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Simetrias do Espaço-Tempo
e Vetores de Killing
Belo Horizonte - MG
2022/1
Diego Sier de Faria
Belo Horizonte
2022
3
Agradecimentos
Agradeço meus pais e irmã, Vinicius, Cinara e Isabelle, por todo apoio a minha
caminhada na física e nas minhas decisões.
Agradeço a minha namorada Bruna, pela paciência e carinho em me acompanhar
nas discussões sobre física e me ajudar a seguir com meus objetivos.
Agradeço, aos meus avós e tios, principalmente a Tia Nem pela afeição em minha
criação.
Agradeço aos meus amigos, que me permitiram descontrair nas pausas dos estudos.
Agradeço ao meu orientador Nelson, por contribuir com minha formação.
Agradeço ao meu coorientador Filipe, por ter aceitado o projeto de escrever esse
trabalho e por me ajudar de n formas na minha carreira acadêmica.
Em memória de Vô Nil.
4
Resumo
Abstract
Sumário
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1 Variedade Diferenciável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.1 Vetor Tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1.2 Campos Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1.3 1-formas e Vetores Cotangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.4 Tensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.1.5 p-formas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.6 Pushforward e Pullback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.7 Fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.1.8 Derivada de Lie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.1.9 Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.1.9.1 Forma de Volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.1.9.2 Teorema De Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2 VETORES DE KILLING . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.1 Equação de Killing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2 Obtenção de Vetores de Killing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 Equação Geodésica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.4 Vetores de Killing na Equação Geodésica . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.5 Equação da Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.6 Quantidades Conservadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.7 Quantidades Conservadas em Métricas de Buracos Negros. . . . . . 57
2.7.1 Quantidade Conservada na Métrica de Schwarzschild . . . . . . . . . . . . 58
2.7.2 Quantidade Conservada na Métrica de Reissner-Nordström. . . . . . . . . . 61
2.7.3 Quantidade Conservada na Métrica de Kerr. . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.7.4 Quantidade Conservada na Métrica de Kerr-Newman . . . . . . . . . . . . 67
2.8 Análise das Quantidades Conservadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
B PRODUTO EXTERIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
C TENSORES E OPERADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
C.1 Derivada Exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
C.2 Símbolos de Christoffel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
C.3 Derivada Covariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
C.4 Tensores de Riemann e de Ricci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
E DESENVOLVIMENTO MATEMÁTICO . . . . . . . . . . . . . . . . 84
E.1 Primeiro fator h de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
E.2 Segundo fator h de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
E.3 Terceiro fator h de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
E.4 Antissimetrização de Deltas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
8
Convenções
• xµ ≡ ηµν xν ;
• xµ ≡ Λµ ν xν (Transformação de Lorentz);
∂
• ∂µ = ∂xµ
;
Introdução
Em 1915 Albert Einstein desenvolveu uma das mais surpreendentes e bem sucedidas
teorias físicas. Na época, as consequências geradas por essa teoria foram extremamente
discutidas entre a comunidade científica, já que ela permitiu a solução do problema do
avanço do periélio de mercúrio, assim como a descrição da deflexão da luz provocado
por campos gravitacionais, a explicação do desvio para o vermelho de luzes emitidas por
outras galáxias indicando que elas estão em movimento, a implicação de um início para
o universo (Big-Bang), buracos negros e vários outros fenômenos. Além da comunidade
científica, muitos desses temas despertam um grande interesse da sociedade, como por
exemplo o Big-Bang e buracos negros. Sobre esse último tema, desde a primeira previsão
feita por R. Penrose em 1965, de que em algumas situações corpos massivos irão sofrer
um colapso gravitacional e formar um buraco negro, até os dias atuais, há sempre uma
grande discussão por parte da comunidade científica e da mídia. Isso pode ser afirmado,
visto a grande divulgação de pesquisas relacionadas a buracos negros, como por exemplo
a ampla publicação na mídia das últimas descobertas relacionadas ao imageamento dos
buracos negros M87 em 2019 e Sagitarius A* em 2022 pelo projeto de colaboração global
Event Horizon Telescope (EHT).
Em vista disso, física de buracos negros é uma área da física que representa ganhos
científicos e ganhos culturais. O primeiro ganho é devido aos grandes avanço na física teórica
e experimental para prever e observar o comportamento desses corpos. O segundo ganho é
devido ao grande interesse da população acerca de descobertas sobre buracos negros. Dessa
forma, o estudo de buracos negros é importante em diversos aspectos, principalmente
devido ao fato de ele gerar singularidades que são vistas como sendo estruturas do espaço-
tempo. Logo a existência deles tem consequências diretas em propriedades do próprio
espaço-tempo.
Em meio a tantas descobertas relacionadas à física de buracos negros, será dada
uma atenção nessa monografia para quantidades conservadas no espaço-tempo. Esse estudo
se baseia nos campos vetoriais de Killing, os quais foram denominados assim devido a uma
homenagem a Wilhelm Killing que os desenvolveu. Por meio desses campos vetoriais é
possível resolver as integrais de Komar, desenvolvidas por Arthur Komar em 1963 [15]. E
finalmente, descobrir o que está sendo conservado no espaço-tempo devido à presença de
buracos negros. O objetivo dessa monografia é calcular através das integrais de Komar as
quantidades conservadas no espaço-tempo devido à presença de buracos negros.
