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A Psicometria pode ser definida como o conjunto de técnicas utilizadas para medir, de forma
adequada, válida e rigorosa, um ou vários processos psicológicos. A estratégia psicométrica utiliza-se para
atribuir um valor ou pontuação a um atributo psicológico de um indivíduo, revelado através da administração
de um teste psicológico (procedimentos sistemáticos e estandardizados de observação e registo de amostras
de comportamentos ou funções cognitivas de indivíduos, com o objetivo de descrever ou mensurar
características e processos psicológicos).
A Avaliação Psicológica é um processo de aquisição e integração de informações relevantes,
recorrendo-se a vários métodos, instrumentos, fontes e dimensões da pessoa/grupo, para uma análise
científica de características e níveis psicológicos.
Segundo Pasquali, a origem da psicometria esta nos trabalhos de Spearman, que aplicou à psicologia
os procedimentos de Francis Galton (1883). 1º laboratório de psicologia experimental - Wundt.
Galton - acreditava que as operações intelectuais poderiam ser avaliadas através de medidas
sensoriais, uma vez que toda a informação do homem chega pelos sentidos, quanto melhor o estado destes,
melhores seriam as capacidades intelectuais. Desenvolveu: testes antropométricos para medida de
discriminação sensorial; escalas de pontos e questionários; e métodos estatísticos para analisar
qualitativamente os dados recolhidos. James Mckeen Cattell desenvolveu medidas das diferenças
individuais, seguiu as ideias de Galton.
A Análise Fatorial (Thurstone) é uma técnica utilizada para estudar a validade de construto dos
instrumentos de avaliação psicológica.
Segundo Pasquali, a teoria do traço latente refere-se a um conjunto de modelos matemáticos que
relaciona variáveis observáveis e traços hipotéticos não observáveis. Com base nesta teoria, Cattell distingui
inteligência fluída e cristalizada.
Testes Projetivos - baseiam-se na hipótese projetiva, segundo a qual uma pessoa responde a um
estímulo relativamente ambíguo, isto reflete as suas características pessoais. Estes testes incluem material
ambíguo e pouco estruturado perante os quais o indivíduo é convidado a descrever o que é que as imagens
lhe parecem.
Questionários Psicométricos
- Aditividade - só podemos adicionar os pontos de cada item, para obter uma pontuação total, se se
comprovar que aquela medida tem consistência interna.
- Medida intervalar.
- Poder discriminativo - possibilidade da escala discriminar os diferentes sujeitos no construto em causa.
- Definição - instrumento constituído por um conjunto de itens; a resposta do sujeito por ser traduzida
mediante diferentes graus de intensidade, frequência ou acordo.
- Pressupostos - em cada comportamento/situação espera-se que as variações nas respostas aos itens
traduzam as diferenças existentes entre indivíduos. As diferenças de pontuação decorrem do grau/nível
com que cada indivíduo possui o atributo em avaliação a determinado item.
- Escalas de resposta - cabe ao sujeito a tarefa de ordenar um atributo de acordo com um nível
crescente/decrescente de intensidade, frequência ou acordo. Escala de Likert - os respondestes
especificam o seu nível de concordância com cada item.
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- Vantagens - económicos, rápidos, fáceis de administrar e cotar, compreendem uma grande diversidade
e amplitude de comportamentos/atitudes/sintomas, pouco suscetíveis a enviesamentos entrevistador-
sujeito, anónimos e permitem comparar indivíduos quantitativamente com as estimativas de
comportamentos dos seus pares da mesma idade e género.
- Desvantagens - menos precisos e método indireto, uma vez que envolvem descrições retrospectivas
relativas ao comportamento.
Estudo Psicométrico
Análises Qualitativas dos Itens - referem-se à usabilidade de um instrumento (ex: apreciação do conteúdo e
formato dos itens e instruções). Detetar itens mal construídos, analisar se as instruções são suficientes,
conhecer as dificuldades sentidas pelos respondentes, apreciar se as várias alternativas de resposta são
adequadas e estimar o tempo requerido para a realização da prova. Método da “reflexão falada” consiste na
aplicação individual da prova e no registo de todas as verbalizações dos indivíduos para auscultação dos seus
comentários acerca da compreensibilidade das instruções e dos itens. Os participantes devem comunicar
impressões em relação a cada item, a forma como o abordam e realizam e as facilidades ou dificuldades que
encontram.
Propriedades Psicométricas
- Aferição - identificação das normas de interpretação de uma prova; resultados relativos à discriminação,
fidelidade e validade dos resultados da prova na amostra. Os estudos de aferição devem incluir
informação acerca da interpretação dos resultados, ou seja, como é que, depois de quantificados os
atributos, podemos apreciar em que grau as respostas se afastam/aproximam de um determinado valor
médio.
- Estandardização - refere-se aos cuidados e à preparação necessária que o psicólogo deve ter antes e
durante a administração de um instrumento.
- Distribuição/Normalidade dos Resultados - graus em que os resultados obtidos se distribuem,
diferenciando os sujeitos entre si nos níveis da variável avaliada.
- Fidelidade - informação sobre o grau de confiança ou exatidão que podemos ter na informação obtida;
inclui a consistência interna ou homogeneidade dos itens e a estabilidade temporal ou constância dos
resultados.
- Consistência interna - grau de uniformidade ou coerência existente entre as respostas dos sujeitos a cada
item que compõe a prova.
- Estabilidade Temporal - indicador da constância dos resultados de um teste ao longo do tempo e
examina-se através da correlação entre o teste e o reteste.
- Acordo entre Avaliadores - pretende estimar em que medida as respostas ou registos obtidos são
determinados pelas características do indivíduo observado, e não pelas características dos avaliadores
independentes.
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Validade (em que medida os resultados no teste estão a medir aquilo que pretendem medir ou o
conhecimentos que possuímos daquilo que o teste está a medir)
- Validade de Conteúdo - avalia-se através de metodologias qualitativas, através da reflexão em grupos
focais de peritos nos construtos a avaliar; procuram apreciar em que medida o conteúdo da prova cobre
os aspetos mais relevantes.
- Validade Facial - baseia-se na perceção dos destinatários; pretende-se analisar se os indivíduos
percebem o teste como estando a avaliar aquilo que pretendem medir, ou seja, se o teste parece medir
aquilo que é suposto. O examinado é um perito capaz de analisar objetivamente o seu comportamento
ou pensamento típico/habitual; está na melhor posição de saber como se sente, o que pensa e o que
faz; e comunica os seus sentimentos, pensamentos, preferências e comportamentos.
- Validade de Critério - analisada através do grau de relacionamento que é possível obter entre os
resultados no instrumento a validar e os resultados em critérios externos. Os coeficientes obtidos vão
depender do tipo de critérios externos usados e com o intervalo que medeiam entre a avaliação no
critério. 2 tipos: validade concorrente (quando o instrumento a validar e o critério são dados no mesmo
momento) e validade preditiva (quando a informação relativa ao critério externo é obtida
posteriormente à administração do instrumento que se pretende validar).
- Validade de Construto - grau em que conhecemos aquilo que a prova está a medir; não se testa
diretamente, é através da análise fatorial (a carga fatorial de um item no fator traduz em que medida
esse representa um dado traço latente e é a percentagem de covariância esse item e o respetivo fator -
análise fatorial exploratória e confirmatória).
- Validade convergente-discriminante - implica a verificação de dois princípios: Validade Convergente (o
teste deve correlacionar-se significativamente com outras variáveis com as quais o construto medido
pelo teste deveria encontrar-se relacionado); Validade Discriminante (o teste não deve correlacionar-se
com outras variáveis com as quais o construto deveria diferir).
Rastreio (reduz o risco, mas não oferece garantias) vs. Diagnóstico - os instrumentos de rastreio não
permitem fazer o diagnóstico, apenas providenciam um alerta. O rastreio deve ser entendido como um
processo de redução do risco, pesando os benefícios a que acedem aqueles que são corretamente
identificados, em comparação com aqueles que são sujeitos aos eventuais malefícios de um resultado
positivo, quando não têm a doença ou dos que têm um rastreio negativo, quando têm a doença.
Um teste muito sensível é útil quando existe uma penalização importante para o doente por omissão
do diagnóstico; em programas de rastreio; e no início da avaliação de um doente, quando estão a ser
consideradas muitas possibilidades de diagnóstico de modo a pôr de parte alguns diagnósticos e reduzir as
possibilidades de diagnóstico.
Um teste muito específico é útil quando se pretende confirmar um diagnóstico que é sugerido por
testes menos específicos e quando a existência de um resultado falso positivo tem importantes implicações
físicas, emocionais ou financeiras para o doente.
Metodologia das Curvas ROC - são uma ferramenta estatística que facilita a escolha do melhor ponto de
corte para a determinação de caso e, portanto, para a validação de instrumentos de rastreio. A vantagem
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consiste no facto de permitir a validação do teste de rastreio para diferentes pontos de corte, e não apenas
a avaliação singular da sensibilidade e especificidade de um instrumento; é necessária uma vasta amostra.
Gráfico - sensibilidade em função da taxa de falsos positivos para todas as pontuações possíveis do
instrumento, sendo a união de todos que forma a curva ROC. A acuidade do teste (capacidade para
discriminar doentes e não doentes) é a área abaixo da curva. As curvas que discriminam bem aproximam-se
do canto superior esquerdo do gráfico - o progressivo aumento da sensibilidade acarreta pouca ou nenhuma
perda da especificidade. O índice Y de Youden é uma medida de acuidade -> Y (0-1) = S + E - 1.
Pontos-Chave: a psicometria é a parte da psicologia focada nas técnicas e estratégias utilizadas para medir,
de forma adequada, válida e rigorosa, os processos e atributos psicológicos; os testes psicológicos são úteis
em vários contextos de saúde, tais como diagnóstico e prognóstico, rastreio e investigação; e os testes
psicológicos devem ter fidelidade e validade comprovadas.
- Os psicólogos ocupam uma parte do seu tempo em tarefas ou atividades de avaliação psicológica. Mas o
que é a avaliação psicológica?
- Neste contexto, a mecânica da avaliação psicológica pode ser caracterizada do seguinte modo: os
julgamentos clínicos e as tomadas de decisões são sempre arriscados e formulados, frequente e
inevitavelmente, em condições de incerteza, uma vez que não se sabe tudo aquilo que há para saber
acerca do cliente. Talvez por isso haja tendência para obter mais dados do que aqueles que são
necessários.
- Em termos de avaliação psicológica, não é apenas importante conhecer o funcionamento do cliente nem
as características psicométricas dos métodos e instrumentos de avaliação utilizados na aquisição de
dados. Torna-se igualmente necessário um melhor conhecimento acerca do modo como o processamento
da informação, mecânica e economia cognitivas (maneira de reduzir e simplificar os fluxos de informação)
operam, isto é, do modo como o funcionamento psicológico do clínico afeta a avaliação psicológica.
Tipos de Enviesamentos:
- “Enviesamentos confirmatórios” -> tendência geral para codificar, processar e recuperar a informação
que é consistente com um esquema. Ex: efeito das primeiras impressões e Efeito Halo (+) e efeito Horn (-
).
- “Correlações ilusórias” -> correlação vs causalidade. Encontram-se as situações em que os psicólogos
fazem interpretações ou atribuições de correlação ou mesmo de causalidade entre duas classes de
acontecimentos que não estão correlacionados, ou estão correlacionados numa extensão muito reduzida,
ou estão correlacionados na direção oposta à comunicada ou a sua correlação é acidental.
- “Heurística da representatividade” -> quando nos referimos a apreciações relativas à probabilidade de
determinada pessoa pertencer a uma determinada classe (ex: categoria nosológica) ou de determinado
acontecimento poder ser prognosticado a partir de determinada sequência de antecedentes.
- “Heurística da disponibilidade” -> acidente de carro vs acidente de avião. Quando as inferências
formuladas - acerca da frequência ou probabilidade de um acontecimento ou resultado - são
excessivamente influenciadas por outros fatores como a recordação seletiva de acontecimentos
anteriores. Esta recordação deve-se a características como a proximidade sensorial, espacial ou temporal,
a saliência percetiva, a importância ou intensidade do envolvimento emocional com o caso ou
semelhanças na aparência física, etc. Estas características estão assim mais disponíveis e, por isso,
exercem uma influência disproporcionada no processo de julgamento.
- “Erro atribucional fundamental” -> o erro de atribuição fundamental ou as vias de correspondência
fazem-nos enfatizar demais as características pessoais e ignorar os fatores situacionais ao julgar o
comportamento dos outros.
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- “Heurística do caráter único” -> pressuposto errado que reside na ideia de que a probabilidade lógica não
se aplica a casos individuais. Embora cada cliente seja único em muitas características, há sempre alguma
informação estatística que deve igualmente ser considerada, como dados relativos a grupos ou amostras
mais amplas e representativas da população a qual o sujeito pertence.
- “Enviesamento da previsão a posteriori” -> descreve a tendência para assumir depois do conhecimento
de um acontecimento ou dos seus resultados, que estes são inevitáveis e poderiam ter sido facilmente
prognosticados; ex: antes do exame - sinto que devia estudar esta parte, pode sair no exame; depois do
exame - eu sabia que aquela pergunta vinha no exame, devia ter estudado.
- “Efeito da regressão estatística para a média” -> «tendência» para desempenhos ou acontecimentos
extremos serem seguidos por desempenhos ou acontecimentos menos extremos.
A psicologia é uma profissão relativamente nova, mas desde os primeiros dias, a avaliação de pessoas
com o objetivo de tomar algum tipo de decisão sobre elas foi umas das suas funções. O fio condutor que une
todos os domínios da Psicologia é a MEDIÇÃO. Através desta tentamos compreender tudo acerca do
indivíduo, quaisquer que sejam as circunstâncias ou contexto (clínico, forense, educacional, aconselhamento,
saúde, ocupacional, investigação, etc.)
A Psicologia preocupa-se em descobrir não apenas que características é que uma pessoa possui, mas
também de que forma é que essas características estão organizadas para tornar esse indivíduo diferente dos
outros. Procura-se utilizar critérios consensuais para definir construtos psicológicos, e, sempre que possível,
medir esses construtos através do uso de escalas e de técnicas estatísticas. São métodos de avaliação mais
objetivos e menos influenciáveis pelas características da pessoa que faz a avaliação.
A avaliação psicológica refere-se à integração de informações de fontes múltiplas para descrever,
prever, explicar, diagnosticar e tomar decisões. A psicometria é o instrumento que mede as características
das pessoas, tendo sido submetido à padronização por meio de escalas que permitem comparar os
valores/resultados. Em qualquer forma de avaliação, as tarefas ou perguntas são chamadas de itens. Quando
um instrumento tem itens certos/errados, é geralmente referido como um teste; enquanto outros são
melhor referidos como questionários ou inventários. É importante que aqueles que fazem uso desses
instrumentos o façam de forma ética e sigam códigos de prática.
O que é a MEDIÇÃO? - “Medição é a atribuição de nºs às propriedades ou atributos das pessoas, objetos ou
eventos, através da utilização de um conjunto de regras” (Stevens, 1968) - PSICOMETRIA. Desta definição
podemos derivar várias características da medição:
- Foca-se nos atributos das pessoas e não nas próprias pessoas;
- Utiliza um conjunto de regras para quantificar os atributos. Essas regras devem ser estandardizadas,
claras, compreensíveis e fáceis de aplicar;
- Consiste no escalonamento e na classificação. O escalonamento lida com a atribuição de nºs de forma a
quantificar, i.e., para determinar quanto de um determinado atributo está presente. A classificação diz
respeito a definir se as pessoas ou os eventos caem na mesma ou diferentes categorias.
1. O objetivo da medição deve ser pré-determinado, por exemplo, predição, classificação, tomada de
decisão, etc.
2. O atributo deve ser identificado e definido. Tem que se acordar numa definição antes de se iniciar a
medição ou corre-se o risco de aplicar regras diferentes, resultando em medições variáveis. O objetivo
da medição deve guiar a sua definição.
3. Um conjunto de regras, baseadas nessa definição, deve ser determinado para quantificar o atributo.
4. As regras são aplicadas para transformar o atributo em termos numéricos.
Vantagens da medição:
Validade da AP: Dados de diversas meta-análises sobre a validade dos testes mostram que:
1. A validade dos testes psicológicos é forte e convincente;
2. A validade dos testes psicológicos é comparável à validade dos testes médicos;
3. Métodos distintos de avaliação proporcionam fontes únicas de informação;
4. Os clínicos que se baseiam exclusivamente nas entrevistas têm uma elevada probabilidade de não
chegar a uma compreensão completa;
- A validade de todo e qualquer instrumento de avaliação não se expressa por um número: ela requer uma
análise complexa que relacione vários aspetos, nomeadamente, objetivos da avaliação, contexto,
variáveis a avaliar, sujeito ou população avaliada e, essencialmente, os resultados, as consequências da
avaliação.
