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Material Teórico
Avaliação e Educação
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Avaliação e Educação
• Introdução;
• A Avaliação na Perspectiva das Tendências Pedagógicas;
• A Avaliação no Contexto Educacional Brasileiro:
a Avaliação da Educação Básica.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender a trajetória histórica do conceito de avaliação e o seu atual sentido no
contexto escolar;
• Discutir sobre a relação entre as tendências pedagógicas e os diferentes modelos de
avaliação educacional;
• Conhecer os fundamentos da avaliação escolar conforme o quadro das legislações e
diretrizes que regem o sistema educacional brasileiro.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Avaliação e Educação
Introdução
Estamos iniciando o estudo da disciplina de avaliação educacional. Com certeza você
já passou por muitas experiências avaliativas dentro e fora da escola. Embora a avaliação
seja uma prática presente em toda a sociedade, pois avaliamos e somos avaliados em
diversas situações do nosso cotidiano, dedicaremos a nossa discussão ao conceito de
avaliação educacional e os seus diferentes sentidos e significados no contexto escolar.
Neste momento, convidamos você a recordar sobre suas experiências avaliativas na escola.
Explor
Quais práticas avaliativas eram realizadas pelos seus professores? Como você se sentia nos
momentos de avaliação? O que as avaliações contribuíram em sua aprendizagem?
Sabemos que a avaliação é considerada uma grande vilã por grande parte dos
alunos e uma atividade desafiante para muitos professores, tornando a maioria das
experiências avaliativas na escola negativas em razão do seu caráter meramente
autoritário, classificatório e punitivo.
Mas o que é avaliar? Quando e por que avaliamos?
Figura 1
Fonte: Getty Images
O termo avaliar tem sua origem etimológica no latim, a-valere, que significa dar valor a.
Explor
nesa, quando se aplicava a avaliação, por meio de avaliação oral, para selecionar funcionários
para cargos do Estado. Como prática educativa, a avaliação tem sua origem na universidade
medieval, o que será ampliado na pedagogia jesuítica por meio de métodos punitivos e coer-
citivos. Na modernidade, com o desenvolvimento do capitalismo e das indústrias, a avaliação
se expande enquanto prática de seleção e classificação dos trabalhadores e, atualmente, é
reconhecida como prática integrante do processo de ensino e aprendizagem.
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Primeiramente, podemos afirmar que avaliamos para estabelecer um julga-
mento de valor a determinados objetos, situações ou fenômenos. Ao avaliarmos,
emitimos uma opinião favorável ou não frente ao que observamos, ao que poderá
nos orientar a tomada de decisão frente à situação avaliada.
Jussara Hoffmann, uma das grandes estudiosas da avaliação no Brasil, em seu livro Ava-
Explor
Conceito de Avaliação
A observação do cotidiano escolar revela que a avaliação é de grande importân-
cia no processo educativo. Ela se inicia, propriamente, antes da atividade docente
e acompanha todos os momentos do processo ensino-aprendizagem. Por ser ele-
mento indispensável ao êxito do que se pretende conseguir no processo educativo,
ela desperta cada vez mais interesse por parte dos profissionais da educação.
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Libâneo assegura que a avaliação tem como tarefas básicas a verificação, quali-
ficação e apreciação do processo de ensino:
Verificação: coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos, por
meio de provas, exercícios e tarefas ou de meios auxiliares, como obser-
vação de desempenho, entrevistas etc.
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A Avaliação é um processo de inquirição, observação e coleta de dados,
registro, análise e interpretação da realidade, realizado com o objetivo de
conhecê-la, para dar-lhe encaminhamento mais efetivo. (LUCK, 2012, p.9)
Importante! Importante!
Desta forma, você pode concluir que medir é uma condição para avalição educacional,
ao possibilitar determinar em que medida os objetivos educacionais foram ou não atin-
gidos, porém, o ato de avaliar não se esgota nessa ação e requer outros procedimentos.
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Figura 2
Fonte: Getty Images
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suficiente ou insuficiente frente aos objetivos propostos e são realizadas por meio
de prova, trabalho, seminário e outros. Essas classificações podem se apresentar
de forma numérica, no modelo quantitativo, por meio de conceitos de 0 a 10; ou
por outra tipificação qualitativa como, por exemplo, apto, não apto, suficiente, in-
suficiente, bom, regular etc.