10
1 Ferramentas Matemáticas
A Teoria da Relatividade Geral é uma teoria que incorporou vários conceitos físicos
não vistos até então pela física não relativística. Um deles é a utilização do tempo como
uma quarta dimensão passível de transformações, se comportando, assim, como qualquer
uma das outras três dimensões espaciais. Além disso, o contexto em que a teoria é elaborada
é em um espaço maleável, ou seja, nesse caso não está se lidando mais com um espaço
plano e sim com um espaço que pode vir a se curvar. Para isso é necessário a incorporação
da geometria diferencial na descrição matemática da relatividade geral. Por conseguinte,
é necessário compreender alguns termos matemáticos para poder iniciar o tratamento
diferencial dessa teoria.
que foi citado no primeiro parágrafo dessa seção.) Portanto, tomando-se um elemento
p de M haverá um aberto U e um homeomorfismo ϕ : U → Rm . ϕ é denominado um
mapa;
• O par (U ,ϕ) é chamado de carta coordenada e sua ação pode ser vista na imagem 1.
O conjunto formado por todas as cartas é chamada de atlas de M .
F = ψ ◦ f ◦ ϕ−1 . (1.1)
Uma definição importante que deve ser considerada nessas variedades é o possível
difeomorfismo de M em relação à N . Para tal, será definido que as dimensões de M e N
são as mesmas, ou seja, m = n. Sejam xµ ∈ Rm as coordenadas de p ∈ M e coordenadas
y ν ∈ Rn para o ponto f (p) ∈ N , de forma que y ν = F ν (x). Assim, será dito que f é
2
A definição de espaços topológicos se encontra no apêndice A.2
3
Note que nada impede as dimensões das variedades serem a mesma, mas aqui foi tomado m diferente
de n para se fazer uma generalização do argumento.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 13
diferenciável de classe C∞ se F o for. Se, além disso, F for invertível e sua inversa for suave,
f é chamado de difeomorfismo4 . Portanto, a variedade diferenciável M será difeomorfa a
N.
Visto isso, será utilizado uma classe de mapeamento bastante importante para o
contexto. Esse tipo de mapeamento é o de uma curva aberta γ(t) sobre a variedade M em
Rn através de um mapa f : M → R. Para definir um vetor tangente X a um ponto dessa
curva deve-se diferenciá-la em relação ao parâmetro t da curva e analisar o valor de t para
o qual está definido o ponto em questão (para simplificar será tomado γ(0) = p), o que
geometricamente está mostrado na imagem (4) e estabelecido na relação (1.2).
df (γ(t))
X(f ) = . (1.2)
dt t=0
em que f (ϕ−1 ) : Rm → R. Portanto, a ação do vetor X sobre uma função agora com
coordenadas é dada por:
dF (x1γ (t), · · · , xm
γ (t))
X(f ) = , (1.4)
dt
t=0
ou seja,
dxµ ∂F (xγ (t))
X(f ) = γ . (1.5)
dt ∂xµγ
t=0
A noção de vetor construída até o momento foi através de uma aplicação linear
sobre uma função. Porém, ao analisar todas as curvas que passam pelo ponto p e obter
todos os vetores tangente associados a essas curvas é possível construir a noção de um
espaço através da composição desses vetores, o qual será denominado de espaço Tp M que é
4
O conceito de difeomorfismo está explicado no apêndice A.2.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 14
por definição um espaço vetorial. Portanto, é dito que Xp é pertencente ao espaço vetorial
Tp M e sua ação é dada por Xp : C∞ (M ) → R. Logo, ele deve possuir uma base, de forma
que qualquer vetor tangente seja uma combinação linear dessa base. Dessa maneira, é
possível determinar uma base eµ associada ao espaço Tp M , de forma que o vetor X escrito
em termos de sua base e componentes é dado por:
X = X µ eµ . (1.6)
Assim, a pergunta natural que surge após determinar uma base para esse vetor é
como determinar as componentes dessa base. Essa indagação pode ser respondida de forma
simples através de uma inspeção nas equações (1.2) e (1.5). Na relação (1.5) há um termo
de derivada em relação ao parâmetro t como em (1.2) multiplicado por uma derivada da
função F em relação à xµγ , assim é possível associar esse termo de derivada parcial com a
atuação da base na função F . Portanto, a base eµ do espaço Tp M e as componentes do
vetor X µ serão determinados, respectivamente, como sendo:
∂
eµ = = ∂µ , (1.7)
∂xµ
dxµ
Xµ = . (1.8)
dt
Dito isso, a base eµ será escrita a partir de agora como sendo ∂µ . Assim, a aplicação
X(f ) escrita em termos de coordenadas pela relação (1.5) pode ser reescrita da seguinte
forma:
X(f ) = X µ ∂µ (f ). (1.9)
Portanto, tem-se em mãos duas relações de vetor tangente, sendo uma que independe
de coordenadas (1.2) e outra que depende de coordenadas (1.5). Porém, a relação (1.5) foi
construída através da (1.2), gerando a ideia de que é possível mudar as coordenadas do
vetor, já que a definição independe de um sistema de coordenadas específico. Portanto, é
de interesse mudar da base ∂µ que corresponde às coordenadas xµ para uma outra base
′
∂µ′ que corresponde às coordenadas xµ e que atue em f da seguinte forma:
′
dxµγ ∂F (x′γ (t))
X(f ) = ′ . (1.10)
dt ∂xµγ
t=0
Para isso:
∂F (x′ ) ∂xµ ∂F (x) ∂xµ
∂µ′ (f ) = = = ∂µ (f ). (1.11)
dxµ′ ∂xµ′ ∂xµ ∂xµ′
Logo:
∂xµ ∂ ∂xµ
∂µ′ = ′ = ∂µ . (1.12)
∂xµ ∂xµ ∂xµ′
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 15
∂x µ
Isso informa que as duas bases estão relacionadas através de uma matriz ∂x µ′ ,
Visto isso é possível concluir matematicamente o que foi dito anteriormente, que
um vetor é definido independentemente do sistema de coordenadas dada a conta abaixo,
′ ′
dxµ ∂F (x′ ) ∂xµ dxµ ∂xν ∂F (x)
X ′ (f ) = = , (1.14)
dt ∂xµ′ ∂xµ dt ∂xµ′ ∂xν
organizando os termos e usando a propriedade de delta de Kronecker,
′
′ ∂xµ ∂xν dxµ ∂F (x) µ
ν dx ∂F (x)
X (f ) = ′ = δµ . (1.15)
∂xµ ∂xµ dt ∂xν dt ∂xν
Portanto,
dxµ ∂F (x)
X ′ (f ) = = X(f ). (1.16)
dt ∂xµ
Frente ao exposto, foi possível visualizar a construção de vetores tangente, como
suas componentes e base se comportam sobre uma mudança de coordenadas. Além disso,
foi visto que o objeto matemático, vetor X, independe do sistema de coordenadas para ser
definido. O que faz com que se tenha em mãos conceitos extremamente importantes sobre
esse objeto bastante utilizado na física.