- A validação exige uma análise extensa de evidência, baseada em afirmações explícitas sobre as
interpretações, e envolve a tomada em consideração de aspetos vários e contraditórios. Aborda-se a
validade como uma hipótese e recorre-se à teoria, à lógica e ao método científico para recolher e juntar
dados que suportem ou recusem as interpretações num dado momento.
- A validade não é uma propriedade do teste ou da avaliação enquanto tal, mas sim do significado das
pontuações do teste ou instrumento. Estas pontuações são função, não apenas dos itens ou estímulos,
mas também das pessoas que respondem e do contexto onde ocorre a avaliação. Essencialmente, o que
necessita ser válido é o significado ou interpretação da pontuação, em paralelo com as implicações para
a ação.
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- Sem Medição: entrevistas, observações; outros questionários, checklists,….
- Testes e avaliações não são sinónimos. Os testes são uma das ferramentas usadas no processo de
avaliação. Avaliar é muito mais do que aplicar testes, é um processo dinâmico.
- O teste psicológico é um processo simples em que uma escala particular é administrada para obter uma
pontuação específica. Subsequentemente, um significado descritivo pode ser aplicado à pontuação com
base em descobertas normativas nomotéticas. Em contraste, a avaliação psicológica preocupa-se com o
clínico que faz uma variedade de pontuações de teste, geralmente obtidas de vários métodos de teste, e
considera os dados no contexto da história, informações de encaminhamento e comportamento
observado para compreender a pessoa que está a ser avaliada, para responder às perguntas de
encaminhamento e, em seguida, para comunicar os resultados ao paciente, aos familiares e fontes de
encaminhamento.
Testing:
- É o ato de administrar, cotar, e interpretar os resultados de um teste que mede uma de várias funções
psicológicas, tais como capacidade cognitiva, memória, ou traços de personalidade;
- É um processo relativamente simples e objetivo;
- A interpretação dos resultados limita-se à descrição do significado de uma pontuação, e os únicos outros
dados que são relevantes estão relacionados com a validade e a fidelidade, com base nos dados
normativos e no comportamento do sujeito
- No entanto, o resultado de um determinado teste individual, apesar de cuidadosamente selecionado,
administrado, cotado, e interpretado, raramente proporciona informação suficiente na qual basear
decisões significativas ou a compreensão de problemas complexos.
O que é um teste?
- É uma ferramenta ou técnica de medida usada para quantificar o comportamento ou auxiliar na
compreensão e previsão do comportamento;
- Os testes medem apenas amostras de comportamento e existe sempre um erro associado aos processos
de amostragem - portanto os resultados dos testes não são medidas perfeitas do comportamento ou
característica avaliada;
- Um teste é um conjunto de itens. Um item é um estímulo específico ao qual a pessoa responde
abertamente. Essa resposta pode então ser cotada ou avaliada.
- Saber a % de itens corretos pode ser enganador... É necessário enquadrar o resultado em escalas e
relacioná-los com uma distribuição normativa.
- A maioria dos testes psicológicos pode ser classificada em 3 categorias gerais: 1. Testes nos quais o sujeito
realiza alguma tarefa específica, como escrever um texto, responder a itens de escolha múltipla ou girar
mentalmente imagens apresentadas no computador; 2. Testes que envolvem observações do
comportamento do sujeito dentro de um contexto particular; e 3. Medidas de auto-relato, nas quais o
sujeito descreve os seus sentimentos, atitudes, crenças, interesses e afins.
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(Des)construindo conceitos:
- Teste: instrumento de medida estandardizado que tem como objetivo a obtenção de dados acerca do
sujeito.
- Escala
- Bateria
- Inventário
- Inquérito
- Questionário
- Provas psicológicas
- “When tests are used appropriately and skillfully they can be key components in the practice and science
of psychology”.
Assessment:
- Ao contrário do testing, o assessment “está relacionado com o facto do clínico pegar num conjunto de
pontuações nos testes, normalmente obtidos a partir de múltiplos métodos de teste, e considerar esses
dados no contexto da história, informação que chega com o pedido, e comportamento observado, para
compreender a pessoa que está a ser avaliada, para responder às questões colocadas no pedido, e para
depois comunicar os resultados ao paciente, aos seus familiares, e às fontes do pedido”.
- É um processo complexo e requer treino e perícia.
- Alguns dos objetivos principais da avaliação são (a) descrever o funcionamento atual, incluindo
habilidades cognitivas, gravidade da perturbação e capacidade para uma vida independente; (b)
confirmar, refutar ou modificar as impressões formadas pelos médicos por meio de suas interações menos
estruturadas com os pacientes; (c) identificar necessidades terapêuticas, destacar questões que podem
surgir no tratamento, recomendar formas de intervenção e oferecer orientação sobre os resultados
prováveis; (d) auxiliar no diagnóstico diferencial de transtornos emocionais, comportamentais e
cognitivos; (e) monitorar o tratamento ao longo do tempo para avaliar o sucesso das intervenções ou para
identificar novos problemas que podem exigir atenção à medida que as preocupações originais são
resolvidas; (f) gerir o risco, incluindo a minimização de potenciais responsabilidades legais e a identificação
de reações de tratamento indesejáveis; e (g) fornecer feedback de avaliação empática e hábil como uma
intervenção terapêutica em si.
- Na prática... Aplicar apenas um teste de memória (ou uma bateria deles) e interpretá-lo sem as
entrevistas, serviria de pouco. Poderá ter depressão, baixo nível de funcionamento cognitivo, uma
perturbação de ansiedade, etc., que afetam a memória e consequentemente os resultados nos testes.
Entrevistas cuidadosas acrescentam profundidade e validade ecológica aos resultados que forem
encontrados, e permitem ao psicólogo efetuar recomendações úteis e com significado.
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“Um teste psicológico é uma ferramenta muda e passiva, e o valor dessa ferramenta não pode ser separado
da sofisticação do clínico que realiza inferências a partir dela e depois comunica com os pacientes e outros
profissionais”.
Principais técnicas de AP: entrevistas, observação, testes psicológicos, dinâmicas de grupo, observação
lúcida, provas situacionais e outras.
NÃO ESQUECER: uma das distinções mais básicas entre os testes diz respeito a sua publicação ou não.
- Os testes publicados estão disponíveis comercialmente por meio de editores de teste.
- Testes não publicados devem ser obtidos do investigador individual que os desenvolveu, de bancos de
dados, de diretórios especiais de medidas não publicadas ou da literatura periódica.
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da pessoa avaliada:junta-se o desenvolvimento, construção e avaliação de meios adequados para juntar
e processar informação apropriada para a avaliação. Integra 2 componentes: Processo (sequência de
passos que o avaliador deverá seguir para responder às questões do cliente) e procedimentos
(instrumentos, testes, e outras técnicas de medida, incluindo métodos qualitativos, de juntar dados).
- Conjunto de práticas que são usadas em diferentes contextos: Educação; Clínica/Saúde; Aconselhamento
Psicológico; Justiça/Forense; Trabalho/Organização; Militar; Investigação;…
- É um ato de prestação de serviços especializados por um profissional de psicologia;
- Levanta problemas éticos e deontológicos que remetem para padrões e normas.
- Objetivos: Despistagem; Descrição; Compreensão; Verificação de hipóteses; Explicação; Diagnóstico;
Prognóstico; Planificação de intervenção; Medida; Investigação.
- A avaliação psicológica avalia construtos que, como refere Kane (2001), são ideias desenvolvidas para
organizar e explicar aspetos do conhecimento existente.
Aplicação prática:
1. Pedido: a Margarida foi enviada pelo seu médico de família, e ele vê bastantes pacientes idosos e
já fez vários outros pedidos ao mesmo psicólogo. Ele quer saber o seguinte: Os resultados dos testes de
memória e de funcionamento cognitivo são consistentes com demência?; Mostram um declínio
relativamente ao funcionamento pré-mórbido?; Se sim, qual o impacto desse declínio na vida quotidiana da
Margarida?; Existe alguma possibilidade de que o aparente declínio se deva a outros fatores, particularmente
a depressão? - No entanto, tudo o que o Dr. disse foi: “Gostaria que testasse a Margarida para avaliar a
hipótese de demência”.
2. O contexto do pedido:
- O Dr. Gouveia fez o pedido porque Pedro, o filho de Margarida, expressou a sua preocupação
relativamente aos problemas de memória da mãe.
- Pedro vai pagar particularmente pela avaliação, mas o relatório irá para o Dr. Gouveia.
- Pedro está preocupado com o funcionamento da mãe no dia-a-dia e com a sua capacidade para viver de
forma independente.
- O Dr. Gouveia quer confirmar um diagnóstico de demência antes de tentar algum tipo de medicação.
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3. Informação necessária para responder às questões do pedido: Para responder às questões
implícitas e explícitas, o psicólogo precisa de:
- Uma estimativa do funcionamento cognitivo e memória pré-mórbidos;
- A sua história de problemas emocionais e sinais e sintomas de depressão ou ansiedade;
- Resultados em testes de memória e funcionamento cognitivo;
- Conhecimento sobre os comportamentos da Margarida no dia-a-dia, as exigências do seu estilo de vida
presente e a sua capacidade para responder a essas exigências.
- O psicólogo também precisa de ter conhecimentos sobre os efeitos do envelhecimento normal na
cognição, memória, funcionamento emocional e vida diária.
4. Recolher os dados:
- O psicólogo conduz uma entrevista semi-estruturada para obter a história pré- mórbida, avaliar sinais e
sintomas de depressão e ansiedade, e recolher informação sobre a vida diária da Margarida.
- Revê os registos médicos da Margarida e entrevista Margarida e Pedro separadamente e em conjunto.
- Administra o BDI, subtestes da Escala de Memória de Wechsler, e a WAIS à Margarida;
- Certifica-se de que esses testes têm normas que são adequadas à idade da Margarida;
- Usa materiais de referência para garantir que está a interpretar os resultados corretamente e não a
confundir demência com envelhecimento normal.
- Tem também em conta alguma questão de ordem cultural que possa ser relevante, tal como raça ou
etnicidade.
6. Comunicar os resultados:
- O psicólogo comunica os resultados à Margarida e ao seu filho numa consulta de seguimento, e prepara
um relatório para o Dr. Gouveia.
Algumas considerações... Em alguns contextos (ex.: seleção e recrutamento) muitas vezes o processo de
avaliação é mais limitado e pode passar apenas pela aplicação de testes (ex.: testes de aptidões). Apesar dos
testes psicológicos terem uma precisão limitada, ainda assim foram considerados pela National Academy of
Sciences como o melhor, mais justo e mais económico método de obter a informação necessária para tomar
decisões sensatas sobre os indivíduos.
- O psicólogo, através da avaliação psicológica, deverá estar apto a identificar e descrever aspetos
psicológicos que são suscetíveis de facilitar ou embaraçar, quer a reação ao diagnóstico quer a reação e
ajustamento à doença, aos tratamentos, a curto ou a longo prazo.
- A propósito da avaliação psicológica Fernández-Ballesteros, et al. (2001) explicam que: 1) O processo de
avaliação implica um processo de tomada de decisão, ou seja, visa a utilização de procedimentos (no
processo) úteis para a tomada de decisão visando a resolução de problemas práticos importantes; 2)
implica resolução de problemas, ou seja, é um processo de constante questionamento, e implica, entre
outros, um conjunto de fases a) de clarificação do problema, b) planificação, c) desenvolvimento, d)
implementação, e) encontrar um resultado e, f) disseminação; e 3) requer a produção de hipóteses,
inerente ao processo clínico.
- A avaliação psicológica deve ter valor preditivo ou diagnóstico e faz-se com recursos a instrumentos
técnicos que, por isso, devem ser utilizados por profissionais com treino no seu uso.
- A utilização adequada de um teste psicológico requer um treino longo: em primeiro lugar porque cada
teste mede um conceito, um construto: os psicólogos devem conhecer profundamente a teoria
subjacente ao instrumento, e os conceitos e construtos que ele avalia. Só assim se pode compreender e
explicar os resultados, conhecer o modo como é aplicado, compreender o modo como o respondente se
comporta, saber cotar e reportar os resultados, e os procedimentos éticos inerentes à utilização do teste,
entre outros.
NOTA: Os princípios éticos da APA determinam que os psicólogos forneçam serviços que atendam aos
melhores interesses dos seus pacientes. Assim, todos os avaliadores devem ser capazes de fornecer uma
justificativa sólida para o seu trabalho e explicar os benefícios esperados de uma avaliação, bem como os
custos previstos. Embora seja valioso entender os benefícios de um teste em relação aos seus custos gerais,
é importante perceber como as relações custo-benefício podem ser determinadas apenas para pacientes
individuais quando se trabalha num contexto clínico.
Operacionalização em psicologia:
- Edward Thorndike, figura marcante na história da psicologia, referia que se algo existe na natureza, existe
em certa quantidade e, como tal, pode ser mensurável. O conceito de operacionalização é dos mais
importantes em ciência e na psicologia.
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- De uma maneira simples, a operacionalização diz respeito ao conjunto de operações que permitem
definir um conceito ou construto. Como referem Silva et al. (2008) “uma definição diz-se “operacional”
se indicar as operações que se deverão realizar para detetar a presença do fenómeno a que se refere o
conceito, tipificá-lo e (sempre que possível) quantificá-lo”.
- É imprescindível definir bem o que se pretende avaliar nos mais variados contextos (settings) onde pode
trabalhar o psicólogo: na investigação científica, sendo que um dos passos ou etapas centrais, é
precisamente operacionalizar aquilo que se pretende estudar ou investigar; no contexto da avaliação
quando, por exemplo, pretendemos medir um ou mais comportamentos-alvo e, consequentemente, na
intervenção, dado que será a partir desta avaliação operacional que se vão estabelecer objetivos clínicos
para assim se monitorizarem os eventuais ganhos terapêuticos.
- Em psicologia, estamos muitas das vezes interessados em variáveis que não se observam diretamente
(variáveis manifestas) mas que apenas se podem inferir a partir de indicadores objetivos como itens de
uma escala ou inventário ou observação direta do comportamento - variáveis latentes.
- Neste sentido, é fundamental que essa inferência seja feita da maneira mais rigorosa possível e que os
comportamentos que se querem avaliar possam ser o mais fielmente e validamente representados pelos
nossos indicadores manifestos. De uma maneira simples e operacional, pode por exemplo dizer-se que o
tempo é tudo aquilo que se pode medir com um relógio; por sua vez, um relógio é tudo aquilo que se
repete e espaço é tudo aquilo que se pode medir com uma régua.
- É importante realçar a ideia de que o conceito de operacionalização de um construto psicológico não
esgota todas as características ou propriedades desse mesmo construto, mas que apenas permite defini-
lo o mais objetivamente possível para melhor avaliar.
- Relevância para a investigação e para a prática psicológica.
O caso da psicopatologia:
- O caso do DSM-5
- O fator “p”
- A abordagem de redes
- RDoC
- HiTOP
As 3 hipóteses que se colocam quando se pretende utilizar uma técnica, um instrumento de avaliação são: a
construção, a adaptação ou a adoção da técnica.
- Construção - forma mais apropriada se o objetivo principal não for a comparação entre nações ou entre
culturas, devem-se respeitar as exigências técnicas que se apresentaram antes, e que tornam o processo
dispendioso. Deve-se começar por identificar e definir com clareza o objetivo da avaliação que se pretende
realizar, segue-se a explicitação do quadro teórico onde se inclui o conceito a avaliar, a definição clara e a
sua aplicação à população (construto), a escolha e análise das dimensões que compõem o conceito e dos
itens que as integram, a escolha da forma de responder e a definição da escala de resposta, a reflexão
falada (cognitive debriefing), assim como a aplicação dos restantes procedimentos implícitos e explícitos
na rede nomológica.
