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GÊNESE, MORFOLOGIA E

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais

MULTIVIX em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo,


Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória,
e com a Educação a Distância presente
em todo estado do Espírito Santo, e com
polos distribuídos por todo o país.

Desde 1999 atua no mercado capixaba,


destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando
pela qualidade de seu ensino e pela
formação de profissionais com consciência
cidadã para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de


Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109
R EE II T O R
R
instituições avaliadas no Brasil, apenas
15% conquistaram notas 4 e 5, que são
consideradas conceitos de excelência em
ensino. Estes resultados acadêmicos
colocam todas as unidades da Multivix
entre as melhores do Estado do Espírito
Santo e entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência cidadã para o


mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida


nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)

Renato Teodoro de Lima

Gênese, Morfologia e Classificação dos Solos / DE LIMA, RENATO T..


- Multivix, 2022

Catalogação: Biblioteca Central Multivix


2022 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

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LISTA DE QUADROS

UNIDADE 2

  > Quadro 1 – Quadro de frações e classes53

UNIDADE 3

  > Quadro 1 – Condições bioclimáticas, locais e classes de processos de


formação de solo76

UNIDADE 4

  > Quadro 1 – Comparativo das nomenclaturas das classes de primeiro


nível categórico105

UNIDADE 6

  > Quadro 1 –Tabela da simbologia correspondente às classes de aptidão


agrícola das terras141
  > Quadro 2 – Níveis de manejo do Sistema de Avaliação de Aptidão
Agrícola das Terras, descrito por Ramalho Filho e Beek (1995)145

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LISTA DE FIGURAS

UNIDADE 1

  > Figura 1 – Regolito 16


  > Figura 2 – Posições relativas do regolito, seu solo e sua rocha
matriz subjacente 17
  > Figura 3 – Plantação de abacaxi 19
  > Figura 4 – Aristóteles 20
  > Figura 5 – Lei do mínimo de Liebig 21
  > Figura 6 – Biodiversidade 23
  > Figura 7 – Ecologia 24
  > Figura 8 – Relação do solo com fatores bióticos e abióticos,
representada pelo tetraedro 24
  > Figura 9 – Elementos que um solo fértil deve fornecer 25
  > Figura 10 – Sustentabilidade 26
  > Figura 11 – Edafologia 27
  > Figura 12 – Subdivisões das camadas da Terra 28
  > Figura 13 – Composição da crosta terrestre 29
  > Figura 14 – Mineral (quartzo) 30
  > Figura 15 – Quartzo, mineral primário 31
  > Figura 16 – Caulinita, mineral secundário 31
  > Figura 15 – Tipos de rochas e o processo de formação com
exemplos de algumas rochas formadas 33
  > Figura 16 – Principais fatores de formação de solos 34

UNIDADE 2

  > Figura 1 – Trincheira 38


  > Figura 2 – Estudos de Pedologia 39
  > Figura 3 – Morfologia do solo 41
  > Figura 4 – Carta de cores universal de Munsell 45
  > Figura 5 – A cor do solo deve ser caracterizada no campo com a
utilização da carta de cores de Munsell 46

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  > Figura 6 – Ilustração dos tipos e formatos de estrutura do solo 48
  > Figura 7 – Análise do solo 50
  > Figura 8 – Análise do solo 51
  > Figura 9 – Teor de CO2 52

  > Figura 10 – Húmus 55


  > Figura 11 – Matéria orgânica 56

UNIDADE 3

  > Figura 1 – Fatores de formação do solo e pedogênese 62


  > Figura 2 – Perfil do solo 63
  > Figura 3 – Evolução do perfil do solo com ação do intemperismo ao
longo do tempo. As letras A, B, C, R são horizontes e camadas que
constituem o solo. 64
  > Figura 4 – Rocha félsica (granito) 65
  > Figura 5 – Floresta em região tropical 67
  > Figura 6 – (a) Tipo e intensidade do intemperismo, relacionados
com temperatura, pluviosidade e vegetação. (b) Intensidade do
intemperismo aumenta com a pluviosidade, resultando um solo
com maior proporção de minerais secundários (fração argila) 68
  > Figura 7 – Latossolo vermelho e amarelo 70
  > Figura 8 – Folhas e galhos evitam o impacto da chuva direto no solo 71
  > Figura 9 – Basalto 73
  > Figura 10 – Geomorfologia 74
  > Figura 11 – Formação do solo 75
  > Figura 12 – Processos gerais que alteram o solo 78
  > Figura 13 – Queimadas geram perdas para o solo 79
  > Figura 14 – Processos específicos do solo 80

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UNIDADE 4

  > Figura 1 – Paisagem brasileira 86


  > Figura 2 – Estudos dos solos 89
  > Figura 3 – Atributos dos solos 91
  > Figura 4 – Estudos dos solos 92
  > Figura 5 – Classes do solo 93
  > Figura 6 – Latossolo 94
  > Figura 7 – Espodossolo 95
  > Figura 8 – Vertissolo 96
  > Figura 9 – Seis níveis categóricos de hierarquia do Soil Taxonomy 98
  > Figura 10 – Paisagem estadunidense 99
  > Figura 11 – Sistema FAO/WRP objetiva atender a qualquer solo do
mundo 100
  > Figura 12 – Classificação de solos via sistema FAO/WRP 102
  > Figura 13 – Classificação de solos via sistemas 103
  > Figura 14 – Diferenças entre sistemas de classificação de solos 104

UNIDADE 5

  > Figura 1 – Importância do conhecimento dos solos 110


  > Figura 2 – Levantamentos pedológicos 111
  > Figura 3 – Representação de pedon e polipedon 112
  > Figura 4 – Exemplo de tela de um SIG 114
  > Figura 5 – Levantamento da erosão no território brasileiro, gerando mapa
da suscetibilidade dos solos (a) e mapa de erodibilidade dos solos (b) 115
  > Figura 6 – Mapa de solos do Brasil na escala 1:5.000.000 116
  > Figura 7 – Fluxograma das etapas de mapeamento convencional de
solos (a) e fluxograma das etapas de mapeamento digital de solos (b). 117
  > Figura 8 – Diferença entre visão pontual, espacial e longitudinal do solo.
Visões pontual e longitudinal (a) e visão espacial (b) 119
  > Figura 9 – A interdisciplinaridade da pedometria 121
  > Figura 10 – Mapeamento digital de solos a partir da função SCORPAN122

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  > Figura 11 – Intemperismo nas rochas 123
  > Figura 12 – Principais climas do mundo 124
  > Figura 13 – Relação do solo com fatores bióticos e abióticos,
representadas pelo tetraedro 125
  > Figura 14 – Domínios morfoclimáticos do Brasil 127

UNIDADE 6

  > Figura 1 – Aptidão agrícola 132


  > Figura 2 – Graus de impedimento para aptidão agrícola 134
  > Figura 3 – Entendimento de solos 136
  > Figura 4 – Uso de recursos naturais para planejamento regional e
nacional 137
  > Figura 5 – Condições agrícolas 138
  > Figura 6 – Avaliações de fatores limitantes às atividades agrícolas 140
  > Figura 7 – Usos mais ou menos intensivos de aptidão agrícola 143
  > Figura 8 – Proteção de áreas 144
  > Figura 9 – Alternativas de utilização das terras de acordo com os
grupos de aptidão agrícola 146
  > Figura 10 – Variações de aptidão agrícola 147
  > Figura 11 – Ilustração de um quadro-guia utilizado para aa avaliação
da aptidão agrícola das terras 148
  > Figura 12 – Critérios de manejo 149

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA12

UNIDADE 1 1 CIÊNCIA DO SOLO15


INTRODUÇÃO DA UNIDADE15
1.1 DEFINIÇÃO DE SOLO 15
1.2 FUNÇÕES AMBIENTAIS E AGRONÔMICAS DO SOLO22
1.3 EDAFOLOGIA 27
1.4 FORMAÇÃO DO SOLO28

UNIDADE 2 2 SISTEMA SOLO: MORFOLOGIA, MINERALOGIA E MATÉRIA ORGÂNICA37


INTRODUÇÃO DA UNIDADE37
2.1 MORFOLOGIA DO SOLO37
2.2 MINERALOGIA E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO49

UNIDADE 3 3 FATORES E PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS61


INTRODUÇÃO DA UNIDADE61
3.1 FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO61
3.2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO75

UNIDADE 4 4 CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS85


INTRODUÇÃO DA UNIDADE85
4.1 SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLO (SIBCS) 85
4.2 OUTRAS BASES PARA CLASSIFICAÇÃO DE SOLO97

UNIDADE 5 5 LEVANTAMENTO, MAPEAMENTO E DOMÍNIOS PEDOBIOCLIMÁTICOS DE


SOLOS109
INTRODUÇÃO DA UNIDADE109
5.1 LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE SOLOS110
5.2 DOMÍNIOS PEDOBIOCLIMÁTICOS DE SOLOS122

UNIDADE 6 6 APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO


DOS SOLOS131
INTRODUÇÃO DA UNIDADE131
6.1 APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS 131
6.2 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DOS SOLOS141

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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina Gênese, Morfologia e Classificação dos Solos tem como objetivo
aprofundar seus conhecimentos sobre solos, uma vez que é esse elemento a
base do sistema de produção agrícola e da sustentabilidade ambiental. Serão
apresentados, neste estudo, o histórico e a importância da ciência do solo,
bem como os processos envolvidos em sua formação, os quais permeiam as
características morfológicas, essenciais para a compreensão das proprieda-
des mineralógicas, físicas, químicas e biológicas dos solos. Serão abordados,
ainda, os fatores e os processos de formação dos solos, além de sua classifica-
ção no âmbito do Sistema Brasileiro de Classificação de solo e de outras bases
de classificação, como o Soil Taxonomy e o FAO/Word. Serão conceituadas a
aplicação e a importância do levantamento e do mapeamento dos solos nos
aspectos agronômicos e ambientais, assim como a relação entre solo e clima
e sua importância nos principais domínios pedobioclimáticos do Brasil. Por
fim, nosso estudo terá como foco a aptidão agrícola das terras e a avaliação da
capacidade de uso dos solos.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Compreender os
conceitos históricos e
edáficos do solo.
> Compreender a
composição da crosta
terrestre, os minerais,
as rochas e a gênese na
formação dos solos.

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1 CIÊNCIA DO SOLO

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, serão apresentados os principais conceitos históricos e edáfi-
cos do solo, suas funções ambientais e agronômicas, a composição da crosta
terrestre, de rochas, de minerais e a gênese do solo. A ciência do solo teve
grande desenvolvimento ao longo do tempo, ganhando independência cien-
tífica com os avanços da Pedologia ou da Pedogênese, sendo a Pedologia a
ciência da gênese, da morfologia e da classificação dos solos (PELINSON et
al., 2021). O solo exerce funções essenciais no ambiente, sendo a base para a
vida dos ecossistemas terrestres e o principal substrato da produção de ali-
mentos (RESENDE et al., 2014). Já a relação do desenvolvimento das plantas
em diferentes solos é chamada de Edafologia, fonte importante de conheci-
mento para agrônomos.
A crosta terrestre é composta por uma grande diversidade de minerais e de
rochas (ígneas, sedimentares e metamórficas), além de um alto número de
elementos químicos, com amplo predomínio de três deles: oxigênio, silício e
alumínio (BERTOLLO et al., 2021).
Ao longo deste estudo, serão apresentadas, também, a gênese e a formação
do solo. Estudaremos, ainda, os tipos de intemperismo que influenciam a for-
mação e as propriedades do solo, verificando as principais características dos
solos. Desse modo, esta unidade proporcionará uma introdução aos estudos
da ciência do solo, apresentando, principalmente, conceitos relacionados à
gênese e à formação do solo.

1.1 DEFINIÇÃO DE SOLO


Neste tópico, vamos conhecer o histórico e alguns conceitos sobre a ciência do
solo, as funções ambientais e agronômicas do solo e seus aspectos edafológicos.

1.1.1. HISTÓRICO DA CIÊNCIA DO SOLO


Para iniciarmos nossos estudos, tentaremos definir solo. A palavra solo (do
latim solum: suporte, superfície, base) refere-se à parte superior da crosta ou
litosfera, mais precisamente à parte superior do regolito (KER et al., 2015).

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FIGURA 1 – REGOLITO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: imagem de regolito.

O solo é um corpo tridimensional, em constante mudança e vivo, uma vez


que há a presença de seres vivos. A fase sólida do solo é composta por mine-
rais e partículas orgânicas, enquanto que o espaço poroso pode ser ocupado
por água e ar. (FINKLER et al., 2018).
Quando analisamos um perfil de solo, observamos camadas ou horizontes
que se distinguem por cor, textura, forma e espessura, dentre outras carac-
terísticas. O perfil é usado como base para estudos de solo no campo, como
morfologia do solo, amostragem de material para análises físicas, químicas,
biológicas e mineralógicas do solo.

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FIGURA 2 – POSIÇÕES RELATIVAS DO REGOLITO, SEU SOLO E SUA ROCHA MATRIZ


SUBJACENTE

Fonte: Adaptada de Brady; Weil (2013, p. 13).

#PraTodosVerem: ilustração com as posições relativas do regolito, seu solo e sua rocha
matriz subjacente. Tem-se cinco divisões. De baixo para cima, tem-se rocha matriz;
horizonte C; horizonte B; horizonte A; e horizonte O. À direita, tem-se a indicação de que
o regolito é formado por horizonte C; horizonte B; horizonte A; e horizonte O, enquanto o
chamado solum é formado por horizonte B; horizonte A; e horizonte O.

Em uma visão global, o conjunto dos solos na crosta terrestre constitui a pe-
dosfera, a qual reveste os continentes com uma camada contínua em dife-
rentes espessuras, sendo localmente interrompidas por afloramentos de ro-
chas ou corpos de água. A pedosfera interage com a atmosfera (ar), com a
litosfera (rocha) e com a hidrosfera (água). Consequentemente, a pedosfera
integra a biosfera (vida), onde os organismos vivos estão em interação com o
meio físico.

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Para exemplificar, podemos interpretar o solo como se fosse a pele do planeta


Terra ou como a casca que envolve uma laranja. É importante ressaltar que,
logicamente, no solo, há uma grande irregularidade de espessuras.

Atmosfera

É formada por uma camada de gases que envolve a Terra e que


não se dissipa, devido à ação da gravidade. Em sua composição,
estão, principalmente, nitrogênio (cerca de 78,09% em volume),
oxigênio (20,95%) argônio (0,93%) e gás carbônico (0,039%), além de
pequenas quantidades de outros gases e uma quantidade variável
de vapor d݇gua.

Litosfera

É a camada sólida da Terra, sendo composta pela crosta terrestre e


pela parte superior do manto. É formada, principalmente, pelas rochas
e pelos minerais.

Hidrosfera

É a parte líquida da Terra, compreendendo as águas dos mares e


dos rios. Além disso, tem uma fase sólida, compreendida pelos gelos
continentais e marinhos, sendo 97% de sua constituição proveniente
de águas marinhas.

Biosfera

É o espaço onde ocorre a parte viva da Terra, que interage com a


litosfera, a hidrosfera e a atmosfera.

Pedosfera

Representa o conjunto de solos de toda a Terra, onde ocorrem


interações dinâmicas de minerais, desenvolvendo‑se na interseção de
hidrosfera, atmosfera, biosfera e litosfera.

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Até aqui, conhecemos alguns conceitos importantes sobre o solo, e, agora,


podemos nos perguntar: por que devemos estudar os solos? Como foram ini-
ciados os estudos sobre o solo? Acompanhe as respostas a esses questiona-
mentos a seguir.
Por que devemos estudar os solos?
De acordo com Resende et al. (2014), há muitos benefícios em estudar a res-
peito do solo. O solo ocupa uma posição característica, unida às várias esferas
(biosfera, hidrosfera, litosfera e atmosfera), que afeta a vida humana. Ademais,
é o principal substrato para a produção de alimentos, sendo também umas
das principais fontes de nutrientes e sedimentos que se depositam nos rios,
nos lagos e nos mares.
Além do cultivo do solo como base para a produção de alimentos e outras
matérias-primas (fibras, combustíveis e outros), o solo serve de base para a
construção, como regulador ambiental, atuando como filtro de produtos tó-
xicos e mantendo a pureza das águas subterrâneas (KER et al., 2015).

FIGURA 3 – PLANTAÇÃO DE ABACAXI

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: plantação de abacaxi em um dia de sol.

O solo destaca-se pela sua multiplicidade de usos e compreende um recur-


so natural disponível. Desse modo, estudos sobre o solo são necessários para
melhores compreensão e preservação desse recurso natural.

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Mas como foram iniciados os estudos sobre o solo?


O solo tem sido um componente da natureza essencial para o desenvolvi-
mento da humanidade, sendo que o ser humano sempre dependeu do solo
para satisfazer as suas necessidades básicas de locomoção, abrigo e alimen-
tação. Empiricamente, os primeiros estudos sobre o solo ocorreram, principal-
mente, quando o ser humano deixou de viver como nômade, necessitando,
desse modo, cultivar o solo para a produção de alimento. Nesse momento,
foram percebidas diferenças nas propriedades e nos tipos de solo, o que de-
terminava a maneira como as pessoas cultivavam o solo e as culturas em cada
região (PELINSON et al., 2021).
Percebendo que diferentes tipos de solos produziam quantidade de alimen-
tos distintos, o ser humano, pelo seu instinto, começou a classificar os solos.
Há relatos de um livro chinês de Yugong, há 2.500 anos, no qual solos eram
diferenciados por cores, texturas e hidrologia (ESPINDOLA, 2018). Cientifi-
camente, os antigos pensadores gregos, como Aristóteles, desenvolveram a
ideia de que o solo fornece nutrientes para as plantas.

FIGURA 4 – ARISTÓTELES

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: escultura do rosto de Aristóteles.

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Aristóteles (384-322 AC) foi um filósofo grego,


estudante de Platão e professor de Alexandre,
O Grande, e uma das figuras mais influentes na
filosofia grega antiga. Você, provavelmente, já ouviu
falar sobre Aristóteles, mas talvez não saiba que
ele foi um grande estudioso dos solos. Aristóteles
escreveu, no século IV a.C., que as plantas obtinham
nutrientes do solo por meio de suas raízes.

Com grande contribuição para os estudos atuais, principalmente na área de


fertilidade do solo, o alemão Justus von Liebig (1803-1873) publicou a obra
“Química aplicada à agricultura e fisiologia”, na qual afirmava que as plantas
assimilariam nutrientes minerais do solo, propondo o uso de fertilizantes mi-
nerais na agricultura. As teorias dos estudos de Liebig foram revolucionárias e
originaram a chamada “Lei do mínimo”.

FIGURA 5 – LEI DO MÍNIMO DE LIEBIG

Fonte: Pelinson et al. (2021).

#PraTodosVerem: ilustração de um recipiente formado por faixas de madeira. Cada faixa


tem uma denominação: magnésio; enxofre; cálcio, fósforo, nitrogênio, gás carbônico, cobre,
água, ferro, zinco, boro e luz. Dentro do recipiente, tem-se água e está escrito produção
máxima da planta. À frente do recipiente, tem-se uma abertura por meio da qual a água
jorra e essa água é denominada potássio.

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Outro grande estudioso revolucionário para a ciência do solo foi o russo Vasi-
lii Vasilevich Dokuchav (1846-1903), que realizou um estudo de campo sobre
Chernossolos. Os estudos de Dokuchav estabeleceram o primeiro conceito
pedológico de solo, que originou a atual Pedologia, a qual consiste no estudo
do solo quanto à sua gênese, à sua classificação e ao seu mapeamento (KER
et al., 2015).

Chernossolo: Trata-se de uma classe de solo


que apresenta coloração escura, rica em matéria
orgânica. Seu horizonte diagnóstico superficial
é o A chernozêmico. Além do alto conteúdo de
carbono orgânico, apresenta altos conteúdos de
cálcio e magnésio, bem como argilominerais de
estrutura 2:1, principalmente a esmectita. Em russo,
“cher” significa negro, conotativo dos solos ricos em
matéria orgânica e coloração escura.

Por fim, o pedólogo suíço Hans Jenny (1899-1992) dedicou seus estudos à for-
mação do solo, tendo publicado, em 1941, o livro “Fatores de formação do solo”.
Sua experiência de campo ajudar-lhe-ia a postular uma equação dos fatores
de formação do solo: S = f (c, o, r, mo, t...). Nessa equação, tem-se as seguintes
correspondências: S – solo; f – função; c – clima; o – organismos; r – relevo; mo
– material de origem; e t – tempo. A equação de Jenny ficou em aberto para a
inclusão de outros possíveis fatores ainda não conhecidos.

1.2 FUNÇÕES AMBIENTAIS E AGRONÔMICAS DO


SOLO
O solo tem grande importância ambiental, sendo a base para os processos
ecológicos e integrante do biótopo. O desenvolvimento das plantas, bem
como a capacidade da Terra de manter a vida humana e animal, dependem
da qualidade do solo (BRADY; WEIL, 2013).

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FIGURA 6 – BIODIVERSIDADE

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: vista da bacia amazônica, ao norte de Manaus.

A biodiversidade do solo é riquíssima, apresentando várias espécies, tais como


as florestas e os oceanos. Os seres vivos presentes no solo realizam a ciclagem
de nutrientes por meio da decomposição de materiais orgânicos, resultando
no aporte de nutrientes para o solo (BERTOLLO et al., 2021).
Como vimos, o solo ou a pedosfera (conjunto de solos de toda a Terra) exerce
grandes funções. O solo origina-se da ação do clima (ar e água), dos organis-
mos vivos e do tempo sobre o material de origem. As interações desses fato-
res resultam não apenas no solo como um fator do ambiente, mas também
é produzido por ele.