um espaço que foi denominado de espaço Tp M , o qual pode ser construído a partir do
vetor tangente de todas as curvas que passam no ponto p.
Dito isso, há um espaço tangente Tp M associado a cada ponto p ∈ M . Um campo
vetorial é definido como sendo uma função vetorial que associa um vetor em Tp M a cada
ponto p da variedade M .
Também é possível introduzir uma definição algébrica de campo vetorial utilizando
ferramentas do Cálculo. Para isso, inicialmente, será dito que um campo vetorial v agindo
sobre uma função f ∈ C∞ (M ) fornecerá informações sobre como essa função varia na
direção do campo vetorial v. E, caso se aplique esse campo vetorial em um ponto p da
função, a aplicação passa a ser v : f → R. Um exemplo desse tipo de operação é através
da derivada direcional da função f em um espaço euclidiano,
∂f 2 ∂f 3 ∂f i ∂f
v(f ) = v∇(f ) = v 1 + v + v = v . (1.17)
∂x1 ∂x2 ∂x3 ∂xi
Visto isso, é possível expandir esse conceito para o contexto de variedade diferen-
ciável. Para isso, usando uma função f ∈ C∞ (M ) e um campo vetorial em Rm é possível
determinar a ação de v em f através de v(f ). Isto é, está havendo uma diferenciação da
função f ao longo do campo vetorial v. Mas como v é um objeto definido em um espaço, ele
necessariamente necessita de uma base coordenada e para isso será feita a mesma análise
feita na seção de vetores tangentes. Pois, a partir da relação (1.17) é possível visualizar
que há uma contração dos componentes v i com o gradiente. Logo, expandido o conceito
para uma variedade M de dimensão m, é possível definir a ação de v(f ) em termos de
coordenadas através de:
∂f ∂f
v(f ) = v 1 1 + · · · + v m m . (1.18)
∂x ∂x
Portanto, o campo vetorial em questão será definido como sendo:
v = v µ ∂µ . (1.19)
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 17
• v(αf ) = αv(f );
Esse operador irá fazer parte de um espaço vetorial, o qual será denominado de
espaço cotangente ou de espaço dual a Tp M e simbolizado pela sigla Tp∗ M . Os funcionais
que fazem parte desse espaço serão chamados de vetores duais, vetores cotangentes ou
simplesmente 1-formas.
Como se definiu uma 1-forma como sendo um objeto pertencente ao espaço Tp∗ M
é necessário incorporar o mesmo argumento dado à (1.19), ou seja, é preciso que uma
1-forma ω possa ser representada por componentes em uma base eµ em relação a esse
espaço. Assim, é possível representar ω da seguinte forma:
ω = ωµ eµ . (1.21)
Como uma 1-forma é linear sua operação sobre um vetor é definida com a atuação
nos vetores de base,
ω(X) = ωµ eµ (X ν ∂ν ) = ωµ X ν eµ (∂ν ). (1.22)
funcional linear, porém atuando sobre 1-formas, ou seja, X : Tp∗ M → R. Assim, a atuação
de vetores sobre uma 1-forma genérica ω é definida como:
Dessa forma, aplicando esse conceito para a base de eµ , é possível verificar que
a única possibilidade para a contração de uma base de 1-forma com uma base de vetor
resultar em um delta de Kronecker é se eµ = dxµ .
ν ν∂xν
dx (∂µ ) = ∂µ (x ) = µ
= δµν . (1.25)
∂x
Portanto, a partir de agora a base de uma 1-forma será escrita como sendo dxµ , e
a 1-forma será tida como:
ω = ωµ dxµ . (1.26)
A ação de uma 1-forma genérica sobre um vetor tangente também genérico é dada
pela (1.24). Essa relação pode ser conferida em termos de um sistema de coordenadas.
Isto é,
ω(X) = X µ ω(∂µ ) = X µ ων dxν (∂µ ) = X µ ων δµν = X µ ωµ . (1.27)
Ou, utilizando a relação (1.29) é possível escrever a relação explícita entre as trocas
de coordenadas de uma 1-forma ω para as novas coordenadas de ω ′ .
∂xν
ωµ′ ′ = ων . (1.31)
∂xµ′
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 19
Ademais, o valor de df (X) pode ser negativo. Para descrever essa situação da
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 20
mesma maneira heurística, será tomado o vetor −X e contado o número de curvas que ele
cruza. Dessa maneira, o resultado deve ser o negativo do valor encontrado anteriormente,
ou seja, df (X) = −3. Assim, essa situação pode ser representada através da Figura 6-c).