- Adaptação - tem a vantagem da teoria, o conceito, dimensões e itens já estarem definidos numa qualquer
língua, mas tem como dificuldade, dado o principal objetivo ser que os resultados possam ser comparados
nas línguas/culturas diferentes, garantir que as técnicas ou instrumentos de avaliação forneçam os
mesmos resultados. A adaptação é provavelmente o processo mais complexo. Mesmo que dois países
usem a mesma língua, os instrumentos precisam de ser adaptados por razões lexicais (as palavras não
13
significam o mesmo), gramaticais (as frases não se juntam do mesmo modo e cada língua tem a sua
gramática), culturais (cada cultura dá um significado próprio a conceitos). Por isso é necessário fazer
adaptações. Van de Vijver e Tanzer (2004) salientam que é difícil garantir que as pontuações que se obtêm
numa cultura possam ser comparadas com as obtidas noutras culturas e que essas pontuações podem ter
significados completamente diferentes. Mas as diferenças não dizem respeito somente à língua. A
equivalência linguística pode não ser possível por o conceito/construto não ser idêntico ou não existir na
cultura para onde se está a adaptar o instrumento.
- Há a possibilidade de haver variações na natureza de construtos multidimensionais em diferentes
culturas, pelo que é importante investigar diversos aspetos, como: que domínios são importantes para o
construto na cultura em jogo, e quais as relações entre eles (equivalência conceptual); examinar de modo
crítico os itens utilizados para avaliar esses domínios, e se a relevância desses itens é idêntica nas culturas
(equivalência do item); assegurar que a tradução respeita a equivalência semântica dos itens (equivalência
semântica); assegurar que os métodos de medição utilizados são adequados para a cultura em questão
(equivalência operacional); inspecionar as propriedades psicométricas do instrumento (equivalência de
medida); e examinar o resultado do processo em termos de comportamento do instrumento (equivalência
funcional). Quando a comparação inter-culturas não é importante, pode ser mais relevante e mais fácil
desenvolver um novo instrumento na nova língua.
- Quando se traduz um instrumento há 3 opções: aplicar o instrumento com uma tradução literal; adaptar
partes do instrumento; ou construir um novo instrumento. Cada uma destas ações podem tornar o
instrumento mais adequado para o novo grupo cultural.
Background histórico:
- Francis Galton (1822 - 1911) - interessado em medir os mais diversos aspetos das pessoas no seu
laboratório:
14
- Aplicou as teorias de Darwin ao estudo dos seres humanos.
- Enfatizou a importância das diferenças individuais - Psicologia Diferencial.
- Criou os primeiros testes de capacidade mental.
- Foi o primeiro a utilizar questionários.
- Descobriu diversos procedimentos estatísticos de análise de dados, muitos dos quais ainda em uso:
- Ex: descobriu que várias medidas da fisiologia e aptidões humanas produziam uma “curva normal”
que pode ser descrita pela sua média e DP, e sugeriu o uso deste indicadores para descrever
medidas dos atributos humanos
- Descobriu o conceito de correlação (que encorajou Karl Pearson a desenvolver), que especifica o
grau de associação entre quaisquer 2 atributos.
- Também inventou as scatter-plots (gráficos de dispersão) para representar dados.
15
- Foi pioneiro na criação de uma teoria unificadora das diferenças individuais, combinando investigação
sobre inteligência e personalidade.
- Teorizou a existência de uma inteligência fluida e uma inteligência cristalizada que compõem a
inteligência geral (g).
- Desenvolveu o “Culture Fair Intelligence Test” para minimizar a influência da linguagem e da cultura na
avaliação da inteligência.
- TESTE ALFA:
- Focava-se no conhecimento da linguagem oral e escrita.
- Vários sub-testes que incluíam: capacidade para seguir direções verbais, resolver problemas aritméticos,
demonstrar capacidade de julgamento prático, usar sinónimos e antónimos, completar séries de números
e identificar analogias.
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- TESTE BETA:
- Semelhante, mas não sendo afetado pelo conhecimento do inglês.
- Administração realizada através do uso de sinais manuais.
- Tarefas incluíam: Completar problemas tipo labirintos e puzzles; Contar; Emparelhar números e símbolos;
e Construções geométricas.
- Estes testes contribuíram significativamente para o reconhecimento do benefício dos testes, mas a sua
validade tem sido posta em causa...
As escalas de Wechsler
- David Wechsler, aluno de Spearman, desenvolveu aquela que é provavelmente a mais importante,
conhecida e usada escala de avaliação da inteligência para adultos: Wechsler Adult Intelligence Scale
(WAIS).
- Publicada originalmente em 1939 como a Wechsler-Bellevue Scale, e em 1955 como a WAIS, e tendo por
base largas amostras de estandardização, foi substituindo progressivamente a Escala de Stanford-Binet.
- Uma outra versão, para idades entre os 5 e os 16 anos foi posteriormente desenvolvida: Wechsler
Intelligence Scale for Children - WISC. Contêm 2 sub-escalas: verbal e de realização (não-verbal) - Cada
sub-teste inclui questões de todos os níveis (muito fácil a muito difícil).
- ESCALA VERBAL
- Alguns sub-testes medem principalmente a inteligência cristalizada (avaliam compreensão, conhecimento
e vocabulário).
- Desempenho nesta escala influenciado pelo nível de educação e classe social.
- Pontuação correlaciona-se com sucesso académico e profissional.
- ESCALA DE REALIZAÇÃO
- Sub-testes mais relacionados com inteligência fluida.
- Desempenho menos afetado por outros fatores
=> Ambas as escalas, bem como o QI de escala completa têm elevados coeficientes de precisão e fidelidade.
=> É necessário bastante treino para uma adequada administração, cotação e interpretação.
Etapas históricas da AP
- Os TRAÇOS são definidos como tendências ou características relativamente constantes e duradouras dos
indivíduos, sendo previsíveis e indicando algum potencial subjacente.
- Permanecem relativamente estáveis ao longo do ciclo de vida, particularmente a partir da idade adulta.
- Medem-se comparando a posição da pessoa numa escala de traço com a posição de outras pessoas (grupo
normativo). Ex: sou mais ou menos agressiva do que os outros?
- Os ESTADOS são aspetos transitórios ou temporários da pessoa, tais como estados de humor, felicidade,
raiva, medo, desconforto ou mesmo surpresa.
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- Tendem a ser demonstrados fisiologicamente.
- Podem resultar dos efeitos de circunstâncias situacionais.
- Alguns estados podem também ser classificados enquanto traços: Motivação e Ansiedade.
- Os traços ajudam-nos a compreender o comportamento a longo prazo, enquanto os estados são mais
relevantes se estamos a tentar prever como a pessoa se vai comportar naquele determinado momento.
Elementos-chave na Psicometria
1. Estandardização
- Na administração, para que os procedimentos e as instruções sejam os mesmos para cada pessoa que
responde ao teste.
- Na interpretação - existe informação normativa sobre como é que diferentes grupos responderam, que
está disponível no manual técnico; os valores obtidos por uma pessoa vão ser comparados com esses.
2. Fidelidade
- Está relacionada com a estabilidade dos resultados.
- Indica-nos o grau de exatidão ou confiança que podemos ter na informação obtida.
3. Validade
- O instrumento deve de facto medir o que é suposto medir.
- É a base para podermos fazer inferências válidas sobre as pessoas a partir dos resultados nos testes.
- Norm-referenced tests:
- Tipo de teste que proporciona uma estimativa da posição do indivíduo que foi testado relativamente
ao desempenho/resultado da população à qual pertence (grupo normativo), no traço/característica
que foi avaliada (maioria dos testes psicológicos).
- Criterion-referenced tests:
- O resultado indica se o indivíduo teve um bom ou mau desempenho numa dada tarefa, em termos
absolutos, i.e., se a pessoa atingiu ou não um determinado objetivo, mas não o compara com o seu
grupo de referência (ex: testes escolares - o critério é saber uma determinada matéria).
- Procedimento:
- Obtenção do resultado bruto (que é um valor absoluto, sem qualquer referência a outros).
- Pode ser um valor exato ou uma percentagem.
- Transformação desse valor num resultado relativo: Percentil; Valor z = (x - μ) / σ (dá valores
negativos…); Valor T = (valor z x 10) + 50 (dá valores positivos…); …
- Os Itens:
- São elementos chave na construção de questionários/inventários;
- Itens bem concebidos são mais adequados para medir o atributo que se pretende e para discriminar
entre pessoas.
- É necessário conceber mais itens do que aqueles que se pensa serem necessários para avaliar um
determinado atributo, pois alguns serão eliminados na fase de análise dos itens, e vão apenas escolher-
se os melhores.
- O nº de itens necessário para medir com precisão uma variável depende da natureza da característica.
- Regra geral, os itens devem ser escritos em linguagem simples e clara, e com um nível de
complexidade adaptado à população alvo. Devem também ser adequados ao tipo de medida que se
pretende (ex: testes de aptidão, inventário de personalidade, etc).
- Testes de Inteligência
- Geralmente procuram avaliar a capacidade de raciocínio básico e a capacidade para associar e perceber
relações. Ex: Marinheiro está para navegar assim como Piloto está para: 1. correr; 2. voar; 3. nadar; 4.
lutar; 5. ajudar; 6. jogar.
- Outro tipo popular de item é baseado na ideia de qual não se inclui num conjunto. Ex: Qual dos
seguintes não se inclui? 1. Alemanha; 2. Itália; 3. Índia; 4. China; 5. Ásia; 6. Austrália.
- Também são comuns os itens sobre sequências ou séries: 1, 2, 4, 8, 16, 32, ... Que nº vem a seguir?
21
partir de um código de correspondência dígito-símbolo; …
- Espacial
- Mecânica
- Velocidade percetiva
- Criatividade
- Itens relacionados com aptidões podem sobrepor-se aos testes de inteligência (ex: analogias para
raciocínio verbal; sequências para raciocínio numérico).
- Ex: Aptidão espacial: [[ + ]] = (i) [ ][[ (ii) ][[ ] (iii) [[[ ] (iv) [[ ][
- Tipo de itens mais comum: itens de escolha múltipla: Aumentar o nº de opções incorretas reduz a
probabilidade de acertar ao acaso; mas raramente há mais de 5 opções; Itens fáceis de cotar e de
administrar, mas morosos de conceber.
22
- Podem ser apropriados para a identificação de condições clínicas, como fobias ou obsessões, em que
apenas o termo relevante precisa de ser fornecido.
- A escolha dos itens deve ter uma base teórica.
- Os instrumentos podem por vezes combinar diferentes tipos de itens em secções diferentes. Os tipos de
item vistos até aqui, que podem ser classificados como “de escolha alternativa”, têm a vantagem de se
avaliar os factos de forma rápida e fácil, mas aumentam o risco de se manipular a resposta.
23
Estandardização e tipos de escalas e itens
Estandardização...
- Na administração - procedimentos e instruções são os mesmos para cada pessoa que responde ao
teste.
- Na interpretação - existe informação normativa sobre como é que diferentes grupos responderam,
que está disponível no manual técnico; os valores obtidos pela pessoa são comparados com essa
informação (está abaixo, na média ou acima).
- Os testes de avaliação têm “ferramentas” para contabilizar os resultados obtidos, que devem ser
usados com rigor:
- Grelhas de correção/cotação
- Instruções e/ou critérios de correção/cotação
- Respostas corretas às questões
- É possível obter 2 valores:
- Resultado bruto (RB) - número/valor total de respostas corretas, ou pontuação total, para cada
teste.
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- Resultado normalizado/padronizado - Comparação do RB com os valores do grupo de referência
(idade, sexo, escolaridade), com base nas normas. Estes valores são apresentados em tabelas.
TESTES/ESCALAS/PROVAS PSICOLÓGICAS
COMPONENTES BÁSICOS: ESCALAS E ITEMS
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- ITENS: unidades de medida numa escala; são o motor da medida, ao “provocar” respostas; a sua
quantidade e qualidade são exigências importantes para uma boa medição.
ITENS:
- Exemplo de item (“motor” que provoca uma resposta).
- Exemplo de observação pertencente a uma categoria: se respondi “portuguesa” é-me atribuído o
nº1/categoria 1.
- Exemplo de escala em que a observação tem mais ou menos quantidade de uma propriedade.
ESCALAS:
- ESCALAS DE MEDIDA USADAS NOS ITENS E NOS TESTES PSICOLÓGICOS [Classificação de Stevens
(1940)]
- Escalas de intervalo/intervalares
- Muitos autores: nível mínimo do que se pode considerar uma medida;
- Para além do posicionamento (em categorias), as distâncias entre as categorias são conhecidas
e estão estabelecidas. A diferenciação dos sujeitos assume um valor quantitativo constante ao
longo da escala (daí serem escalas de intervalos/pontos).
- A distância dos pontos entre si é igual: a distância entre o ponto 1 e o ponto 3 é duas vezes a
diferença entre o ponto 1 e o ponto 2; num termómetro dois graus de diferença entre os 38 e 40
significa exatamente o mesmo que 2 graus de diferença entre os 10 e os 12 graus.
- Claro que a distância métrica pode não corresponder totalmente à distância subjetiva. Com a
maioria das variáveis em psicologia, uma verdadeira escala intervalar é inalcançável -> se a
maioria das medidas em psicologia supõe a existência de uma escala intervalo, tal trata-se apenas
de uma aproximação; o uso de correlações de Pearson/testes t de student estariam interditos à
maioria dos estudos se não se assumisse esta aproximação.
- Nestas escalas não existe um “ponto zero” (apenas um zero “não absoluto”). Ex: temperatura;
horas, minutos e segundos; etc.
- Em psicologia, os somatórios de escalas compostas por itens ordinais são frequentemente
tratados como correspondendo realmente a escalas intervalares. Ex: determinadas escalas acerca
de nível de ansiedade, inteligência, psicopatia ou outras características de personalidade).
27
- Escalas de razão
- Escalas ideias de medida: existe “zero absoluto” (total ausência do que é medido).
- Escala com características das escalas intervalares, em que a “distância entre as observações” é
dada em relação ao “zero absoluto” (se uma pessoa pesa 120 kgs pesa o dobro de outra que pesa
60 kgf, o que não ocorre se não houver “zero” como no caso da inteligência). Ex: rendimento,
tempo de reação, idade…
- Em psicologia são raras as medidas deste nível: como definir a inexistência de uma característica
(ex: introversão-extroversão; total ausência de conhecimento da escola)?
RESUMO:
Relação entre as escalas de medida dos itens de uma prova psicológica e as análises estatísticas
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Escalas de resposta e construção de instrumentos de avaliação psicológica
TESTES/ESCALAS/PROVAS PSICOLÓGICAS
Escalas de resposta:
- As escalas de resposta mais frequentes são as escalas de tipo Likert e as escalas dicotómicas, no
entanto, convém ter noção das outras opções disponíveis.
- Likert; Visuo-analógicas; Thurstone; Guttman; De diferencial semântico; De escolha forçada; e
Dicotómicas.
- Obs: não confundir com escala de medida de uma variável do sistema de níveis de Stevens.
MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO:
- 1. Método das Comparações Emparelhadas: Premissa: se existir um nº grande de afirmações sobre
atitudes e se se fizerem comparações emparelhadas dessas afirmações numa dicotomia favorável-
desfavorável, será possível ordenar as informações num contínuo favorável-desfavorável com base na
indicação de qual a afirmação de cada par mais favorável do que a outra.
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- 2. Método dos Intervalos Sucessivos ou Julgamento Categorial
- 1) Solicita-se a um nº elevado de juízes (50 a 300) que classifiquem de modo independente cada uma
das muitas afirmações em 11 categorias que variam do “mais favorável” ao “menos favorável”,
passando por um ponto neutro.
- 2) Com base na classificação dos juízes encontra-se uma média para cada item (fator de ponderação).
Os itens com DP muito elevado e que não tenham distribuição normal são eliminados visto haver
grande discordância entre juízes. Os itens retidos apresentam os diferentes coeficientes de
ponderação encontrados, com base nos quais se calcula a nota do indivíduo.
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ESCALAS DICOTÓMICAS
- Escalas de escolha forçada em que o respondente tem de escolher entre duas respostas antagónicas, do
tipo sim-não; certo-errado; falso-verdadeiro.
- NOTA: sobre inversão de itens: Serve principalmente para atenuar tendências de respostas aleatórias
(itens invertidos deverão ser mencionados no manual da prova!!).
Construção de instrumentos de avaliação psicológica
- É importante ter as instruções, os exemplos e os exercícios de treino (se houver) definidos antes de
avançar para qualquer aplicação, para assegurar a validade dos resultados.
- Como recolher a amostra de itens inicial?
- Consulta da população-alvo (ex., “o que é para si uma situação ansiosa?”).
- Consulta de especialistas na área.
- Leitura de bibliografia sobre o construto e sobre instrumentos com algumas semelhanças.