Biótopo: Área com propriedades ambientais


específicas para um conjunto de seres vivos
sobreviver e desenvolver-se. É o habitat com
condições adequadas para a vida de uma
comunidade de seres vivos (animais, plantas, micro-
organismos e outros).

Para a adequada compreensão do papel do solo no ambiente, Resende et al.


(2014) propuseram observar o solo como fator ecológico.

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FIGURA 7 – ECOLOGIA

Organismos

Ecologia

Meio
ambiente

Fonte: Elaboração própria (2022).

#PraTodosVerem: ecologia é o estudo das relações entre organismos e meio ambiente.

A Ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o meio am-
biente. A produção de alimentos depende de fatores ecológicos como clima,
solo e organismos vivos, o que inclui as atividades antrópicas. No solo, a dis-
ponibilidade de água, nutrientes e oxigenação é dinâmica, proporcionando
diferentes produtividades das culturas (RESENDE et al., 2014).
Com o tetraedro, pretende-se mostrar, esquematicamente, as inter-relações
de dependência dos quatros vértices.

FIGURA 8 – RELAÇÃO DO SOLO COM FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS, REPRESENTADA


PELO TETRAEDRO

Fonte: Adaptada de Resende et al. (2007, p. 6).

#PraTodosVerem: ilustração de um triângulo dividido internamente em três partes. No topo


do triângulo, tem-se o termo “organismos”. Na ponta esquerda, tem-se o termo “solo”. Na
ponta direita, tem-se o termo “clima”. Por fim, há uma seta apontando para o centro do
triângulo e tal seta está ligada ao termo “influência dos aspectos socioeconômicos”.

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As relações dos aspectos socioeconômicos – os quais são, no caso, representados


pelo vértice superior do Tetraedro Ecológico – com o solo, os organismos e o cli-
ma tomam forma nas intervenções desenvolvidas pelo ser humano, isto é, na im-
plantação de agroecossistemas para a obtenção de biomassa vegetal e animal.
Com as relações do tetraedro, podemos adicionar outro ponto, um extra te-
traedro, que representaria o fator tempo. O tempo pode alterar as relações
solo-organismo-aspectos socioeconômicos no território brasileiro.
A função agronômica do solo está relacionada, fundamentalmente, com a agricul-
tura. Contudo, o desenvolvimento da Ciência do Solo deu-se pela contribuição de
profissionais de diferentes áreas do conhecimento, como Química, Física, Geolo-
gia, Biologia, Geografia, Agronomia e outras. No entanto, pela ênfase dos estudos
do solo para a produção agropecuária, as instituições de ensino e pesquisa passa-
ram a focar seus estudos no desenvolvimento agrícola. (KER et al. 2015).
Nesse contexto, podemos analisar o solo de forma agronômica quanto à sua
fertilidade e quanto ao uso recomendado. A fertilidade do solo é a capacidade
que o solo tem de armazenar e fornecer nutrientes às plantas. Além do aspec-
to químico da fertilidade do solo, as suas propriedades físicas e biológicas são
de grande importância no contexto da fertilidade, principalmente nos fluxos
de água e ar do solo e na ciclagem de nutrientes. Portanto, um solo fértil deve
fornecer condições adequadas para o crescimento de plantas, regular os flu-
xos de água e ar e promover a ciclagem de nutrientes importantes, como
carbono (C), nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), entre outros.

FIGURA 9 – ELEMENTOS QUE UM SOLO FÉRTIL DEVE FORNECER

Crescimento
de plantas
Solo fértil

Regulagem de fluxo
de água e ar

Ciclagem de
importantes nutrientes

Fonte: Elaboração própria (2022).

#PraTodosVerem: ilustração estática contendo os elementos que um solo fértil deve


garantir, a saber, crescimento de plantas, regulagem de fluxos de água e ar e ciclagem de
nutrientes importantes.

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O uso recomendado do solo, ou seja, a utilização do solo de acordo com sua ca-
pacidade de uso ou aptidão agrícola, é uma premissa básica de sustentabilidade.

FIGURA 10 – SUSTENTABILIDADE

Fonte: Freepik (2022);

#PraTodosVerem: foco nas mãos de duas pessoas, que estão ao ar livre. À esquerda, tem-se
as mãos de uma pessoa adulta, que está passando uma muda de planta para as mãos de
uma pessoa mais jovem, que está à direita.

Desse modo, devem ser observadas as características de cada solo, o que en-
volve aspectos como local, relevo, clima, profundidade e fertilidade para desig-
nar o melhor uso do solo (grãos, silvicultura, pastagens ou reflorestamento).

Os Latossolos, classe de solos mais recorrente


no território brasileiro, normalmente são solos
intemperizados e profundos. Apesar de sua baixa
fertilidade, estão localizados em relevos planos,
permitindo, assim, seu uso com culturas anuais com
mecanização. Já a classe de solos dos Cambissolos
está localizada, normalmente, em relevos mais
declivosos, o que remete seu uso a culturas perenes,
pastagens ou para fins de proteção ambiental.

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1.3 EDAFOLOGIA
A Edafologia é a ciência que trata da influência dos solos em seres vivos, par-
ticularmente plantas, incluindo o uso da terra pelo homem para cultivar plan-
tas (LEPSCH, 2011).

FIGURA 11 – EDAFOLOGIA

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: fotografia de uma muda de planta no solo, sendo regada pelas mãos de
uma pessoa.

O componente edáfico do solo é visto na parte ecológica do solo, quando


são tratadas das inter-relações do solo. Na ciência do solo, a Edafologia e a
Pedologia referem-se ao estudo do solo; no entanto, a Edafologia trata, es-
pecificamente, o solo como meio para o crescimento de plantas, enquanto a
Pedologia se concentra na descrição, na classificação e na formação do solo
(ULERY, 2005).
O crescimento e o desenvolvimento de plantas dependem de inúmeros fato-
res, como temperatura, radiação solar e umidade.

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No entanto, especificamente no solo, existem fatores edáficos de proprieda-


des físicas (textura, estrutura, densidade do solo), químicas (pH, capacidade
de troca de cátions, mineralogia da fração argila) e biológicas (taxa de respira-
ção microbiana, composição da matéria orgânica e diversidade microbiológi-
ca) que influenciam o crescimento das plantas, bem como o desenvolvimen-
to de diferentes biomas existentes.

1.4 FORMAÇÃO DO SOLO


A partir de agora, iremos aprender sobre a formação do solo. Você poderá ob-
servar como é formada a crosta terrestre, os principais minerais, as rochas, a
gênese e as características dos solos.

1.4.1 CROSTA TERRESTRE


Sabe-se que a Terra, uma esfera ligeiramente achatada, não é homogênea.
Por meio de estudos de ondas sísmicas, sabe-se que o planeta Terra é forma-
do por três camadas de composição: crosta terrestre, manto e núcleo (BRAN-
CO, 2015). Essas camadas, por sua vez, possuem algumas variações, e são, por
isso, subdivididas em outras.

FIGURA 12 – SUBDIVISÕES DAS CAMADAS DA TERRA

Fonte: Branco (2015).

#PraTodosVerem: ilustração do planeta Terra, demonstrando as suas camadas. De fora para


dentro, tem-se crosta terrestre; manto superior; manto inferior; núcleo externo; e núcleo
interno.

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A crosta terrestre é camada mais fina recobrindo o planeta Terra, e é nela que
concentraremos os nossos estudos.

FIGURA 13 – COMPOSIÇÃO DA CROSTA TERRESTRE

46% de oxigênio

28% de silício

8% de alumínio

6% de ferro

4% de magnésio

2,4% de cálcio

2,3% de potássio

2,1% de sódio

Menos de 1% de outros minerais

Fonte: Press et al. (2006).

#PraTodosVerem: ilustração estática contendo a composição da crosta terrestre: 46% de


oxigênio; 28% de silício; 8% de alumínio; 6% de ferro; 4% de magnésio; 2,4% de cálcio; 2,3%
de potássio; 2,1% de sódio; menos de 1% de outros minerais.

A sondagem mais profunda realizada pelo homem


na crosta terrestre atingiu 12 quilômetros de
profundidade, sendo conhecida como o Poço
Superprofundo de Kola. Apesar de a estrutura ter
levado quase 20 anos para ser concluída pelos
soviéticos, tal profundidade é um valor pequeno,
considerando que o planeta Terra possui mais de
seis mil quilômetros de raio.

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1.4.2 MINERAIS E ROCHAS

Para compreendermos a formação do solo, precisamos, primeiramente,


entender os minerais e as rochas que sofreram com intemperismos
para a formação do solo (pedogênese). Assim, conhecer a composição
e os principais tipos de minerais e rochas é de suma importância. Por
exemplo, a depender da rocha de origem, podem ser originados solos
de texturas mais argilosas ou mais arenosas. Além disso, os minerais
presentes nas rochas determinarão importantes propriedades químicas
dos solos, como capacidade de troca de cátions (CTC).

Um mineral é um elemento ou composto químico resultante de processos


inorgânicos, de composição química definida, estrutura interna ordenada e
encontrado naturalmente na crosta terrestre (LEINZ; LEONARDOS, 1971).

FIGURA 14 – MINERAL (QUARTZO)

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: fotografia de um mineral, no caso, um quartzo esbranquiçado/


transparente.

Dentre os principais minerais primários, estão quartzo, feldspatoide, mica,


biotita e moscovita. Em geral, os minerais primários como quartzo, micas e
feldspatos persistem no solo e dominam as frações maiores do solo (areia),
enquanto que os secundários são encontrados nas frações mais finas do solo,
como nas argilas.

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Já os principais minerais secundários são as argilas silicatadas (caulinita, mont-


morilonita e ilita) e os óxidos de ferro (goetita, gipsita). A formação dos minerais
secundários dá-se pela ação do intemperismo de materiais menos resistentes.

Solos originados de arenitos ou depósitos


arenosos tendem a ser arenosos, pois o
quartzo é muito resistente.

Figura 15 – Quartzo, mineral primário


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: pedra de quartzo transparente, com nuances na cor lilás.

A caulinita é uns dos principais argilominerais


de solos de regiões tropicais, originando
solos de textura argilosa.

Figura 16 – Caulinita, mineral secundário


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: pedra de caulinita.

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Em relação às rochas, são definidas como sólidos consolidados naturais, for-


mados por um ou vários minerais, de composição mais ou menos constante,
individualizados, e que fazem parte da crosta terrestre. A depender de sua
origem, as rochas podem ser classificadas em ígneas, sedimentares e meta-
mórficas (KER et al., 2015).

Rochas ígneas

São aquelas que se originam do resfriamento e da solidificação do


magma, sendo formadas em altas temperaturas no interior da crosta
terrestre.

Rochas sedimentares

São formadas pela decomposição e pela consolidação de sedimentos,


provenientes da destruição de rochas preexistentes na superfície da
crosta terrestre.

Rochas metamórficas

São rochas resultantes do metamorfismo ou de transformações de


outras rochas preexistentes, sejam elas rochas ígneas, sedimentares ou
mesmo outra rocha metamórfica.

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FIGURA 15 – TIPOS DE ROCHAS E O PROCESSO DE FORMAÇÃO COM EXEMPLOS DE


ALGUMAS ROCHAS FORMADAS

Fonte: Press (2008 p. 105).

#PraTodosVerem: ilustração indicando tipos de rocha, origem do material, processo de


formação e exemplos.

1.4.3 GÊNESE E CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS


Os solos são formados a partir da transformação das rochas, especificamente
pela ação do intemperismo químico ou físico que decompõe as rochas, for-
mando o solo (BERTOLLO et al., 2021).
A composição da rocha (ou material de origem), além de influenciar a velo-
cidade de intemperização da rocha, altera o suprimento de elementos e a
composição do solo (KER et al., 2015).
O estudo da pedogênese auxilia na compreensão da distribuição do solo na
paisagem. Os principais fatores de formação de solos são o material de ori-
gem, o relevo, o clima, os organismos e o tempo, os quais estão inter-relacio-
nados entre si na natureza. Desse modo, as ações desses fatores são distintas
nas diferentes regiões do mundo.

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FIGURA 16 – PRINCIPAIS FATORES DE FORMAÇÃO DE SOLOS

Material
de origem

de formação de solos
Principais fatores
Relevo

Clima

Organismos

Tempo

Fonte: Elaboração própria (2022).

#PraCegoVer: ilustração estática indicando os principais fatores de formação de solos:


material de origem, relevo, clima, organismos e tempo.

De acordo com Brady e Weil (2013), ocorrem vários processos simultâneos de


natureza física ou química que modificam os constituintes do solo. O pro-
cesso de translocação implica a movimentação de material orgânico ou inor-
gânico dentro do perfil; o processo de adição incide na entrada de material,
originado por fontes externas ao solo; e o processo de perda é a remoção de
partículas ou de cátions do solo, seja por ação de erosão ou lixiviação.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar os tópicos iniciais da disciplina Gênese,


Morfologia e Classificação dos Solos. Assim, compreendemos os conceitos
históricos da ciência do solo, sendo o solo a parte superior da crosta terrestre
ou da litosfera, mais precisamente a porção superior do regolito.
O solo apresenta funções ambientais e é a base para os processos ecológicos
e para funções agronômicas. Nesse contexto, analisamos o solo quanto à sua
fertilidade e quanto ao uso recomendado.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Compreendemos que a Edafologia é a ciência que trata da influência dos so-


los em seres vivos, particularmente plantas, incluindo o uso da terra pelo ser
humano para cultivar plantas.
Para compreendermos a formação do solo, aprendemos a composição da
crosta terrestre, que é formada, basicamente, por oxigênio, silício e alumínio.
Em seguida, definimos minerais (primários e secundários) e rochas ígneas,
sedimentares e metamórficas. Finalmente, chegamos à formação do solo,
compreendendo sua gênese, quando ocorre a transformação das rochas ex-
postas na superfície terrestre por meio do intemperismo. Os principais fatores
de formação de solos são o material de origem, o relevo, o clima, os organis-
mos e o tempo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Apresentar o perfil do


solo e as características
morfológicas: cor, textura,
estrutura, consistência,
cerosidade, cimentação,
porosidade e raízes;
> Conhecer a mineralogia
e a matéria orgânica dos
solos e suas implicações
morfológicas, químicas e
físicas.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

2 SISTEMA SOLO: MORFOLOGIA,


MINERALOGIA E MATÉRIA
ORGÂNICA

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará conceitos da área de ciências do solo, os quais per-
mitirão compreender e distinguir perfis e horizontes de um solo. Conhece-
remos os diferentes tipos de horizontes, tanto orgânicos, quanto minerais, e
suas nomenclaturas. Você irá adquirir conhecimentos sobre características
morfológicas que devem ser avaliadas no perfil do solo, de forma a capacitá-
-lo a fazer a descrição morfológica do perfil do solo no campo, considerando
as características mais importantes a serem avaliadas, como cor, estrutura,
textura, cerosidade, consistência, porosidade e cimentação do solo. Com os
conhecimentos adquiridos nesta unidade, você será capaz de realizar traba-
lhos de identificação e de descrição de solos no campo.
Você descobrirá que o solo tem uma composição trifásica, com fração sólida,
líquida e gasosa. Também aprenderá sobre mineralogia do solo, seus concei-
tos e sua importância; e compreenderá a diversidade de funções desempe-
nhadas pela matéria orgânica do solo.

2.1 MORFOLOGIA DO SOLO

2.1.1 PERFIL DO SOLO


O perfil do solo é a parte do solo que vai da superfície onde pisamos até
o material de origem (em profundidade); e é utilizado como base para o
estudo de solos.
Nos estudos de pedologia, a fim de expor os horizontes do solo em áreas pla-
nas, sem aberturas prévias e, assim, analisá-los, é necessário abrir um buraco
grande no solo. Tal buraco é denominado trincheira, cujas dimensões são, nor-
malmente, dois metros de profundidade e um metro de largura. Ao abrir a trin-
cheira, são expostos os horizontes do solo verticalmente nas paredes da trin-
cheira. Essas paredes, com os horizontes expostos, denominamos perfil do solo.

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FIGURA 1 – TRINCHEIRA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um perfil de solo escavado a 1,25 metros


de profundidade.

Em áreas próximas a acostamentos de estradas e/ou com escavações prévias,


já encontramos o perfil e os horizontes do solo expostos, não necessitando de
abertura de trincheiras. Essas paredes em cortes em estradas são utilizadas
em análise e em classificação do solo (BRADY; WEIL, 2013).
O perfil do solo é formado por horizontes ou camadas, geralmente paralelos
à superfície onde pisamos; e tais horizontes podem ter constituição mineral
(inorgânica) ou orgânica. Esses horizontes são distribuídos em profundidade
da superfície até encontrar o material de origem do solo (REICHERT, 2009).

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FIGURA 2 – ESTUDOS DE PEDOLOGIA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um torrão de solo, com fragmentos de


organismos aquáticos encontrados no perfil do solo; o torrão está sendo segurado por
uma pessoa.

O perfil do solo com pleno desenvolvimento possui cinco tipos de horizontes, de-
nominados horizontes principais; e estes são indicados por letras maiúsculas. No
caso dos horizontes orgânicos, eles são indicados pelas letras O e H; e, nos casos
de horizontes minerais, eles são indicados pelas letras A, E, B e C (LEPSCH, 2010).

Existem perfis de solos nos quais alguns horizontes


estão naturalmente ausentes. O horizonte E, por
exemplo, está ausente em muitos perfis. Já o
horizonte B é ausente em alguns perfis. Nesse caso,
de ausência de horizonte B, diz-se que o solo é “pouco
intemperizado”, “pouco desenvolvido” ou, ainda, que
o solo tem um “perfil incompleto”, visto que, para
considerarmos um solo como bem desenvolvido, é
crucial a presença do horizonte B (LEPSCH, 2010).

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Os horizontes que compõem um perfil de solo possuem espessuras variadas


e podem ter limites irregulares, porém normalmente são paralelos à super-
fície onde pisamos. Esse alinhamento, na maioria das vezes, ocorre devido à
diferenciação do regolito em horizontes bem definidos, como resultado de in-
tervenções do material vegetal, da radiação solar, do ar e da água no sistema
solo-atmosfera (BRADY; WEIL, 2013).

Horizonte O

Seções orgânicas, localizadas na superfície do solo, cujas formações


advêm de folhas e de outras partes que caíram dos vegetais.
Também podem se originar de animais em diferentes estágios de
decomposição. Esses materiais vão se acumulando em camadas na
superfície, originando o horizonte O (BRADY; WEIL, 2013).

Horizonte A

Camadas de solo, com domínio de partículas minerais escurecidas


pelo acúmulo de matéria orgânica, localizadas mais próximas à
superfície (BRADY; WEIL, 2013).

Horizonte E

Horizonte de cor clara, sem acúmulo de matéria orgânica, localizado


logo abaixo do horizonte A e presente em solos mais velhos e com alto
grau de lixiviação (BRADY; WEIL, 2013).

Horizonte B

Camada subjacente aos horizontes A e O, contendo menos materiais


orgânicos e podendo apresentar quantidades diversas de argilas
silicatadas, gesso, carbonato de cálcio e óxidos de ferro e alumínio. Esse
horizonte pode também ser referido como subsolo (BRADY; WEIL, 2013).

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Horizonte C

Camada de menor desenvolvimento e intemperismo, localizada bem


próxima ao material de origem (BRADY; WEIL, 2013).

2.1.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS


O solo apresenta características morfológicas próprias. Tais características são
externas e devem ser estudadas e descritas com critérios apropriados. A par-
tir da morfologia do solo, conseguimos ter uma visão conjunta do solo com a
paisagem (SANTOS et al., 2015).

FIGURA 3 – MORFOLOGIA DO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma escavação de solo, com uso de


equipamentos de campo, para descrever a morfologia do solo e medir as propriedades do
solo.

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Morfologia do solo: estuda a forma do solo por meio


de sua aparência natural no ambiente. A descrição
ocorre segundo as suas características perceptíveis:
que são visíveis ao olho nu, sem lentes de aumento;
ou que são sensíveis ao toque das mãos; ou que se
analise por meio do tato.

A morfologia do solo é também representada como anatomia do solo. Para


a identificação do solo, utilizam-se as características morfológicas como base
fundamental; e, posteriormente, essa identificação é finalizada com análises
de laboratório (LEPSCH, 2010).
A classificação e a identificação de solos têm sua base em descrições precisas,
objetivas e criteriosas. Sem essa base, os dados de laboratório correm o risco
de serem interpretados de forma equivocada, não podendo ser enquadrados,
de forma correta, nos sistemas de taxonomia de solos (IBGE, 2015).

No início do estudo científico dos solos, estes eram


tidos como corpos estáticos, formados por meio de
produtos fragmentados das rochas. Nesse período, as
pesquisas químicas e mineralógicas eram as únicas
relevantes. Somente depois de definirem o solo como
um corpo natural, contendo horizontes, incorporado
na paisagem de forma dinâmica, surgiram os estudos
de morfologia do solo (LEPSCH, 2010).

No estudo dos solos, observam-se várias características morfológicas, sendo


que as mais importantes são textura, cor, estrutura, cerosidade, consistência,
cimentação e porosidade. A cor do solo é uma das características mor-
fológicas mais notadas, por ser facilmente percebida via observação (pelos
olhos) (LEPSCH, 2010).

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A cor do solo normalmente varia de lugar para lugar na paisagem, podendo va-
riar também de horizonte para horizonte dentro de um mesmo perfil de solo.
Pode, inclusive, variar dentro de um mesmo horizonte. As cores do solo podem
ser variações de vermelhos, marrons, amarelos, cinzentos (claros e/ou escuros)
e até mesmo verdes. Alguns solos possuem tons bem escuros, quase pretos; e
outros possuem tons bem claros, quase brancos (BRADY; WEIL, 2013).