É valioso salientar que essa abordagem heurística é uma forma de tentar compreen-
der a representação geométrica de uma 1-forma, mas que nem sempre será possível fazer
essa análise.
1.1.4 Tensores
Devido à definição (1.24) encontrada na seção de 1-formas 1.1.3, é possível verificar
que, assim como 1-formas são objetos matemáticos que atuam em vetores e retornam um
valor numérico real, vetores atuando em 1-forma irão retornar valores reais. Assim, de
maneira natural, é possível definir um funcional bilinear de um vetor X e uma 1-forma ω,
T (ω, X). Dessa forma, para expressar a bilinearidade desse funcional será utilizado o vetor
X e a 1-forma ω em termos de suas bases associadas a uma mesma coordenatização em
Tp M e Tp∗ M . Tal funcional é um exemplo de tensor. Dessa forma, é possível visualizar a
operação abaixo:
∂µ ⊗ dxν . (1.37)
Esse elemento, por definição, será considerado um funcional bilinear sobre o espaço
Tp∗ M × Tp M , cuja ação é dada por:
Devido a esse fato, qualquer tensor bilinear do tipo citado pode ser escrito em
termos de uma combinação linear desta base. Assim:
T = T µν ∂µ ⊗ dxν . (1.39)
Logo,
T (ω, X) = T µν ∂µ ⊗ dxν (ω, X). (1.40)
Logo, a definição do tensor sendo um objeto definido com componentes e uma base
é consistente com a atuação de um funcional. O tensor utilizado é do tipo (1, 1), dessa
forma, ele é um elemento de Tp M ⊗ Tp∗ M .
Após a definição de um tensor do tipo (1, 1) é possível expandir esse conceito a
um tensor mair geral através do produto tensorial de k vetores tangentes e l 1-formas.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 22
Portanto, como haverá um produto tensorial entre esses k e l espaços, é possível construir
um tensor do tipo (k, l). Assim, como um tensor (1, 1) obedece uma operação bilinear,
um tensor (k, l) deve obedecer uma operação multilinear. Portanto, é possível escrever de
forma genérica um tensor multilinear da seguinte forma:
Como visto em um tensor (1, 1), cada base se transforma individualmente quando
há troca de coordenadas. Portanto, para um tensor geral que obedece uma multilinearidade
será a mesma coisa, logo a troca de coordenadas é dada por:
′ ′
µ′1 ···µ′k ∂xµ1 ∂xµk ∂xν1 ∂xνl µ1 ···µk
T ν1′ ···νl′ = · · · ′ · · · ′ T ν1 ···νl . (1.45)
∂xµ1 ∂xµk ∂xν1 ∂xνl
1. gab X a Y b = gab Y a X b ;
2. gab X a X b = 0, se e somente se X a = 0.
Logo,
g ab = g µν ∂µ ⊗ ∂ν . (1.48)
Foi verificado que a contração desses dois tensores geram um delta de Kronecker
em (1.47), logo é convidativo observar a ação de gab sobre um vetor tangente.
Por conseguinte, é possível concluir que a métrica inversa atuando sobre um vetor
de base Tp M irá fazer com que esse vetor seja levado ao espaço Tp∗ M , pois, como foi
observado acima, há uma troca de base e o vetor passa a ter uma base do espaço Tp∗ M .
Devido a isso, é possível pensar na métrica como sendo um isomorfismo entre Tp M e Tp∗ M .
O mesmo raciocínio pode ser efetuado para uma 1-forma, e o resultado não será diferente,
pois a métrica inversa aplicada em uma 1-forma irá trocar a sua base Tp∗ M para uma
base em Tp M . Logo, é possível escrever essas relações de troca de base de forma genérica
para um vetor qualquer e uma 1-forma qualquer, o que está descrito em (1.50) e (1.51)
respectivamente,
Xµ = gµν X ν , (1.50)
ω µ = g µν ων . (1.51)
1.1.5 p-formas
Tendo em vista o contexto de tensores, é possível fazer uma generalização para um
subgrupo de tensores (0, p), o qual consiste de tensores cujos coeficientes são totalmente
antissimétricos e que serão chamados de formas diferenciais ou simplesmente de p-formas.
Desse grupo, é possível exemplificar um tensor do tipo (0, 2) que é escrito como sendo:
Logo, é possível ver que a estrutura seguida pela relação (1.58) segue a estrutura
de (1.54), com a diferença de que (1.58) possui uma base de 1-forma a mais. Isso não é
uma mera coincidência, pois parte do princípio de construção de uma p-forma, o qual
segue a definição abaixo:
1
ω= ωµ1 ,··· ,µp dxµ1 ∧ · · · ∧ dxµp , , (1.59)
p!
Logo,
f∗ Xγ (g) := Xγ (g ◦ f ). (1.62)
Mas, utilizando o fato de que o vetor Yf (γ(t)) pode ser escrito em termos de uma
base cujas coordenadas são proporcionadas pela ψ : N → Rn e usando uma função do tipo
G = g ◦ ψ −1 , é possível obter:
Frente ao exposto, essa última relação está totalmente de acordo com a definição
de vetor tangente no espaço Tf (p) N dada por (1.9).