Para Luckesi (2008), na prática escolar, a avaliação assume uma função de classifi-
cação quando, ao avaliar, o professor, ao contrário de ter uma atitude de diagnóstico
da aprendizagem do aluno, apenas o classifica por meio de notas, encerrando-se
assim do ato avaliativo.
Avaliação
Processo
Segundo Luckesi (2008), a medida tem sido utilizada no âmbito escolar como
prática de aferição, sendo utilizado pelos professores como padrão da medida o
“acerto” das questões, o que posteriormente é transformado em nota ou conceito.
O autor afirmará a viabilidade da medida como passo inicial do processo de avalia-
ção escolar, porém, ressaltará a necessidade de se questionar se o processo utili-
zado para medir a aprendizagem apresenta qualidades de uma verdadeira medida:
[...] importa compreender que, na aferição da aprendizagem, a medida
é um ato necessário e, assim, tem sido praticada na escola. Importa-nos
ter a clareza que, no movimento real da operação com resultados da
aprendizagem, o primeiro ato do professor tem sido, e necessita ser, a
medida, porque é a partir dela, como ponto de partida, que se pode dar os
passos seguintes para aferição da aprendizagem. (LUCKESI, 2008, p. 89)
Para o autor, “medida é uma forma de comparar grandezas, tornando uma como
padrão e outra como objeto a ser medido tendo como resultado a quantidade de
vezes que medida padrão cabe dentro do objeto medido” (LUCKESI, 2008, p. 87).
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UNIDADE Avaliação e Educação
Para saber mais sobre a discussão entre a avaliação e verificação, leia o artigo do professor
Explor
A Avaliação na Perspectiva
das Tendências Pedagógicas
Segundo Libâneo (2013), as tendências pedagógicas no Brasil podem ser agru-
padas em dois grupos: o primeiro classificado por cunho liberal abrange as pe-
dagogias denominadas: pedagogia tradicional, pedagogia renovada e pedagogia
tecnicista. No segundo grupo, de cunho progressista, destacam-se: a pedagogia
libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos.
Confome Luckesi (2008), esses grupos de pedagogias podem ser agrupados entre
aqueles que pretendem a conservação da sociedade, tendo como objetivo a domesti-
cação dos educandos, e aquelas que têm como objetivo a humanização dos educan-
dos e a transformação da sociedade. Esses modelos serão responsáveis por estabele-
cerem distintas práticas pedagógicas e práticas avaliativas no contexto escolar.
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Figura 4
Fonte: forumeja.org
detalhada a função da avaliação em cada tendência pedagogia, você pode acessar o link:
http://bit.ly/2wo55IV.
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Explor
Pode-se observar o comprometimento dos sujeitos envolvidos no processo educativo com a
pedagogia dos exames quando o foco dos mesmos está direcionado apenas para as notas.
Para os alunos, a nota é o grande alvo para se atingir a promoção, independentemente do pro-
cesso para alcançá-la e da qualidade da aprendizagem. Para os professores, a nota torna-se
um instrumento de controle dos alunos em sala de aula, inclusive para a manipulação de
comportamentos disciplinares. Para as famílias, a preocupação é com a aprovação e boas
notas são sinônimo de aprendizagem significativa. A gestão escolar e os sistemas de ensino
também apreciam os quadros de notas para identificar se os objetivos educacionais estão
sendo assegurados.
Figura 5
Fonte: Getty Images
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que a aprendizagem aconteça. Nesse sentido, temos ainda uma mudança na própria
concepção do ensino, não mais entendido como mera transmissão de conteúdos, e sim
compreendido como um processo de elaboração de situações didático-pedagógicas que
facilitem a aprendizagem, isto é, que favoreçam a construção de relações significativas
entre componentes de um universo simbólico (MORETO, 2008, p. 103).
Figura 6
Fonte: Getty Images
Cabe ressaltar que nesse modelo é importante que o professor considere não
somente os resultados, mas que esteja atento a todos os processos que o aluno
vivenciou no decorrer de sua aprendizagem. Méndez (2002) ainda afirma que, no
momento em que se expressa os erros, confusões, acertos, incertezas, sem o temor
de “pontos e notas”, caminha-se ao avanço junto ao conhecimento, na apropriação,
na formação do próprio pensamento que se está formando.