Textura do solo

É a composição de grânulos de terra fina do solo com tamanho


granulométrico menor que dois milímetro de diâmetro. E formada
pela proporção em porcentagem ou gramas por quilo das partículas
areia, silte e argila presentes no solo. Essas partículas são separadas
por seu tamanho. A fração areia é dividida em areia fina e grossa,
sendo a areia fina frações entre 0,05 e 0,2 milímetro de diâmetro; e a
areia grossa, de tamanho entre 0,2 e 2 milímetros. Já a fração silte é de
tamanho intermediário, entre 0,002 e 0,05 milímetro de diâmetro; e
a argila a fração de menor tamanho, com diâmetro menor que 0,002
milímetro (IBGE, 2015).

Estrutura do solo

É o formato da organização das partículas primárias do solo advindas da


sua gênese, formando agregados com formatos diversos (IBGE, 2015).

Consistência do solo

É a medida da capacidade da força física de união entre as partículas


do solo e mede quão unidas tais partículas estão. Esse grau de união
varia com o teor de umidade do solo. Dessa forma, a consistência
do solo é avaliada em diferentes teores de umidade. Primeiramente,
com o solo seco, mede-se a dureza ou a tenacidade do solo; em
seguida, tem-se a análise da consistência do solo úmido, chamada
de friabilidade; por último, tem-se a análise da consistência do solo
molhado por meio da pegajosidade e da plasticidade.

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Cerosidade do solo

É a superfície dos agregados do solo ou macroporos que contém


brilho graxo com aspecto lustroso, que pode ser visto a olho nu ou com
o auxílio de lupa de mão.

Cimentação do Solo

A presença de agentes cimentantes no solo, como sílica, carbonato


de cálcio ou óxido de ferro e alumínio, pode proporcionar ao solo uma
consistência dura e quebradiça, sendo chamada de cimentação do
solo (IBGE, 2015).

Porosidade do solo

A porosidade do solo considera os espaços vazios do solo entre as


partículas, levando em conta seu tamanho, sua natureza e seu formato
(IBGE, 2015).

2.1.3 DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DO SOLO


A descrição morfológica do solo fiz respeito ao estudo e à descrição das carac-
terísticas e das propriedades do solo, as quais são detectadas pelos olhos, por
meio da visão; e pelas mãos, por meio do tato. Como exemplos, temos textura,
cor, estrutura, consistência, cerosidade, cimentação e porosidade. Essa des-
crição é realizada no campo, por meio das características do perfil, em cada
horizonte, separadamente, seguindo uma metodologia apropriada (SANTOS
et al., 2015).
Para a descrição correta da cor do solo, é usada, na pedologia, a carta de cores
universal de Munsell, para a classificação e a identificação da cor. A carta de
cores universal de Munsell contém várias páginas, com retângulos pequenos
de cores padronizadas; e a cor do torrão de solo de cada horizonte do perfil é
comparada com as cores da tabela (BRADY; WEIL, 2013).

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

FIGURA 4 – CARTA DE CORES UNIVERSAL DE MUNSELL

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de duas páginas de um livro, contendo carta


de cores universal de Munsell.

A carta universal de cores de Munsell é padronizada com cores organizadas


por meio de três componentes: matiz (geralmente vermelho ou amarelo); va-
lor (podem ser claros ou escuros, sendo o zero compatível com o preto); e
croma (dado pelo brilho ou pela intensidade da cor, sendo zero compatível ao
cinza neutro).
Nessa carta de cores de Munsell, cada página contém vários retângulos pe-
quenos, com cores padronizadas; e a maioria das páginas possuiu um único
matiz. Para cada matiz, o valor cresce, verticalmente, de baixo para cima, nos
retângulos, e o croma aumenta horizontalmente da esquerda para a direita.

Para conhecer detalhes sobre as cores do solo e


sobre a carta de cores do solo – a carta de Munsell –,
assista ao vídeo “Explicação sobre a carta de Munsell
(carta de cores do solo)”, clicando aqui.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

A cor do solo deve ser caracterizada no campo, com a utilização da carta de


cores de Munsell, pois esta contém cores padronizadas. A identificação da cor
do solo pode ser realizada: via comparação da carta de Munsell, com o torrão
de solo seco; com o solo seco triturado até o estado de pó; com o torrão de
solo úmido; ou com o torrão de solo umedecido e amassado não viscoso. No
entanto, quando a cor se trata de um critério decisivo de classificação, ela é
tomada com o torrão de solo úmido (SANTOS et al., 2015).

FIGURA 5 – A COR DO SOLO DEVE SER CARACTERIZADA NO CAMPO COM A UTILIZAÇÃO


DA CARTA DE CORES DE MUNSELL

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um profissional em campo, utilizando a


carta de cores universal de Munsell.

Para aprender mais sobre a identificação/


caracterização da cor do solo, usando um torrão
umedecido e a carta de Munsell, assista ao vídeo
“Identificação da cor do solo utilizando a carta de
Munsell”, clicando aqui.

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As quantidades de areia, silte e argila no solo ocorrem em variadas combina-


ções, por isso, é necessário o agrupamento delas em classes texturais, ou seja,
de acordo com os conteúdos das frações estimados em percentual no campo
ou determinados em laboratório. Existem 13 classes texturais: areia, areia fran-
ca, silte, franca, argila, francoargiloarenosa, francoargilosa, francoarenosa, mui-
to argilosa, argiloarenosa, argilosiltosa, francosiltosa e francoargilosiltosa. Para
determinar essas classes texturais, é utilizado o triângulo textural (IBGE, 2015).

Quer aprender como utilizar o triângulo textural,


para identificar a classe textural do solo? Assista
ao vídeo “Exemplos de identificação de classe
textural do solo utilizando o triângulo textural”,
clicando aqui.

A estrutura do solo no campo é avaliada sob dois parâmetros: microestrutu-


ra e macroestrutura. A microestrutura é importante, para avaliar o grau de
intemperismo do solo e para elucidar sobre processos de formação do solo.
A macroestrutura é rotineiramente empregada para caracterizar e para diag-
nosticar solos na área de pedologia, utilizando, para isso, aspectos, como: tipo
de estrutura, baseado em suas formas; grau de estrutura, baseado no seu
grau de desenvolvimento; e sua classe de textura, baseada em seu tamanho.
Importante salientar que tudo se inicia com a observação, a fim de identificar
se existe, ou não, estrutura no material do solo a ser analisado (IBGE, 2015). Os
tipos de estrutura normalmente encontrados nos solos são granular ou esfe-
roidal; em blocos ou poliédrica; e laminar e prismática.

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FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO DOS TIPOS E FORMATOS DE ESTRUTURA DO SOLO

Fonte: Santos et al. (2015, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração, mostrando os formatos dos tipos


de estrutura do solo. As letras ba e bb são prismáticas; ca e cb em blocos ou poliédrica; a é
laminar; e d é granular ou esferoidal.

Para avaliar a consistência do solo, quando seco, deve-se colocar o torrão de


solo seco entre o polegar e o indicador e pressioná-lo com um grau de força
capaz de deformá-lo, obtendo, como resultado, em grau de força menor para
maior, uma das opções a seguir: solta, macia, ligeiramente dura, dura, muito
dura ou extremamente dura.
Para a análise da consistência do solo úmido, umedece-se o torrão de solo,
adicionando água por meio do fenômeno da capilaridade do solo. Em segui-
da, aplica-se um nível de força e de pressão ao torrão úmido, com os dedos
indicador e polegar, obtendo, como resultado, uma das opções a seguir: solta,
muito friável, friável, firme, muito firme ou extremamente firme.
A consistência do solo, quando molhado, é analisada em solo pulverizado e
homogêneo por meio da pegajosidade e da plasticidade. A quantidade de
água adicionada supera a condição de capacidade de campo do solo. Como
resultado, obtém-se, no âmbito da pegajosidade, uma das opções a seguir:
não pegajosa, ligeiramente pegajosa, pegajosa e muito pegajosa. Já no que
diz respeito à plasticidade, as opções são: não plástica, ligeiramente plástica,
plástica ou muito plástica (IBGE, 2015).

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A cerosidade é analisada por meio da manifestação de uma cor externa dos


agregados mais intensa do que a interna. Seu grau de desenvolvimento é
avaliado por meio do grau maior ou menor de nitidez e de contraste, quan-
do comparado à cor do matiz do solo, podendo o seu grau ser caracterizado
como fraco, moderado e forte (IBGE, 2015).

Para aprender a fazer a análise da friabilidade do


solo, assista ao vídeo “Análise da consistência úmida
do solo ou friabilidade do solo”, clicando aqui.

A cimentação é avaliada pela presença de agentes cimentantes, que impe-


dem que os torrões de solo se desmanchem na água. Pode ser tida também
como uma condição em que o solo não se altera ou se altera muito pouco
com o seu umedecimento. O grau de cimentação pode ser caracterizado
como fracamente cimentado, fortemente cimentado ou extremamente ci-
mentado (IBGE, 2015).
Para analisar a porosidade do solo, utilizamos lupa com grau de aumento apro-
ximado em 10 vezes. Caracterizamos a porosidade quanto ao tamanho e à
quantidade dos macroporos. Para tamanho, temos as seguintes alternativas:
muito pequenos, pequenos, médios, grandes ou muito grandes (IBGE, 2015).

2.2 MINERALOGIA E MATÉRIA ORGÂNICA DO


SOLO

2.2.1 COMPOSIÇÃO DO SOLO


Os horizontes do solo possuem quatro constituições principais: partículas
minerais; partículas orgânicas; ar; e água. Esses elementos estão no campo
completamente misturados, sendo possível identificá-los separadamente so-
mente pelo uso de métodos específicos em laboratório (LEPSCH, 2010). Esses
componentes, juntos, formam a composição trifásica do solo, composta pelas
frações sólida, líquida e gasosa do solo.

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A parte sólida do solo se constitui de matéria mineral e orgânica. A matéria


mineral provém do material de origem do solo, por isso, denomina-se primá-
ria, se constituir-se da mesma composição e estrutura dos minerais encontra-
dos no material de origem do solo (REICHARDT; TIMM, 2016).

FIGURA 7 – ANÁLISE DO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de duas pessoas em campo, em uma


trincheira, analisando o solo.

A parte líquida do solo se constitui da solução do solo composta por compo-


nentes orgânicos e sais minerais, com concentrações variadas em cada solo
e de acordo com o teor de água presente no solo (REICHARDT; TIMM, 2016).
A parte gasosa varia baseada em inúmeros fatores. É a parte do ar que está
dentro dos poros do solo e tem uma composição um pouco diferente do ar
que está sobre o solo (REICHARDT; TIMM, 2016).

Fração sólida do solo

Constituída por componentes minerais e orgânicos. Em termos


percentuais ideais, deve ocupar 50% do volume total do solo, sendo 46%
para os constituintes minerais e 4% para os orgânicos (LEPSCH, 2010).

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Fração líquida do solo

Constitui a solução do solo onde os nutrientes estão diluídos em água.


Em termos percentuais ideais, deve ocupar 25% do volume total do
solo e metade dos poros do solo (LEPSCH, 2010).

Fração gasosa do solo

Constitui a fração do solo onde ocorrem as trocas gasosas, inclusive as


provenientes das respirações das plantas e dos animais que habitam o
solo. Em termos percentuais ideais, deve ocupar 25% do volume total
do solo e metade dos poros do solo (LEPSCH, 2010).

As partículas sólidas do solo variam, enormemente, de qualidade e de tama-


nho. Quanto ao tamanho, algumas são grandes o suficiente para serem vistas,
sem necessidade de lente de aumento, ao passo que outras são diminutas,
apresentando propriedades coloidais (REICHARDT; TIMM, 2016).

FIGURA 8 – ANÁLISE DO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma pessoa de jaleco, segurando uma


porção de solo em um prato.

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Segundo Lepsch (2010), as partículas inorgânicas ou minerais do solo são clas-


sificadas conforme sua origem, seu tamanho e sua composição. Existem dois
tipos baseados na origem: 1) os remanescentes da rocha que originou o solo
(chamados de minerais originais ou primários); e 2) os produtos secundários,
recompostos ou decompostos por meio do intemperismo dos minerais advin-
dos da rocha matriz (chamados de minerais pedogenéticos ou secundários).
A fração líquida do solo é a solução do solo que contém substâncias orgâni-
cas e sais minerais – os de maior importância são os sais minerais (REICHAR-
DT; TIMM, 2016). O solo tem capacidades de recepção e retenção de água,
enriquecendo-a com algumas substâncias e armazenando-a por um tempo
determinado (LEPSCH, 2010).
Há uma permanente integração entre a fração líquida e a fração sólida como
reservatório de íons. Tal integração é complexa, movida por constantes de
equilíbrio, produtos de solubilidade etc. Por esse motivo, descrever a concen-
tração da solução do solo se torna mais complexo, podendo ser obtidos ape-
nas valores aproximados e médios (REICHARDT; TIMM, 2016).
A fração gasosa do solo é formada pela atmosfera do solo ou pelo ar do solo. A
sua composição química é parecida com a da atmosfera da superfície do solo,
porém apresenta algumas diferenças nos teores de dioxigênio (O2) e dióxido
de carbono (CO2).

FIGURA 9 – TEOR DE CO2

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um sistema medindo o fluxo de CO2 no


campo.

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A concentração de O2, na atmosfera do solo, é menor que na atmosfera da su-


perfície, pois os micro-organismos e o sistema radicular consomem oxigênio.
O contrário ocorre com o CO2, que é mais alto no solo, devido à sua liberação
em processos metabólicos que ocorrem no solo (REICHARDT; TIMM, 2016).

2.2.2 MINERALOGIA DO SOLO


A mineralogia do solo se refere a quantificar e qualificar a composição mine-
ralógica de argila, de silte e de areia, sendo essa última tanto grossa, quanto
fina (IBGE, 2015). O termo mineralogia é derivado de minera, uma palavra lati-
na que significa mina, jazida de minério ou filão (MELO; ALLEONI, 2019).
A qualificação mineralógica é definida pela predominância dos minerais
constituintes do solo, sendo utilizados os termos e as definições a seguir, se-
gundo o IBGE (2015):

QUADRO 1 – QUADRO DE FRAÇÕES E CLASSES

Frações Classes

Frações grosseiras dos solos com diâmetro maior que 0,05 milímetro Micáceo
Anfibolítico
Feldspático
Silicoso

Frações minerais da fração argila com diâmetro menor que 0,002 Cauliníticos
milímetro Gibbsíticos
Oxídicos

Fonte: Adaptada de IBGE (2015, [n. p.]).

#ParaTodosVerem: a imagem representa uma tabela, indicando que, nas frações grosseiras
dos solos com diâmetro maior que 0,05 milímetro, são propostas as classes micáceo,
anfibolítico, feldspático e silicoso. Já nas frações minerais da fração argila com diâmetro
menor que 0,002 milímetro, propõem-se as classes cauliníticos, gibbsíticos e oxídicos.

A mineralogia da fração argila é muito utilizada em estudos de formação, de


caracterização e de classificação de solos. Alguns sistemas de classificação de
solos usam a mineralogia da fração argila, para diferenciar classes de solos
em níveis categóricos inferiores. A difratometria de raios X é a técnica mais
utilizada para a caracterização. Ela é aplicada em lâminas delgadas de solo,
com e sem tratamentos (IBGE, 2015).

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Em levantamentos de solos, é pouco frequente a utilização da determina-


ção da mineralogia da fração areia. É mais usada para estimar a proporção
dos minerais primários no solo, que são a reserva de fonte de nutrientes para
as plantas, por meio do intemperismo (IBGE, 2015). A fração coloidal do solo
é formada por partículas de argila e de húmus do solo; e ambas possuem:
tamanhos muito pequenos e comportamento semelhante. Devido ao seu
pequeno tamanho, são vistas apenas com o uso de microscópio eletrônico
(BRADY; WEIL, 2013).
Os solos contêm vários tipos de coloides. Os coloides mais importantes nos
solos podem ser separados em quatro classes, segundo Brady e Weil (2013):
1) argilas silicatadas bem cristalizadas; 2) argilas silicatadas não cristalinas; 3)
óxidos de ferro e alumínio; e 4) orgânicos (húmus).

Argilas silicatadas bem cristalizadas

Na maioria dos solos, são o tipo predominante. Sua estrutura cristalina


em camadas é semelhante às páginas de um livro. Exemplos:
esmectita, caulinita e mica de granulação fina.

Argilas silicatadas não cristalinas

Não apresentam arranjo cristalino muito bem definido. A imogolita


e a alofana são os principais minerais de argila desse tipo, que
normalmente são gerados a partir de cinzas vulcânicas.

Óxidos de ferro e alumínio

São encontrados em muitos solos, sendo mais importantes nos


altamente intemperizados das regiões tropicais quentes e úmidas.
Exemplos: goethita e hematita.

Orgânicos (húmus)

Os coloides orgânicos são de grande importância em grande parte


dos solos, principalmente nas camadas superiores, não apresentam
estrutura cristalina e não são minerais.

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2.2.3 FUNÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA DO


SOLO
A matéria orgânica do solo pode ser compreendida como uma parte da fra-
ção sólida do solo, parte essa que é formada por compostos orgânicos, que se
originaram de animais e vegetais, em diversos estágios de decomposição. O
estágio mais decomposto é chamado de húmus, cuja formação ocorre pela
ação de micro-organismos. O húmus possui características, como cor escura,
estado coloidal e alta estabilidade no solo (REICHARDT; TIMM, 2016).

FIGURA 10 – HÚMUS

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de húmus com germinação.

A matéria orgânica do solo advém da adição ao solo de materiais de origem


animal e vegetal, em diversos estágios de transformação. No caso de mate-
riais de fonte vegetal, as raízes, as folhas, os galhos e os frutos são os mais fun-
damentais. Entre os materiais de origem animal, destacam-se os micróbios,
os vermes e o esterco, entre os tipos principais (LEPSCH, 2010).

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A matéria orgânica (MO) é fonte de nitrogênio (N), enxofre (S) e fósforo (P) para
as plantas. O conteúdo de matéria orgânica do solo (MOS) varia entre 1% e 10%,
na maior parte dos solos. A matéria orgânica também possui grande superfí-
cie específica, que é reativa, em virtude da dissociação de grupos carboxílicos
(COOH), hidroxila (OH) e amina (NH2), produzindo ainda complexos com ferro
(Fe), manganês (Mn), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) (REICHARDT; TIMM, 2016).
Uma característica importante da MO é sua relação carbono/nitrogênio (C/N),
que possui uma variação grande, baseada em sua origem. Resíduos de legu-
minosas são mais proteicos, pois fixam nitrogênio gasoso (N2) da atmosfera
por simbiose e têm baixa relação C/N, isto é, entre 20/1 e 50/1. Já palhas de ce-
reais têm valores maiores de relação C/N (REICHARDT; TIMM, 2016).
Para atingir o melhor grau de decomposição, uma relação C/N de 30/1 é a
ideal, pois os micro-organismos, para obterem energia, durante o processo,
consomem, pelo menos, dois terços da matéria orgânica e retêm até um ter-
ço em seus tecidos – sendo a relação 30/1 de máxima utilização de C e N pre-
sentes no resíduo. Qualquer outro valor de relação C/N acarreta perdas de C
ou de N (REICHARDT; TIMM, 2016).

FIGURA 11 – MATÉRIA ORGÂNICA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de matéria orgânica.

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A matéria orgânica do solo possui funções de suma importância para o pleno


funcionamento do solo, influenciando diretamente processos químicos, físicos
e biológicos. Quando ocorre a perda de matéria orgânica no solo, inicia-se um
processo de degradação do solo, o que influencia vários outros atributos, os
quais podem se perder e/ou se degradar (ROSCOE; MERCANTE; SALTON, 2006).
A matéria orgânica é responsável por muitas funções no solo, sendo crucial
em processos básicos, como retenção e ciclagem de nutrientes e formação
de agregados do solo, além de influenciar na dinâmica da água e servir como
fonte energética básica, para manter a atividade biológica no solo. A perda de
MOS interfere grandemente nesses processos, causando desequilíbrios e pro-
vocando o processo de degradação e a dificuldade do solo de desempenhar
algumas funções (ROSCOE; MERCANTE; SALTON, 2006).
As formas principais de aumentar as quantidades de MOS e sequestrar são
modificacão do ambiente solo; manipulacão de quantidade e de qualidade
de aportes orgânicos; e manipulacão da fauna do solo.

Modificacão do ambiente solo

Ocorre por meio de preparo, utilização de fertilizantes e irrigacão, o


que influencia diretamente nos processos biológicos de mineralização
e decomposição.

Manipulacão da quantidade e qualidade de aportes orgânicos

Ocorre por meio da alteração da localização e do tempo de adição


de aportes orgânicos ao solo, influenciando na sincronização entre
liberação de nutrientes ao solo vindos da MOS e a necessidade de
absorção das plantas.

Manipulacão da fauna do solo

Os organismos do solo são indivíduos atuantes diretamente no


processo de decomposição da MOS, podendo atuar e serem
influenciados de diversas formas, desde o preparo do solo e o tipo de
cobertura (morta ou viva) até a utilização de pesticidas.