Porém, deve-se saber como se comportam as componentes de Y ν , pois, como esse
vetor vem de uma associação provocada pelo mapeamento f∗ em Xγ , é de se esperar que
haja alguma relação entre as componentes desses vetores. Isso é possível de concluir através
do lado direito da relação (1.62), que se refere a uma atuação de um vetor do espaço
tangente a M em p. Lembrando, que da seção de vetores 1.1.1, ϕ : M → Rm , tem-se:
∂y ν ∂G(y)
Xγ (g ◦ f ) = X µ . (1.65)
∂xµ ∂y µ
não foram definidas de forma a ter a mesma dimensão, sendo então uma relação bastante
geral.
Visto a definição de um pushfoward para um vetor, é possível estender a definição
para tensores do tipo (k, 0),
Para efetuar um pushfoward sobre esse tensor é necessário visualizar como o mapa
f∗ atua sobre os vetores de base ∂µ em Tp M . Essa atuação irá relacionar essa base antiga
com uma base ∂ν dada em N de coordenada y. Dessa forma, essa ação é definida como
sendo
∂y ν
f∗ ∂µ = ∂ν . (1.69)
∂xµ
Devido ao fato de que o pushfoward é uma aplicação linear entre os espaços
tangentes às duas variedades M e N , a atuação de f∗ pode ser definida em termos da
atuação nos vetores de base. Ou seja,
f∗ X = X µ f∗ ∂µ . (1.70)
∂y ν
f∗ X = X µ f∗ ∂µ = X µ ∂ν = Y ν ∂ν , (1.71)
∂xµ
Com isso em mãos é possível estender o raciocínio a tensores do tipo (k, 0) através
da relação abaixo:
f∗ T = T µ1 ···µk f∗ ∂µ1 ⊗ f∗ ∂µk . (1.72)
Visto a ação de um mapa f sobre vetores tangentes, é de se imaginar que esse mapa
deve possuir alguma atuação sobre 1-formas que também estão definidas na variedade M ,
sobre a qual f atua. De fato há um tipo de mapeamento que permite associar 1-formas
definidas em N em 1-formas definidas em M . Esse mapeamento é denominado como sendo
pullback e age sobre uma 1-forma da seguinte maneira: f ∗ : Tf∗(p) N → Tp∗ M . É possível
observar que o caráter do pushforward é levar um vetor até N e o caráter do pullback
trazer uma 1-forma até M , por isso o pullback é chamado de retrocesso em português.7
A atuação desse pullback sobre as coordenadas de ω será parecida com a demons-
trada em (1.67) para vetores tangentes, porém nesse caso a matriz de transformação será
a inversa da obtida em (1.67). Assim, a atuação de f ∗ em ω pode ser escrita como:
f ∗ (ω) = ω ′ . (1.75)
Essa 1-forma definida como sendo ω ′ é pertencente a Tp∗ M , cujo vetor base é dado
por dxν . Como a troca de coordenadas segue o mesmo raciocínio demonstrado para vetores,
com a diferença de que nesse caso são 1-formas sofrendo f ∗ : Tf∗(p) N → Tp∗ M , o leitor será
poupado as contas (as quais podem ser vistas em [3] ou em [7]) para 1-forma e as novas
componentes da 1-forma são dadas por:
∂y ν
ωµ′ = ων . (1.76)
∂xµ
Note que, apesar de a matriz de transformação ser igual a matriz de (1.67), a
equação (1.76) está calculando uma 1-forma em Tp∗ M , já a equação (1.67) está calculando
um vetor em Tf (p) N . Logo, essas relações dizem respeito a variedades diferentes.
7
A tradução em português para pullback é usada em algumas publicações, como por exemplo em [3],
porém nesse trabalho será utilizada a nomenclatura em ingês devido à maior quantidade de referências
usadas para elaboração desse texto que usam os nomes pullback e pushforward.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 29
Da mesma forma observada para vetores, essa matriz de transformação não precisa
ser necessariamente quadrada, pois as dimensões de M e N não foram definidas como
sendo iguais. Assim, a relação de troca das componentes dada por (1.76) é bastante geral.
Além disso, como feito para vetores, a ação de f ∗ sobre a base dy ν é dada por:
∂y ν µ
f ∗ (dy ν ) = dx . (1.77)
∂xµ
∂y ν
f ∗ (ω) = ων f ∗ dy ν = ων dxµ = ωµ′ dxµ = ω ′ . (1.78)
∂xµ
Portanto, tendo em mãos um tensor (0, l) é sabido (da seção sobre tensores) que
ele será construído através do produto tensorial de 1-formas base, logo:
Dessa forma, a aplicação de um pullback sobre esse tensor será de forma individual
sobre cada base de 1-forma, o que gera a seguinte relação:
f ∗ T = Tν1 ···νl f ∗ dy ν1 ⊗ · · · ⊗ f ∗ dy νl
∂y ν1 ∂y νl
= Tν1 ···νl µ1 · · · µ dxµ1 ⊗ · · · ⊗ dxµl
∂x ∂x l
= Tµ′ 1 ···µl dxµ1 ⊗ · · · ⊗ dxµl . (1.82)
Por fim, é possível expandir a discussão para um tensor (k, l). Porém, como f∗
associa um vetor de M para N e f ∗ associa uma 1-forma de N para M , não há como
generalizar uma atuação em um tensor do tipo (k, l). Contudo, é possível transpor essa
barreira caso o mapeamento f seja um difeomorfismo, pois, nesse caso, a inversa de
f∗ : Tp M → Tf (p) N será (f −1 )∗ : Tp∗ M → Tf∗(p) N . Portanto, quando há uma inversão de f
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 30
1.1.7 Fluxo
Esta seção será voltada à discussão de fluxos, porém para isso é preciso retomar
conceitos utilizados na seção de campos vetoriais. Assim, será tomado um campo vetorial
X sobre a variedade diferenciável M e será definida uma curva integral de X, que passa
pelo ponto p. Essa curva integral é uma curva σ(t) que passa pelo ponto p, de forma que
obedeça as seguinte propriedades:
• σ(0, p) = p;
É simples enxergar do que se trata a primeira definição, pois o valor que a curva
σ(t) assume quando o parâmetro t é igual a zero é exatamente o valor do ponto p. Porém,
a segunda definição merece um pouco de atenção e será de extrema importância para a
definição de fluxo. Nela está sendo usado um pushforward 8 para associar ao vetor tangente
em um t qualquer do intervalo (−ϵ, ϵ) de R, o qual é (d/dt), a um outro vetor tangente
em σ(t) de M , que é definido atuando em uma função f : R → R de M por
dF (σ µ (t, p)) dσ µ
!
