigos 4º e 54, III, ambos
do Estatuto da Criança e do Adolescente e artigo 58 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação. Preliminar de
ilegitimidade passiva afastada. A contratação de
profissionais para atendimento individual deve ser
resguardada a casos que não comportem outra alternativa
ou que se configure a total omissão do Estado na efetivação
do direito à educação. No presente caso, embora a
Escola tenha sido equipada com sala de recursos,
restou demonstrado que o autor necessita do auxílio
de monitor para a permanência em sala de aula, pelo
menos até que tenha condições de enfrentar com
mais autonomia as dificuldades que sua deficiência
lhe impõe. A presente tutela jurisdicional não afronta o
princípio da independência e separação dos poderes, tendo
em vista que o cumprimento de dispositivos constitucionais e
de leis infraconstitucionais não constitui discricionariedade
administrativa. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (TJRS,
Apelação (00)00000-0000, Relator (a): Alexandre Kreutz,
Sétima Câmara Cível, Julgado em: 26/09/2018, Publicado
em: 02/10/2018)
"CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ALUNO
PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA. CONTRATAÇÃO
DE INTÉRPRETE. LINGUAGEM DE SINAIS.
ACESSIBILIDADE. GARANTIDA DE IGUALDADE DE
CONDIÇÕES. PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL.
APELAÇÃO IMPROVIDA.1. A Constituição Federal/88
garante, em seus artigos 206 e 208, a igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola, bem como o
atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência.2. A Lei nº 7.853/89 já dispunha sobre o apoio às
pessoas portadoras de deficiência, com a sua integração
social.3. A Lei de Diretrizes Básicas da Educação (Lei
nº 9.394/96) estabelece, no seu artigo 58, § 1º, que"haverá,
quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de
educação especial."4. Posteriormente, novas normas
surgiram para estabelecer medidas de acesso à educação em
favor dos portadores de deficiência, tais como as Leis
nºs 10.098/2000, 10.436/2002 e os Decretos nºs 5.262/2005
e 5.772/2006. Os citados diplomas legais asseguram,
de forma mais contundente, ao deficiente auditivo,
matriculado ou que venha a se matricular no
estabelecimento de ensino, o acesso à educação
mediante a utilização e oferecimento dos meios
necessários para tal desiderato .5. Antes mesmo da
regulamentação das Leis nºs 10.098/2000 e 10.436, de 24 de
abril de 2002 pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005, a ré, na qualidade de prestadora de serviço público
essencial, já possuía a obrigação legal de fornecer aos alunos
portadores de deficiência física condições para que estes
usufruíssem, de forma efetiva, o aprendizado. Tal obrigação
independe de regulamentação infralegal, posto que a
imposição de tais condutas decorrem diretamente
da Constituição Federal e da lei. 6. Ainda que o apelante
tenha envidado esforços para a inclusão dos alunos
deficientes auditivos, tais como disponibilizar fonoaudiólogos
e laboratórios de ensino ficou comprovado nos autos que tais
iniciativas eram claramente insuficientes para garantir a tais
alunos condições mínimas de aprendizado.7. Cabe à
instituição de ensino requerida o dever de promover
a acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência
auditiva (surdez) aos serviços de tradutor e
intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LÍBRAS,
em número necessário para que todos os seus alunos
deficientes auditivos sejam efetivamente atendidos
por tais serviços , propiciando a igualdade de condições
para o acesso à educação e a permanência na escola.8.
Apelação improvida. (TRF 3a Região, QUARTA TURMA, AC -
APELAÇÃO CÍVEL - (00)00000-0000- XXXXX-
35.2005.4.03.6114, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
MARCELO SARAIVA, julgado em 16/08/2017, e-DJF3
Judicial 1 DATA:01/09/2017)

O direito à educação efetiva a todos vem amparada


pela Constituição Federal, que estabelecem como dever do
Estado, da família e da sociedade o alcance a este direito, com
destaque :
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Dito isto, o pedido do autor para fins de que seja


assegurado a contratação de profissional CUIDAROR, vem
perfeitamente amparado, não podendo ser negligenciado, sob
pena de grave reflexo na formação e desenvolvimento da
criança.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo."
No presente caso tais requisitos são perfeitamente
caracterizados, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta
caracterizada diante da demonstração inequívoca de que o
autor apresenta deficiência que demanda a necessidade de
atenção especial para a sua formação pedagógica.
Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica
para aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito
inequívoco:

" Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade


em obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção
das provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos,
uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a
demora inerente à prova dos fatos, cuja prova incumbe ao
réu certamente o beneficia. " (MARINONI, Luiz Guilherme.
Tutela de Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017.
p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelas


respostas dadas às consultas efetuadas, nas quais não há
previsão de sequer de aprovação da designação de profissional
que possa acompanhá-lo, sendo que as o ano letivo se iniciará
em 07 de fevereiro, ou seja, tal circunstância confere grave
risco de perecimento do resultado útil do processo, conforme
leciona Humberto Theodoro Júnior:
" um risco que corre o processo principal de não ser
útil ao interesse demonstrado pela parte" , em razão
do" periculum in mora ", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que é a plausibilidade do
direito substancial consubstancia-se no direito" invocado por
quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni
iuris" ( in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366).
Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO
caracteriza conduta irreversível , não conferindo nenhum
dano ao réu.
Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de
fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível a
imediata designação de profissional de apoio escolar, nos
termos do Art. 300 do CPC.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente é pobre na acepção jurídica do termo não


possuindo por si nem por seus responsáveis legais meios para
arcar com as despesas processuais. Ademais, em razão da
pandemia, sua família atravessa dificuldades financeiras.

Para tal benefício o autor junta declaração de


hipossuficiência e comprovante de renda, os quais
demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais
sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do
Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada


miserabilidade do requerente, sendo suficiente a "insuficiência
de recursos para pagar as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios" (Art. 98, CPC/15), conforme destaca
a doutrina:

" Não se exige miserabilidade , nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural,
mesmo com boa renda mensal, seja merecedora do benefício,
e que também o seja aquela sujeito que é proprietário de bens
imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade
judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter
acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer
significativamente sua renda, ou tenha que se
desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar
recursos e custear o processo. " (DIDIER JR. Fredie.
OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça
Gratuita. 6a ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)
"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário
que a parte seja pobre ou necessitada para que possa
beneficiar-se da gratuidade da justiça . Basta que não
tenha recursos suficientes para pagar as custas, as despesas e
os honorários do processo. Mesmo que a pessoa tenha
patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para
adimplir com essas despesas, há direito à
gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART,
Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo
Civil comentado. 3a ed . Revista dos Tribunais, 2017. Vers.
ebook. Art. 98)

Por tais razões, com fulcro no


artigo 5º, LXXIV da Constituição

Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a


gratuidade de justiça ao

requerente.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer o Autor:

a) O deferimento da gratuidade judiciária requerida, nos


termos do Art. 98 do CPC;

b) A concessão do pedido liminar para fins de que seja


determinando ao Réu que disponibilize PROFISSIONAL
CUIDADOR no estabelecimento de ensino onde é matriculado,
garantindo total acessibilidade às aulas pelo Autor;

b) Que seja estipulada multa cominatória diária à ré,


consoante prescrição legal, no caso de descumprimento da
medida, se concedida, nos termos da lei;
c) Que seja citada a ré, para responder a presente demanda,
querendo, no prazo legal;

d) E, ao final, seja confirmada a antecipação de tutela,


julgando procedente o pedido de condenação da
requerida FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO
PAULO à obrigação de fazer, consistente no oferecimento de
um profissional de apoio escolar PROFISSIONAL CUIDADOR
ao Autor junto à Escola Estadual Professor Reynaldo
Porchat.
e) A condenação do Requerido, em custas e honorários de
sucumbência, e cominação de multa diária a ser arbitrada
pelo MM. Juízo, caso não seja cumprido espontaneamente o
determinado em antecipação de tutela e final sentença de
mérito;

f) A produção de todas as provas admitidas em direito, sem


exceção de nenhuma, mormente pela oitiva de testemunhas,
juntada de documentos, perícias, entre outras

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 para fins fiscais .

Pede Deferimento.

São Paulo, 4 de fevereiro de 2022.

Nome
00.000 OAB/UF

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