- AMBIGUIDADE
1. O item não comporta qualquer ambiguidade.
2. Só sendo muito exigente se poderá descobrir uma ligeira ambiguidade, a qual, contudo, não tem
consequências práticas.
3. Se lermos cuidadosamente o item e refletirmos sobre as possíveis respostas, torna-se evidente que o
item não pode ser respondido sem ambiguidade.
4. O item é obviamente ambíguo.
- ABSTRAÇÃO
1. o item é concreto em todos os seus aspetos.
2. Os aspetos mais importantes do item estão redigidos em termos concretos; a impressão global é
concreta.
3. Os aspetos importantes do item estão redigidos em termos abstratos: a impressão global é abstrata.
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4. O item não tem qualquer referência concreta.
- Vantagens
1. Identificação de ambiguidades associadas ao formato e conteúdos dos itens.
2. Identificação dos processos e estratégias usadas pelos sujeitos nas suas respostas, e em que
medida estão de acordo ou contrariam o sentido da avaliação em causa.
3. Apreciação da eficácia e qualidade das várias alternativas de resposta formuladas.
4. Identificação de alguns aspetos peculiares ou dificuldades acrescidas apresentadas por algum
item.
5. Conhecimento das atitudes gerais dos sujeitos face aos itens propostos ao longo da prova.
6. Deteção de itens mal construídos.
7. Primeiro nível de conhecimento das dificuldades sentidas pelos sujeitos na resposta à prova.
8. Primeira perceção da adequação/suficiência das instruções, e uma estimativa do tempo
requerido para a realização da prova.
- Desvantagens
1. A nossa capacidade de registo do feedback dos sujeitos é limitada e equipamento de registo
pode provocar enviesamentos nas verbalizações.
2. Técnica depende de boas capacidades de interiorização, verbalização e expressão por parte
dos sujeitos (difícil com alguns grupos etários ou com baixa escolaridade).
A consulta de especialistas também pode ser efectuada na fase de análise qualitativa dos itens. Pode
também discutir-se com eles a informação recolhida durante a reflexão falada.
Focus Group:
- Objetivo: Avaliar formas alternativas de construir itens ou mesmo, numa fase inicial, para auxiliar na
construção dos itens.
- Pode usar-se em simultâneo com a Reflexão Falada, ou na sequência dela.
1. Índice de dificuldade ou dispersão das respostas numa amostra de sujeitos avaliados - da maior
pertinência em testes de desempenho [análises relacionadas com a “validade interna” do item e com a
consistência interna da prova/escala:].
33
2. Capacidade discriminativa do item: A. Em que medida o item consegue diferenciar entre grupos que
obtêm as pontuações mais baixas versus elevadas na prova/escala?; B. Correlação item-total corrigido:
o resultado num item está relacionado com o resultado final na prova (depois de retirada a influência
desse item no resultado final)?
3. Contribuição do item para consistência interna da escala/prova: determinação do coeficiente alfa de
Cronbach da prova/escala retirando o item.
4. Correlações inter-item: o resultado num item está relacionado com as respostas aos demais itens?
5. Correlação com critérios externos, e.g., outra prova, notas escolares, diagnósticos clínicos, etc...
(validade “externa” do item)
- Leque de valores possíveis na escala do índice de dificuldade varia entre ID=.00 (nenhum sujeito resolveu
corretamente) e ID=1.0 (todos responderam corretamente). (QUANTO ˃ o valor, mais fácil é o item).
- Através da proporção de acertos e erros a um item, obtemos a sua variância.
- A máxima variância obtém-se com itens de ID = 0.50 muito importante nas provas que vão seriar
sujeitos/pretendem máxima comparabilidade interindividual dos resultados.
- Podemos comparar melhor sujeitos entre si recorrendo a itens com índice médio de dificuldade.
- Uma máxima diferenciação em testes centrados em normas obtém-se: com itens de dificuldade perto de
.50 e itens que se aproximam dos limites de dificuldades (.00 e 1.0).
34
Cuidados a ter!
- Ter em conta as omissões de resposta...
- Quando são omissões intercalares podem traduzir erro ou dificuldade.
- Mas na parte final da prova podem significar falta de tempo. (Neste caso, não entrar com as
omissões no cálculo do índice).
- Ideal: aplicar testes sem limite de tempo quando se pretende realizar estas análises.
- O cálculo deste índice em testes de velocidade e de acuidade percetiva não faz sentido (a dificuldade
real depende do pouco tempo disponível para a realização da tarefa e não dos processos mentais
envolvidos).
- No cálculo deste índice há que atender, ainda, às alternativas de resposta e ao acaso nas respostas.
- É necessário realizar o cálculo, item a item, da percentagem de respostas atribuídas a cada
uma das alternativas, sendo que: Nos itens de dificuldade intermédia nenhuma alternativa
deve apresentar maior número de escolhas que a alternativa correta; Nos itens muito fáceis
ou muito difíceis a distribuição dos sujeitos será em conformidade com o grau de dificuldade;
- Respostas ao acaso afetam objetividade da avaliação:
- Não podemos dizer que a nota final é apenas fruto da capacidade resolutiva do sujeito ou “nota
verdadeira”.
-
Este problema agrava-se com um nº reduzido de alternativas de resposta a cada item.
=> O formato de item mais problemático é o dicotómico (V/F ou A/B): 50% de possibilidade de acertar sem
conhecimento efetivo da resposta correta.
- Gronlund (1976) calculou nível médio de dificuldade dos itens dado o nº de alternativas.
- Várias fórmulas de correção do índice de dificuldade dos itens aparecem nos manuais para atenuar
os acertos devidos ao acaso (e.g. fórmula de Garrett, 1962).
2. Poder Discriminativo
- Grau em que o item diferencia no mesmo sentido que o teste global (melhores desempenhos no teste
correspondem a melhores desempenhos no item e vice-versa).
- Em testes de desempenho implica que: sujeitos melhores e piores realizadores deverão responder de
forma diferente num item como elevado poder discriminativo, acertando e falhando percentualmente
mais, respetivamente.
- Avaliamos as qualidades métricas de um só item, por referência ao próprio teste ou ao conjunto dos
outros itens (também se fala em validade interna do item).
- Poder Discriminativo é dado por um coeficiente de correlação (varia entre -1.0 e +1.0):
- Valor de 0.0 = poder discriminativo nulo (i.e., igual no de sujeitos fortes e fracos acertam ou falham
o item).
- Coeficiente negativo: sujeitos com pior desempenho no teste global realizam melhor o item.
- Coeficiente positivo: sujeitos com melhor desempenho no teste global realizam melhor o item.
- Normalmente não se inclui o item em causa no cálculo de médias, d.p., totais, etc. para a escala completa,
para não inflacionar os valores obtidos.
- O poder discriminativo pode ser calculado através de um coeficiente de correlação bisserial quando a
resposta ao item é de tipo dicotómica (certo ou errado) (fórmula Glass & Stanley, 1970).
35
- Obtém-se coeficiente item×total corrigido (corrected item total correlation): um dos outputs disponíveis
(SPSS) quando, com escalas com itens ordinais (Likert), se calcula o alpha de Cronbach (mais usado)
Valores mais elevados de poder discriminativo associam-se a coeficientes de fidelidade mais elevados (vão
no sentido da maior homogeneidade da prova).
4. Correlações inter-item
- O resultado num item está relacionado com as respostas aos demais itens?
- Através da determinação de uma matriz de inter-correlações entre os vários itens de uma escala, pode
apreciar-se a magnitude dos coeficientes encontrados.
- As correlações devem ser moderadas (nem muito elevadas, nem demasiado baixas).
- Deve ponderar-se excluir:
- Itens nada correlacionados com outros -> porque talvez não estejam relacionados com o construto
medido pelos restantes itens, colocando em causa a homogeneidade da escala;
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- Itens que exibam correlações muito elevadas com algum outro item -> porque são provavelmente
redundantes.
- Relação entre as respostas dos sujeitos a um item e seu desempenho numa outra situação que não esse
teste (variável critério).
- Múltiplos critérios externos podem ser usados nestas análises, dependendo da disponibilidade, do
construto avaliado e dos objetivos de construção da prova:
- Em provas de desempenho usam-se notas escolares ou parâmetros de realização profissional.
- Em escalas de desenvolvimento recorre-se frequentemente à própria idade ou progressão nas
aprendizagens.
- Em testes de personalidade o recurso mais habitual tem sido o diagnóstico psicopatológico ou
diferentes medidas de adaptação psicossocial dos sujeitos.
- Também é possível recorrer a provas similares já existentes e previamente validadas.
- Os procedimentos de cálculo são diversos.
- Tem de se ter em conta a escala de medida inerente ao formato do item e o tipo de escala em que se
apresenta o critério para correlacionar.
Em rigor, o estudo da correlação com critérios externos já remete para a validade do próprio teste ou prova,
mas neste caso a análise centra-se ao nível de cada item individual enquanto amostra ou representante do
construto medido pela totalidade do instrumento.
Validade interna vs. Validade externa
- Validade interna = consistência ou homogeneidade da prova.
- Validade externa = ligação à prática, poder preditivo do comportamento.
- Ambos os indicadores devem ser o mais elevados possível, mas...
- Nem sempre se verifica esta coincidência... => Então por qual optar?
- Ter em consideração os objetivos da prova, a que fim se destina e o que foi inicialmente definido em
termos da operacionalização do construto:
- Unidimensional = ênfase colocado na validade interna
- Multidimensional = ênfase colocado na validade externa
37
Sensibilidade, fidelidade e validade
O processo de aferição...
- Implica estudos normativos e o estudo das características metrológicas dos itens e dos resultados.
- Deve incluir toda a informação técnica relevante na análise e apreciação dos resultados:
- Normas ou padrões para interpretação dos resultados brutos
- Sensibilidade
- Fidelidade
- Validade
- É relevante na:
- Construção de um novo instrumento.
- Adaptação de uma prova originalmente construída para um grupo distinto (outro país, faixa etária,
etc.).
- É mais correto reportar os coeficientes de sensibilidade, fidelidade e validade aos resultados de uma
aplicação do teste, e não ao teste em si mesmo -> Um teste pode reunir boas características psicométricas
num dado grupo ou situação, e não noutro.
4. Bipartição do itens
- Aplicação única da prova, realizando-se depois a correlação entre duas metades formadas pela divisão
dos seus itens.
- Não se deve dividir a prova entre 1a metade e 2a metade dos itens (efeitos de fadiga, envolvimento,
dificuldade, etc.). Melhores itens alternados, por ex.
- Aplicação da fórmula de correção de Spearman- Brown para estimar o coeficiente esperado (atenuar o
efeito negativo da menor variabilidade de resultados devida ao menor no de itens em relação à prova
completa):
- Vantagens e desvantagens
- Método de fácil aplicação à maioria das provas, exceto de velocidade.
- Uso de resultados de uma única aplicação elimina variações devidas a alterações durante o intervalo
de duas aplicações.
- Mas erros ocasionais distribuem-se por ambas as metades podendo inflacionar o coeficiente final
(ainda mais se for um teste com poucos itens).
5. Consistência interna
- Aplicação única da prova.
- Reflete o grau de uniformidade ou de coerência existente entre as respostas dos
sujeitos a cada um dos itens que compõem a prova.
- Avalia a homogeneidade dos itens e a intercorrelação entre os itens e a escala total.
- Itens de resposta dicotómica: coeficiente de Kuder-Richardson.
- Itens com resposta em escala ordinal (tipo Likert): coeficiente alpha de Cronbach.
- É um dos mais utilizados índices de fidelidade.
- Desejável coeficientes > .70.
- Por vezes é necessário aumentar o no de itens para se conseguirem coeficientes de consistência interna
aceitáveis.
- A consistência interna de uma escala depende da homogeneidade dos itens que a compõem.
- Análises de itens típicas em escalas:
- Correlação item-total (no mínimo 0.2, sendo usualmente desejável 0.3);
40
- Em provas de desempenho: índice de dificuldade do item
- Coeficiente alfa de Cronbach excluindo o item
- Poder discriminativo dos itens entre grupos extremos (ex.: definidos através de quartil superior e
inferior, ou M ±2/3DP
- No entanto, a apreciação da adequação do valor de alfa de Cronbach também deve ter em conta:
- Os contextos/finalidades de aplicação do teste (ex.: 0.6 pode aceitar-se para fins de investigação,
ao passo que se exige pelo menos 0.9 para fins de seleção);
- A extensão do teste/escala (i.e, o no de itens): quanto mais extenso o teste, tanto mais elevado
tende a ser o coeficiente alfa de Cronbach, o que não significa que o teste seja melhor.
- Um valor de 0.9 num teste com muitos itens pode parecer ótimo, mas significar apenas que
existem vários itens redundantes/repetidos, ao passo que para um teste com um reduzido no
de itens não redundantes (e.g., 5) um coeficiente alfa de 0.7 poderá ser bastante apropriado.
41
EPM = Erro padrão da medida
DP = Desvio-padrão dos resultados na prova
r = Coeficiente de fidelidade calculado
ii
O que é a validade:
=> Validade de conteúdo; validade por referência a um critério; validade de construto ou conceito.
- O grau em que todas as evidências acumuladas corroboram a interpretação pretendida dos valores de um
teste.
1) Validade é questão de grau.
2) Validade é propriedade dos scores e não do teste per se,
1) Validade de Conteúdo
- Em que medida o teste avalia o construto de interesse;
- Incide sobre questões gramaticais, semânticas, lexicais;
- Adequação do número de itens e dimensões ao construto avaliar;
- Processo importante na construção de instrumentos de avaliação psicológica.
-
Grau de adequação dos itens em relação à dimensão do comportamento avaliada pela prova
(construto), em termos de: Relevância (todas as dimensões do construto estão reunidas nos itens
da prova); Representatividade (dimensões mais importantes correspondem a um maior no de itens).
2) Validade de Construto
- Ligada ao 2º sentido do conceito de validade: grau em que conhecemos aquilo que a prova está a
medir -> ≈ Validade concetual ≈ validade de construção ≈ validade hipotético-dedutiva.
- Noção mais teórica e global de validade.
- Grau de consonância entre os resultados no teste, a teoria e a prática relativa às dimensões a serem
avaliadas.
- Processo de validação dos próprios modelos teóricos subjacentes (ex: estrutura fatorial dos
resultados em grupos de teste).
- Processo inacabado: validade que apela a uma acumulação gradual de informação.
42
3) Validade de Critério
- Muito ligada ao 1º conceito de validade (“o teste mede o que é suposto medir”).
- Avaliada através da relação entre os resultados na prova e o desempenho dos sujeitos em critérios
externos associados à dimensão psicológica que a prova avalia -> ≈ Validade externa ≈ validade
empírica ≈ validade de critério.
- Pode subdividir-se em:
- Validade concomitante ou concorrente - quando se verifica a simultaneidade no tempo entre
a aplicação do teste e a obtenção dos valores reportados ao critério; Permite avaliar os
resultados do teste em comparação com critérios que medem dimensões semelhantes.
- Validade preditiva ou de prognóstico - obtenção não simultânea dos resultados no teste e no
critério; por norma, o critério é obtido posteriormente aos resultados no teste). Interesse deste
tipo de validade: utilização da AP para predizer o comportamento futuro dos sujeitos.
- Critérios habituais:
- Critérios mais centrados no desempenho: notas escolares, níveis escolares atingidos, sucesso
profissional, resultados noutras provas psicológicas similares, etc.
- Critérios mais voltados para aspetos de personalidade: diagnóstico clínico, resultados da
observação direta ou entrevistas, auto-avaliações, relatos do sujeito por outros significativos e
resultados noutras provas similares.
Os cálculos deste tipo de validade assentam em estudos correlacionais que vão depender do tipo de escalas
de medida da prova e do “critério”. As análises de regressão complementam o estudo da validade preditiva.
43
- Validade Convergente
- Avaliam construtos semelhantes (validade convergente positiva) ou opostos (validade convergente
negativa).
- O teste deve correlacionar-se significativamente com outras variáveis com as quais o construto medido
pelo teste deveria encontrar-se relacionado.
- Ex: Ansiedade e Stresse
- Validade Discriminante
- 2 variáveis que teoricamente não se relacionam, empiricamente também não se deverão relacionar.
- O teste não deve correlacionar-se com outras variáveis com as quais o construto deveria, em termos
teóricos, diferir.
- Ex: QI e felicidade
- Avaliações teóricas e empíricas sobre a forma como os participantes respondem à escala e seus processos
envolvidos.