d f (σ(t, p))
σ∗ (f ) = = = eµ (f ), (1.85)
dt dt dt dt
8
Como a noção de pushfoward não havia sido construida quando foi falado de campos vetoriais, não
fazia sentido definir fluxo. Por isso, a construção de fluxo está distante da de campos vetoriais no texto.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 31
é possível concluir que o lado direito dessa relação é igual o último termo da igualdade
(1.85). Assim:
dσ µ
= X µ (σ(t, p)). (1.86)
dt
Essa equação descreve exatamente a propriedade de fluxo proporcionado por um
campo vetorial, pois ela diz que um vetor tangente à curva σ(t, p), num ponto genérico dela
tem as mesmas componentes que o campo vetorial X naquele ponto. Assim, em outras
palavras, é possível definir um fluxo a partir de um campo vetorial sobre a variedade M
através de um conjunto de curvas tal que por cada ponto passe apenas uma curva e o
vetor tangente a ela nesse ponto coincida com o vetor associado ao campo vetorial nesse
exato ponto.
dσ µ (t, p)
= X µ (σ(t, p)), (1.87)
dt
dτ µ (t, p)
= Y µ (τ (t, p)). (1.88)
dt
Caso o ponto p e o ponto q pertençam ao fluxo gerado pelo campo vetorial X e
sejam infinitesimalmente próximos, então tomando um ϵ infinitesimal tem-se σ(ϵ, p) = q,
ou por outra notação σϵ (p) = q, e σ(0, p) = p. Assim, a atuação de (σ−ϵ )∗ em Y (q) terá o
efeito de mapear o vetor Y (q) em Tp M , isto é, o vetor Y (q) foi trazido de volta para o
ponto p, como observa-se na imagem 8.
Figura 8 – Ilustração do pushfoward (σ−ϵ )∗ atuando em Y (q), fazendo com que esse vetor
tangente a q seja trazido para o ponto p pertencente à curva integral gerada
por Y .
coordenadas do ponto q sejam ϕµ (q) = σ µ (ϵ, p). Expandindo a relação das coordenadas do
ponto q em série de Taylor até a primeira ordem e utilizando a relação entre o ponto p e q
através de σ(ϵ, p), tem-se:
µ
dσ (t, p)
σ µ (ϵ, p) = σ µ (0, p) + ϵ ,
dt
t=0
∂σ ν (−ϵ, q) ∂xν
(σ−ϵ )∗ Yq = (σ−ϵ )∗ Y µ (xµq )∂µ|q = Y µ (xµq ) ∂ ν| = Y µ µ
(x ) ∂ν| , (1.92)
∂σ µ (ϵ, p) p q
∂σϵµ (p) p
Portanto, tendo calculado essas relações é possível resolver a relação (1.92) utilizando
os resultados de (1.91) e (1.93) excluindo os termos de segunda ordem,
µ
∂X ν (σϵ (p))
! !
µ λ ∂Y
(σ−ϵ )∗ Yq = Y (x) + ϵX δµν −ϵ ∂ν|p . (1.94)
∂xλ ∂σϵµ (p)
Portanto, usando valor de (σ−ϵ )∗ Yq dado por essa relação na equação da derivada
de Lie dada por (1.89) é possível obter a derivada de Lie em termos das coordenadas dos
vetores, isto é:
µ µ
!
ν ∂Y ν ∂X
LX Y = X −Y ∂µ|p . (1.96)
∂xν ∂xν
LX Y = [X, Y ]. (1.97)
A derivada de Lie foi definida para campos vetoriais, porém é possível definir essa
derivada em termos de 1-formas. Entretanto, nesse caso é preciso usar um pullback para
comparar uma 1-forma definida no ponto p com a definida no ponto q = σ(ϵ, p), sendo σ o
fluxo gerado pelo campo vetorial X. Logo a derivada de Lie para 1-forma é dada por:
1
LX ω := lim [(σϵ )∗ ωq − ωp ] . (1.98)
ϵ→0 ϵ
∂X µ
!
∂ων
LX ω = Xµ µ + ωµ ν dxν . (1.99)
∂x ∂x
1 ∂F
LX f = lim [F (xµ + ϵX µ ) − F (xµ )] = X µ µ . (1.100)
ϵ→0 ϵ ∂x
Mas esse resultado é exatamente igual ao resultado de um campo vetorial aplicado
a uma função, o qual está expresso na relação (1.4). Portanto, é possível concluir que:
LX f = X[f ]. (1.101)
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 35
Por fim, como os mapas σt são difeomorfismos, é possível definir uma derivada de
Lie de um tensor arbitrário (k, l) ao longo de um fluxo σ proporcionado por um campo
vetorial X, o que é dado pela relação
em que
Tq = T µ1 ···µk ν1 ···νl (q) ∂µ1 ⊗ · · · ∂µk ⊗ dy ν1 ⊗ · · · ⊗ dy νl .