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As principais funções da matéria orgânica do solo estão ligadas a funções quí-


micas e físicas. De forma química, vale ressaltar a sua contribuição de ma-
neira sensível para a capacidade de troca iônica no solo e sua influência na
ciclagem de nutrientes. Na parte de alteração física do solo, sobressai-se a sua
grande importância na estruturação de um solo.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou a apresentar importantes conceitos para o estudo dos


solos, contemplando a morfologia, a mineralogia e a matéria orgânica do solo.
Com o conhecimento adquirido, torna-se capaz reconhecer as diferenças en-
tre perfil e horizontes do solo, conseguindo identificar as principais caracterís-
ticas morfológicas do solo, assim como descrevê-las e analisá-las.
Você conheceu sobre a composição trifásica do solo, a mineralogia do solo e
seus conceitos básicos; e agora é capaz de compreender as principais funções
da matéria orgânica do solo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Compreender os fatores


de formação do solo:
clima, seres vivos, material
de origem, relevo e suas
atuações;
> Entender a interação
entre os elementos da
paisagem com a atuação
dos processos gerais e
específicos de formação
do solo.

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3 FATORES E PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DOS SOLOS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, serão apresentados os fatores e os processos de formação do
solo. Para a formação do solo, os fatores clima, relevo e seres vivos precisam
agir sobre o material de origem ao longo do tempo.
A base fundamental, para a formação do solo, é o material de origem, que
condiciona propriedades intrínsecas aos solos formados, podendo ser de ori-
gem mineral ou orgânica. O fator clima determinará a intensidade do intem-
perismo sobre o material de origem. Já o relevo é um fator que se correlaciona
à distribuição espacial dos solos ao longo da paisagem; e pode controlar a
ação do intemperismo e o movimento de água pluviais. Os seres vivos com-
preendem desde a microfauna até a macrofauna e englobam a atuação hu-
mana. A ação desse fator impacta no início da formação do solo, quando as
rochas são colonizadas por diferentes organismos vivos, até a estabilização da
formação do solo, quando a vegetação fornece matéria orgânica para o solo.
O fator tempo é passivo e controla a intensidade com que ocorrem os proces-
sos na formação do solo.
Portanto, esta unidade irá permitir compreender como ocorre a formação
do solo, apresentando os fatores de formação do solo e os processos de
formação do solo.

3.1 FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO


Para a formação do solo, é necessária a ação conjunta dos fatores clima e or-
ganismos vivos sobre o fator material de origem, que está presente na paisa-
gem. O material de origem, o clima, os organismos vivos, o relevo e o tempo
são os fatores de formação do solo (COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007).

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FIGURA 1 – FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO E PEDOGÊNESE

Fonte: Resende et al. (2014, p. 124).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de uma rocha e, sobre ela, com a
indicação de setas, tem-se a ação de clima e organismos. A rocha é ligada por uma seta
ao solo, indiando sua formação e, sobre essa seta, têm-se os fatores processos e tempo
(controlado pela erosão).

O clima e os organismos são denominados fatores ativos, pois agem, du-


rante certo tempo e em certas condições de relevo, diretamente sobre o
material de origem, que pode ter algum ou nenhum fator de resistência
(BERTOLLO et al., 2021).

3.1.1 MATERIAL DE ORIGEM E CLIMA


A matéria-prima, para a formação dos solos, é o material de origem, podendo
este ser de origem mineral (rochas ou sedimentos); ou orgânica (resíduos ve-
getais ou animais). Os materiais provenientes de origem mineral são os mais
importantes, pois as rochas são mais abrangentes no planeta Terra (COSTA
LIMA; LIMA; MELO, 2007).

Rochas magmáticas

Granito, basalto e diabásio.

Rochas metamórficas

Gnaisse, quartzito e xisto.

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Rochas sedimentares

Arenitos, argilitos e calcários.

De uma maneira ampla, ao verificar um perfil de solo, pode-se inferir que


este foi derivado de um material de origem; portanto, pode ser identificado
somente por inferência. A rocha inalterada pelo intemperismo, normalmente,
encontra-se em profundidade abaixo do perfil do solo, levando à pressupo-
sição de que o mesmo tipo de rocha (material de origem) que havia previa-
mente no espaço é, atualmente, ocupado pelo perfil do solo que se formou
pela ação intemperismo ao longo do tempo (KER et al., 2015).

FIGURA 2 – PERFIL DO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de perfil do solo exposto por deslizamento.

O entendimento da gênese do solo é base para o seu mapeamento, para a


sua classificação e para muitos outros estudos. Portanto, se não tivermos al-
gum conhecimento de como o solo, no passado, formou-se, não somos capa-
zes de saber, no presente, como preservá-lo ou de prever, para o futuro, como
ele irá se comportar (LEPSCH, 2011).

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Na pedogênese (processo de formação dos solos), os agentes externos, como


o intemperismo e a erosão, transformam as rochas e se relacionam com a ve-
locidade e a forma como eles atuam. Essas mudanças também se relacionam
com a resistência física e química de cada tipo de rocha. Logo, os diferentes
tipos de solos resultam do material de origem, que é a chamada rocha-mãe
ou rocha matriz, e das inúmeras combinações que induzem os processos de
intemperismo e pedogênese (BERTOLLO et al., 2021).

FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DO PERFIL DO SOLO COM AÇÃO DO INTEMPERISMO AO LONGO


DO TEMPO. AS LETRAS A, B, C, R SÃO HORIZONTES E CAMADAS QUE CONSTITUEM O
SOLO.

TEMPO

1 2 3 4 5
Fonte: Costa Lima; Lima; Melo (2007, p. 9).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração da sequência de evolução do solo,


pela ação do intemperismo. Da esquerda para a direita, são indicados cinco perfis de
solos evoluindo cronologicamente, conforme indicado por uma seta localizada acima
da ilustração, com a palavra tempo. No primeiro perfil, há apenas alguns poucos sinais
de germinação; no segundo, tem-se alguma vegetação; no terceiro, um pouco mais de
vegetação; no quarto, ainda mais, com uma árvore pequeno; e no quinto, tem-se uma
árvore maior.

O material de origem pode influenciar três variáveis principais do solo, que


são grau de: consolidação, granulometria e composição. O grau de conso-
lidação condiciona a velocidade de intemperização, influenciando a pro-
fundidade do solo. A título de exemplo, o intemperismo ocorre, de maneira
mais fácil, em uma rocha sedimentar que em rochas cristalinas (metamór-
ficas e magmáticas).

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Já a textura do solo é influenciada principalmente pela granulometria do ma-


terial de origem. A textura é uma propriedade intrínseca do solo, que pode
alterar outras propriedades, como a Capacidade de Troca de Cátions (CTC), a
sorção de íons, o conteúdo de matéria orgânica e a infiltração e a retenção de
água no solo (KER et al., 2015).
Um solo arenoso é formado, principalmente, por grãos de quartzo que con-
têm o tamanho da fração areia (2 milímetros a 0,05 milímetro). Materiais,
como arenito, areias aluviais ou litorâneas, originarão solo de textura arenosa,
pois o quartzo é um mineral altamente resistente, mesmo em situações de
intemperismo intenso. Um solo argiloso é originado, normalmente, de rochas
ígneas básicas (45% a 52% de sílica), como o basalto e o gabro, que possuem
baixa quantidade de quartzo.

FIGURA 4 – ROCHA FÉLSICA (GRANITO)

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma rocha do tipo granito.

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A composição da rocha, além de influenciar a velocidade de intemperização


da rocha, altera o suprimento de elementos e a composição do solo. Rochas
félsicas (ricas em feldspatos e sílica) fornecem baixos teores de cálcio (Ca),
magnésio (Mg), ferro (Fe) e manganês (Mn). Rochas máficas (ricas em mine-
rais ferromagnesianos) fornecem teores consideráveis de nutrientes como Fe,
potássio (K), fósforo (P) e Mn. (KER et al., 2015).
O clima abrange principalmente a temperatura e a umidade e regula a ve-
locidade e o tipo de intemperismo que age sobre as rochas. Em áreas com
climas quentes e secos, áridos e semiáridos, o intemperismo físico prevalece
e as rochas se desagregam, formando solos rasos e pedregosos. Em regiões
quentes, úmidas, equatoriais e tropicais, são produzidos solos profundos e
bem desenvolvidos. (BERTOLLO et al., 2021). A temperatura atua, de forma
indireta, na pedogênese, controlando a umidade nos processos de formação
do solo. A ação do intemperismo, nas rochas e na transformação dos minerais,
é controlada, principalmente, pela água no solo. A velocidade de grande parte
dos processos de formação do solo é determinada pela disponibilidade e pelo
fluxo de água no solo (KER et al., 2015).

Condições de precipitações e de temperaturas altas


beneficiam os processos de formação do solo.

Em regiões tropicais, o clima úmido e quente favorece a formação de solos


muito intemperizados, profundos, ácidos e com baixa fertilidade natural,
como ocorre na maioria dos solos brasileiros – ricos em minerais secundários,
como caulinita e oxí-hidróxidos de Fe e alumínio (Al).

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FIGURA 5 – FLORESTA EM REGIÃO TROPICAL

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma área verde, especificamente da


floresta tropical da Tailândia.

Já em regiões onde ocorrem baixas precipitações (áridas e semiáridas), nor-


malmente, a ação do intemperismo é menor, formando solos rasos, pedre-
gosos e com melhor fertilidade natural. Em regiões úmidas, a vegetação
abundante proporciona maiores quantidades de matéria orgânica no solo,
diferentemente do que ocorre em regiões de clima seco, onde a vegetação é
mais escassa (COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007).

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FIGURA 6 – (A) TIPO E INTENSIDADE DO INTEMPERISMO, RELACIONADOS COM


TEMPERATURA, PLUVIOSIDADE E VEGETAÇÃO. (B) INTENSIDADE DO INTEMPERISMO
AUMENTA COM A PLUVIOSIDADE, RESULTANDO UM SOLO COM MAIOR PROPORÇÃO
DE MINERAIS SECUNDÁRIOS (FRAÇÃO ARGILA)

Fonte: Teixeira et al. (2007, p. 154).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de dois gráficos. O gráfico A ilustra


os efeitos da temperatura e da precipitação na formação do solo. O gráfico B ilustra que,
quanto maior a pluviosidade anual, maior será a porcentagem de argila, sendo que a argila
evolui de esmectita para caulinita, ferro e alumínio.

3.1.2 RELEVO E SERES VIVOS


O relevo é caracterizado como conformação do terreno, estando correlaciona-
do à distribuição espacial dos solos ao longo da paisagem, em todas as suas
escalas (KER et al., 2015). Na paisagem brasileira, o relevo exerce grande influ-
ência na gênese do solo.
As grandes e altas chapadas presentes no território brasileiro (principalmente
no centro-oeste e no bioma cerrado) estão expostas à ação do intemperis-
mo há mais tempo, ocorrendo, nessas áreas, solos mais velhos e lixiviados. Já
a ação do intemperismo, em relevos mais acidentados, é menor, formando,
normalmente, os solos mais novos, com uma vegetação natural mais exube-
rante (RESENDE et al., 2014).

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Solos velhos

Solos nos quais a ação do intemperismo é intensa são conhecidos


popularmente como solos velhos. Segundo o Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos, são caracterizados por apresentarem
horizonte diagnóstico latossólico, com a fração argila sendo composta
predominantemente por óxidos de Fe, Al, silício (Si) e titânio (Ti), além
das argilas serem de baixa atividade. Apresentam ainda características
de solos ácidos e baixa saturação de bases.

Solos novos

Considera-se um solo jovem, quando este é pouco profundo e não


possui horizonte B. Isso ocorre, pois não houve tempo para a sua
formação e o seu desenvolvimento. Em uma escala, é possível colocar
a classe dos neossolos litólicos em uma idade juvenil; a classe dos
cambissolos, que formou um horizonte B incipiente, em idade adulta;
e a classe dos latossolos em velhos, pois possuem um horizonte B
espesso e muito intemperizado.

O relevo controla também o movimento de água das chuvas no solo, o que,


na pedogênese, apresenta grande influência em algumas propriedades dos
solos, como cor, lixiviação e profundidade.
O movimento da água por meio do solo pode ser controlado pelo relevo,
que afeta muito as propriedades do solo – tais como cor, lixiviação e profun-
didade – durante a sua formação. A depender do tipo de relevo (plano ou
inclinado), a água pluvial pode infiltrar, escorrer ou acumular no solo (COSTA
LIMA; LIMA; MELO, 2007).
Solos bem drenados (latossolos e argissolos) estão localizados em relevos pla-
nos, apresentando colorações vermelhas e amareladas. Já solos mal drenados
(luvissolos e organossolos) estão próximos ao lençol freático, em relevos alu-
viais, apresentando cores cinzas ou escuras.

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FIGURA 7 – LATOSSOLO VERMELHO E AMARELO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de um solo do tipo latossolo,


caracterizado por suas colorações avermelhadas e amareladas.

Os seres vivos no solo compreendem a microflora, a macroflora, a microfauna,


a macrofauna e o ser humano. Os organismos que vivem no solo, incluindo
plantas, minhocas, insetos, fungos, bactérias e outros, desempenham um pa-
pel vital em sua formação. Seus corpos são uma fonte de matéria orgânica; e
suas atividades transformam tanto os constituintes orgânicos quanto os mi-
nerais (COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007).
Como fator de formação de solo, os seres vivos estão presentes em um está-
dio pré-gênese do solo. Líquens e musgos povoam as rochas, extraindo ele-
mentos pelo contato direto, produzindo uma alteração incipiente das rochas,
o que serve de substratos para os colonizadores seguintes (KER et al., 2015).

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Avaliando, de uma perspectiva acadêmica, podemos


considerar a ação dos seres vivos no material de
origem (rocha ou sedimentos) um requisito para
a formação do solo. Nesse contexto, areias eólicas
litorâneas (praias) precisariam ser colonizadas com
vegetação e organismos, para que fosse iniciada
a formação de um horizonte A incipiente, com o
acúmulo de matéria orgânica, podendo, assim,
ser considerado um solo e classificado como um
neossolo quatzarênico.

A vegetação, ou seja, as plantas, é considerada ser vivo, exercendo influência


na formação do solo. Isso ocorre, porque a vegetação fornece matéria orgâ-
nica para o solo; e folhas e galhos, sobre o solo (serapilheira), evitam o impac-
to direto da chuva. Já as raízes das plantas protegem o solo contra a erosão.
Ademais, no processo de decomposição da matéria orgânica, são liberados
ácidos, que também podem transformar os constituintes minerais do solo
(COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007).

FIGURA 8 – FOLHAS E GALHOS EVITAM O IMPACTO DA CHUVA DIRETO NO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma folha de planta, na cor verde, com
gotas de chuva.

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A ação humana (antrópica) também está inserida no fator seres vivos de for-
mação do solo. As características de um solo, o qual levou milhares de anos
para se formar naturalmente, podem ser alteradas rapidamente pelas ações
antrópicas (KER et al., 2015). Acompanhe a seguir alguns exemplos da ação
antrópica na formação do solo.

Remoção da vegetação e queimadas

Perda de matéria orgânica e de nutrientes.

Adição de fertilizantes minerais e orgânicos

Ganho de matéria orgânica e de nutrientes.

Calagem

Redução da acidez e toxidez.

Irrigação

Mudança no regime de umidade; risco de salinização; e oxirredução.

Drenagem

Mudança no regime de umidade; e oxidação.

Lavração

Mistura de horizontes; compactação do solo; erosão; e perturbação da


flora e da fauna.

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3.1.3. TEMPO E RELAÇÃO SOLO PAISAGEM


Entre todos os fatores de formação do solo, o tempo é o mais passivo, pois não
adiciona nem exporta material, além de não gerar energia. Contudo, o estado
do sistema solo não é estático, variando com o tempo; e, para a atuação dos
processos na formação do solo, é necessário determinado tempo.
Mas fica a questão: quanto tempo leva para se formar um solo? Isso irá de-
pender do tipo de rocha (material de origem), do clima e do relevo.

Rochas que apresentam uma menor resistência


ao intemperismo formam os solos mais
rapidamente, quando comparadas às rochas
mais resistentes ao intemperismo.

Um exemplo são os solos derivados de quartzito (material de origem resisten-


te ao intemperismo), que demoram mais tempo para se formar do que solos
derivados do basalto (material de origem com menor resistência ao intempe-
rismo) (COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007).

FIGURA 9 – BASALTO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma rocha do tipo basalto.

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Na pedogênese, a escala do tempo geológica pode parecer deslocada; no en-


tanto, é preciso lembrar que os solos estão em constante formação em de-
terminado espaço de tempo; e todos os solos são alterados pelo tempo do
mesmo modo (KER et al., 2015).

Para um melhor entendimento sobre a escala


geológica no contexto da formação do solo,
assista a este vídeo “Escala do tempo geológico”,
clicando aqui.

O solo se desenvolve a partir do chamado tempo zero, momento em que a


rocha é exposta à atmosfera e aos agentes biológicos; e, se não houver erosão,
atinge o estágio maduro (BERTOLLO et al. 2021). O tempo cronológico permi-
te a interação dos fatores que atuam na formação dos solos, como o material
de origem, o tipo de clima, o relevo e a ação dos organismos vivos.
A relação entre o solo, a paisagem e a geomorfologia pressupõe a compreen-
são fundamental dos solos como elementos formados na superfície terrestre,
em decorrência da desagregação e da decomposição das rochas, pela ação
dos intemperismos químico, físico e biológico.

FIGURA 10 – GEOMORFOLOGIA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto da costa do Camboja (Costas de Sihanoukville).

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Há uma série de variáveis da geomorfologia que alteram o solo e, consequen-


temente, a paisagem, como quando os solos são formados em regiões de re-
levo plano ou suave; ou quando estão protegidos por cobertura vegetal, que
resulta uma menor ação da erosão, como a física ou a mecânica maturidade
(BERTOLLO et al., 2021).

3.2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO


A interação de fatores ambientais (material de origem, clima, organismos, re-
levo e tempo) desencadeia o processo de formação do solo, conhecido como
pedogênese (KER et al., 2015). Durante a formação dos solos, ocorrem reações
físicas e biológicas, que determinam diferentes horizontes, com característi-
cas únicas (RESENDE et al., 2014).
A ação dos processos ocorre em diferentes magnitudes nos diferentes climas,
relevos, organismos ou elementos da paisagem. Na concepção dos processos
pedogenéticos, são usados principalmente dois modelos: o modelo dos pro-
cessos gerais; e o modelo dos processos específicos. Veremos, em seguida,
como os elementos da paisagem atuam nos processos de formação de solo,
bem como os processos gerais e específicos dos solos.

FIGURA 11 – FORMAÇÃO DO SOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de perfil de solo.

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3.2.1 ELEMENTOS DA PAISAGEM


Os solos apresentam grande variabilidade espacial. As características e as pro-
priedades dos solos são importantes ferramentas, para buscar relacionar o
solo com o local em que ele está inserido. O solo é um corpo tridimensional
e dinâmico; e sua variabilidade é relacionada às mudanças da paisagem, ha-
vendo, assim, uma relação mútua entre solo e paisagem. Desse modo, o local
em que estão inseridos os solos condiciona as mudanças as quais eles estão
sujeitos (PEREIRA, 2020).
A evolução dos solos está simultaneamente ligada à paisagem, o que ex-
plica a correlação entre os solos e a paisagem. Os solos estão inseridos na
paisagem, sendo um importante elemento nas análises sobre a paisagem
(PEREIRA, 2020).

QUADRO 1 – CONDIÇÕES BIOCLIMÁTICAS, LOCAIS E CLASSES DE PRO-


CESSOS DE FORMAÇÃO DE SOLO

Condição local
Condição bioclimática
Excesso de Excesso de
água água e sais

Frio e Pradaria Floresta Frio e


seco (gramínea) úmido

Podzolização

Podzolização
Calcificação Hidromorfismo Halomorfismo
e Latolização

Latolização

Quente Quente
e seco e úmido

Fonte: Adaptada de Resende et al. (2014, p. 126).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de um quadro explicativo,


relacionando condições bioclimáticas, locais e classes de processos de formação de solo.

É possível observar que os solos brasileiros estão, em grande parte, em região


quente e úmida, devendo ser, portanto, bastante lixiviados e, consequente-
mente, empobrecidos em nutrientes.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Solos que têm sua gênese ligada a uma condição local (excesso de água, por
exemplo) estão nas partes mais baixas da paisagem e têm, como material de
origem, em grande parte, aquele trazido pela água (RESENDE et al., 2014).
Observe a seguir algumas condições em que os solos são formados.

Podzolização

Translocação de material do horizonte A, acumulando-se no horizonte B.

Latolização

Remoção de sílica e de bases do perfil após transformação


(intemperismo) dos minerais constituintes.

Calcificação

Translocação de carbonato de cálcio (CaCO3) no perfil, o que provoca


sua maior concentração em alguma parte do solo.

Hidromomorfismo

Excesso de água na formação de solos.

Halomorfismo

Excesso de sais na formação de solo.

3.2.2 PROCESSOS GERAIS


Um solo é alterado no local por meio de quatro processos gerais: adições, per-
das, transformações e translocações. Esses fatores interagem diferentemente,
dependendo: da profundidade em relação à superfície do solo; e da combina-
ção de fatores ambientais de determinado local (KER et al., 2015).

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FIGURA 12 – PROCESSOS GERAIS QUE ALTERAM O SOLO

Adições

Processos que alteram o solo


Perdas

Transformações

Translocações

Fonte: Elaborada pelos autores (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração do tipo organograma, com uma


relação hierárquica, indicando os processos gerais que alteram o solo: adições, perdas,
transformações e translocações.