- Grupo focal
- Entrevista cognitiva (Think aloud Protocol)
- Rastreio ocular (Eye-tracking)
- Tempos de resposta
- Critérios mais empíricos: TRI
5) Validade Consequencial: Remete para os aspetos éticos da avaliação com provas de avaliação
psicológica.
- Estrutura fatorial
Análise fatorial:
- Permite avaliar o nº de dimensões que estão subjacentes a um conjunto de variáveis (itens).
- Investiga-se a ligação entre o conjunto de variáveis observadas (itens) e variáveis latentes (e.g
ansiedade).
- A partir das inter-correlações entre os itens e entre os itens e os resultados, identificam-se os
componentes que podem explicar a variância comum neles encontrada.
44
- A carga factorial de um item no fator traduz em que medida esse item representa
comportamentalmente um dado traço latente: percentagem de covariância entre o item e o
respetivo fator.
45
- Varimax: quando se esperam fatores independentes, ou quando se pretende maximizar
a independência entre fatores. Ex: apropriada para a escala de Eysenck de 12 itens, 6 de
introversão-extroversão e outros 6 de neuroticismo.
- Oblíqua: quando se trata de fatores teoricamente inter-relacionados. Ex: análise fatorial
da EDAH, uma vez que as sub-escalas de défice de atenção e hiperatividade/impulsividade
supõem-se inter-relacionadas enquanto parte de uma mesma entidade diagnóstica e que
o distúrbio está relacionado frequentemente com problemas de comportamento (outra
das sub-escalas).
- Fidelidade
Medidas de concordância:
- Visa aferir a calibração dos avaliadores ou dos observadores.
- As análises de concordância baseadas em percentagens não têm em consideração as avaliação
devidas ao acaso.
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Técnicas estatísticas mais utilizadas:
- Kappa de Cohen;
- Dois observadores OU 1 mesmo observador em dois momentos diferentes;
- Medidas categoriais / qualitativas (nominais e ordinais).
- Kappa de Fleiss;
- Extensão do Kappa de Cohen para três observadores;
- Medidas categoriais / qualitativas (nominais e ordinais).
Indicadores muito usados em medicina, onde é frequente pretender-se que um teste ou escala possa
distinguir entre doentes versus não doentes, mediante a definição de determinado ponto de corte (cut-off
score). São cada vez mais usados em psicologia, sobretudo na psicologia clínica e da saúde (cf. Pintea &
Moldovan, 2009).
Curvas ROC:
- ROC = Receiver Operating Characteristics: permite determinar os pontos de corte mais adequados para
distinguir entre grupos distintos (ex: com ou sem perturbação/doença).
- Teoria de deteção de sinal
- Limiar de resposta
- ROC é uma ferramenta de análise usada em telecomunicações e que relaciona o sinal com o ruído para
diferentes ajustamentos do recetor. Nas medições em clínica, o «sinal» é a taxa de verdadeiros
47
positivos (prever que tem risco e ter mesmo) - sensibilidade - e o «ruído» é a taxa dos falsos negativos
(prever que não tem risco e ter) - especificidade. Na abcissa da ROC usa-se 1-especificidade.
- Num gráfico de curva ROC, a sensibilidade é associada à ordenada e a 1-especificidade à abcissa.
- Num sistema perfeito que classificasse corretamente todos os indivíduos, a curva passaria pelo canto
superior esquerdo do gráfico (sensibilidade a 100% e especificidade a 100%, que corresponderia a 1-
especificidade = 0%). Uma curva com área sob a curva (AUC) de 50% é o mesmo que lançar uma moeda
ao ar.
- «De um modo geral, para que um sistema de estratificação de risco ou um instrumento de classificação
de doentes venha a ter interesse clínico, a área sob a curva ROC deverá exceder 80%» (Oliveira, 2009;
pp. 187).
- Teoria de deteção de sinal - Função Característica Operativa do Recetor ou COR / ROC. Diagonal:
desempenho que seria devido ao acaso, à adivinhação.
- Métodos da Psicofísica:
48
- Transpondo para a medicina ou a psicologia clínica e da saúde:
49
- VPN (Valor Preditivo Negativo): proporção de pessoas identificadas negativamente pelo teste e que
realmente não têm a doença (probabilidade de não ter perturbação quando o resultado do teste é
negativo). Pessoas sem a perturbação/doença/atributo de entre as pessoas com resultado “negativo”
no teste.
- Através destes parâmetros pode definir-se qual o limite mais adequado para “extrair” o máximo de
potencialidades do mesmo, ou seja, estabelecer “pontos de corte”:
- posição no continuum das pontuações de um instrumento de rastreio que divide a distribuição dos
resultados entre normalidade e doença.
50
- Pode admitir-se os seguintes valores na apreciação da AUC:
- AUC entre 0.5 e 0.7: não informativa;
- 0.7 < AUC < 0.9: precisão moderada;
- 0.9 < AUC < 1: precisão elevada;
- AUC=1: testes perfeitos
- Ex. concreto curva ROC: versão portuguesa da Perinatal Depression Screening Scale.
51
Aspetos essenciais em instrumentos de rastreio:
- Fácil administração, curtos, objetivos e eficazes na diferenciação entre indivíduos psicologicamente
saudáveis e doentes.
- Devem ser simples, seguros, aceitáveis e económicos.
- As formas mais graves da doença devem ser diferenciadas de formas mais ligeiras.
- A validação de um instrumento de rastreio visa determinar a sua capacidade de discriminação em
comparação com um gold standard (ex.: entrevista clínica)
- QUAL A MELHOR?
- É PRECISO PONDERAR AS CONSEQUÊNCIAS DE UM ENGANO DO TIPO FP E FN. Contudo, não é
simples. Qual o engano que acarreta mais custos ou danos?
- A resposta pode variar...
- Um indicador mais objetivo para selecionar o ponto de corte é o Índice de Youden (J):
- J = Sensibilidade + Especificidade -1.
- O índice de Youden pode variar entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1 estiver, maior a
acuidade.
Nota prévia:
- Nesta UC só iremos incidir sobre a Análise Fatorial Exploratória (AFE).
- A Análise Fatorial Exploratória (AFC) é uma técnica mais avançada que requer conhecimento de
modelação por equações estruturais.
- São ambas técnicas de redução de dados —> visam reduzir um determinado número de itens a um
número menor de variáveis. Ambas assumem que a variância de uma variável é composta por 3 aspetos:
Variância específica; Variância comum; Variância de erro.
- Tanto a ACP quanto a análise fatorial reduzem os conjuntos de dados contendo um nº maior de variáveis
num nº menor de variáveis chamadas componentes ou fatores, respetivamente. A diferença tem a ver
com a maneira como a variância é tratada. Na ACP, toda a variação nos dados é analisada, tanto partilhada
quanto única; pressupõe que não há erro. A ACP transforma as variáveis originais num conjunto menor
de componentes não correlacionados. Com a análise fatorial, apenas a variância partilhada é analisada -
a única é excluída e a variância de erro é assumida.
- A ACP é exploratória por natureza —> realizado para reduzir um grande conjunto de dados a um menor.
53
- A ACP às vezes é realizada para reduzir um grande conjunto de variáveis a um conjunto mais gerenciável
para que a regressão múltipla possa ser realizada. A análise fatorial tem sido normalmente usada quando
os pesquisadores acreditam que há um conjunto menor de "fatores" que causam ou influenciam as
variáveis observadas.
- A análise fatorial foi usada num sentido confirmatório, a fim de testar hipóteses. Na prática usam tanto a
ACP quanto a análise fatorial como meio de explorar os dados e confirmar hipóteses. Ao realizar a análise
fatorial, o conselho é tentar usar pelo menos 100 participantes na análise e ter 5x mais participantes do
que variáveis.
54
AFE e AFC:
55
AFE - Amostra:
- Não há consenso!
- Gorsuch (1983) e Hair et al. (2005) —> N > 100 sujeitos e um número mínimo de cinco respondentes
por item.
- Cattell (1978) —> N < 250, 3 a 6 respondentes por item
- Everitt (1975) —> 10 respostas para cada item avaliado
- Eigenvalue (representa a proporção de variância explicada por cada fator) —> Valor próprio -
medida de quanta variância nos dados é explicada por um único fator. A análise considera
inicialmente todos os fatores possíveis e aloca o mesmo nº de fatores possíveis e variáveis. Quanto
mais alto o valor do autovalor, mais da variância nos dados é explicada por esse fator. A magnitude
do valor próprio pode ser usada para determinar se um fator explica variância suficiente para ser
considerado um fator útil. O valor padrão para isso no SPSS é 1, mas é possível solicitar ao SPSS para
extrair fatores usando um valor próprio de referência diferente de 1.
- Comunalidade (proporção de variância que os fatores contribuem para explicar uma determinada
variável) —> medida de quanta variação nos dados de uma determinada variável é explicada pela
análise. Os valores podem variar de 0 a 1. Inicialmente, todos os fatores na análise (igual ao nº de
variáveis inseridas) são usados para calcular as comunalidades e toda a variância é contabilizada.
Assim, na análise de componentes principais, as comunalidades iniciais são todas iguais a 1. Após a
extração do fator, as comunidades de extração para cada variável são calculadas com base apenas
nos fatores extraídos. Quanto maior o valor da comunalidade de extração para uma determinada
variável, mais da sua variância foi explicada pelos fatores extraídos. A comunalidade é calculada a
partir de cargas fatoriais.
- Não usar ou, pelo menos evitar —> eigenvalue > 1 e scree plot (gráfico útil dos autovalores de todos
os fatores inicialmente considerados. Pode ser usado para decidir sobre o nº de fatores que devem
ser extraídos).
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- Método BIC
- As rotações Varimax são chamadas de rotações ortogonais porque os eixos que são girados permanecem
em ângulos retos entre si. Às vezes, é possível obter uma estrutura simples melhor divergindo da
perpendicular. Os procedimentos Direct Oblimin e Promax permitem que o pesquisador desvie do
ortogonal para obter uma estrutura simples melhor. Conceitualmente, esse desvio significa que os fatores
não estão mais correlacionados entre si. Isso não é necessariamente perturbador, porque poucos fatores
nas ciências sociais são inteiramente não correlacionados. O uso de rotações oblíquas pode ser bastante
complicado e não deve tentar usá-las a menos que tenha um entendimento claro do que está a fazer.
Cargas de fator / Factor Loadings —> Uma carga fatorial é calculada para cada combinação de variável e
fator extraído, e diz quanto cada variável é carregada em (ou está relacionada a) cada fator. Esses valores
são úteis para ver o padrão de quais variáveis podem ser explicadas por qual fator. A carga fatorial pode ser
pensada como o coeficiente da correlação entre o componente (ou fator) e a variável; portanto, quanto
maior o número, mais provável é que o componente seja a base dessa variável. As cargas podem ser
positivas ou negativas. As cargas fatoriais iniciais podem ser inspecionadas para padrões. Quase sempre uma
rotação será usada, e as cargas do fator de rotação são um indicador de padrões mais útil.
Recomendações:
- Não utilizar o IBM SPSS Statistics para fazer AFE (ainda que seja muito utilizado para esse fim ainda hoje
em dia!*).
- Utilizar o FACTOR, ou nessa impossibilidade, o JASP para fazer AFE.
- Se souber programar, pode utilizar também o R e os seus pacotes dedicados.
Normas
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- Vamos ver os dois primeiros pontos, sobretudo o segundo, acerca das normas (o 3ª relaciona-se com
a prática da avaliação psicológica).
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Interpretação de teste referenciado por norma vs. critério
- Os testes referenciados por normas buscam localizar o desempenho de um ou mais indivíduos, no que diz
respeito ao construto que os testes avaliam, num continuum criado pelo desempenho de um grupo de
referência.
- Testes referenciados em critérios procuram avaliar o desempenho dos indivíduos em relação aos padrões
relacionados ao próprio construto.
- Enquanto na interpretação de testes referenciados por normas o quadro de referência é sempre as
pessoas, na interpretação de testes referenciados por critérios o quadro de referência pode ser (a)
conhecimento de um domínio de conteúdo, conforme demonstrado em testes padronizados e objetivos,
ou (b) nível de competência exibido na qualidade de um desempenho ou de um produto.
- O termo teste referenciado por critério às vezes também é aplicado para descrever as interpretações de
teste que usam a relação entre as pontuações e os níveis esperados de desempenho ou baseando-se num
critério como um quadro de referência.
Necessidade das normas: como calculá-las
Então…
- A fixação/uso de normas de grupo para interpretar provas remete para a definição de “teste”: “situação
experimental estandardizada que serve de estímulo a um comportamento. Este comportamento é
avaliado por comparação estatística com o de outros indivíduos, colocados na mesma situação,
permitindo classificar o sujeito examinado”.
- Os resultados brutos numa prova por si só têm pouco sentido. É importante usar um referência externa
quando os apreciamos.
- Com base nestes critérios, um resultado bruto numa prova pode ser convertido num resultado
ponderado ou normalizado.
- Vários tipos de normas podem ser usados, uns mais familiares e outros mais desconhecidos dos
investigadores e profissionais.
59
- Notas T: escala similar à anterior, mas onde a média se situa em 50 e o desvio-padrão em 10
pontos (e.g. num teste com notas T uma pontuação de 70 equivale a um resultado 2DPs acima da
média - para o grupo de pessoas da mesma idade que a pessoa).
- Notas de idade
- Foram a primeira forma de interpretar e comparar os resultados individuais nos testes de inteligência.
- O seu aparecimento data do começo do séc. passado com a Escala de inteligência de Binet-Simon.
- Trata-se de um critério bem popular e objetivo de avaliar o desempenho das crianças (após a
adolescência o critério etário não apresenta a mesma relevância e clareza).
- Nas escalas de inteligência reportadas a Binet, 3 tipos de idades são mencionadas:
- Idade cronológica (idade real do sujeito);
- Idade de base (idade correspondente ao grupo etário mais elevado de itens que o sujeito
consegue realizar na sua globalidade).
- Idade mental (idade de desenvolvimento psicológico calculada com base na idade de base
acrescida das bonificações - em meses - correspondentes à resolução de itens de grupos etários
superiores).
- A idade mental veio a ser tomada nos 1ºs cálculos do QI (QI de razão).
- Idade mental a dividir por idade cronológica e a multiplicar por 100 (Stern) - 100 indicaria o
desenvolvimento normal.
60
- O QI de razão e a idade mental apresentam condicionalismos em termos de cálculo e de significado.
- Como o desenvolvimento mental em função da idade cronológica não é linear: parecem fazer mais
sentido nas idades mais baixas (coincidentes com períodos de maior desenvolvimento psicológico); a
diferença entre a idade mental e a cronológica não tem o mesmo significado ao longo dos diferentes
grupos etários.
- Pequenas diferenças são mais significativas em idades mais precoces: existe um aumento acentuado
durante a infância e uma desaceleração a partir de cerca dos 12 anos.
- Uma diferença, no sentido de um atraso, de um ano tem um significado diferente consoante se verifica
aos 3 anos ou aos 12 anos.
- Segundo Stern, uma criança com 5 anos e idade mental de 10 teria um QI=200, e outra com 7 anos e
idade mental de 14 anos também teria um QI=200. Para Stern, tanto a criança de 5 anos quanto a de
7, quando se tornassem adultas, provavelmente teriam um QI=200. Constatou, no entanto, que quando
essas crianças se tornavam adultas, que havia variações no QI.
- Invariabilidade do QI era uma das premissas em que o modelo teórico de Stern se sustentava. Terman
confirmou em 1528 crianças.
- O modelo da TCT: T = V + E.
- T = score bruto ou empírico do sujeito, que é a soma dos pontos obtidos no
teste.
- V = score verdadeiro, que seria a magnitude real daquilo que o teste quer
medir no sujeito e que seria o próprio T se não houvesse erro de medida.
- E = erro cometido na medida.
- Os erros: defeitos do próprio teste, estereótipos e vieses do sujeito, fatores
históricos e ambientais aleatórios.
- Erro constante: Pouco importante em Psicologia, pois nunca se tem acesso aos valores verdadeiros do
atributo. Se um instrumento avalia sempre um atributo 3 pontos acima de outro instrumento, qual está a
medir corretamente?
- Viés: Um instrumento avalia sistematicamente mais 3 pontos para respondentes do sexo feminino.
- Erro aleatório: Um instrumento é sensível a uma série de fatores que variam de forma não sistemática
(itens selecionados, motivação dos respondentes).