Assim, a atuação do mapa (σϵ )∗ deve ser de acordo com as componentes relacionadas
ao espaço tangente e o mapa (σϵ )∗ de acordo com as componentes relacionadas ao espaço
cotangente, como demonstrado a seguir:
(σ−ϵ )∗ Tq = T µ1 ···µk ν1 ···νl (q = σ(ϵ, p)) (σ−ϵ )∗ ∂µ1 ⊗· · ·⊗(σ−ϵ )∗ ∂µk ⊗(σϵ )∗ dy ν1 ⊗· · ·⊗(σϵ )∗ dy νl .
(1.103)
As definições apresentadas anteriormente utilizaram-se de derivadas usuais. Porém,
é mais conveniente expressar a derivada de Lie em termos da derivada covariante9 em
relação à métrica aplicada à variedade M . Assim as derivadas de Lie para vetores tangente,
1-formas e tensores (k, l) é dada respectivamente por:
LX Y = X b ∇b Y a − Y b ∇a Y b , (1.104)
LX ω = X b ∇b ωa + ωb ∇a Y b , (1.105)
q p
a1 ···aq c a1 ···aq X a ···c···aq ai
X a1 ···aq c
LX T b1 ···bp = X ∇c T b1 ···bp − T 1 b1 ···bp ∇c X + T b1 ···c···bp ∇bj X .
i=1 j=1
(1.106)
A derivada de Lie é uma operação de extrema importância e que será utilizada como
ponto chave para a definição de um vetor de Killing, por isso o estudo de sua construção e
como operar com essa derivada é valioso para esse trabalho. Assim, para fechar essa seção
serão dadas algumas propriedades da derivada de Lie, cujas provas podem ser visualizadas
em [1], [2] e [3].
Frente ao exposto, é possível verificar que o uso de uma derivada de Lie é bastante
importante para diversos contextos da matemática e física, pois ela é definida indepen-
dentemente de um sistema de coordenadas, da noção de conexão e métrica. Assim a taxa
de variação de um campo vetorial calculada a partir da derivada de Lie é vista de forma
independente da coordenatização em que ele é definido, demonstrando assim uma relação
bastante poderosa e inteligente.
1.1.9 Integração
Visto a parte de derivação sobre uma variedade através das p-formas e vetores
tangentes, é necessário compreender agora como efetuar integrações sobre uma variedade.
Para tal, o primeiro passo a ser efetuado é limitar a integração somente a superfícies
orientáveis. Mas o que é ser orientável? Para superfícies mergulhadas no espaço Euclidiano
ser orientável significa ser possível definir um campo vetorial contínuo ortogonal a elas.
Um dos exemplos mais famosos de superfícies não orientáveis é a fita de Möbius, a qual
não segue o padrão orientabilidade descrito acima. (Para uma abordagem matemática
desse conceito de parametrização, superfícies orientáveis e a fita de de Möbius [11]).
Dessarte, com o pano de fundo da integração como sendo uma variedade M
n-dimensional orientável, é definido de modo consistente um campo n-forma não nulo
para qualquer lugar ϵ = ϵ[a1 ···an ] . Essa n-forma será definida como sendo a orientação
da variedade M , sendo muitas vezes chamada de elemento de volume, que irá definir a
orientação “right handed” como sendo a orientação positiva da variedade M . Considerando
a integração sobre um aberto U ⊂ M mapeado totalmente por ψ em um dado sistema de
coordenadas, é possível escrever ϵ como sendo:
em que h é uma função não nula que define a orientação “right handed” caso h > 0.
Portanto, definindo outro campo de n-forma expandido em termos de suas coordena-
das α = a(x1 , · · · , xn ) dx1 ∧ · · · ∧ dxn , o qual será integrado sobre M através da orientação
de ϵ, é possível definir uma integração de α sobre o aberto U provido da coordenatização
dada por ψ através de: Z Z
α= a dx1 · · · dxn . (1.108)
U ψ[U ]
′
novo mapa irá dar coordenadas xν ao invés das antigas. Para isso se faz necessário a
utilização do determinante da matriz jacobiana dessa troca de coordenatização, note que
isso é totalmente possível através das relações de troca de base (1.12) e (1.28). Assim,
determinando um novo campo α dado por:
′ ′ ′ ′
α = a′ (x1 , · · · , xn )dx1 ∧ · · · ∧ dxn , (1.109)
∂xµ
!
a′ = a det . (1.110)
∂xν ′
Logo a integração (1.108) pode ser escrita em outro sistema de coordenadas sem
mudar o seu valor. Ou seja,
∂xµ
Z Z Z !
′ 1′ n′ ′ ′
α= a dx · · · dx = a det dx1 · · · dxn . (1.111)
U ψ ′ [U ] ψ ′ [U ] ∂xν ′
Caso se queira integrar sobre toda a coleção de abertos Oi é possível efetuar uma
integração sobre a variedade M 10 . Portanto, a integração de α sobre toda a variedade M
utilizando uma partição da unidade dada por fi e Oi é dada por:
Z XZ XZ
α= fi |ai |dx1 · · · dxn = fi α. (1.112)
M i ψi [Oi ] i Oi
A construção formal dessa integração não será discutida nesse trabalho mas pode
ser encontrada em [1], [3] e [7].
