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Curso: Letras

Professor: Johnwill Costa Faria


Disciplina Literatura de Língua Inglesa
:
Acadêmic Poliana Paranhos
as: Shara Maria Venâncio Silva

Análise da obra Macbeth - William Shakespeare

A peça teatral Macbeth, foi escrita por volta de 1605 e 1606 pelo
dramaturgo inglês William Shakespeare. É a tragédia mais curta, o primeiro relato de
espetáculo data de abril de 1611.
A dramaturgia Shakespeariana é marcada por peças chamadas de
dramas históricos que abordam, momentos da história britânica, por meio da figura
de reis e nobres, servindo de promoção política para a dinastia, e também como
relato histórico, do declínio medieval e surgimento do renascimento. Macbeth está
inserida neste contexto, pois abrange tanto a tragédia grego-latina, quanto a tragédia
renascentista. Nesse sentido:

O modelo básico para as tragédias de Shakespeare não é o modelo grego,


de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, mas o modelo romano, de Sêneca, e
aquele herdado do final da Idade Média. De fato, Shakepeare rompe
totalmente com o modelo tradicional, dando autonomia a personagens
secundárias, subvertendo a unidade de tempo e de espaço. (STAINLE,
DINIZ,2017, p.83)

Na obra Macbeth a presença da tragédia greco-latina está no sentido de não


existir meios de fugir do destino, que mesmo que se relute contra a “vontade dos
Deuses” não existem maneiras de escapar do destino. Já a tragédia renascentista é
descrita na acepção da existência de um livre arbítrio, em como nós seres humanos
somos responsáveis pelos nossos atos/escolhas. Quando falamos em tragédia
devemos observar:

“ Nelas, dá-se uma perfeita exploração entre o som e o sentido das


palavras, bem como a criação de padrões metafóricos e a conjugação de
temas afins, num processo de depuração da linguagem que torna essas
peças verdadeiros poemas dramáticos. A impressão de eventuais
“obscuridades” que podemos sentir nessas obras advém da multiplicidade
de sentidos que parece estar sendo comprimida em palavras ou frases”.
(FRANCA NETO, MILTON, p.74,2009)