- Normas centradas e reduzidas. Os resultados brutos (RB) de cada grupo são padronizados de forma a
serem centrados no valor médio do grupo e a terem uma variância especificada:
- Notas Z: Média = 0, DP = 1 —> Z = (RB – M) / DP
- Notas T: Média = 50, DP = 10 —> T = 50 + 10* (RB – M) / DP = 50 + 10*Z
- Notas QI: Média = 100, DP = 15 —> QI = 100 + 15* (RB – M) / DP = 100 + 15*Z
62
CURVAS ROC
Uma análise de característica do operador recetor tem sido usada por meio século no contexto da
deteção de sinal e teoria de decisão. Geralmente, permite-nos avaliar uma série de regras de decisão que
podemos usar para prever quais dos dois resultados possíveis ou grupos de casos específicos estão
associados. É particularmente adequado para fazer parceria com regressão logística binária.
A análise ROC requer que tenhamos uma medida de resultado quantitativa subjacente e, na
regressão logística binária, é a probabilidade prevista de um caso estar no grupo-alvo. A decisão de classificar
os casos nos grupos de destino e de referência é feita com base nessa probabilidade prevista. Casos
associados com uma probabilidade de 0,5 ou maior de estar no grupo-alvo foram classificados no grupo-alvo,
enquanto os casos associados com menos de 0,5 de probabilidade de estar no grupo-alvo foram classificados
no grupo de referência. No entanto, um corte de classificação de 0,5 pode não ser necessariamente o corte
de decisão mais apropriado, porque diferentes circunstâncias podem fazer-nos favorecer um tipo de
estratégia de decisão em detrimento de outro. Dada uma circunstância particular, podemos usar uma análise
ROC para determinar se um corte mais apropriado deve ser estabelecido.
Numa análise ROC, os resultados da classificação são caracterizados na linguagem de tomada de
decisão. A tabela 2 × 2 mostra as linhas como os resultados observados e as colunas como os resultados
previstos. A 1ª linha e coluna representam o resultado de referência (negativo) (não graduado), e a 2ª linha
e coluna representam o resultado desejado (positivo) (graduado). Lendo da esquerda para a direita na 1ª e
depois na 2ª linha, as células representam o seguinte:
- Verdadeiros negativos (observados, não graduados; Previstos, não graduados) - casos que foram
corretamente previstos como tendo o resultado negativo (não graduados). A proporção de todos os
membros do grupo de referência representada por esses casos é conhecida como especificidade.
- Falsos positivos (observados, não graduados; Previstos, graduados) - casos com o resultado negativo
(não graduados) (membros do grupo de referência) que foram incorretamente previstos como tendo o
resultado positivo. A proporção de todos os membros do grupo de referência representada por esses
casos é conhecida como (1 - especificidade).
- Falsos negativos (observado, graduado; Previsto, não graduado) - membros do grupo-alvo (graduado)
que foi previsto como tendo um resultado negativo (não graduado).
- Verdadeiros positivos (observados, graduados; previstos, graduados) - casos que foram corretamente
previstos como tendo o resultado positivo (graduados). A proporção de todos os membros do grupo-
alvo representada por esses casos é conhecida como sensibilidade.
63
Teoria de Resposta ao Item
O que é a TRI?:
- Desenvolvida nos anos 50 e 60 do século XX (trabalhos de Lord nos EUA nos anos 50 e de Rasch na
Dinamarca nos anos 60);
- Modelo matemático que nasce na psicometria;
- “… é um conjunto de modelos matemáticos que descrevem a relação entre a ‘habilidade ’ou ‘traço ’de
um indivíduo e como eles respondem aos itens numa escala”;
- Conhecida como “teoria moderna dos testes”, “psicometria moderna” ou “teoria do traço latente”;
- Serve para complementar e não substituir totalmente o modelo clássico da teoria dos testes;
- Inicialmente aplicava-se a itens dicotómicos (0 = incorreto e 1 = correto; sim/não), mas
progressivamente incorporou modelos para análise de itens politómicos - tipo Likert (anos 80 do séc.
XX);
- Permite economia de testes, só usando itens que se venham a mostrar discriminativos, por exemplo, o
que permite reduzir a extensão das medidas e a carga (burden) dos respondentes;
- Interessa-se pelo item e não pelo score total;
- Diz-se que a TRI é independente da amostra (TCT é dependente da amostra selecionada - Se na TCT
houver uma amostra aleatória, este problema não se coloca —> invariância da dimensão;
- Pontuações dos examinados independentes do teste utilizado (No caso da TCT, há dependência uma
vez que a inteligência, por exemplo, é medida de maneira diferente consoante o teste que se utiliza);
- Ao contrário da TCT que calcula um indicador de fidelidade para a escala (α de Cronbach), a TRI calcula
várias medidas de precisão ao longo do contínuo que representa a dimensão latente.
- "Um instrumento de medida, na sua função de medir, não pode ser seriamente afetado pelo objeto de
medida. Na extensão em que sua função de medir for assim afetada, a validade do instrumento é
prejudicada ou limitada. Se um metro mede diferentemente pelo facto de estar a medir um tapete,
uma pintura ou um pedaço de papel, então nesta mesma extensão, a confiança neste metro como
instrumento de medida é prejudicada. Dentro dos limites de objetos para os quais o instrumento de
medida foi produzido, a sua função deve ser independente da medida do objeto”.
- “… se o interesse é selecionar respondentes que têm altos níveis do traço latente, itens que fornecem
mais informações no lado direito da escala podem ser escolhidos para maximizar a precisão das
pontuações na extremidade superior do traço escala”.
- “... em pesquisa, bem como em contextos aplicados, detalhes sobre a área em que os traços latentes
medidos pelo teste estão a fazer uma medição melhor (e quão bem) ajudariam as clínicas,
pesquisadores ou fabricantes de teste a decidir qual teste é mais apropriado para os seus interesses
específicos”.
Invariância das estatísticas Não - os parâmetros do item e da pessoa Sim - os parâmetros do item e da pessoa
de item e pessoa dependem da amostra são independentes da amostra, se o
modelo se encaixar nos dados de teste
Tamanho da amostra (para 200 a 500 (no geral) Depende do modelo TRI, mas amostras
estimativa de parâmetro de maiores, ou seja, acima de 500, no geral,
item) são precisos
representativas);
- Requer conhecimentos estatísticos mais avançados;
- Inexistência de software “user-friendly” (até há relativamente pouco tempo).
- Incorpora apenas um parâmetro: “b” = dificuldade ou localização do item (termos utilizados na literatura:
location, threshold, position);
- Assume que o parâmetro “a” (discriminação) é constante para todos os itens;
- Diz respeito ao valor de Θ quando a probabilidade de acerto é de 50 %;
- O Θ diz respeito à característica a medir ou variável latente. Oscila, habitualmente, entre -3 e +3 e equivale
a um valor z;
65
- Em itens politómicos, para não haver problemas, os valores de “b” deverão estar compreendidos entre -
3 e +3 ou -4 e +4 (cf. estudo de Kobayashi et al., 2018); Ex: -3 = itens fáceis e +3 = itens difíceis;
- Nos modelos com itens politómicos, calculam-se vários “b” uma vez que estes representam o ponto de
interseção/cruzamento entre 2 curvas que determinam o valor de Θ necessário para que o indivíduo deixe
de obter uma pontuação e passe a obter o próximo valor superior.
- “.... descreve onde o item funciona melhor ao longo da escala do traço. No caso binário mais simples, b é
definido como a localização no traço latente onde a probabilidade de endossar um item é de 50%”.
- Quanto maior for o b, maior deve ser o nível de aptidão exigido para que o examinado tenha uma
- Incorpora o parâmero “b” + o parâmetro “a” = discriminação ou declive (termos ingleses: slope,
inclination, dispersion);
- “... descreve como um item pode diferenciar bem os examinandos em diferentes níveis de características”;
- Quanto maior o valor de “a” melhor;
- Um bom ajustamento estará compreendido entre 0.5 e 3.0;
- Valores entre 0.6 e 1.8** são considerados adequados;
- Ex: 0 = nenhuma discriminação e 3 = discriminação perfeita.
- O número de thresholds é calculado pela seguinte fórmula: K-1, onde K = nº total de categorias de
resposta.
- Itens com valores de “a” negativos são problemáticos e podem indicar:
66
- Indivíduos com níveis mais altos do traço latente são menos prováveis de endossar as categorias de
resposta mais “severas”.
- Erros na
codificação
dos itens.
- Incorpora o elemento “c” (também designado de “g” em alguns softwares) que diz respeito ao adivinhar
(ao acaso) a resposta ao item (i.e., “guessing”);
- Quanto mais próximo de 0 melhor;
- Amplitude esperada: entre 0.0 e 0.20. A partir de 0.35 é considerado inaceitável;
- Utilizado em escalas que medem aptidões ou habilidades;
- Em escalas de
- Rating Scale;
- Restringe o poder discriminativo, ou seja, “a” é igual para todos os itens;
- “... further assumes that the thresholds for category response are also equal across items”; —> =“a”
& =“b”
- É dos modelos mais restritivos dentro da TRI.
68
RESUMO:
Pressupostos da TRI:
- Unidimensionalidade
- Antes de se fazer uma análise de TRI, devemos certificar-nos de que existe unidimensionalidade
fazendo uma análise fatorial exploratória ou confirmatória, consoante o mais adequado;
- Pode utilizar-se também o critério do eigenvalue > 20% ou a análise paralela;
- Se a AF indicar mais do que uma dimensão, então devemos certificar-nos de que o fator dominante
explica pelo menos 20% da variância;
- Caso haja 2 fatores ou 2 dimensões no modelo, devem fazer-se 2 análises, por exemplo, e assim
sucessivamente para mais dimensões;
- Também existem modelos da TRI multidimensionais, porém, são mais complexos de modelar.
Muitas vezes, fazem-se várias análises unidimensionais.
- Independência local
- Assume que os itens são afetados apenas pelo Θ e que não são influenciados por outros fatores
latentes, erros de compreensão dos itens, construção dos itens;
- Avalia-se com o “standardized LD X^2 statistic”:
- Ι 10 Ι = large
- Ι 5 Ι – Ι 10 Ι = moderate
- < Ι 5 Ι = small
- Para se cumprir o pressuposto da independência local os valores deverão ser o mais baixos possível.
69
- Outra maneira de avaliar este pressuposto é:
- Se “a” para algum dos itens for > 4.0, então há violação do pressuposto, ou seja, há evidência
de dependência local.
- Monotonicidade
- “... refere-se ao fenómeno no qual a probabilidade de endossar um item aumentará continuamente
à medida que o nível de característica de um indivíduo aumenta. Por exemplo, um indivíduo com
uma pontuação de característica de 1,9 terá uma probabilidade maior de endossar um item do que
um indivíduo com uma pontuação de característica de 1,7 e, por sua vez, aquele indivíduo com uma
pontuação de característica de 1,7 terá uma probabilidade maior de endossar o mesmo item do que
um indivíduo com uma pontuação de 1,5 no traço.”.
70
- Resíduos estandardizados são calculados dividindo os resíduos brutos pelos respetivos erros-
padrão. “Espera-se que um bom modelo de ajuste gere resíduos padronizados (aproximadamente)
normalmente distribuídos”. —> Bom ajustamento estará entre -2 e +2.
- (Os valores mais baixos são os que indicam melhor ajustamento do modelo).
71
- Item Information Curve / Function (Curva de Informação do Item)
72
Funcionamento Diferencial dos Itens (DIF):
- IRTPRO
- Gratuita [http://www.ssicentral.com/irt/student.html];
- User-friendly;
73
- Só permite importar alguns formatos de ficheiro;
- Limitada a 25 variáveis, 1000 casos e um máximo de 3 dimensões;
- É o software mais recente para análise da TRI.
- WINSTEPS
- Software pago!
- Existe uma versão gratuita mas com oõções limitadas (Facets).
- Executa análises Rasch (e não TRI clássica).
- JAMOVI
- Software gratuito baseado em linguagem R!
- Executa algumas análises Rasch.
- Linguagem R
- Open source
- https://www.r-project.org/
- https://rstudio.com/
- Inclui pacotes para incontáveis análises estatísticas, inclusivamente diversos pacotes para realizar
TRI (e.g., mIRT, ltm)
- Exige competências de programação —> Curva de aprendizagem elevada
- Não possui GUI.
Conclusão:
- A TRI não deve ser entendida como um método que visa substituir a TCT, mas sim complementá-la.
- Por outro lado, pode ser muito útil que ambas as técnicas sejam aplicadas conjuntamente, o que
possibilita uma avaliação estrutural mais completa do instrumento, além de minimizar as limitações de
cada um dos métodos. Cabe salientar, nesse sentido, que a TCT e a TRI devem ser vistas como abordagens
complementares, podendo fornecer informações úteis em diversas fases da análise.
74
Glossário:
Entrevista e observação
- VANTAGENS DA ENTREVISTA
1. Permite obter informação potencialmente valiosa que não pode ser obtida de outras formas:
Observações comportamentais; Características idiossincráticas do paciente; Reações da pessoa
à sua situação de vida atual.
2. São a principal forma de desenvolver uma relação com o paciente.
3. Pode servir como forma de verificação do significado e validade dos resultados nos testes.
4. Pode promover uma melhor compreensão do problema, tanto para o entrevistador como para
o entrevistado
75
- OBJETIVOS DA ENTREVISTA
1. Avaliar as capacidades do paciente;
2. Avaliar o nível de ajustamento;
3. Avaliar a natureza e a história do problema;
4. Recolher informação importante para o diagnóstico;
5. Elaborar a história pessoal e familiar relevante.
- TIPOS DE ENTREVISTA
VANTAGENS
- Flexibilidade
76
HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO | O INÍCIO:
- As entrevistas clínicas foram a 1ª forma de obter informação sobre os pacientes.
- No início seguiam o formato médico de pergunta-resposta.
- A influência das teorias psicodinâmicas levou a um formato mais aberto e livre.
- Paralelamente, foi desenvolvido por Adolf Meyer em 1902 o “exame do estado mental”, mais estruturado
e orientado para objetivos. Continua a ser usado principalmente em contexto psiquiátrico ou quando o
tempo é limitado.
- Os resultados basais são registados e o exame é repetido anualmente e sempre que houver suspeita
de alteração do estado mental. Deve-se avisar os pacientes que o registo do estado mental é rotina e
que não devem ficar constrangidos com a realização do exame.
- O exame é realizado numa sala silenciosa, e o examinador deve ter certeza de que o paciente pode
ouvir claramente as perguntas. Os pacientes que não falam português como língua principal devem ser
questionados na língua em que são fluentes.
- Este exame avalia os diferentes parâmetros da função cognitiva. Inicialmente, o examinador deve
constatar que o paciente está atento - p.e., avaliando o seu nível de atenção enquanto a história está a
ser tomada ou solicitando que repita 3 palavras imediatamente. Não é apropriado testar um paciente
desatento.
- Os parâmetros da função cognitiva a serem testados e exemplos de como testá-los incluem:
orientação; MCP; MLP; Cálculos matemáticos; procura de palavras; atenção e concentração;
identificação de objetos; obedecer a comandos; escrita; orientação espacial; raciocínio abstrato;
julgamento.
77
ENTREVISTA CLÍNICA, AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL E FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES
- Para além da ENTREVISTA CLÍNICA, os dados da OBSERVAÇÃO CLÍNICA (ferramenta para avaliar o estado
atual de funcionamento da pessoa) podem ser organizados para realizar a AVALIAÇÃO DO ESTADO
MENTAL.
- Wright (2011, pp. 45-48), FORMULÁRIO DE REGISTO DE DADOS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL.
- Principais categorias:
1. Aparência
2. Comportamento
3. Discurso
4. Humor e afeto
5. Percepção
6. Pensamento
7. Cognição
8. Consciência
9. Consciência do Eu
Os primeiros testes estandardizados foram desenvolvidos para ultrapassar as limitações das entrevistas não
estruturadas em termos de fidelidade e validade.
- Muitos estudos foram desenvolvidos com o objetivo de investigar várias dimensões críticas das
entrevistas, entre as quais:
- Foram surgindo diversos métodos, defendidos por diferentes escolas de pensamento, como por ex:
78
2. As entrevistas comportamentais enfatizavam os antecedentes e as consequências do
comportamento.
3. A terapia familiar focava-se nos processos interativos grupais.
- As tendências dos anos 60 continuaram a ser desenvolvidas, com um ênfase cada vez maior nas entrevista
estruturadas. Este interesse ganhava peso à medida que surgiam cada vez mais críticas sobre a fraca
fidelidade do diagnóstico psiquiátrico não sistematizado.