Em um corpo tridimensional, como o solo, tudo o que entra, originário do ex-


terior, é considerado adição. Constantemente, os solos estão recebendo, ou,
em algum momento, receberam algum tipo de adição, como água, matéria
orgânica, poeiras, alúvios e colúvios (LEPSCH, 2011). A matéria orgânica é um
exemplo de adição em sistemas naturais (florestas).
Ao contrário da adição, nas perdas, o material é removido do perfil do solo.
As perdas podem ocorrer de forma natural (lixiviação, erosão, fluxo lateral
e percolação profunda); ou de forma antrópica (erosão acelerada, colheita,
queimadas, empréstimo de material para construção e sistematização do
solo) (SANTOS; REICHERT, 2007). A ação das perdas pode ocorrer tanto na
superfície, como no interior do perfil do solo. Quando a vegetação é queima-
da, ocorrem também várias perdas, principalmente pela volatilização, pois
o carbono da matéria orgânica bruta se transforma rapidamente em gás
carbônico e, com outros elementos (nitrogênio e enxofre), é emitido para a
atmosfera (LEPSCH, 2011).

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FIGURA 13 – QUEIMADAS GERAM PERDAS PARA O SOLO

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma área de vegetação pegando fogo.

Já as transformações são processos que ocorreram ao longo da formação do


solo, produzindo alterações químicas, físicas e biológicas. Um exemplo de al-
teração química é a transformação dos minerais primários em minerais se-
cundários. O exemplo mais comum de minerais secundários são as argilas.
Então, qual seria a explicação para a presença de argila como parte de um
solo formado por rochas que não possuem argila? Isso pode ocorrer quando
alguns minerais primários da rocha (material de origem) sofrem ação do in-
temperismo e se transformam em argila.
Um questionamento similar pode ser feito em relação à areia: de onde surgi-
ram as areias contidas no solo? As areias são derivadas dos minerais contidos
na rocha que sofreram ação do intemperismo, mas ainda não se transforma-
ram em argila, por serem também materiais mais resistentes ao intempe-
rismo. As areias também podem ser oriundas de sedimentos (COSTA LIMA;
LIMA; MELO, 2007).

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os óxidos de Fe e Al são resultantes da ação do


intemperismo e promovem cores vermelhas,
amarelas ou vermelhos-amarelas nos solos.

Materiais orgânicos e minerais podem transcolar dentro do próprio solo, devi-


do à gravidade e à evapotranspiração (perda de água pelas plantas e pelo solo
devido ao calor) (COSTA LIMA; LIMA; MELO, 2007). As translocações envolvem
deslocamento, selecionamento e mescla dentro ou sobre o solo, resultando
maior ou menor diferenciação dos horizontes. Diferentemente das perdas, as
translocações incluem deslocamentos em distâncias mais curtas dentro do
perfil solo, como o deslocamento de argila do horizonte A para o horizonte B
em argissolos (LEPSCH, 2011).

3.2.3 PROCESSOS ESPECÍFICOS


A partir da interação das características dos diferentes tipos de solos, surgi-
ram os processos específicos de formação do solo, podendo haver um ou
mais processos específicos, sendo estes dependentes dos fatores ambientais.
Os processos específicos expressam os aspectos atuais, os mecanismos ou os
ambientes em que estão inseridos os solos (KER et al., 2015).

FIGURA 14 – PROCESSOS ESPECÍFICOS DO SOLO

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um solo úmido na floresta, com foco em


um pequeno cogumelo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os principais processos específicos dos solos são melanização, leucinização,


pedalização, silicificação, ferralitização, plintitização, laterazição, lessivagem
(eleuviação-iluviação), podzolização, gleização, salinização, sodificação, fer-
rólise, carbonatação (calcificação), sulfurização, paludização e pedoturbação
(KER et al., 2015).
No território brasileiro, os principais processos específicos de formação do solo
são laterização e podzolização. A laterazição é a ação intensa do intemperis-
mo químico (principalmente hidrólise e oxidação) e da lixiviação em um gran-
de período de tempo, ou seja, milhares de anos, gerando uma dessilicação
(remoção do Si do solo) de intensidade média ou forte, formando o horizonte
B latossólico (Bw). A ocorrência desse processo é típica na formação da classe
de solos dos latosssolos, sendo esta a classe de solo de maior ocorrência do
território brasileiro (SANTOS; REICHERT, 2007).

Hidrólise

Uma das ações mais importantes da água sobre a estrutura de


um mineral ocorre quando da reação dos íons de hidrogênio (H+)
e hidróxido (OH-). Em condições de climas tropicais e subtropicais
úmidos, é a principal reação para a formação e a transformação
dos argilominerais, envolvendo a remoção de cátions básicos de
cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), sódio (Na+), potássio (K+) e silício (Si4+)
(dessilicação).

Dessilicação

Corresponde à remoção de sílica do mineral, dependendo da


intensidade dos fatores ambientais (clima e temperatura). Devido à
disponibilidade de água e à adequada drenagem, ocorre uma forte
lixiviação de cátions básicos (Ca, Mg, K, Na) e Si (dessalinização), que
são liberados durante o intemperismo.

Já a podzolização é um processo específico de formação do solo, no qual ocor-


re a translocação de argila e de compostos organominerais dentro perfil do
solo. Nesse caso, o processo de translocação é predominante; mas também
ocorrem os processos de adição, de perdas e de transformação. Duas classes
de solos apresentam a podzolização como um dos principais processos em

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

sua formação: a classe dos argissolos (antigos podzólicos), sendo esta a se-
gunda classe de solo de maior ocorrência em território brasileiro; e a classe
dos espodossolos (antigos podzóis) (SERRAT et al., 2002).

CONCLUSÃO

Nesta unidade, compreendemos como ocorrem os processos de formação


do solo e conhecemos os seus fatores: material de origem, clima, organis-
mos vivos, relevo e tempo. A ação dos fatores clima, dos organismos vivos e
do relevo, durante certo período de tempo, resulta a formação do solo.
Vimos que a pedogênese é o nome dado ao processo de formação dos so-
los. Ao longo dessa formação, ocorrem reações químicas, físicas e biológicas
que se traduzem em características peculiares dos solos. Um solo é alterado
no local por meio de quatro processos gerais: adições, perdas, transforma-
ções e translocações.
Observamos também que, a partir da interação das características dos di-
ferentes tipos de solos, surgiram processos específicos de formação do solo;
e que, no território brasileiro, a laterização e a podzolização são os principais
processos específicos de formação do solo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Abordar os princípios


na classificação de solo
horizontes diagnósticos e
compreensão do Sistema
Brasileiro de Classificação
de Solos (SiBCS);
> Conhecer outras bases de
classificação de solo, como
o Soil Taxonomy e o FAO/
Word;
> Aplicar possíveis
correspondência entre os
sistemas de classificação
de solo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

4 CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará conceitos da área de ciências e permitirá conhecer,
compreender e distinguir diferentes sistemas de classificação de solos utiliza-
dos mundialmente, com ênfase para o Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos (SiBCS). Estudaremos os diferentes atributos diagnósticos, assim como
os tipos de horizontes diagnósticos do solo, tanto horizontes superficiais,
quanto subsuperficiais. Você irá adquirir conhecimentos mais aprofundados
sobre as 13 classes de solos brasileiros, que contemplam o primeiro nível ca-
tegórico do SiBCS, de forma a capacitá-lo para reconhecer e a diferenciar as
diversas classes.
Você irá conhecer o sistema estadunidense de classificação de solos, chama-
do Soil Taxonomy, bem como o sistema internacional da Food and Agriculture
Organization of the United Nations (FAO)/The World Reference Base (WRB).
Veremos ainda as correspondências entre o sistema brasileiro, o sistema esta-
dunidense e o sistema da FAO/WRB.

4.1 SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE


SOLO (SIBCS)

4.1.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS NA CLASSIFICAÇÃO


DE SOLOS
O sistema oficial de taxonomia de solos, no Brasil, é o SiBCS, o qual é partilha-
do com inúmeras instituições de pesquisa e ensino e coordenado pela Em-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), chamada de Embrapa
Solos. Surgiu em 1970, com o intuito de ser um sistema aberto, multicategó-
rico e hierárquico, que possibilitasse a colocação de novas classes, à medida
que estas surgissem, o que proporciona possibilidades de classificação de to-
dos os solos em localização nacional (EMBRAPA, 2018).

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FIGURA 1 – PAISAGEM BRASILEIRA

Fonte: Plataforma Delinea (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto da caatinga brasileira.

Ao analisar um solo, para a sua classificação, observamos que ele é muito or-
ganizado e possui diversas funções, para um equilíbrio dinâmico da natureza.
O solo pode ser definido como um corpo natural, dinâmico e independente,
cujas características e propriedades variam com a intensidade e o tamanho
das forças naturais e antrópicas que atuam sobre ele (DAIBERT; SANTOS, 2014).
A unidade básica do estudo do SiBCS é o perfil do solo. Toda a comunidade
acadêmica e científica brasileira tem interesse no aperfeiçoamento constan-
te do SiBCS. Tal aperfeiçoamento é baseado em estudos pregressos, parcerias
institucionais e recentes evoluções dos conhecimentos adquiridos em ciência
do solo (EMBRAPA, 2018).

Perfil do solo: é a face do pedon que vai da superfície


onde pisamos até o material de origem em
profundidade. Nele, duas dimensões são avaliadas,
perfazendo uma área, tal que permita analisar a
variabilidade de propriedades, características e
atributos dos horizontes do solo (EMBRAPA, 2018).

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Para a classificação de solos, é necessário conhecermos os atributos diagnós-


ticos dos solos, que são características químicas e físicas, composições e espe-
cificidades encontradas nos horizontes dos solos. Tais atributos irão conferir
aos horizontes a capacidade de serem considerados horizontes diagnósticos
para a classificação de solos. Ou seja, esses horizontes, com a presença, ou
não, desses atributos, serão diferenciados e utilizados, para classificar os diver-
sos níveis categóricos do SiBCS.
São exemplos de atributos diagnósticos: material orgânico, material mineral,
atividade da fração argila (Valor T) e saturação por bases (V%).

Para aprender mais sobre atributos diagnósticos


material orgânico e mineral do solo, assista ao vídeo
“Atributos diagnósticos do solo – material orgânico
e material mineral”, clicando aqui. E, para aprender
mais sobre atributos diagnósticos atividade da
fração argila e saturação por bases do solo, assista
ao vídeo “Atributos diagnósticos do solo – atividade
da fração argila valor T e saturação por bases V%”,
clicando aqui.

Há ainda outros atributos, que também são utilizados para classificar os solos
no SiBCS, tais como plintita, petroplintita e superfícies de fricção.

Plintita

Formada pela mistura de argila, ferro (Fe) e alumínio (Al), grãos


de quartzo e outros minerais, ocorrendo geralmente na forma de
mosqueados no solo de cor vermelha, vermelha-amarelada ou
vermelha-escura. Seu formato usual é laminar, poligonal ou reticulado.
Forma-se em ambiente úmido, via segregação de ferro importado em
transporte, mobilização e concentração desses compostos de ferro.
Pode ser formada em qualquer solo que tenha teor de ferro suficiente
para ocorrer segregação no formato de manchas vermelhas brandas.
Não endurece, de forma irreversível, em condições naturais em um
único ciclo de umedecimento e secagem. Em solo úmido, é branda,
podendo ser quebrada com as mãos ou cortada com a faca.

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Petroplintita

Material originado da plintita, que passou por vários ciclos de


umedecimento e secagem acentuada, causando ressecamento.
Com o ressecamento, a plintita dá origem à formação de concreções
ferruginosas ou nódulos, conhecidos como canga, ironstone,
tapanhoacanga ou concreções lateríticas. Suas formas e dimensões
são variadas, podendo ser laminar, esferoidal, nodular ou alongada.
Podem se posicionar no solo de forma vertical, irregular, individual ou
aglomerada.

Superfícies de fricção (slickensides)

Superfícies lustrosas e alisadas, que, muitas vezes, apresentam


estriamento forte, formado por deslizamento e atrito do material sólido
do solo por meio da movimentação causada pela forte expansão da
argila do solo devido ao umedecimento. São tipicamente inclinadas
quando comparadas ao nível dos perfis.

Assista ao vídeo a seguir, para aprender sobre o


atributo diagnóstico de mudança textural abrupta,
clicando aqui.

Os atributos diagnósticos incluem também vários caráteres do solo, tais como


caráter alumínico, ácrico, argilúvico, hipocarbonático, carbonático, concrecio-
nário, coeso, dúrico, crômico, ebânico, êutrico, espódico e flúvico, entre outros.
Além dos atributos diagnósticos utilizados na classificação dos solos, temos
horizontes diagnósticos do solo, que podem ser superficiais (aqueles encon-
trados na superfície do solo) ou subsuperficiais (horizontes encontrados abai-
xo de um horizonte superficial).

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Para aprender mais sobre horizontes diagnósticos


superficiais, assista ao vídeo “Horizontes
diagnósticos superficiais – SiBCS”, clicando aqui.
Já para aprender sobre horizontes diagnósticos
subsuperficiais, assista “Horizontes diagnósticos
sub superficiais – SiBCS”, clicando aqui.

4.1.2 ESTRUTURA HIERÁRQUICA DO SIBCS


O nível categórico de um sistema de classificação de solos é formado pelo
conjunto de classes definidas, com base em atributos diagnósticos, que estão
em mesmo nível de abstração ou generalização, incluindo todos os solos que
satisfizerem a essa definição.

FIGURA 2 – ESTUDOS DOS SOLOS

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma parte de solo, com grama e, outra
parte, sem grama.

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Existe uma vasta diversidade de solos em nível de território nacional e inter-


nacional. Uma forma de ordenar a grande variedade de solos do mundo é o
estudo da formação desses solos, podendo compreender os fatores e os pro-
cessos de formação que os diferenciam (KER et al., 2012).
Para definir um nível categórico no SiBCS, utilizam-se características que se-
jam propriedades dos solos, as quais possam ser identificadas no campo, ou
mensuradas, com o auxílio de propriedades identificadas no campo, ou ba-
seadas em conhecimentos de ciência do solo e de outras áreas afins. Para os
níveis categóricos mais altos do sistema de classificação de solos, essas pro-
priedades devem resultar diretamente dos processos de formação do solo ou
que influenciam diretamente na sua formação, pois tais propriedades apre-
sentam um grande número de características acessórias (EMBRAPA, 2018).
Ker et al. (2012) entendem que não é suficiente apenas introduzir um padrão
das propriedades do solo, sendo necessário introduzir a causa das relações
entre essas propriedades.
No SiBCS, são adotados seis níveis categóricos: as ordens, no primeiro nível ca-
tegórico; as subordens, no segundo nível categórico; os grandes grupos, no ter-
ceiro nível categórico; os subgrupos, no quarto nível categórico; as famílias, no
quinto nível categórico; e as séries, no sexto nível categórico (EMBRAPA, 2018).

Assista ao vídeo “Níveis categóricos Sistema


brasileiro de classificação de solos”, para aprender
sobre os níveis categóricos do SiBCS, clicando aqui.

No âmbito das classes do primeiro nível categórico (ordens), as ordens são


classificadas pela ausência ou presença de determinados atributos, horizon-
tes diagnósticos ou propriedades que são facilmente identificadas no campo
e que mostram variação no tipo e grau de desenvolvimento dos processos
que formaram o solo. Os sinais deixados no solo, pela atuação de um conjunto
de processos que foram considerados predominantes no seu desenvolvimen-
to, formam a base de diferenciação das classes no primeiro nível categórico.
A falta dessas características também é usada como critério de diferenciação
das ordens.

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FIGURA 3 – ATRIBUTOS DOS SOLOS

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um solo rachado, bem seco.

Nas classes do segundo nível categórico (subordens), as subordens são dife-


renciadas via atributos diagnósticos que: a) demonstrem a influência de ou-
tros processos de formação do solo que atuaram em conjunto ou afetaram os
processos predominantes nos quais os atributos diagnósticos já foram usa-
dos para distinguir os solos no nível de ordens; ou b) compreendem aqueles
advindos da formação do solo que são altamente importantes para o desen-
volvimento de vegetais e/ou para fins não agrícolas do solo e que têm alta
quantidade de propriedades acessórias.

Na classificação anterior do SiBCS, algumas ordens


eram agrupadas de forma diferente. Por exemplo,
a atual ordem dos neossolos contempla os solos
que eram antes classificados como regossolos,
litossolos, solos litólicos e areias quartzosas.

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Já nas classes do terceiro nível categórico (grandes grupos), os grandes gru-


pos são classificados pela diferenciação de uma ou mais características: a)
arranjo e tipo dos horizontes; b) condição de saturação do solo por bases, Al,
sódio (Na) e atividade da fração argila (Valor T), além da presença de sais so-
lúveis; e c) existência de propriedades e horizontes que limitam o desenvolvi-
mento do sistema radicular e prejudicam o movimento livre da água no solo.

FIGURA 4 – ESTUDOS DOS SOLOS

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um aglomerado de pequenos cogumelos


crescendo no solo de uma área de floresta.

Nas classes do quarto nível categórico (subgrupos), os subgrupos são diferen-


ciados com base nos conceitos: a) típicos, que não refletem o conceito nor-
teador do grande grupo ao qual pertencem nem são, obrigatoriamente, os
com mais extensiva ocorrência; b) intermediários ou transicionais para outras
ordens, subordens ou mesmo grandes grupos, que podem conter proprieda-
des intermediárias, para classificação em outras classes, e suas propriedades
podem advir de processos que permitem determinado solo se desenvolver a
partir ou na direção de outra classe de solo; e c) extraordinários, que são sub-
grupos que apresentam propriedades não correspondentes ao grande gru-
po, porém não demonstram transição para outra classe.

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Em relação às classes do quinto nível categórico (famílias), essa subdivisão


do SiBCS em famílias foi feita com base em características e propriedades
físicas, morfológicas, mineralógicas e químicas importantes para o manejo
e uso dos solos.

FIGURA 5 – CLASSES DO SOLO

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um broto de planta nascendo de um solo


seco e rachado.

Por fim, no âmbito das classes do sexto nível categórico (séries), a classifica-
ção desse nível se encontra em discussão e será o nível mais homogêneo en-
contrado no SiBCS. É o nível em que ocorre uma melhor interpretação dos
levantamentos de solos para fins diversos.

4.1.3 NÍVEIS CATEGÓRICOS UTILIZADOS NO SIBCS


Como vimos, são seis os níveis categóricos no SiBCS e, agora, daremos ênfase
ao primeiro nível. O primeiro nível categórico possui 13 classes: Neossolos, cam-
bissolos, latossolos, chernossolos, argissolos, luvissolos, planossolos, espodosso-
los, gleissolos, plintossolos, vertissolos, nitossolos e a classe dos organossolos.

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Os neossolos são uma classe que não apresenta horizonte B diagnóstico. São
solos que têm, em sua composição, material mineral ou material orgânico,
com menos de 20 centímetros de espessura. Os cambissolos são uma classe
com horizonte B incipiente como horizonte diagnóstico. São solos que têm,
em sua composição, material mineral, apresentando horizonte A ou horizonte
hístico, com espessura insatisfatória para se enquadrar na classe dos organos-
solos, seguido por horizonte B incipiente. Os latossolos são uma classe com
horizonte B latossólico como horizonte diagnóstico. São solos que têm, em
sua composição, material mineral.

FIGURA 6 – LATOSSOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um latossolo amarelo.

Os chernossolos são uma classe com horizonte A chernozêmico como hori-


zonte diagnóstico. São solos que têm, em sua composição, material mineral.
Os argissolos são uma classe que apresenta horizonte B textural, com argila
de atividade baixa (Tb) como horizonte diagnóstico. São solos que têm, em
sua composição, material mineral, com presença de argila de atividade baixa
(Tb) ou argila de atividade alta (Ta) somada à saturação por base baixa ou com
presença de caráter alumínico, apresentando horizonte B textural logo abaixo
do horizonte A ou E.

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Os luvissolos são uma classe com horizonte B textural, com argila de ativida-
de alta como horizonte diagnóstico. São solos que têm, em sua composição,
material mineral, com presença de horizonte B textural, com argila de ativi-
dade alta (Ta) e saturação por base alta na maior porção dos primeiros 100
centímetros do horizonte B (inclusive BA) e logo abaixo de qualquer tipo de
horizonte A, exceto A chernozêmico, ou sob horizonte E. Os planossolos são
uma classe que apresenta horizonte B plânico como horizonte diagnóstico.
São solos que têm, em sua composição, material mineral, com presença de
horizonte A ou E acima de horizonte B plânico.
Os espodossolos são uma classe com horizonte B espódico como horizon-
te diagnóstico. São solos que têm, em sua composição, material mineral e
apresentam horizonte B espódico imediatamente abaixo de horizonte A, E;
ou horizonte hístico dentro de 200 centímetros de profundidade, a partir da
superfície; ou de 400 centímetros se a soma dos horizontes A e E ou dos hori-
zontes hístico e E for maior que 200 centímetros de profundidade.

FIGURA 7 – ESPODOSSOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um espodossolo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os gleissolos são uma classe com horizonte glei como horizonte diagnóstico.
São solos que têm, em sua composição, material mineral, com presença de
horizonte Glei dentro de 50 centímetros a partir da sua superfície ou a profun-
didade maior que 50 centímetros e menor ou igual a 150 centímetros, desde
que logo abaixo de horizontes A ou E ou de horizonte hístico, com espessura
insatisfatória para se enquadrar na classe dos organossolos.
Os plintossolos são uma classe que apresenta horizonte concrecionário, plín-
tico ou litoplíntico como horizonte diagnóstico. São solos que têm, em sua
composição, material mineral. Os vertissolos são uma classe com horizonte
vértico como horizonte diagnóstico. São solos que têm, em sua composição,
material mineral, apresentando horizonte vértico, iniciando dentro de 100
centímetros a partir da superfície onde pisamos e apresentam relação textu-
ral insatisfatória para identificar um horizonte B textural.

FIGURA 8 – VERTISSOLO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um vertissolo.