O destino está muito presente nesta tragédia, pois Macbeth conta a história
de um general vitorioso, que recebe uma profecia de três bruxas, alertando que se
tornará rei, derrubando do trono o atual Rei Ducan, seu amigo Banquo também
recebe uma profecia que será pai de uma linhagem de reis. A princípio Macbeth é
cético não crendo na profecia, mas sua esposa Lady Macbeth, uma mulher
ambiciosa e persuasiva que exerce grande poder sobre marido, convencendo de
que deveria matar o rei quando este viesse jantar no castelo aquela noite. Macbeth
sente a culpa pelo, o que está preste a fazer, mas é pressionado por sua esposa,
então ele apunha o rei enquanto dormia e arma para acusar os seus guardas, após
a morte do rei Ducan os filhos dele Malcolm e Donalbain fogem com medo de serem
mortos, e Macbeth assume o trono, mas continua com o peso da culpa, tornando-se
um tirânico. Com medo da profecia feita a seu amigo Banquo, ele manda matar seu
amigo e filho para evitar que a profecia se cumpra, seu amigo é assassinado, mas
seu filho Fleance foge. Macbeth começa a ver o fantasma de seu amigo e busca
ajuda das bruxas na charneca e recebe três profecias. Uma dela para ter cuidado
com Macduff. Lady Macbeth começa a ter alucinações e se mata, Macduff junta
forças com o filho de Duncan, Malcolm, e cortando as árvores de Birnam Wood e
usando-as como camuflagem, suas forças descem sobre Macbeth, cumprindo a
profecia das bruxas. Em sua batalha final com Macduff, Macbeth descobre que
Macduff foi cortado do ventre de sua mãe, não "nascido", e ele percebe que as
bruxas estavam bem novamente. Macduff mata Macbeth e corta a cabeça.
A narrativa se desenrola na Escócia, durante a Idade Média, e a natureza
exerce um papel importante na história. Os fenômenos da natureza presentes na
história são comparados com o estado psicológicos dos personagens da narrativa. “
Tão feio e tão lindo, dia assim eu nunca tinha visto…” (p.12). Este trecho podemos
remeter ao estado psicológico de Macbeth.
Por se tratar de uma tragédia, sua ambientação apresenta elementos
obscuros (assassinatos) e místicos (às bruxas na charneca), castelos escoceses
suntuosos, elementos detalhados na peça shakespeariana com clareza.
A participação das três bruxas é de grande importância no desenrolar da ação
porque elas anunciam a profecia a Macbeth que ele será rei, e, é a partir da ação
tomada pelo personagem, que acontece todo o desenrolar da trama de
Shakespeare, afinal, se não fosse à participação delas, a história não teria o mesmo
desfecho, essas três personagens são significativas e a representação do
sobrenatural onde cada uma delas são comparadas com as faces da vida (o
nascimento, a vida e a morte) com as Senhoras do destino (Cloto, Láquesis,
Átropos) responsáveis de tecer a linha do destino, Cloto seria a bruxa que coloca a
lã na roda de fiar, Láquesis a bruxa que puxa o fio da roda, e Átropos a que corta o
fio. As bruxas Parcas são conhecidas por tecer o destino, elas representam a
profecia e a tentação.
Entretanto, Macbeth procura a sua sorte nas palavras das moiras. Macbeth é
um homem forte, corajoso, indeciso, fraco e manipulado pela sua mulher Lady
Macbeth, uma mulher manipuladora, capaz de tudo para ter poder e responsável
pelo destino dos dois.
Banquo é amigo de Macbeth que também recebe uma profecia, e por inveja
de seu amigo Macbeth é assassinado. Ao contrário do protagonista, ele é um
homem virtuoso, que não tinha grandes ambições, que serve de contrapeso
dramático a Macbeth. Quando morre, Banquo passa a visitar Macbeth, fazendo-o ter
crises de consciência a todo instante, pelo ato que cometeu, e começa a ter delírios
com Banquo, durante um jantar dado em seu castelo. Banquo seria o alto ego de
Macbeth (o lado dele).
Em relação ao mito da mulher tentadora, este advém de Adão e Eva, quando
Eva dá o fruto proibido a Adão, Macbeth é supostamente a pessoa mais racional
conscientemente compartilha do pecado com sua esposa por ter afeição a ela. As
consequências de seus pecados surgem a longo prazo pela ambição de sempre
querer mais e mais poder. Nicolau Maquiavel em seu livro O príncipe diz se quer
descobrir o caráter de uma pessoa, dê a ela poder. Portanto, a queda de se um
tirano cai sua mulher cai, na obra isso acontece em uma atmosfera incongruente de
intimidade doméstica e preocupação, pois Lady Macbeth é movida pela ambição, o
que a torna pecadora, Lady Macbeth toma iniciativa sendo tentada pelo poder,
embora em alguns momentos essa aceitação do papel de submissão ao marido, faz
diversos paralelos aos quais podemos citar a bíblia, contos e peças Elisabetanos e
mitológicos.
Assim, o que diferencia a peça de Macbeth da tragédia grega é o livre-arbítrio
do homem e á crença no poder do destino, na peça o personagem tem o livre
arbítrio de escolha, que afetará toda a peça, ou seja, o que poderia ter acontecido
de forma natural e sem consequências, o poder da escolha do casal Macbeth e Lady
Macbeth , fez com que eles não aproveitam o reinado, chegando a momento da
loucura e ambos cometerem suicídio por peso da culpa. Macbeth, ao saber o que
poderia vir acontecer, escolheu tomar parte para que a profecia feita pela, moiras se
cumprisse. Entendemos que ele teve a escolha de esperar que o destino se
cumprisse, mas por influência de sua esposa ele tomou a decisão de se tomar rei
não medindo as consequências.

REFERÊNCIAS

FRANCA NETO, Alípio Correia de; MILTON, John. Literatura Inglesa, Curitiba:
IESDE BRASIL S.A., 2009.

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Penguin Classics Companhia das


Letras, 2010.

SHAKESPEARE, William. Macbeth., vol. I. Trad. de F. Beatriz Veiga. Porto Alegre:


L&PM Pocket, 2011.

STAINLE, Stéfano; DINIZ, Fábio Gerônimo Mota. Literatura de língua inglesa.


Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

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