- O sucesso inicial com as entrevistas estruturadas para adultos encorajou a aposta no desenvolvimento
de entrevistas estruturadas para crianças. Assim, a avaliação de crianças passou a ter em conta não apenas
a informação fornecida pelos pais, mas também a experiência da própria criança.
- Verificou-se uma tendência para:
- Questionamento direto da criança;
- Maior ênfase no diagnóstico diferencial;
- Desenvolvimento de versões paralelas de entrevistas estruturadas para pais e filhos.
- Lazarus (1973) desenvolveu o modelo BASIC-ID, que define que uma avaliação completa através de
entrevista deve envolver:
1. Comportamentos -“ Behaviour” (B)
2. Afeto (A)
3. Sensações (S)
4. Imagética (I)
5. Cognição (C)
6. Relações interpessoais (I)
7. Necessidade de intervenção farmacológica/drogas (D)
- Nos anos 70 começaram também a surgir esforços no sentido de integrar informação biográfica para
prever o comportamento futuro (suicídio, perigosidade, prognóstico de esquizofrenia) e para inferir traços
atuais, bem como integrar esta informação com os resultados em testes.
79
- A distinção entre testes e entrevistas tornou-se um pouco menos clara, uma vez que estas se estavam a
tornar cada vez mais estruturadas (incluindo escalas e estratégias de diagnóstico específicas).
- A cotação/interpretação de alguns testes e entrevistas estruturadas começou a ser feita com recurso a
software.
APÓS OS ANOS 90
1. Gestão dos cuidados de saúde: ênfase colocada na relação custo-eficácia dos cuidados prestados;
no caso das entrevistas, significa obter a informação necessária na menor quantidade de tempo:
- Rentabilização das entrevistas com recurso a meios computarizados para obter informação;
- Redução do tempo face-a-face com o paciente.
2. Controvérsia sobre a validade das memórias reprimidas: até que ponto é que a informação obtida
através dos clientes representa a verdade dos factos:
- Investigação mostra de forma consistente que, em muitas situações, os auto-relatos dos
pacientes são reconstruções dos acontecimentos e são particularmente questionáveis no
caso de relatos retrospetivos sobre variáveis psicossociais;
- Os entrevistadores têm que ter particular cuidado para evitar que o seu método e estilo de
questionamento contribua para a distorção da informação obtida dos pacientes;
- Particularmente relevante em situações de alegado abuso sexual de crianças.
FIDELIDADE E VALIDADE
FIDELIDADE
- A fidelidade das entrevistas, avaliada com base no grau de concordância entre entrevistadores, é
bastante variável;
- As entrevistas muito estruturadas revelam níveis de fidelidade superiores. Contudo, um maior grau de
estrutura acaba por enfraquecer a principal vantagem das entrevistas - a sua flexibilidade para obter
certos tipos de informação.
1. Efeitos de halo - tendência para desenvolver uma certa impressão da pessoa e depois inferir outras
características aparentemente relacionadas (ex: pessoas que expressam entusiasmo podem ser vistas
como mais competentes ou mais mentalmente saudáveis do que realmente são; “o que é bonito é bom”).
2. Uma característica particularmente saliente (nível educacional, aparência física, etc.) pode levar o
entrevistador a julgar em concordância outras características que considera relacionadas.
3. Enviesamentos confirmatórios - o entrevistador faz uma inferência sobre o paciente e depois conduz a
entrevista de forma a tentar confirmar a sua inferência.
4. Focalização incorreta em explicações do comportamento que enfatizam traços em vez de determinantes
situacionais.
VALIDADE - Enviesamentos do paciente
1. Distorção das respostas para apresentar uma imagem mais favorável de si próprio (mais comum em
áreas mais sensíveis, como o comportamento sexual).
2. Casos mais extremos de falsificação - mentiras, delírio, confabulação, mentirosos compulsivos.
80
3. Inexatidão relativamente a recordações do passado - mais frequente em relação a informação
psicossocial (ex: conflitos familiares, início de sintomas psiquiátricos, etc.).
- Estudos de revisão sobre a validade das entrevistas (avaliações dos entrevistadores comparadas com
outros critérios externos) mostram também grande variabilidade.
- Validade aumenta à medida que o formato das entrevistas se torna mais estruturado.
- Validade varia de acordo com o tipo de variável que está a ser avaliada (ex: Previsão de
comportamento laboral com maior validade do que avaliação de características psicológicas).
- CONCLUSÃO: Informação proveniente de entrevistas não estruturadas deve ser tratada com cuidado e
como hipóteses que necessitam de ser confirmadas por outros meios.
- Não existe um método único correto de conduzir uma entrevista não estruturada ou semi-estruturada.
- O estilo do entrevistador é fortemente influenciado pela sua orientação teórica e por considerações
práticas:
- Teorias centradas no paciente - entrevistas não diretivas e que evitam questões muito estruturadas;
objetivo é criar a relação interpessoal mais propícia para gerar uma auto-mudança.
- Teorias comportamentais - entrevistas relativamente mais estruturadas porque visam obter
informação específica que ajude a delinear estratégias que permitam alterar as condições externas
que levarão à mudança comportamental.
- Alguns estilos de entrevista e estratégias podem resultar bem com alguns pacientes e ser ineficazes com
outros.
ENTREVISTA DIAGNÓSTICA
- Objetivo: obter um diagnóstico específico, geralmente com base no modelo multiaxial do DSM.
- Procedimento: seguem-se vários passos, nos quais o clínico:
1. Forma pistas diagnósticas;
2. Considera essas pistas em relação aos critérios de diagnóstico;
3. Elabora a história psiquiátrica;
4. Com base nessa informação, elabora um diagnóstico multiaxial, com estimativa de prognóstico.
ENTREVISTA EXPLORATÓRIA
- Objetivo: obter informação sobre diversas áreas de funcionamento do paciente, tais como:
1. Estilo de coping
2. Suporte social
3. Dinâmica familiar
4. Natureza do problema
5. Etc.
81
- Entrevista pouco diretiva, e mais flexível relativamente aos temas/áreas a abordar.
- Quando o valor do diagnóstico formal não é considerado tão relevante e como tal não se seguem os
critérios do DSM.
- Diversos —> Auto-conceito (gosta/não gosta); Memória mais feliz / mais triste; Memória mais precoce;
Medos. (Queixas somáticas (dores de cabeça, dores de estômago, etc.); Acontecimentos de geram
felicidade / tristeza; Sonhos recorrentes / relevantes).
82
COMPONENTES DA ENTREVISTA CLÍNICA
(segundo Wright, 2011, cap. 1, pp. 15 e seguintes)
- [INÍCIO E DESENVOLVIMENTO: 1ª vez que ocorreu (e quando); como foi evoluindo; tentativas de lidar
com o problema; procurou ajuda alguma vez?].
- História familiar (e.g., estrutura familiar atual [estado civil, relação romântica? crianças? eventos
familiares significativos] e passada, i.e., da família de origem [nº de irmãos, idades e qualidade das
relações, cuidador principal e qualidade da relação; eventos familiares significativos);
- História escolar (habilitações literárias - nível de escolaridade concluído, anos, grau, área; história escolar
- dificuldades de aprendizagem, educação especial, repetição de ano, problemas atencionais na escola,
hiperatividade na escola, problemas emocionais e/ou comportamentais na escola; desempenho
académico em geral);
83
- História vocacional/laboral (trabalho atual - desde quando, qualidade do desempenho, satisfação com o
trabalho atual; trabalhos passados - períodos de tempo, qualidade do desempenho, satisfação com esses
trabalhos; aspirações de carreira);
- História (antecedentes) legal/criminal (situações legais/criminais atuais e no passado - em ambos
averiguar: liberdade condicional; ações judiciais; impacto na vida diária);
- História de socialização (cobre aspetos como o nº de amigos, duração e qualidade das relações, as redes
sociais e atividades sociais em que o ind. participa/ou; sistema social de apoio atual - melhor(es) amigo(s)
e relações românticas atuais, caso não tenham sido indicadas na hist. familiar; história social - história de
dificuldades interpessoais; história de relacionamentos românticos);
- História psicossexual (atividade sexual atual: frequência, parceiro(s), grau de satisfação; passada: início
da puberdade, história de atividade sexual, história de abuso, trauma ou violência sexuais);
- Avaliação multicultural (língua; história de imigração - quando imigrou, questões de aculturação;
identidade cultural, racial e étnica; história e identidade espiritual e religiosa; identidade sexual).
- Com base na ENTREVISTA CLÍNICA e na AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL deverá ser possível formular
hipóteses acerca do funcionamento psicológico do indivíduo, objetivo da entrevista de avaliação
(qualquer que seja a orientação teórica do psicólogo).
- Tal requer conhecimentos aprofundados de psicodiagnóstico (saber que problemas de atenção
podem ser um dos sintomas de depressão), assim como de personalidade, funcionamento emocional
e cognitivo.
- Pode ser útil considerar as classificações principais de perturbações mentais (CID; DSM), mas isto
não basta a um psicólogo. É necessário, consoante a orientação do psicólogo, um diagnóstico
psicodinâmico, um diagnóstico ou formulação cognitivo-comportamental;
- Ex: no âmbito de uma abordagem cognitivo-comportamental, é habitual formular-se o caso através
da identificação de prováveis fatores predisponentes, precipitantes e de manutenção (para explicar
a origem do problema, o seu desenvolvimento e fatores perpetuadores atuais), antecedentes e
consequentes, procurando-se detetar reforçadores, crenças e esquemas cognitivos mal-
adaptativos responsáveis pelas dificuldades do indivíduo.
Atitude do entrevistador
- Relação estabelecida é essencial (confiança);
- Expressão de sinceridade, aceitação, compreensão, interesse genuíno, consideração pelo valor da
pessoa;
- Compreender as emoções do paciente e detetar as mensagens emocionais que são apenas
parcialmente expressadas, particularmente através de pistas não-verbais (expressão facial, tom de
voz, postura, movimentos inconscientes, etc.)
Tomar notas
- É recomendado que se tirem algumas notas durante a entrevista (não em demasia, para não
prejudicar o estabelecimento da relação e para não aumentar a ansiedade do paciente);
84
- Vantagens: registam-se mais detalhes e evitam-se distorções de memória relativamente a fazer o
registo apenas após a entrevista;
- Se a entrevista for gravada em áudio/vídeo, as razões devem ser explicadas, deve garantir-se a
confidencialidade e pedir uma autorização escrita.
Preliminares
- Deve ter-se em conta os seguintes aspetos:
1. Características físicas do local: sala organizada, boa iluminação, disposição das cadeiras de forma a que
o paciente e o entrevistador não estejam demasiado perto ou longe; altura do olhar deve ser
aproximadamente igual;
2. O entrevistador deve apresentar-se e clarificar como o paciente prefere ser tratado;
3. Indicar o objetivo da entrevista e verificar se o paciente compreende a situação;
4. Explicar como é que a informação obtida será utilizada;
5. Descrever a natureza confidencial da informação, os limites a essa confidencialidade e qualquer aspeto
relacionado que seja relevante (ex: como é que a informação poderá ser obtida e usada pelo sistema
judicial). Explicar que o paciente/cliente tem o direito de não discutir informação que não queira revelar.
6. Explicar o que é que o paciente terá que fazer, quais os instrumentos que serão utilizados durante a
avaliação, e uma estimativa do tempo total necessário.
7. Se for o caso, certificar-se que está tudo claro relativamente a pagamentos, preço por hora, etc.
Sequência da Entrevista
1. A maioria dos autores recomenda que a entrevista comece por algumas questões abertas -
requerem que os pacientes se organizem e expressem na ausência de muita estrutura; será uma
oportunidade para evidenciarem características menos usuais mas significativas sobre si próprios.
Notar: fluência verbal, nível de assertividade, tom de voz, nível de energia, hesitações, áreas de
ansiedade, etc. Destas observações podem gerar-se hipóteses, que podem ser testadas através de
mais questões abertas ou mais diretivas.
2. Respostas/questões de grau de estrutura intermédio. Técnicas: Facilitação -“ Conte-me mais/Por
favor continue”/Contacto visual, etc; Clarificação - Pedir para ser mais específico ou dar exemplos
85
concretos; Empatia -“ Deve ter sido difícil para si…”; Confronto - Comentar ou mostrar
inconsistências na informação/comportamento; utilizar com cuidado, pois pode gerar ansiedade,
uma postura defensiva e deteriorar a relação….
3. Questões diretivas - devem ser utilizadas sempre que necessário; para testar hipóteses,
proporcionar alguma estrutura ao paciente, etc.
Exaustividade
- Pode ser importante utilizar uma checklist, para certificar que se cobrem as áreas mais relevantes;
- Nesse caso, pode começar-se por uma questão geral, como “Porque é que o enviaram para aqui?”
ou “Quais são os problemas que o/a preocupam?”;
- Aqui será importante tomar notas sobre a forma como o paciente organiza a sua resposta, o que diz
e como diz;
- Depois, poderão utilizar-se técnicas de facilitação, clarificação ou confronto para obter mais
informação;
- Finalmente, o entrevistador deverá rever a checklist e verificar se alguma da informação relevante
não foi obtida, colocando então questões diretas, como “Qual era a ocupação do seu pai?” ou
“Quando é que os seus pais se divorciaram?”;
- Para situações específicas (ex, abuso de menores, suicídio, TCE, etc.) poderão ter que se incluir
questões adicionais ou utilizar em conjunto com entrevistas estruturadas para estas situações
particulares.
Comportamentos Não-Verbais
- É importante ter atenção ao comportamento não verbal do paciente, mas também do próprio
entrevistador;
- Expressar interesse através de contacto visual, ser facialmente recetivo, mostrar interesse/atenção
inclinando-se para a frente, etc..
Conclusão de Entrevista
- O entrevistador pode alertar o paciente a 5 ou 10 minutos do fim do tempo acordado, permitindo a
obtenção de alguma informação final relevante;
- O paciente deverá ter a oportunidade de colocar questões ou fazer comentários;
- No final, o entrevistador deverá fazer um sumário dos principais aspetos/temas abordados na
entrevista;
- Se for adequado, deverá ainda fazer algumas recomendações.
- Mesmo no caso de entrevistas estruturadas, a interpretação dos dados envolve julgamento clínico e a
experiência é um fator relevante.
86
- Interpretação influenciada pela perspetiva teórica, conhecimento da perturbação em causa, experiência
passada, objetivo da entrevista, etc.
- Material/informação que não esteja diretamente relacionado com o objetivo do pedido de avaliação
não deve ser incluído.
- A entrevista deve servir para gerar hipóteses que devem depois ser confirmadas por outros meios. Dados
das entrevistas que são apoiados por resultados noutros testes devem receber mais ênfase.
OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL
- Observação Comportamental
- Designa um método para obter amostras de comportamentos e determinar situações que sejam
clinicamente importantes (em relação à avaliação, diagnóstico, ao prognóstico e ao planeamento e
medida da intervenção), numa situação natural ou numa situação análoga (que é estruturada de
maneira a proporcionar informação acerca de comportamentos e situações comparáveis às que
poderiam ter sido obtidas “in situ”).
- Limita-se a comportamentos objetivos, desde comportamentos relativamente discretos (e.g., tiques)
até interações sociais complexas (e.g., de natureza familiar);
- Regista o comportamento quando este ocorre;
- Implica o recurso a observadores imparciais treinados;
- Supõe a existência de regras e sistemas específicos de registo;
- Requer o uso de definições operacionais do comportamento previamente definidas e que envolvam
um grau mínimo de inferência.
- Requer procedimentos que avaliem a fiabilidade do sistema.
- Depois do uso das entrevistas e escalas de avaliação, o psicólogo fica com uma ideia acerca da natureza
do problema —> serve para pormenorizar o foco das observações diretas posteriores;
- Registo narrativo com referência à relação A-B-C (antecedente —> comportamento —> consequência);
87
- Desenvolvimento de definições operacionais do comportamento-alvo que possibilitem que qualquer
observador com treino possa conseguir detetar a ausência/presença do comportamento e distinguí-lo
de outros:
1. Deve referir-se a características observáveis;
2. Definir critérios de inclusão (saber o que faz parte do comportamento);
3. Definir critérios de exclusão (saber que características estão associadas ao comportamento
mas não fazem parte dele)
- Uma definição diz-se “operacional” se indicar (ou sugerir claramente) as operações que se deverão
realizar para detetar a presença do fenómeno a que se refere o conceito, tipificá-lo e (sempre que
possível) quantificá-lo.
- N.B: Uma definição operacional não esgota um conceito, visa tão-somente permitir a avaliação
objetiva e a intervenção monitorizável e eficaz.