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Os nitossolos são uma classe com horizonte B espódico como horizonte


diagnóstico. São solos que têm, em sua composição, material mineral, apre-
sentando horizonte B nítico abaixo do horizonte A, com argila de atividade
baixa (Tb) ou atividade alta (Ta) desde que somada a caráter alumínico, todos
na maior porção dos primeiros 100 centímetros do horizonte B (inclusive BA).
Possuem textura argilosa ou muito argilosa.
Os organossolos são uma classe com horizonte hístico como horizonte diag-
nóstico. São solos pouco desenvolvidos, prevalecendo suas características de-
vido ao material orgânico. Têm coloração cinzenta muito escura, preta ou bru-
nada, reflexo de acumulação de resíduos vegetais, em estágios diversos, de
decomposição, em condições de drenagem dificultada (ambientes de mal a
muito mal drenados) ou saturados com água, por somente alguns dias, duran-
te o período chuvoso, como em ambientes úmidos e frios de elevadas altitudes.

Para aprender mais sobre o primeiro nível


categórico do SiBCS, assista ao vídeo “Classes
de solos brasileiros – SIBCS 1º nível categórico”,
clicando aqui.

4.2 OUTRAS BASES PARA CLASSIFICAÇÃO DE


SOLO

4.2.1 CLASSIFICAÇÃO AMERICANA DE SOLO


(SOIL TAXONOMY)
O sistema estadunidense de classificação de solos é chamado Soil Taxonomy
(USDA, 1999) e foi constituído pelo National Cooperative Soil Survey e pelo De-
partamento de Agricultura dos Estados Unidos. É o sistema de classificação
de solos mais divulgado e muito utilizado em vários países. Sua configuração
orientou a formação de vários outros sistemas, como o sistema brasileiro e o
sistema WRB, da FAO. Atualmente, é muito utilizado por países que ainda não
têm um sistema nacional.

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No sistema estadunidense de classificação de solos, o estudo se baseia na ta-


xonomia do solo, que estabelece hierarquias de classes, permitindo compre-
ender como funciona a relação entre os solos e entre os solos e os fatores res-
ponsáveis por suas características. O sistema visa ainda a fornecer um meio
de comunicação e estudo para a disciplina de ciências do solo.

Taxonomia é um termo mais restrito do que


classificação. A classificação inclui taxonomia e
também inclui o agrupamento de solos de acordo
com as limitações que afetam propósitos práticos,
como limitações que afetam fundações de edifícios.

A hierarquia do sistema estadunidense de classificação de solos Soil Taxo-


nomy apresenta seis níveis categóricos, assim como o sistema brasileiro.

FIGURA 9 – SEIS NÍVEIS CATEGÓRICOS DE HIERARQUIA DO SOIL TAXONOMY

1º nível
Order

2º nível
Suborder
6 níveis categóricos

3º nível
Great group

4º nível
Sub group

5º nível
Family

6º nível
Serie

Fonte: Elaborada pelos autores (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração em forma de organograma da relação


hierárquica, mostrando os seis níveis categóricos do sistema Soil Taxonomy, que são:
primeiro nível – Order; segundo nível – Suborder; terceiro nível Great Group; quarto nível –
Sub Group; quinto nível – Family; e sexto nível – Serie.

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O primeiro nível categórico representado pelas ordens contém 12 ordens: his-


tosols, gelisols, spodosols, oxisols, andisols, vertisols, aridisols, mollisols, ultisols,
inceptisols, alfisols e entisols.
Para utilizar o sistema estadunidense de taxonomia de solos, há uma chave
taxonômica. Nessa taxonomia, todas as chaves são projetadas, de forma que
o usuário possa determinar a classificação correta de um solo, iniciando pela
chave para ordens do solo, que é o primeiro nível. Deve-se eliminar um por
um, passando por todas as ordens, até chegar na ordem correta, em que o
solo se enquadra.
O próximo passo é a chave das subordens, seguindo sistematicamente pela
chave, para identificar a subordem que melhor caracteriza o solo estudado,
ou seja, a subordem que responde positivamente a todos os critérios neces-
sários. Para encontrar o terceiro nível, que é o de grandes grupos, o mesmo
procedimento precisa ser feito.

FIGURA 10 – PAISAGEM ESTADUNIDENSE

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um parque em Utah, nos Estados Unidos,


mostrando um arco de arenito, consequência de uma erosão.

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Em seguida, passa-se para o quarto nível, que é o de subgrupos. Nele, o usuário


seleciona o nome correto do subgrupo que atenda a todos os requisitos e crité-
rios contidos no solo estudado. Após a determinação do subgrupo, determina-
-se o quinto nível, famílias. Após a caracterização da família, inicia-se a caracte-
rização no último nível categórico, que é o sexto, e que diz respeito a séries.

4.2.2 BASE DE REFERÊNCIA DE SOLOS DA


FAO/WORLD
A base de referência de solos da FAO/World se trata do sistema de classificação
de solos de padrão internacional, endossado pela União Internacional de Ciên-
cias do Solo. É responsável pela base para a construção do Mapa de Solos do
Mundo, publicado pela FAO, em 1988, e que contém 10 volumes e 19 folhas de
mapas. Esse mapa contempla, em sua divisão em folhas, solos da América do
Norte, do México e da América Central, da América do Sul, da Europa, da África,
do Sul da Ásia, da Ásia do Norte e Central, do Sudeste Asiático e da Austrália.

FIGURA 11 – SISTEMA FAO/WRP OBJETIVA ATENDER A QUALQUER SOLO DO MUNDO

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um globo terrestre antigo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

O sistema WRB é um sistema internacional de classificação de solos, que foi


pensado e projetado, para atender a qualquer solo a nível mundial. Surgiu
de uma iniciativa da FAO e da Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com apoio do Programa Ambiental
das Nações Unidas (PNUMA) e da União Internacional de Ciências do Solo
Ciências (IUSS).

O mapa de solos mundial, em sua versão digital,


construído e publicado pela FAO, pode ser
consultado e baixado em formato PDF ou JPEG.
Para isso, clique aqui.

O WRB se baseia na Legenda (FAO-Unesco, 1974) e na Legenda Revisada (FAO,


1988) do Mapa de Solos do Mundo (FAO-Unesco, 1971-1981). É formado por 32
grupos principais de solos que constituem a “base de referência” e mais de
120 qualificadores, definidos exclusivamente para características específicas
do solo que constituem o “Sistema de Classificação WRB”.
O sistema internacional de classificação de solos FAO/WRB contempla dois
níveis categóricos em sua hierarquia: o primeiro nível categórico, ordens; e o
segundo nível categórico, subordens. A hierarquia é descendente, segue do
primeiro nível para o segundo nível categórico. No primeiro nível, as ordens
são diferenciadas com base nos processos de formação dos solos e existem
32 classes no primeiro nível categórico. No segundo nível categórico, a classifi-
cação é formada por prefixos e sufixos que dizem respeito ao manejo do solo.
Ao contrário dos sistemas brasileiro e estadunidense, não possui do terceiro
ao sexto nível.

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FIGURA 12 – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS VIA SISTEMA FAO/WRP

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma paisagem rural.

O primeiro nível categórico, representado pelas ordens, contém classes, como


lepsols, arenosols, fluvisols, vertisols, cambisol, planosol, podzols, acrisols, ali-
sols, lixisols, luvisols, nitisols, ferralsols, plinthosols, histosols, andosols, cherno-
zem, kastanozem, phaeozem etc. O segundo nível categórico contempla 120
qualificadores, tais como plintic, geric, humic, rhodic, xantic, haplic, gleyic,
stanic, albic, vertic, calcic, ferric, chromic, luvic, lithic, rendzic, mollic, umbric,
dystric, eutric, rhodic, thionic, carbic etc.

Os vertisols são identificados por conterem um teor


de argila acima de 30% em todos os horizontes,
possuem rachaduras na superfície de pelo menos
1 centímetro (0,4 polegadas) e de largura que se
estende para baixo no perfil do solo. Possuem
evidência de fortes misturas de partículas que
passaram por longos períodos de umedecimento
e secagem. São encontrados normalmente em
relevos planos ou levemente inclinados. Possuem
níveis altos de nutrientes para as plantas.

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4.2.3 CORRESPONDÊNCIA AO SISTEMA


BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLO
O SiBCS foi baseado nos sistemas estadunidense e internacional para ser de-
senvolvido. Em alguns aspectos, assemelha-se mais com o sistema estaduni-
dense; em outros, com o sistema da FAO/WRB.
É importante ressaltar que não existe sistema de classificação melhor ou pior;
o que existem são especificidades de solos conforme a região do planeta.

FIGURA 13 – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS VIA SISTEMAS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um homem e de uma mulher em


uma plantação. Ela está segurando um notebook e ambos estão olhando para a tela do
notebook.

O sistema brasileiro de classificação, por exemplo, abrange características de


nosso país que talvez não seriam contempladas por sistemas gerais interna-
cionais. Assim, não é verdadeiro afirmar que o sistema estadunidense, Soil
Taxonomy, é melhor do que o SiBCS. Na verdade, o Soil Taxonomy é um sis-
tema específico para as condições norte-americanas, pois os Estados Unidos
possuem acesso a dados de regimes hídricos de seus solos de forma muito
completa, algo que é amplamente relevante no sistema estadunidense. Já no
Brasil, não dispomos desses dados de forma ampla.

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Os dados de pedologia, no sistema brasileiro, são


resultados de levantamentos de solos generalizados,
principalmente nos níveis exploratórios e de
reconhecimento. Já no sistema estadunidense,
são resultados de levantamentos pedológicos
detalhados. Consequentemente, a estrutura do
SiBCS foi projetada indo do nível superior (ordem),
para os níveis hierárquicos mais inferiores. Já no
sistema estadunidense, a hierarquia foi projetada
do nível mais inferior (série) para os níveis superiores.

Fazendo um comparativo entre os três sistemas, percebe-se que o FAO/WRB


possui diferenciação quanto aos níveis categóricos, contando com apenas
dois níveis categóricos, que são ordem e subordem; e, no SiBCS e no Soil Ta-
xonomy são seis níveis categóricos: ordem, subordem, grandes grupos, sub-
grupos, famílias e séries.

FIGURA 14 – DIFERENÇAS ENTRE SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto com foco nas mãos de pessoas segurando
uma muda de planta.

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Outro ponto importante de diferenciação é a quantidade de classes para o


primeiro nível categórico. No SiBCS, temos 13 classes, número bem próximo
do Soil Taxonomy, que possui 12 classes. No entanto, esses números são dis-
tantes do sistema FAO/WRB, que possui 32 classes no primeiro nível categóri-
co. Isso ocorre porque, por se tratar de um sistema mundial, necessita de mais
classes para abranger, de forma geral, a realidade de todos os solos de todos
os continentes do nosso planeta.
Com relação ao segundo nível categórico, as grandes diferenças estão nos
princípios que norteiam as classificações. No SiBCS, o principal ponto de clas-
sificação de segundo nível categórico se baseia na atuação dos processos pe-
dogenéticos dos solos. No Soil Taxonomy, o ponto mais importante são os
tipos de regimes hídricos que ocorrem nos solos e seus horizontes diagnósti-
cos. Já no sistema FAO/WRB, o segundo nível categórico é diretamente rela-
cionado ao manejo dos solos; e são utilizados prefixos e sufixos relacionados
a esses diversos manejos.
O quadro a seguir apresenta um comparativo das nomenclaturas das classes
de primeiro nível categórico do sistema brasileiro com as classes equivalentes
nos sistemas estadunidense e internacional.

QUADRO 1 – COMPARATIVO DAS NOMENCLATURAS DAS CLASSES DE


PRIMEIRO NÍVEL CATEGÓRICO

Soil Taxonomy (USDA,


SiBCS (2018) FAO/WRB (2015)
1999)

Neossolo Entisol Leptosol, Arenosol, Fluvisol

Vertissolo Vertisol Vertisol

Cambissolo Inceptisol Cambisol

Planossolo Alfisol ou Ultisol Planosol

Chernossolo Mollisols Chernozem ou Kastanozem ou Phaeozem

Espodossolo Spodosol Podzol

Argissolo Ultisol ou Alfisol Acrisol ou Alisol ou Lixisol

Luvissolo Alfisol Luvisol

Nitossolo Oxisol Nitisol

Latossolo Oxisol Ferralsol

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Soil Taxonomy (USDA,


SiBCS (2018) FAO/WRB (2015)
1999)

Plintossolo Subgrupos Plinthic (várias Plinthosol


classes de Oxisols, Ultisols,
Alfisols, Entisols, Inceptisols)

Organossolo Histosol Histosol

Gleissolos Entisols (Aqu-alf-and-ent- Gleysols; Stagnosols (alguns)


ept-)

- Andisol Andosol

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa um quadro, com três colunas, sendo uma coluna
para o SiBCS (2018); uma para o Soil Taxonomy (USDA, 1999); e uma para o sistema FAO/
WRB (2015). O quadro traz um comparativo entre esses três sistemas no âmbito das
nomenclaturas das classes de primeiro nível categórico.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar a você conceitos importantes para o estu-


do de classificação de solos, com base no SiBCS, no sistema estadunidense
(Soil Taxonomy) e no sistema internacional da FAO/WRB.
Reconheceu-se e se diferenciou os atributos e horizontes diagnósticos do
solo que servem de base para a classificação dos solos no SiBCS, assim como
as 13 classes de solos que contemplam o primeiro nível categórico do siste-
ma brasileiro.
Além disso, compreendeu-se o funcionamento do Soil Taxonomy e do siste-
ma internacional da FAO/WRB, identificando sua hierarquia e as diferentes
classes de primeiro nível categórico. Por fim, conheceu-se as correspondên-
cias entre os três sistemas de classificação.

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UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Conceituar a aplicação


e a importância do
levantamento e
mapeamento dos solos nos
aspectos agronômicos e
ambientais;
> Conhecer a relação
entre solo e clima e
sua importância nos
principais domínios
pedobioclimáticos do
Brasil.

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5 LEVANTAMENTO, MAPEAMENTO
E DOMÍNIOS PEDOBIOCLIMÁTICOS
DE SOLOS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, serão apresentados o levantamento, o mapeamento e os do-
mínios pedobioclimáticos de solos. Iremos observar o objetivo do levanta-
mento pedológico e suas utilidades; e estudaremos o mapeamento digital
de solos. Sobre os domínios pedobioclimáticos, serão apresentados a sua im-
portância, os principais domínios de ocorrência no território brasileiro e como
eles atuam nos diferentes solos.
Via levantamento pedológico, é possível identificar os solos na paisagem, pe-
las suas propriedades específicas, e delinear suas áreas, por meio de mapas.
Os solos com propriedades semelhantes são agrupados em classes; e essa
junção é apoiada com informações ambientais, como clima, relevo e vegeta-
ção para compor unidades de mapeamento.
Conheceremos sobre a pedometria, que é uma ciência que aplica técnicas
matemáticas e estatísticas para modelar as propriedades do solo, estabele-
cendo também uma distribuição espacial dos solos. A junção dessa ciência
com o avanço tecnológico da computação permitiu o desenvolvimento do
mapeamento digital de solos. Veremos também os domínios pedobioclimáti-
cos, que buscam relacionar os solos com fatores ambientais. Via levantamen-
to pedobioclimático, delimita-se a área de uma região com base em clima,
solo, relevo e vegetação. De maneira abrangente, na ciência do solo, cada do-
mínio pedobioclimático possui solos com propriedades específicas, que se
diferenciam pelas condições ambientais presentes em cada domínio.
Desse modo, esta unidade permitirá compreender como é realizado um le-
vantamento pedológico, bem como o mapeamento digital dos solos, além de
integrar o fator climático (domínios pedobioclimáticos) na compreensão dos
estudos dos solos.

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5.1 LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE SOLOS


Para dar início a um planejamento racional de uma área, a fim de se obter
boas produções, é necessário conhecimento dos solos, considerando-se prin-
cipalmente o levantamento, a classificação e o mapeamento dos solos (DE-
MATTÊ, 2017).

FIGURA 1 – IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS SOLOS

Levantamento
Conhecimento dos solos

Classificação

Mapeamento

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração hierárquica, indicando que o


conhecimento dos solos considera, principalmente, o levantamento, a classificação e o
mapeamento dos solos.

No âmbito do levantamento do solo, o mapa é uma parte fundamental, pois,


por meio dele, é possível observar a distribuição espacial das características
dos solos e a composição das unidades de mapeamento com base nas uni-
dades taxonômicas (EMBRAPA, 1995).

5.1.1 UTILIDADES DOS LEVANTAMENTOS


PEDOLÓGICOS
O levantamento pedológico permite que se tenha uma previsão da distribui-
ção espacial dos solos como corpos tridimensionais e naturais, sendo deter-
minado pelas observações presentes na natureza por meio do conjunto das
propriedades dos solos e suas relações. Assim, via levantamento, torna-se pos-
sível identificar os solos como unidades naturais, podendo-se prever e deline-
ar suas áreas em mapas relativos às classes de solos (EMBRAPA, 1995).

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FIGURA 2 – LEVANTAMENTOS PEDOLÓGICOS

Fonte: Freepik (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de uma mão segurando uma porção de
terra, tendo, ao fundo, o solo.

Para auxiliar no levantamento pedológico, podemos analisar o solo como pe-


don. Pedon pode ser entendido como uma célula unitária, que representa
o menor volume de solo, capaz de ser reconhecido como solo. Quando se
tem um conjunto de pedons, com características semelhantes e oriundos de
locais próximos uns dos outros, forma-se o polipedon, que irá representar a
distribuição espacial de determinada classe de solo.

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FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE PEDON E POLIPEDON

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de três visões, partindo-se do todo,


que é a visão da paisagem. Em seguida, tem-se foco no polipedon e, por fim, foco no
pedon, corpo tridimensional capaz de representar o solo.

No Brasil, os levantamentos do solo tiveram início em 1928, com Philippe W.


Cabralde Vasconcellos, quando ele analisou a composição química de amos-
tras do antigo latossolo roxo. O exame físico-químico em profundidade (até
2,7 metros) foi uma das primeiras tentativas de descrever um perfil de solo no
Brasil (BERTOLLO et al., 2021).
Os levantamentos de solos são a base para a elaboração de mapas, para au-
xiliar no planejamento de uso das terras. No entanto, no contexto brasileiro,
são escassos nas escalas exigidas para o planejamento ambiental em nível de
propriedades rurais e gestão municipal (POELKING et al., 2015).
A ligação entre classificação e levantamento de solos é estabelecida quando
solos semelhantes são agrupados em classes, as quais, por sua vez, combi-
nadas com informações e relações ambientais, formam a base fundamental
para a composição de unidades de mapeamento, incluindo distribuição es-
pacial, extensão e limites indicados nos mapas.
Os métodos usados em levantamentos, a elaboração das legendas de mapea-
mento, o sistema taxonômico adotado e o conhecimento atualizado de gênese
dos solos são inter-relacionados e dificilmente separáveis (EMBRAPA, 1995).

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Classe

Cada um dos grupos ou das divisões de uma série ou de um conjunto;


categoria, seção, ordem.

Unidade de mapeamento

Agrupamento de área de solos, criado para possibilitar a representação


cartográfica e mostrar a distribuição espacial dos solos.

Unidade de mapeamento

Listagem das unidades de mapeamento e seus respectivos símbolos.

Unidades taxonômicas

Os solos, na natureza, apresentam grande variabilidade, sendo


a unidade taxonômica o tipo ou a ordem do solo que ocorre em
determinada área. Em um mapa de solos, é possível observar quais
unidades taxonômicas ocorrem em determinada região.

Mapa de solos

Os solos são muito variáveis. Em um levantamento, os solos são


identificados, separados em mapas e, posteriormente, interpretados
para uso. O mapa representa graficamente os solos e a sua
distribuição.

Em última análise, o principal objetivo dos levantamentos de solo é subdividir


áreas heterogêneas em fragmentos mais homogêneos, que apresentem a
menor variabilidade espacial possível, com base em parâmetros de classifi-
cação e em características utilizadas para distinguir os solos (EMBRAPA,1995).

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Os levantamentos pedológicos contêm as informações necessárias para ban-


cos de dados e Sistemas de Informações Geográficas (SIG), para interpretar e
zonear áreas, juntamente com outros fatores ambientais, para determinar o
equilíbrio e manter a produtividade.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE TELA DE UM SIG

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de um print de uma tela de sistema


do tipo SIG, apresentando um mapa e uma grade de dados.

Também são ideais para apoiar na previsão de riscos de uso dos solos, evi-
tando que áreas impróprias para a agropecuária e outras atividades sejam
desmatadas ou alteradas de suas condições de equilíbrio natural, o que pode
causar efeitos negativos na natureza, sem a obtenção do retorno econômico
esperado (EMBRAPA,1995).

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SIG: também conhecidos por Geographic


Information System (GIS), são sistemas
computacionais que permitem a análise e a
representação de informações georreferenciadas.

Vamos a alguns exemplos? A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


(Embrapa), em 2019, identificou e mapeou áreas sensíveis e vulneráveis ​​à ero-
são hídrica no território do Brasil. A partir dessas ações, foram gerados mapas,
os quais foram disponibilizados para a sociedade via plataforma tecnológica
do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil
(PronaSolos).

FIGURA 5 – LEVANTAMENTO DA EROSÃO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO, GERANDO MAPA


DA SUSCETIBILIDADE DOS SOLOS (A) E MAPA DE ERODIBILIDADE DOS SOLOS (B)

Fonte: Embrapa Solos (2020, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de dois mapas do Brasil, sendo que
o primeiro representa dados relativos à suscetibilidade dos solos e o segundo representa
dados de erodibilidade dos solos

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Em 2018, o Governo Federal instituiu, pelo Decreto


n. 9.414, de 19 de junho de 2018, o PronaSolos. Nos
próximos 30 anos, o PronaSolos incluirá dezenas
de organizações parceiras dedicadas a: pesquisa,
documentação, treinamento especializado,
ambiente de compartilhamento de trabalho e
organização de informações sobre a ciência do solo,
além de aumentar os inventários e a interpretação
dos dados do solo brasileiro. A meta é mapear 1,3
milhão de km² do território do país nos primeiros
10 anos e outros 6,9 milhões de km² até 2048, na
escala de 1:25.000 a 1:100.000.