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O erro e as dúvidas são um excelente material de análise para o educador, pois revelam como
Explor
Psicometria: do grego psyké, alma e metron, medida, medição. É uma área da Psicologia que
Explor
Nessa fase marcada pela mensuração, segundo Ribeiro (2002), o avaliador exer-
cia um papel essencialmente técnico orientado por princípios como inflexibilidade,
imparcialidade, objetividade e quantificação. Não havia nenhuma preocupação em
aliar a avaliação da aprendizagem com outras dimensões do processo educativo,
como o currículo e os programas pedagógicos ou políticos. A esse respeito, Dias
Sobrinho assevera que:
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Tratava-se, então, basicamente de avaliação da aprendizagem, mediante
procedimentos convencionais de testes, provas e exames aplicados aos
alunos, para medir rendimentos, sem ainda preocupação com dimensões
mais amplas do processo de ensino- aprendizagem, como currículo em
sentido pleno, e tampouco com as estruturas institucionais, programas
pedagógicos ou políticos. O foco principal eram os testes, as escalas de
classificação, os instrumentos técnicos. (DIAS SOBRINHO, 2002, p. 18)
Figura 7
Fonte: Getty Images
Com os estudos de Ralph Tyler em 1950, nos EUA, começou a ser propagada
uma teoria da avaliação educacional de forma mais sistematizada em que avaliar
consistia em “estabelecer uma comparação entre o desempenho e os objetivos pre-
viamente determinados, ou seja, avaliar consistia em comparar os resultados dos
alunos com aqueles propostos em determinado plano” (RIBEIRO, 2002, p. 129).
Ralph W. Tyler foi um educador americano que trabalhou no campo da avaliação e seus es-
Explor
tudos marcaram intensamente a história da avaliação, sendo ele considerado como “pai da
avaliação educativa”.
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No final da década de 1960, novos estudos contribuíram para uma nova fase na
história da avaliação educacional, na qual o juízo de valor começou a ser apontado
como importante característica no conceito de avaliação. Segundo Ribeiro (2002,
p. 130):
Assim não bastaria medir e descrever, era preciso julgar o conjunto de
todas as dimensões dos objetivos, inclusive os próprios objetivos. Nesse
sentido, o avaliador tinha o papel de juiz, absorvendo, contudo, os aspectos
importantes das fases anteriores em termos de mensuração e descrição.
Além disso, os estudos propagados com essa nova visão de avaliação contribu-
íram para denunciar e evidenciar a função classificatória, seletiva e discriminatória
da avaliação educacional. Portanto, a partir do final dos anos 1960, será iniciada
uma nova fase na avaliação educacional do país vinculada à discussão de sua fun-
ção política e à concepção de uma educação democrática e libertadora.
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instrumento para classificação e punição dos alunos, mas um instrumento essencial
para a aprendizagem dos mesmos, o que implicará em mudanças nas concepções
e práticas avaliativas dos professores.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Avaliação educacional e promoção escolar
Para saber mais sobre o histórico, conceito e as diferenças entre avaliação e medi-
da, leia a unidade didática 1, Avaliação na Educação, do livro Avaliação educa-
cional e promoção escolar, disponível na biblioteca Pearson.
CASTILHO, A. S.; CABRERIZO, D. Avaliação educacional e promoção esco-
lar. Curitiba: InterSaberes, 2013. (e-book)
Avaliação planejada, aprendizagem consentida: é ensinando que se aprende, é avaliando que se ensina
Neste livro, disponível na biblioteca Pearson, você poderá ampliar os conhecimentos
sobre as concepções de avaliação e o seu papel no processo de ensino e aprendizagem.
BOTH, I. J. Avaliação planejada, aprendizagem consentida: é ensinando que
se aprende, é avaliando que se ensina. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017. (e-book)
Vídeos
Aprendizagem da avaliação escolar
Cipriano Luckesi discute o conceito de avaliação, sua dimensão histórica, seus objetivos
e funções na aprendizagem dos alunos.
https://youtu.be/JqSRs9Hqgtc
Caminhos e descaminhos da avaliação educacional
O vídeo produzido pela UNIVESP traz a discussão dos objetivos da escola ao ava-
liar os aluno.
https://youtu.be/sJeGDLfv4LA
Leitura
Concepção sobre Avaliação Escolar
O artigo de Mary Stela Ferreira discute a relação entre as concepções pedagógicas e
os significados assumidos pela avaliação no contexto escolar.
http://bit.ly/2QmD8KW
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília, DF: 1996. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 14 de jan. 2019.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
MÉNDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer: examinar para excluir. Porto Alegre, RS:
Artmed, 2002.
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