- Tipos:
- Parâmetros psicométricos:
88
a) Acordo entre observadores
- Maneira mais comum de medir a qualidade dos dados;
- Depois de uma comunicação prévia (familiarização com o registo, itens, etc) comparação de 2 registos,
feitos por 2 observadores diferentes, acerca do mesmo comportamento;
- Com o decorrer do tempo, os observadores transcrevem de forma diferente os comportamentos que
observam, sofrem flutuações (mesmo inconscientes), mesmo com grelhas pré-determinadas e com muito
treino.
b) Teste-Reteste
- Pode ser medida de 2 maneiras:
- 1. Correlacionando os primeiros dias de um período de registo (e.g., linha de base) com o registo dos
dias finais;
- 2. Correlacionar os registo obtidos nesse período em dias pares com os registos em dias ímpares.
2. Validade
a) Convergente
b) Preditiva
c) Conteúdo
a) Convergente
- Medida em que as observações do comportamento se correlacionam com outros métodos de medida da
mesma variável.
b) Preditiva
- Medida em que os comportamentos observados ajudam a prognosticar níveis posteriores de
comportamento do indivíduo.
c) Conteúdo
- Medida em que os comportamentos observados são representativos do comportamento atual.
- Efeito da reatividade
- A presença do observador afeta e modifica os comportamentos das pessoas observadas em direções
socialmente desejáveis;
- O próprio observador modifica o seu comportamento quando pressente que a pessoa observada sabe
que está nessa situação.
- Vantagens da observação:
89
- Apresenta elevada validade ecológica (observa os comportamentos numa atmosfera naturalista ou
muito próxima das condições reais).
- Limitações da observação:
- Para redução das deformações, não deve ser dada ao observador nenhuma sugestão acerca de um
plano de intervenção;
- Planear observações prolongadas —> habituação e probabilidade de redução dos efeitos reativos;
- Recrutamento e treino de pais e professores já presentes no meio natural —> familiarização com as
definições operacionais e sistemas de registo, monitorização e feedback frequentes (processo moroso);
- O próprio observador deve “habituar-se” ao contexto antes de observar (e.g., passar algum tempo na
sala de aula);
- Envolver dois ou mais observadores, para se poder estabelecer o acordo entre observadores;
- Conduzir observações nos diferente locais onde o comportamento se tenha manifestado, de modo a
obter medidas da generalidade dos dados de observação.
90
Relatórios Psicológicos
DEFINIÇÃO:
- Para a sua credibilidade e valor, um RP deve mencionar os seus objetivos, responder às questões
(explícitas/implícitas) subjacentes ao pedido, justificar opiniões e especificar recomendações sobre a
intervenção.
- A “relevância” e “legibilidade” devem orientar a redação do RP, respeitando as necessidades de
informação e nível de conhecimento/formação do “leitor/utilizador” (que tem de compreender os
termos empregues) —> Linguagem compreensível e adequada aos destinatários.
- Nem toda a informação disponível deve ser incluída no RP. Apenas a que aumente a compreensão. Inclui
informação confidencial (não confundir com “anónimo”).
- O RP deve oferecer uma representação específica e realista sobre a pessoa, através de uma caracterização
clara dos seus desempenhos/comportamentos e resultados em testes ou provas.
- Deve responder de forma tão explícita e completa quanto possível às questões colocadas aquando do
pedido de avaliação/consulta psicológica.
- Toda a informação inserida num RP deve ser credível (devidamente fundamentada), convincente e válida.
- É essencial ter em conta quadros de referência normativos.
91
- O RP constitui um registo de avaliação que poderá, mais tarde, servir para outros usos (para além do
pedido que o motivou).
- O RP deve articular devidamente os dados da avaliação e com propostas de intervenção ou
recomendações.
- O RP não contém apenas elementos de avaliação. Decorrente da avaliação, é suposto conter uma alusão
(pelo menos básica) a recomendações, para fins de prevenção e/ou de intervenção, assim como para
facilitar eventual encaminhamento para outros profissionais ou especialistas.
- A informação proporcionada por um RP também facilitará a monitorização da evolução ou progressos
subsequentes.
- Deve ter-se em consideração que vai haver um “leitor principal” mas que poderão existir “leitores
secundários”.
- Destinatários possíveis:
- Pais / cuidadores
- Educadores / professores
- Criança/adolescente/adulto
- Médicos (e.g., psiquiatras, neurologistas, pediatras)
- Juízes, advogados
- Psicólogos
- Outros (e.g., terapeuta da fala, nutricionista)
1. Legibilidade do relatório
- Ir ao encontro das necessidades de informação solicitadas.
- Ter em conta escolaridade e formação dos destinatários.
- Incluir (somente) informação relevante.
- Excluir terminologia complexa e ter cuidado com a linguagem técnica (ex.: coordenação visuo-motora
pode ser algo que não se percebe).
- Se necessário, colocar definições dos conceitos/noções usados.
- Idealmente, entrevista de devolução de informação, antes do envio de relatório escrito.
- Pode revelar-se conveniente elaborar diferentes relatórios conforme o destinatário.
2. Utilidade do relatório
- Clarificar/descrever comportamentos e desempenhos observados.
- Apontar possibilidades de intervenção: sugerir soluções ou recomendações para as dificuldades
identificadas.
92
3. Especificidade do relatório
- Responder diretamente às questões concretas colocadas pela avaliação.
- Incluir uma descrição idiossincrática da pessoa em particular examinada.
- Formular conclusões e recomendações detalhadas considerando as circunstâncias de vida específicas da
pessoa avaliada.
4. Credibilidade do relatório
- Referir claramente os objetivos do RP (os quais têm a ver com o pedido).
- Dar resposta às questões (explícitas e implícitas) que motivaram o pedido de avaliação.
- Realizar uma escolha fundamentada dos instrumentos.
- Justificar as recomendações (p.ex., articulando-as com os dados da avaliação).
- Apresentação de afirmações credíveis e persuasivas (convincentes).
Obs. prévia: grande variedade conforme contextos e finalidades de cada relatório. Apresenta-se aqui apenas
um modelo norteador, com alguma exaustividade.
- História resumida e relevante para a interpretação dos resultados —> Nesta secção faz sentido referir:
descrição do problema atual; história pessoal e social; percurso escolar e/ou laboral; problemas com
93
justiça (se aplicável: relevante em relatórios forenses); ambiente e história familiar; dados médicos
relevantes.
- Listar os testes ou outros instrumentos de avaliação (ex: entrevista) usados, providenciando informação
completa para a sua devida identificação (e.g., designação integral, ano, edição, versão).
- Incluir detalhes sobre a aplicação, p.ex. datas e tempo necessário para administração dos instrumentos.
- Fundamentar a pertinência/relevância do recurso específico a provas psicológicas sobretudo quando o
destinatário do RP não estiver minimamente familiarizado com os objetivos (e alcance) da AP.
- N.B.: Nenhum resultado de um teste deve ser referenciado sem explicação sobre o que pretende medir e
significado desse resultado (facultar informação técnica facilmente compreensível).
- Apresentar resultados com detalhe em relatórios legais (contexto forense, judicial) ou quando os
destinatários do RP são outros profissionais com conhecimentos sobre os testes (e.g. QIv, QI, nas escalas
de Wechsler; resultados T nas escalas do MMPI).
- Noutros contextos, a indicação dos resultados em detalhe pode não ser necessária - e.g.a, tomando o
caso da inteligência medida através das escalas de Wechsler, pode bastar uma afirmação do género: “os
resultados globais da WAIS sugerem que o A. apresenta provavelmente um funcionamento intelectual
geral acima da média”.
Incluem:
- Descrição resumida de comportamentos específicos e relevantes (sem inferências clínicas de natureza
diagnóstica).
- Caracterização da aparência física - comportamentos motores.
- Comportamento e atitudes relativamente a si próprio, às tarefas e ao examinador.
- Comportamento durante a situação de teste, bem como métodos/estratégias de abordagem das tarefas
(e.g. testes de inteligência).
- (…) Pode ser feita referência a comportamentos em casa, na sala de aula, recreio…
- Secção fundamental do relatório! - Supõe clarificar e fundamentar a relação entre os dados da avaliação
psicológica e as interpretações/inferências.
- O estilo e conteúdo dependem da orientação teórica do psicólogo.
- Exs. de tópicos habitualmente referidos (conforme a “escola” em questão): aspetos intelectuais, relações
interpessoais, dificuldades/controlo emocional, áreas de conflito, mecanismos de defesa,
sentimentos/pensamentos relevantes, comportamentos adaptados/inadaptados, grau de compreensão
do problema por parte do sujeito, recursos pessoais mobilizáveis, aptidões sociais e objetivos vocacionais.
- As inferências formuladas, incluindo de natureza diagnóstica, devem basear-se na integração ou
articulação dos dados dos testes/provas, observações do comportamento, história relevante e outros
dados adicionais disponíveis.
—> Identificados durante a avaliação, que ajudem a explicar dificuldades atuais e a selecionar
recomendações oportunas na secção seguinte do relatório.
- Especificar também aspetos positivos ou áreas fortes, para além das limitações em termos
comportamentais.
- Se incluir informação sobre prognóstico —> O prognóstico para este sujeito é A (resultado) e B
(descritor de prognóstico).
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A. Resultado
- Melhoria, recuperação parcial
- Empregabilidade, regresso ao trabalho inicial
- Colocação em trabalho/atividade alternativa
- Apoio familiar, comunitário, institucional, estruturado…
B. Descritor prognóstico
- Excelente
- Bom
- Incerto porque…
- Pobre/precário/negativo/grave/terminal
- Desconhecido
- Descritores da evolução:
1. Flutuante com remissões
2. Agudo
3. Benigno
4. Positiva
5. Negativa
- Outras afirmações:
1. A gravidade e cronicidade dos seus sintomas sugere um prognóstico negativo.
2. A duração provável do tratamento é ___ com os seguintes objetivos terapêuticos (especificar).
- Introduzir parágrafo (resumo/sumário final) que indique as impressões e interpretações mais importantes
(…).
- Neste reafirma-se o objetivo do RP, métodos de avaliação, resultados, formulação e recomendações.
- Explicitar a eventual necessidade de clarificar a formulação do problema, e consequentemente a
necessidade de continuar/prolongar a AP.
- Ter em conta a possibilidade do RP vir a ser usado no futuro com objetivos distintos das finalidades que
motivaram a sua redação atual. É fundamental que todas as informações e conclusões sejam formuladas
de forma clara e explicitar condições de validade (referir cenários alternativos, abordar a possibilidade
de, com o tempo, ocorrerem mudanças nos comportamentos, situações e resultados da AP).
- As recomendações devem estar logicamente relacionadas com os conteúdos das secções precedentes do
RP, ou seja:
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- As recomendações devem estar relacionadas com o objetivo do RP e com a natureza do problema
(clarificada na secção da formulação do caso, decorrente dos resultados dos testes/outros e da
avaliação do funcionamento atual).
- Colocar as afirmações numa forma positiva (ex.: “ser mais pontual” em vez de “não se atrasar”).
- Após nome completo na parte superior da 1ª página, pode usar-se o 1º nome (no caso das crianças) ou
último nome (no caso do adultos) nas referências subsequentes ao sujeito (confidencialidade).
- Para prevenir perda de páginas, numerar págs. na modalidade: 1/6; 2/6;…
- Certificar-se que as afirmações são consistentes.
- Escrita clara e legível, como já referido; uso de programa de processamento de texto com verificação
ortográfica e gramatical.
- Preferir afirmações específicas, definitivas e concretas, em vez de afirmações gerais, vagas, e abstratas.
- Evitar maneiras mais rápidas de dizer as coisas à custa da clareza das afirmações; palavras fantasiosas,
afetuosas; uso de qualificativos como “bastante”, “muito”, “pouco”, “simpático”.
- Evitar, quer omitir afirmações, quer usar palavras desnecessárias.
- Exprimir ideias de forma ordenada. “É o conteúdo e não o estilo que deve proteger o relatório da
monotonia” (in Simões, 2008).
- Não relatar com exagero, evitar generalizações ou interpretações excessivas.
- Minimizar o uso de linguagem técnica (definir termos, se necessário, como já mencionado).
- Recordar: adaptar o relatório às necessidades de informação dos leitores.
- Se citar uma outra pessoa (figura de autoridade..) ter a certeza de que essa pessoa é qualificada e neutra.
- Não interpretar para além dos dados disponíveis/obtidos.
- Identificar fundamentos que justificam conclusões causa-efeito (usar de máxima prudência ao tirar este
tipo de conclusões).
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- Usar cabeçalhos, números, letras, itálicos, sublinhados, palavras a negro, etc…para aumentar a clareza do
texto, para evitar um formato exclusivamente narrativo.
- Reafirmar a importância da confidencialidade: “este relatório é para ser utilizado por”…”uso restrito a….
Relatórios Psicológicos | Mais alguns exemplos concretos
- O João obteve um resultado de QI de 116; um resultado de QI de 116 encontra-se acima da média (“normal
brilhante”, nas Escalas de Wechsler). O João obteve um resultado QI de 116 mostrando que funciona
provavelmente acima da média no que diz respeito à capacidade intelectual geral.
- (-) Os deficientes mentais exigem frequentemente uma supervisão estreita
- (+) Pessoas com níveis reduzidos de aptidão intelectual geral e défice do comportamento adaptativo
exigem frequentemente uma maior supervisão.
- Distinção entre um diagnóstico e a pessoa com uma dado diagnóstico; uma formulação mais explícita,
com exemplos concretos ajuda a pensar o cliente como sujeito único com problemas de vida específicos.
- (-) O cliente pareceu nervoso durante a aplicação dos testes
- (+) O comportamento do cliente - como risos nervosos, tremor das mãos e uma abordagem hesitante
das tarefas - sugere que estava ansioso durante a avaliação.
- Evitar linguagem vaga com vários condicionalismos; 2º exemplo preserva a intenção de assinalar a
possibilidade de distúrbio…que merece preocupação.
- (-) Estes resultados nos testes mostram que o cliente pode ser apenas moderadamente perturbado.
- (+) Estes resultados nos testes sugerem a possibilidade que o cliente possa ser apenas moderadamente
perturbado.
- Recordar: a 2ª afirmação preserva grau de incerteza recomendável quando os resultados dos testes não
permitem ser mais afirmativo; qualificar afirmações com expressões como “sugere”, “pode indicar”,
“pode mostrar”, “funcionamento provável”, quando os dados não podem ser interpretados com mais
certeza.
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Exemplos concretos | dos resultados à formulação:
- RP em contextos escolares:
- Tratam-se de RP sobre sujeitos que não funcionam bem na escola. Incluem:
1. Explicação para os padrões de comportamento e de aprendizagem que influenciam o (in)sucesso na
escola;
2. Análise pormenorizada dos padrões de aprendizagem sua interação com a aquisição de
competências escolares (inf acerca do rendimento/realização escolar é fundamental);
3. Descrição do estado sócio-emocional e comportamental ou de medidas de aptidão geral
(inteligência) cujos resultados são comparados com resultados obtidos em medidas de realização
escolar.
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- Bagnato sugere outras recomendações:
1. Os RP devem ser organizados por domínio de aptidão mais do que em função dos testes
utilizados;
2. Os RP devem descrever áreas fortes e fracas em termos comportamentais;
3. Os RP devem enfatizar variáveis processuais, como as estratégias de aprendizagem;
4. Os RP devem ligar de forma estreita as tarefas de avaliação aos objetivos curriculares com o
objetivo de facilitar o desenvolvimento de planos educativos;
5. Os RP devem facultar aos professors recomendações para a implementação de técnicas de
controlo do comportamento.
- Dados presentes nos RP tem potencial para afetar as perceções e as expectativas dos professores acerca
do desempenho dos alunos.
- RP em contextos clínicos:
- O trabalho dos psicólogos com psiquiatras e assistentes sociais levanta o problema destes não estar,
familiarizados com a informação proveniente dos testes psicológicos e de não compreenderem
conceitos estatísticos cruciais para a interpretação dos testes.
- É necessário introduzir nos RP informação técnica pormenorizada a este nível.
- A avaliação dos distúrbios do comportamento ou da personalidade e avaliação da psicoterapia são os
objetivos mãos frequentes nos RP neste contexto.
- As diferentes orientações técnicas utilizadas pelo psicólogo influenciam a elaboração do RP: e.g.
discussão do significado da avaliação projetiva e objetiva da personalidade; uso dos conceitos instintos,
conflitos e mecanismos de defesa…
MAPA DE CONCEITOS
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