Outro exemplo de grande importância é o levantamento de classes de solos


no território brasileiro. O Mapa de Solos do Brasil identifica e mapeia os dife-
rentes tipos de solos encontrados no país. Ao longo de quase 60 anos, infor-
mações e conhecimentos sobre a ciência do solo no Brasil foram reunidas, o
que refletiu o estágio avançado do conhecimento científico e tecnológico de
solos tropicais na comunidade científica brasileira.

FIGURA 6 – MAPA DE SOLOS DO BRASIL NA ESCALA 1:5.000.000

Fonte: Embrapa (2014, [n. p.]).


#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração do mapa do Brasil representando os
solos existentes no país.

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5.1.2 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS NOS


MAPEAMENTOS DE SOLOS
Entre os poucos levantamentos de solos realizados no Brasil, a maioria é an-
tiga, com pouco detalhamento e, em grande parte, apenas em níveis explo-
ratório e de reconhecimento. Tal fato pode ser explicado pelo uso do método
tradicional de levantamento de solos, que é oneroso e demanda muito tem-
po, necessitando de um número alto de observações em campo (SOUZA JU-
NIOR; DEMATTÊ, 2008).
Para ajudar a resolver esse problema, avanços na tecnologia computacional
vêm sendo aplicados, o que tem permitido à ciência do solo ser integrada
a sistemas computacionais, revolucionando e maximizando os trabalhos de
ciência do solo – incluindo o levantamento de solos. Um exemplo são os mo-
delos digitais de elevação para mapeamento de solos, que são mais precisos,
mais baratos e mais rápidos de serem realizados, em comparação aos méto-
dos tradicionais (POELKING et al., 2015; SOUZA JUNIOR; DEMATTÊ, 2008).

FIGURA 7 – FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE MAPEAMENTO CONVENCIONAL DE SOLOS


(A) E FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE MAPEAMENTO DIGITAL DE SOLOS (B).

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Fonte: (a) Adaptado de IBGE (2007 apud Lima et al., 2013, p. 14); (b) Adaptado de
McBratiney et al. (2003 apud Lima et al. (2013, p. 22).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de dois fluxogramas, o primeiro ilustra


as etapas de mapeamento convencional de solos; e o segundo, as etapas de mapeamento
digital de solos.

Para saber mais sobre a produção de um mapa


pedológico com técnicas convencionais e digitais, leia
o artigo “Produção de mapa pedológico associando
técnicas comuns aos mapeamentos digitais de
solos com delineamento manual de unidades de
mapeamento”. Para acessá-lo, clique aqui.

Há algumas opções disponíveis quando se pretende observar questões re-


lativas a solos e se destacam as três formas principais: pontual, longitudinal
e espacial.

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Forma pontual

Observa o local em si. A observação de um perfil é análise pontual. A


informação pontual serve para caracterizar o solo de maneira detalhada.

Informação longitudinal

Refere-se a observar as mudanças do solo ao longo de uma encosta.


Dadas a altura e a distância do terreno, a vista se torna um corte
imaginário. Ajuda a entender a formação do solo em uma área e
a definir os limites do solo para transectos. Uma terceira forma de
analisar o solo é por meio da observação espacial. Nesse caso, uma
área é observada, em vez de um ponto.

Informação espacial

Refere-se à conexão de todas as informações pontuais e longitudinais,


além de propriedades de padrão. Essas informações são tratadas como
um mapa e permitem a visualização de manchas de solo em toda a
área (DEMATTÊ, 2017).

FIGURA 8 – DIFERENÇA ENTRE VISÃO PONTUAL, ESPACIAL E LONGITUDINAL DO SOLO.


VISÕES PONTUAL E LONGITUDINAL (A) E VISÃO ESPACIAL (B)

Fontes: (a) Souza; Silva (2016, [n. p.]); (b) Carvalho et al. (2015, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa duas ilustrações, a primeira representa uma


vertente com três classes de solo ao longo da vertente. A segunda imagem é um mapa de
solos georreferenciado destacando as diferentes classes de solos.

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5.1.3 NOÇÕES SOBRE MAPEAMENTO DIGITAL


DE SOLOS
Em nossos estudos, conhecemos a equação dos fatores de formação do solo,
S = f (c, o, r, mo,t...), proposta por Hans Jenny. Também aprendemos sobre
cada fator de formação do solo: material de origem, clima, organismos, relevo
e tempo. Essas informações serão, mais uma vez, muito importantes, pois, a
partir de agora, conheceremos a técnica de pedometria.
A pedometria consiste em prever características dos solos por meio de outras
informações mais fáceis de serem obtidas. O Mapeamento Digital de Solos
(MDS) é um dos ramos da pedometria; e, para o desenvolvimento do MDS,
são utilizados métodos matemáticos e estatísticos que são conhecidos como
funções de predições. Nesse sentido, foi desenvolvido o chamado modelo
SCORPAN (MCBRATNEY; MENDONÇA SANTOS; MINASNY, 2003), que agrupa
as variáveis de solo e as coordenadas geográficas. 
Nesse modelo, as classes de solo e os seus atributos podem ser previstos por meio
dos seguintes fatores: (s): solo; (c): clima; (o): organismos vivos; (r): atributos da pai-
sagem (relevo); (p): material de origem; (a): tempo; e (n): coordenadas geográficas.

Pedometria: técnica que envolve a aplicação de


métodos matemáticos e estatísticos para modelar
os solos e suas propriedades, para analisar a gênese
e a distribuição dos solos. Ao estabelecer relações
matemáticas entre variáveis ​​ quantitativas, essa
ciência permite a previsão e a espacialização de
classes e de propriedades do solo em uma paisagem.

O surgimento dos MDS ocorreu devido ao avanço da pedometria, ramo da


ciência do solo que estabelece relações matemáticas e estatísticas entre vari-
áveis quantitativas do solo (BUI; LOUGHHEAD, CORNER, 1999).
Segundo Hengl (2003), a pedometria envolve diferentes campos científicos,
desde a geoestatística até a microbiologia do solo. O domínio da pedome-
tria tem se modificado desde sua fundação e, atualmente, é melhor definida
como um campo interdisciplinar que envolve estatística aplicada, ciência do
solo e geoinformação.

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FIGURA 9 – A INTERDISCIPLINARIDADE DA PEDOMETRIA

Estatística
espacial
SIG ESTATÍSTICA
PEDOMETRIA

Mapas Métodos
de solos quantitativos

CIÊNCIA
DO SOLO

Fonte: Adaptado de Hengl (2003 apud Lima et.al (2013, p. 17).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração formada por três círculos, contendo
os termos SIG, estatística espacial, estatística, pedometria, mapas de solos, métodos
quantitativos e ciência do solo. Os círculos se sobrepõem em vários pontos, com a
pedometria no centro, indicando a sua interdisciplinaridade.

Podemos definir o MDS como a geração e a disseminação de sistemas de


informação espacial do solo via modelos numéricos, que podem deduzir a va-
riabilidade espacial e temporal de propriedades e as classes de solos por meio
de observações do solo e de variáveis ​​ambientais relacionadas. (LAGACHERIE,
2008 apud LIMA et al., 2013).
Um mapa digital de solos é constituído por um banco de dados das proprie-
dades do solo georreferenciadas, fundamentado em amostragem estatística/
matemática e na modelagem da paisagem. A amostragem de campo é usa-
da para determinar a distribuição espacial das propriedades do solo, que são
medidas em laboratório. Esses dados são então usados ​​para prever as pro-
priedades do solo em áreas não amostradas.
Ao contrário dos métodos tradicionais de mapeamento de solos, o MDS é ba-
seado em polígonos coropléticos, dependente de pixels, podendo ser visua-
lizado, com mais facilidade, em média e alta resolução. Atualmente, o MDS é

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

demandado e utilizado pela comunidade científica em âmbitos ambientais


e sociais (LIMA et al., 2013). Com base na função SCORPAN, proposta por Mc-
Bratney et al. (2003), o MDS pode ser compreendido por meio de relações
matemáticas entre o solo e as variáveis ambientais.

FIGURA 10 – MAPEAMENTO DIGITAL DE SOLOS A PARTIR DA FUNÇÃO SCORPAN

S = f (s,c,o,r,p,a,n)

Variáveis
Solo
ambientais

MODELO

MDS

Fonte: Lima et al. (2013, p. 21).

#PraTodosVerem: a imagem representa um fluxograma partindo da equação S=f


(s,c,o,r,p,a,n). Dessa equação, saem duas setas, sendo uma ligada ao termo “solo”; e a outra,
ao termo “variáveis ambientais”. Solo e variáveis ambientais, por sua vez, apontam ambos
para o termo “modelo” que, por fim, aponta para “MDS”.

5.2 DOMÍNIOS PEDOBIOCLIMÁTICOS DE SOLOS


Quando estudamos sobre os fatores de formação de solo, aprendemos que
o clima era um fator determinante. Agora, iremos abordar a relação solo e
clima, de uma forma mais profunda, e verificar como o clima do passado, ou
seja, de milhões de anos atrás, bem como o clima atual geraram determina-
dos tipos de solos em determinadas regiões do mundo (pedobioclimáticos).
Desse modo, iremos observar a relação solo e clima, a importância dos le-
vantamentos pedobioclimáticos e os principais domínios pedobioclimáticos
do Brasil.

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5.2.1 SOLOS E CLIMA


Na formação do solo, a temperatura atua principalmente de forma indireta,
porque controla a umidade disponível para a ocorrência dos processos de for-
mação do solo. A ação do intemperismo, nas rochas e na transformação dos
minerais, é determinada, principalmente, pela água no solo. A velocidade em
que ocorre a maioria dos processos de formação do solo é determinada pela
disponibilidade e pelo fluxo de água no solo (KER et al., 2015).

FIGURA 11 – INTEMPERISMO NAS ROCHAS

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de rochas afetadas pelo intemperismo.

O clima é o fator formador do solo que tem o maior impacto na matéria or-
gânica do solo, no teor de nitrogênio, na reação (pH) e na saturação por bases
(V%). Também tem um efeito significativo na profundidade e na textura do
solo; e é um dos fatores que altera o tipo de argilominerais que se formam
(KER et al., 2015).
As condições climáticas influenciam a meteorização e a erosão, modifican-
do as rochas (por reações complexas) e a paisagem (por construção e abra-
são). O clima também condiciona a cobertura vegetal e a fauna (o bioma)
e esses são importantes fatores sobre a intensidade da meteorização e da
erosão (BECKER, 2008).

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Meteorização: chamada por autores brasileiros de


intemperismo, é a alteração física e/ou química sobre
as rochas, causada pelos agentes da meteorização:
água, vento, mudanças de temperatura e ações
biológicas e antrópicas.

Em mapas-múndi, os padrões pedológicos e biológicos são superpostos aos


climáticos e os delineamentos desses padrões dos solos e da vegetação coin-
cidem, em muitos pontos, com os climáticos. Isso ocorre, porque o clima é a
força maior, que condiciona a formação dos solos e das vegetações naturais.

FIGURA 12 – PRINCIPAIS CLIMAS DO MUNDO

Fonte: IBGE (2022, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração do mapa-múndi indicando clima e


correntes marítimas.

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As relações entre as ocorrências desses três domínios (clima, formação dos so-
los e vegetações naturais) de áreas continentais têm sido objeto de estudos e,
quase sempre, levam a um quarto padrão: o das civilizações humanas. Apesar
de os humanos terem liberdade, para migrarem de uma região para outra,
bem como conhecimento, e poder, para alterar alguns padrões – principal-
mente de vegetação –, eles não podem ir além de certos limites, os quais, na
maior parte dos casos, são controlados pelo solo e pelo clima (LEPSCH, 2011).

5.2.2. IMPORTÂNCIA DO LEVANTAMENTO


PEDOBIOCLIMÁTICO DOS SOLOS
Antes de iniciar este tópico, é importante que você saiba que os termos “mor-
foclimático” e “pedobioclimático” podem ser entendidos como sinônimos. Na
área de geografia, morfoclimático é mais utilizado; já na área agronômica, pe-
dobioclimático é mais adequado, pelo contexto. Assim, neste tópico, iremos
tratar o termo domínio morfoclimático como domínio pedobioclimático. De
acordo com Resende et al. (2014), há duas razões que justificam tal escolha:
1) por se considerar solo como um corpo tridimensional; e 2) a ênfase é na
geografia de todas as características do solo, e não apenas na pedoforma. A
expressão “domínio pedobioclimático” enfatiza a base do tetraedro ecológico,
o que é mais harmônico com o escopo de nossos estudos nesse ponto.

FIGURA 13 – RELAÇÃO DO SOLO COM FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS,


REPRESENTADAS PELO TETRAEDRO

Organismos
Influência
dos aspectos
socioeconômicos

Solo Clima
Fonte: Adaptado de Resende et al. (2014, p. 6).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de um triângulo com um termo em


cada ponta, a saber: organismos; solo; e clima. Tem-se ainda uma seta indicando o centro
do triângulo e relacionado a ela, tem-se Influência dos aspectos socioeconômicos.

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O domínio pedobioclimático é espacialmente definido e delimitado pela


interação das condições climáticas atuais e futuras, pelos compartimentos
e pela topografia do relevo, pelas composições vegetais, pelas formações
superficiais, além dos processos morfogenéticos atuantes (JATOBÁ; SILVA;
GOMES, 2014).
Desse modo, delimitando áreas de uma região, com base em clima, solo, re-
levo e vegetação (ou seja, via levantamento pedobioclimático), é possível de-
terminar, classificar ou estimar, por exemplo, quais são a flora e a fauna domi-
nantes, o crescimento populacional de uma espécie; e até mesmo é possível
investigar o que as mudanças climáticas causaram em determinado domínio
pedobioclimático.

Conheça mais sobre os principais domínios


pedobioclimáticos do Brasil, clicando aqui.

5.2.3 PRINCIPAIS AMBIENTES


PEDOBIOCLIMÁTICOS DO BRASIL
Os domínios pedobioclimáticos da paisagem brasileira possuem caracterís-
ticas geomorfológicas e climáticas únicas, que são utilizadas para estabe-
lecer seis domínios pedobioclimáticos e zonas de transição entre eles. En-
tre eles, estão quatro áreas intertropicais, que cobrem uma área de cerca
de 7 milhões de Km2 e duas áreas subtropicais com uma área de cerca de
500.000 Km2, com zonas de transição e contato cobrindo uma área de cerca
de 1 milhão de Km2.

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FIGURA 14 – DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL

Fonte: Ab’Saber (1969) apud CPRM (2010, p. 47).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração do mapa do Brasil, com foco nos seis
domínios pedobioclimáticos (morfoclimáticos) do país: Amazônico, Cerrado, Mares de
morros, Caatingas, Araucária e Pradarias. Também constam as faixas de transição entre
eles.

Domínio pedobioclimático da Amazônia

Área coberta por floresta tropical equatorial. São comuns latosolos


amarelos e agissolos amarelos, pobres em ferro e de baixíssima
capacidade de troca de catiônica.

Domínio pedobioclimático do Cerrado

Compostos por grandes chapadas e os trechos mais suaves são


formados por latossolos, com teores de ferro e gibbsita maiores que o
da Amazônia.

Domínio pedobioclimático Mares de morros

Os solos se encontram em relevos inclines e irregulares. O horizonte C


geralmente é profundo, culminando em solos com baixa fertilidade natural.

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Domínio pedobioclimático da Caatinga

São observadas duas pedopaisagens distintas, sendo a primeira de


intensa remoção de sedimentos, associada aos afloramentos de rochas
ou em nível abaixo destes, formando elevações menores – ocorrem
neossolos litólicos e luvissolos crômicos. A segunda pedopaisagem
expressa o acúmulo de sedimentos, estando mais próxima do vale,
associada a solos com B textural o plânico, com elevado teor de sódio.

Domínio pedobioclimático da Araucária

Ocupa partes do norte do estado do Rio Grande do Sul até o nordeste


do Paraná. Possui temperaturas mais baixas que outras regiões
do Brasil. Os solos possuem altos teores de matéria orgânica e de
alumínio trocável nos trechos mais suaves.

Domínio pedobioclimático das Pradarias

Essa área corresponde à Campanha do Rio Grande do Sul. Solos


apresentam relevos suaves, com problemas de drenagem, com
coloração escura e com argilas de alta atividade (RESENDE et al., 2014).

Os domínios pedobioclimáticos ou morfoclimáticos do território brasileiro fo-


ram desenvolvidos pelo geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, entre as décadas de
1960 e 1970.

Aziz Ab’Saber é um professor e geógrafo brasileiro


que formulou uma classificação para os vários
ambientes macroecológicos presentes no território
brasileiro, os quais são conhecidos como domínios
morfoclimáticos.

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CONCLUSÃO

Nesta unidade, compreendemos a importância do levantamento e do mape-


amento de solos, cujos objetivos são identificar solos, que passam a ser reco-
nhecidos como unidades naturais; e prever e delinear suas áreas nos mapas,
em termos de classes definidas de solos. Compreendemos sobre os domí-
nios pedobioclimáticos de solos, que delimitam geograficamente as intera-
ções entre clima, relevo e vegetação, condicionados a fatores e processos que
ocorrem na formação do solo. Ligações entre classificações e levantamentos
de solos são estabelecidas quando solos semelhantes são agrupados. Essas
categorias, combinadas com informações geográficas e fatores ambientais,
formam a base para a composição de unidades de mapeamento, cuja distri-
buição espacial, extensão e limites são exibidos em um mapa. A integração
entre a ciência do solo e a tecnologia da computação foi melhorada com os
avanços tecnológicos, possibilitando a maximização de trabalhos pedológi-
cos, como o levantamento de solos. O surgimento do MDS ocorreu devido ao
avanço da pedometria, ramo da ciência do solo que estabelece relações ma-
temáticas e estatísticas entre variáveis quantitativas do solo.
Vimos que o clima é o fator de formação do solo, que tem maior influência no
teor de matéria orgânica, nitrogênio na reação (pH) e na saturação por bases
do solo. Também tem efeito significativo na profundidade do solo e na textu-
ra, além de ser um dos fatores que altera o tipo de argilomineral formado. Os
domínios da paisagem brasileira apresentam características geomorfológicas
e climáticas singulares, utilizadas para estabelecer seis domínios morfoclimá-
ticos: Amazônia, Cerrado, Mares de morros, Caatinga, Araucária e Pradarias.

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UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Entender os sistemas de


classificação da aptidão
agrícola das terras e as
condições atuais de uso do
solo;
> Conhecer a intensidade
de uso do solo;
> Compreender a
estrutura dos sistemas de
classificação de uso do
solo, com suas vantagens
e desvantagens, bem
como a aplicabilidade da
classificação da aptidão
agrícola e uso do solo.

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6 APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS


E AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE
USO DOS SOLOS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará conceitos da área de ciências do solo, os quais permi-
tirão reconhecer os sistemas de classificação da aptidão agrícola das terras, as
condições atuais de uso do solo, a intensidade de uso do solo e suas classifica-
ções. Você será capaz de compreender a estrutura dos sistemas de classifica-
ção de uso do solo e identificar suas vantagens e desvantagens. Também terá
a capacidade de compreender a aplicabilidade da classificação da aptidão
agrícola e o uso do solo.
Com os conhecimentos adquiridos nesta unidade, você poderá realizar traba-
lhos de avaliação e classificação da aptidão agrícola das terras e de capacida-
des de uso dos solos no campo.

6.1 APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS

6.1.1 FUNDAMENTOS DA CLASSIFICAÇÃO DA


APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS
Para a classificação das terras, em relação à sua aptidão agrícola, são obser-
vadas várias características que influenciam na resposta das terras às práticas
agrícolas. As principais características consideradas são as características do
solo e as características ambientais, como relevo e clima, além de aspectos
relacionados à legislação ambiental (SCHNEIDER; GIASSON; KLAMT, 2007).

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FIGURA 1 – APTIDÃO AGRÍCOLA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto diurna de uma plantação de café.

A avaliação e a interpretação das características do solo permitem classificar


os graus de restrição ao uso agrícola que cada um pode apresentar. Segundo
a sua natureza, essas restrições podem ser agrupadas, segundo Schneider,
Giasson e Klamt (2007), nos seguintes tipos: impedimentos que dificultam a
realização de práticas agrícolas; impedimentos que elevam os riscos de dete-
rioração do solo; impedimentos que dificultam a produtividade das plantas; e
impedimentos baseados na legislação ambiental.

Impedimentos que dificultam a realização de práticas agrícolas

Pequena profundidade efetiva do solo, declividade acentuada,


pedregosidade, presença de sulcos de erosão ou voçorocas, má
drenagem, presença de argilas expansivas que determinam
consistência inadequada etc.

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Impedimentos que elevam os riscos de deterioração do solo

Variação abrupta da textura, com aumento da proporção de argila do


horizonte superficial para os horizontes subsuperficiais, declividade
acentuada, estrutura fraca, alta dispersibilidade das argilas, textura
inapropriada nos horizontes superficiais (arenosa, franco ou siltosa),
associada com declive acentuado, má drenagem associada à alta
plasticidade etc.

Impedimentos que dificultam a produtividade das plantas

Deficiência de ar (drenagem insuficiente), pequena profundidade


efetiva do solo, deficiência de água, excesso de elementos tóxicos,
baixa capacidade de troca de cátions, alta resistência à penetração das
raízes etc.

Impedimentos baseados na legislação ambiental que não


permite a exploração agrossilvopastoril em alguns casos

Áreas de preservação permanente.

Depois de identificar e quantificar os graus de impedimentos das caracte-


rísticas limitantes das terras, realiza-se a classificação da aptidão de uso das
delas. Todos os sistemas de avaliação seguem o princípio básico, em que se
firma que, à medida que aumentam os graus dos impedimentos da terra,
diminuindo a intensidade do uso agrícola possível, aumentam a intensida-
de e a complexidade das práticas conservacionistas que são demandadas
para uma produção agrícola rentável e sustentável (SCHNEIDER; GIASSON;
KLAMT, 2007).

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FIGURA 2 – GRAUS DE IMPEDIMENTO PARA APTIDÃO AGRÍCOLA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma colheitadeira trabalhando em um


campo de trigo.

Na classificação da aptidão agrícola das terras,


somente são consideradas aquelas características
impeditivas que têm caráter duradouro, ou
seja, as limitações facilmente corrigíveis não são
consideradas. São consideradas as limitações que
possuem difícil correção ou que não são corrigíveis,
como, por exemplo, presença de fragmentos de
rochas não removíveis, declividade alta e pouca
profundidade efetiva do solo.

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6.1.2 MEIOS PARA OBTER O LEVANTAMENTO


DO POTENCIAL DE USO DO SOLO
Para realizar o levantamento do potencial de uso dos solos, no Brasil, há duas
possibilidades de sistemas de classificação técnica para utilizarmos: o sistema
de capacidade de uso das terras, originado nos Estados Unidos e adaptado
à realidade brasileira; e o sistema de aptidão agrícola das terras (RAMALHO
FILHO; BEEK, 1995).

Diferentes tipos de limitações podem ser avaliados


por meio de uma mesma característica da terra.
Um exemplo é a alta declividade, que, ao mesmo
tempo, influencia na realização de práticas agrícolas
que precisam de máquinas e também aumenta o
risco de deterioração e as perdas de solos.

O Sistema de Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras, de Ramalho Filho e


Beek (1995), é baseado na leitura e no entendimento de levantamento de so-
los, das características do ambiente, por meio da avaliação e da estimativa dos
impedimentos das terras, para uso agrícola e das possibilidades mais adequa-
das de uso de uma dada área. Esse sistema contempla diferentes alternativas
de práticas de manejo. Ou seja, é um sistema que passa por um processo
interpretativo, que leva em consideração informações sobre os atributos do
solo, sobre a viabilidade de melhoramento de qualidades básicas das terras e
também sobre as características do meio ambiente.

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FIGURA 3 – ENTENDIMENTO DE SOLOS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma plantação de soja.

A recomendação do método de interpretação de levantamentos de solos é que


a avaliação da aptidão agrícola das terras se baseie em resultados de levanta-
mentos sistemáticos, executados com o suporte dos vários atributos das terras:
geomorfologia, solo, vegetação, clima etc. (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).
A classificação da aptidão agrícola das terras é um processo interpretativo;
dessa forma, seu caráter é efêmero, podendo ter diversas variações à medida
que a tecnologia evolui. Portanto, a função é dependente da tecnologia atual
da época de sua realização. A classificação da aptidão das terras, da forma
que tem sido usada, não é necessariamente um guia para obter o máximo
benefício das terras, mas, sim, uma orientação de como devem ser usados os
recursos naturais no planejamento regional e nacional. O termo “terra”, nesse
caso, está sendo considerado no seu sentido ampliado, contendo todas as
suas relações ambientais (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

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FIGURA 4 – USO DE RECURSOS NATURAIS PARA PLANEJAMENTO REGIONAL E


NACIONAL

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de um sistema de irrigação regando uma


plantação de nabos.

O Sistema de Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras, descrito por Ramalho


Filho e Beek (1995), é um método recomendado para avaliar a aptidão agrí-
cola de terras com grandes extensões; em caso de utilização em pequenas
áreas, devem ser reajustados.
Nesse sistema, os níveis de manejo são observados, baseando-se em práticas
agrícolas possíveis de serem realizadas pela maioria dos agricultores. São con-
siderados três níveis de manejo, que visam a reconhecer o comportamento
das terras em diferentes níveis de tecnologia. Sua indicação é realizada pelas
letras A, B e C, que podem aparecer na simbologia da classificação escritas de
formas diferentes, segundo as classes de aptidão que apresentem as terras,
em cada um dos níveis utilizados.
Os níveis B e C abrangem melhoramentos tecnológicos em diferentes está-
gios, mas não consideram a irrigação na avaliação da aptidão agrícola das
terras. Apenas são registradas, no mapa, as áreas com irrigação programada
ou instalada (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

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6.1.3 CONDIÇÕES AGRÍCOLAS DAS TERRAS


Para analisar as condições agrícolas das terras, temos, como base, um solo
hipotético que não tenha problemas de fertilidade e de falta de oxigênio e de
água, não seja suscetível à erosão nem tenha impedimentos à mecanização
(RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

FIGURA 5 – CONDIÇÕES AGRÍCOLAS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de fazendeiros trabalhando em uma


plantação.

Como, geralmente, as condições reais dos solos não atendem a um ou a vários


desses aspectos, estabeleceram-se vários graus de limitação dessa variação.
Os cinco fatores tomados, tradicionalmente, para avaliar as condições agríco-
las das terras, também considerados segundo Ramalho Filho e Beek (1995),
são: deficiência de fertilidade; deficiência de água; excesso de água ou defici-
ência de oxigênio; suscetibilidade à erosão; e impedimentos à mecanização.

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Deficiência de fertilidade

Falta de nutrientes essenciais no solo e presença ou ausência de


elementos tóxicos e sais solúveis no solo.

Deficiência de água

Quantidade de água disponível no solo que é passível de ser


utilizada pelas plantas. Características do solo, como classe textural,
tipo de argila e teor de matéria orgânica, advêm da capacidade de
armazenamento de água no solo.

Excesso de água ou deficiência de oxigênio

Quantidade de oxigênio disponível no solo, resultante da interação


da água nos poros do solo, visto que, se os poros do solo estiverem
ocupados por água, não poderão estar ocupados por ar (oxigênio);
então, a deficiência de oxigênio se relaciona diretamente ao excesso
de água. Estão incluídos frequência, duração e riscos envolvidos nas
inundações de cada área.

Suscetibilidade à erosão

Facilidade de desgaste e perda de partículas do solo quando


submetido às práticas agrícolas sem utilizar medidas
conservacionistas. É variável de acordo com relevo, clima, solo e
cobertura vegetal.

Impedimentos à mecanização

Limitações sobre as condições para uso de máquinas e implementos


agrícolas. Drenagem, profundidade, tipo de argila, textura e
pedregosidade são condições do solo consideradas nesse caso.

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O índice de fertilidade do solo é avaliado por meio


da saturação por bases, por alumínio, soma de
bases trocáveis, Capacidade de Troca Catiônica
(CTC), relação carbono (C)/nitrogênio(N), fósforo
assimilável, pH etc.

Nessas avaliações dos fatores limitantes às atividades agrícolas, são conside-


rados graus de limitação de um a cinco, a saber: um (nulo), dois (ligeiro), três
(moderado), quatro (forte) e cinco (muito forte), que são passíveis de serem
interpolados (PEREIRA; LOMBARDI NETO, 2004).

Do ponto de vista da mecanização, uma dada


área, para ser considerada de importância agrícola,
precisa ter dimensões mínimas que permitam um
bom rendimento do trator.

FIGURA 6 – AVALIAÇÕES DE FATORES LIMITANTES ÀS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).


#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de um homem branco, de cabelos pretos,
em meio a uma plantação de milho, segurando um tablet.

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Para Lepch et al. (2015), os critérios da classificação em capacidade de uso não


devem ser, obrigatória ou rigidamente, pré-fixados antes do planejamento de
uso das terras. Esses autores dividem as terras em oito classes (classes I a VIII),
conforme a capacidade de uso. À medida que a numeração da classe aumen-
ta (ordem crescente), aumentam as limitações de uso das terras.

6.2 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DOS


SOLOS

6.2.1 INTENSIDADE DE USO DO SOLO


Para a classificação da aptidão agrícola das terras, existe uma categoria que
avalia a aptidão agrícola das terras em um método organizado em classes
de aptidão. Estas, por sua vez, são classificadas como boa, regular, restrita ou
inapta, para cada tipo de uso recomendado (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

QUADRO 1 –TABELA DA SIMBOLOGIA CORRESPONDENTE ÀS CLASSES DE


APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS

Tipo de utilização

Classe de Lavoura Pastagem Silvicultura Pastagem


Aptidão Plantada Natural
Agrícola
Nível de Nível de Nível de Nível de
Manejo A B C manejo B manejo B manejo A

Boa ABC P S N

Regular abc p    

Restrita (b) (c) (p) (s) (n)

Inapta        

Fonte: Adaptada de Ramalho Filho e Beek (1995, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma tabela com as classes de aptidão agrícola em


função da intensidade de utilização e de nível de manejo.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

As classes demonstram a aptidão agrícola das terras para um determinado


tipo de uso, com um nível de manejo estabelecido, dentro do subgrupo de
aptidão. As classes referentes aos fatores impeditivos mais importantes são
definidas em termos de graus e expressam o grau de intensidade com que
essas limitações prejudicam as terras.
Essas limitações definem as condições agrícolas das terras e podem ser con-
sideradas subclasses. Os tipos de utilização possíveis são lavoura, pastagem
plantada, silvicultura e pastagem natural. O boletim da Food and Agriculture
Organization of the United Nations (FAO) (1976) define as classes da seguinte
forma: boa, regular, restrita e inapta.

Classe boa

Enquadram-se as terras que, para determinado tipo de uso,


seguindo as recomendações de manejo, não apresentam limitações
significativas, para alcançar a produção sustentada. Nessa classe, existe
um limite de restrições aceitáveis que não diminuem a produtividade
ou os benefícios e não necessitam aumentar a quantidade de insumos
além do nível aceitável.

Classe regular

Enquadram-se as terras que, para determinado tipo de uso, seguindo


as recomendações de manejo, apresentam limitações moderadas para
a produção sustentada. As limitações aumentam a necessidade de
insumos, pois diminuem a produtividade; porém, mesmo com mais
insumos, os resultados são inferiores aos das terras da classe boa.

Classe restrita

Enquadram-se as terras que, para determinado tipo de uso, seguindo


as recomendações de manejo, apresentam limitações fortes para a
produção sustentada. Essas limitações diminuem a produtividade,
aumentando a necessidade de insumos e os custos da produção.

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Classe inapta

Enquadram-se terras que não têm condições de alcançar a produção


sustentada, mesmo com elevação de insumos, o que tornaria a
iniciativa inviável economicamente. Essa classe não é representada por
símbolos, como as demais, e sua interpretação é realizada justamente
pela falta de letras para o tipo de uso. A classificação da aptidão
agrícola das terras é resultado dos graus de limitação percebidos em
cada unidade da terra.

As letras que indicam as classes de aptidão podem aparecer nos subgrupos


em minúsculas, maiúsculas ou minúsculas entre parênteses, indicando di-
ferentes tipos de usos, conforme pode ser observado na Figura 10. A falta de
letras significa que não há aptidão para uso mais intensivo, podendo ocorrer
usos menos intensivos (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

FIGURA 7 – USOS MAIS OU MENOS INTENSIVOS DE APTIDÃO AGRÍCOLA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de trigo dourado em uma plantação.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

As terras, quando são classificadas como inaptas para lavouras, podem ser
destinadas para usos de menor intensidade, como silvicultura e pastagem
plantada ou natural. Porém, se a terra for classificada como inapta para to-
dos os tipos de utilização, a alternativa considerada para ela é a utilização não
agrícola, como recreação ou para preservação da fauna e da flora. Esses casos
são das terras que pertencem ao grupo seis, conforme veremos mais à frente
nesta unidade, devendo ser estabelecida uma cobertura vegetal, por razões
ecológicas e de proteção de áreas (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

FIGURA 8 – PROTEÇÃO DE ÁREAS

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma área de floresta.

O somatório das exigências, para os vários tipos de utilização, as condições


agrícolas e o nível de manejo praticado resultam o enquadramento das terras
em classes de aptidão agrícola.

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GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

6.2.2 ESTRUTURA DOS SISTEMAS DE


CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DA
TERRA
A estrutura do sistema de classificação da capacidade de uso da terra varia
um pouco, baseado no sistema de classificação. Iremos analisar o Sistema
Tradicional de Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras segundo Ramalho Fi-
lho e Beek (1995).
A estrutura do Sistema de Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras, descrito
por Ramalho Filho e Beek (1995), baseia-se na classificação por letras e nú-
meros, as letras A, B e C representam, respectivamente, os níveis de manejo
considerados, que são primitivo, pouco desenvolvido e desenvolvido.

QUADRO 2 – NÍVEIS DE MANEJO DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE APTI-


DÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS, DESCRITO POR RAMALHO FILHO E BEEK
(1995)

Nível de manejo A Nível de manejo B Nível de manejo C

⇩ ⇩ ⇩
Primitivo Pouco desenvolvido Desenvolvido

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa um quadro, com os níveis de manejo A, B e C do


sistema de avaliação proposto por Ramalho Filho e Beek, em 1995, o nível de manejo A é
primitivo, o B é pouco desenvolvido e o C é desenvolvido.

Primitivo

Classificado como nível A, é um manejo que utiliza pouca tecnologia,


com pouca aplicação de recursos financeiros para o manejo, a
conservação e o melhoramento das terras. As práticas realizadas,
em sua maioria, são braçais, utilizando também tração animal, com
implementos simples.

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Pouco desenvolvido

Classificado como nível B, é um manejo que utiliza tecnologias


de forma moderada. Aplica-se um pouco de capital para manejo,
melhoramento e conservação do solo. As principais práticas são
aplicação de calcário e adubos nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)
(NPK), cuidados fitossanitários simples, tração animal ou motorizada
nos implementos usados apenas para limpeza de área e preparo inicial
do solo.

Desenvolvido

Classificado como nível C, é um manejo com alto nível de tecnologias,


com aplicação massiva de capital para manejo, conservação e
melhoramento das condições do solo e das lavouras. A mecanização é
utilizada em várias fases da produção agrícola.

FIGURA 9 – ALTERNATIVAS DE UTILIZAÇÃO DAS TERRAS DE ACORDO COM OS GRUPOS


DE APTIDÃO AGRÍCOLA

Fonte: Ramalho Filho e Beek (1995, [n. p.]).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração dos grupos de aptidão agrícola e


suas respectivas alternativas de utilização.

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No âmbito das alternativas de utilização das terras, de acordo com os grupos


de aptidão agrícola, os números de um a seis se referem aos grupos de apti-
dão agrícola, os quais, em ordem crescente, representam maior intensidade
de limitação. Assim, quanto maior o número do grupo, menores serão as al-
ternativas de uso para esses solos.
Os grupos um, dois e três têm as lavouras como tipo de uso e representam,
em nível de subgrupos, as melhores classes de aptidão agrícola das terras
para uso com lavouras. Os grupos quatro, cinco e seis somente permitem
identificar os tipos de utilização, respectivamente, com pastagem plantada,
silvicultura e/ou pastagem natural e preservação da flora e da fauna, indepen-
dentemente da classe de aptidão (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).
Os três primeiros grupos (um, dois e três) podem ser usados para lavouras; o
grupo quaro é recomendado, basicamente, para pastagem plantada; o grupo
cinco é recomendado para silvicultura e/ou pastagem natural; e o grupo seis,
representado por terras sem aptidão agrícola, tem, como única alternativa, a
utilização para a preservação ambiental.

FIGURA 10 – VARIAÇÕES DE APTIDÃO AGRÍCOLA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de uma plantação de chá. Há uma pessoa
de chapéu no meio da plantação.

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Utiliza-se a categoria de subgrupo de aptidão agrícola para atender às varia-


ções que se verificam dentro do grupo, sendo que o subgrupo é o resultado
da avaliação da classe de aptidão em relação ao nível de manejo, indicando o
tipo de uso. Por exemplo, quando se tem “1 (a)bC”, o algarismo 1 indica o gru-
po, significa a melhor classe de aptidão dos componentes do subgrupo, pois
as terras pertencem à classe de aptidão boa, no nível de manejo C (grupo 1),
classe de aptidão regular, no nível de manejo B (grupo 2) e classe de aptidão
restrita, no nível de manejo A (grupo 3).

6.2.3 APLICABILIDADE DAS CLASSIFICAÇÕES


DE USO DO SOLO E DA APTIDÃO AGRÍCOLA
A capacidade de uso dos solos pode ser avaliada pelo Sistema Tradicional de Ava-
liação de Aptidão Agrícola das Terras, de Ramalho Filho e Beek (1995), e pelo Sis-
tema de Classificação Alternativo, descrito por Schneider, Giasson e Klamt (2007).
De acordo com o sistema tradicional, de Ramalho Filho e Beek (1995), a ava-
liação das classes de aptidão agrícola das terras e, consequentemente, dos
grupos e subgrupos, é realizada por meio da comparação entre os graus de
limitação estipulados nos quadros-guia atribuídos às terras, elaborados para
a identificação nas regiões de clima tropical-úmido, subtropical e semiárido.

FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DE UM QUADRO-GUIA UTILIZADO PARA AA AVALIAÇÃO DA


APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS

Fonte: Ramalho Filho; Beek (1995, [n. p.]).


#PraTodosVerem: a imagem representa um quadro-guia para avaliação da aptidão agrícola
das terras, considerando graus de limitação, grupos e subgrupos.

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Os quadros-guia usados na avaliação são conhecidos como quadros de conver-


são. Tratam-se de orientações gerais, para a classificação da aptidão agrícola das
terras, em razão de seus graus de limitação estarem condicionados aos fatores
limitantes para os níveis de manejo A, B e C (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).
Os quadros-guia mostram os graus máximos de limitação que as terras po-
dem ter com relação a cinco fatores, para se enquadrarem em cada uma das
categorias de classificação da aptidão agrícola das terras.
Com base nos vários tipos de manejo, a classe de aptidão agrícola das terras
é obtida em razão do grau de limitação mais forte, referente a qualquer um
dos fatores que influenciam na sua utilização agrícola: deficiência de água e
de fertilidade, excesso de água, suscetibilidade à erosão e impedimentos à
mecanização (RAMALHO FILHO; BEEK, 1995).

FIGURA 12 – CRITÉRIOS DE MANEJO

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de duas colheitadeiras em um campo.

Na avaliação, busca-se identificar o comportamento dos solos para lavouras


nos níveis de manejo A, B e C; para silvicultura e pastagem plantada no nível
de manejo B; e no nível de manejo A, para pastagem natural.

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A utilização dos cinco fatores limitantes listados anteriormente (deficiência de


água e de fertilidade, excesso de água, suscetibilidade à erosão e impedimentos
à mecanização) busca representar as condições agrícolas das terras relaciona-
das às suas propriedades químicas e físicas e suas interações com o ambiente.
A avaliação pode variar com as especificidades locais, a diversidade e a quali-
dade dos dados; dessa forma, os quadros-guia são recomendados para uma
orientação geral.
Já no sistema alternativo, descrito por Schneider, Giasson e Klamt (2007), a
avaliação da aptidão agrícola das terras consiste em cinco etapas.

Primeira etapa

Fotointerpretação ou percorrimento preliminar da área, para


identificação dos diferentes padrões fisiográficos da área e locação de
transecções representativas sobre a base cartográfica.

Segunda etapa

Percorrimento sistemático das transecções, para identificação e


locação de pontos de observação e descrição das características da
terra: solos, relevo, drenagem, pedregosidade, degradação etc.

Terceira etapa

Tabulação dos dados obtidos a campo, para identificação das


características das terras que representam limitações ao uso agrícola.

Quarta etapa

Estabelecimento do quadro-guia: organização das classes de


limitações com todas as combinações possíveis e definição das classes
e subclasses de aptidão de uso agrícola, baseado em informações de
resultados de pesquisa e discussão com técnicos e agricultores.

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Quinta etapa

Fotointerpretação e percorrimento intensivo da área, para


identificação e mapeamento das classes e subclasses de aptidão de
uso com auxílio do quadro-guia.

Para ampliar seus conhecimentos sobre aptidão


agrícola das terras do Brasil, recomenda-se a leitura
de “Aptidão agrícola das terras do Brasil: potencial
de terras e análise dos principais métodos de
avaliação”, de Ramalho Filho e Pereira (1999). Para
acessar, clique aqui. Outra leitura importante é “Uso
agrícola dos solos brasileiros”, de Manzatto, Junior e
Peres (2002). Acesse clicando aqui.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar a você conceitos importantes para o estu-


do das Ciências do Solo, a fim de que você conhecesse um pouco mais sobre
os sistemas de classificação da aptidão agrícola das terras e as condições de
uso do solo. Estudamos sobre a intensidade de uso do solo e suas classifica-
ções e compreendemos a estrutura dos sistemas de classificação de uso do
solo, suas vantagens e desvantagens. Vimos ainda a aplicabilidade da classifi-
cação da aptidão agrícola e uso do solo.
Nesta unidade, conhecemos os fundamentos da classificação da aptidão
agrícola das terras, as formas de obtenção do levantamento do potencial de
uso do solo e as condições agrícolas das terras. Exploramos aspectos relativos
à intensidade de uso do solo, a estrutura dos sistemas de classificação da ca-
pacidade de uso da terra e a aplicação das classificações de uso do solo e da
aptidão agrícola.

MULTIVIX EAD
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