gab . Assim, a escolha natural de ϵ é dada como sendo positivo para a orientação para fora
da superfície através da condição:
Logo,
∇a (ϵa1 ···an ) = 0. (1.115)
Dessa forma, é possível visualizar que por ϵ ser uma n-forma ele é totalmente
antissimétrico nos últimos n índices e além disso é possível observar que ϵa1 ···an é não nulo
11
. Portanto, devido ao fato de ser antissimétrico, tem-se que
[a1 ··· an ]
ϵa1 ···an ϵb1 ···bn = δ b1 δ bn , (1.116)
O fator δ a b , além de ser o delta de Kronecker, é tido como sendo o mapa identidade
do espaço tangente à superfície integrada. O seu uso vem do fato de que n-formas em uma
variedade n-dimensional formam um espaço vetorial de uma dimensão e por isso deve-se
utilizar a antissimetrização desses deltas. Portanto, a essa antissimetrização de deltas de
Kronecker em uma base ortonormal é atribuído um tensor n-dimensional denominado
como sendo o símbolo de Levi-Civita e sua definição segue abaixo:
1, caso µ1 µ2 · · · µn é uma permutação par;
ϵ̄µ1 µ2 ···µn = −1, caso µ1 µ2 · · · µn é uma permutação ímpar; (1.118)
0,
caso contrário.
A relação (1.120) pode ser escrita usando o tensor de Levi-Civita a partir da relação
(1.119), como demonstrado abaixo:
Por meio de (1.121) e utilizando a relação (1.122) para a métrica inversa g µν tem-se:
h i1/2
ϵ1,2··· ,n = (−1)s det(g µν )−1 . (1.123)
Portanto, basta multiplicar (1.125) por uma base coordenada definida como sendo
‘right handed’, que a relação (1.114), isto é o elemento de volume dado por ϵ passa a ser:
q
ϵ= |g| dx1 ∧ · · · ∧ dxn . (1.126)
′
em que g(xµ ) é o determinante da métrica nas antigas coordenadas e g(xµ ) o determinante
nas novas. Note que essa relação é nada mais do que a relação (1.110) vista anteriormente,
porém agora o elemento em questão é o valor do determinante da métrica.
Já o símbolo de Levi-Civita ϵ̄µ1 ,··· ,µn não muda através de uma troca de coordenadas.
A única mudança de coordenadas é nas 1-formas em produto exterior através de (1.31) ou
seja
1 n ∂xµ ∂xµ 1′ n′
∂xµ
1′ n′
ϵ̄µ1 ,··· ,µn dx ∧· · ·∧dx = ϵ̄µ1 ,··· ,µn · · · dx ∧· · ·∧dx = ϵ̄ ′ dx ∧· · ·∧dx .
′ ′
µ1 ,··· ,µn
µ′1 µ
∂x n′ µ
∂x
∂x
Assim, utilizando a relação (1.129) na igualdade acima e lembrando que ϵ̄µ1 ,··· ,µn =
ϵ̄µ′1 ,··· ,µ′n , é possível escrevê-la da seguinte forma
q q ′ ′
|g| dx1 ∧ · · · ∧ dxn = |g ′ | dx1 ∧ · · · ∧ dxn .
ϵ = ϵ′ , (1.130)
permitindo, assim, uma integração em um elemento de volume que seja definido pela
métrica gab de uma variedade orientável em qualquer sistema de coordenadas.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 41
Visualizado esse teorema, é importante fazer com que o Teorema de Stokes definido
em (1.131) assuma a forma do Teorema de Gauss. Dessa forma, é necessário usar uma
subvariedade orientável B n-dimensional metrificada por gab , de modo que existe um
elemento de volume ϵ atuando nessa superfície para definir uma orientação. Assim, dado
qualquer campo vetorial v b de classe C 1 , é possível obter a (n-1)-forma α relacionada por
d(α)c,a1 ,··· ,an−1 = nv b ∇[c ϵ|b|,a1 ,··· ,an−1 ] + nϵb,[a1 ,··· ,an−1 ∇c] v b .
Portanto, contraindo (1.134) com ϵc,a1 ,··· ,an−1 e usando a definição dada em (1.117)
é possível determinar a função12 h, isto é:
∇b v b = nh. (1.135)
d(α)c,a1 ,··· ,an−1 = nϵb,[a1 ,··· ,an−1 ∇c] v b = nhϵc,a1 ,··· ,an−1 = ∇b v b ϵc,a1 ,··· ,an−1 ,
12
A conta dessa contração está efetuada no apêndice E.1.
Capítulo 1. Ferramentas Matemáticas 42
ou seja,
dα = ∇b v b ϵ. (1.136)
Novamente será utilizada a definição de que qualquer n-forma deve ser proporcional
a ϵ na subvariedade n-dimensional B. Para o caso de uma 3-forma, tem-se
Obtida essa relação é possível fazer a seguinte igualdade, a qual é válida somente
na superfície de integração:
ou seja,
d(α)eab = 2ϵeabd ∇c K cd . (1.144)
2 Vetores de Killing
ou seja,
(Lξ g)ab = 0. (2.3)
∇a ξb + ∇b ξa = 0. (2.5)
Em vista disso, todo vetor que satisfaça a equação de Killing dada por (2.6) será
um vetor de Killing por definição. Assim, como um vetor de Killing deve satisfazer uma
equação que vem da definição de isometria do espaço, ele será intimamente ligado a essas
isometrias.
Ao observar essa métrica é possível visualizar que não há nenhum termo que
dependa explicitamente de t, x, y ou z. Como a relação (2.7) está descrita como a forma de
intervalo, talvez não seja possível observar explicitamente essa relação. Assim, de forma a
retirar toda e qualquer dúvida em relação a essa não dependência, é possível escrever (2.7)
em forma de matriz,
Capítulo 2. Vetores de Killing 46
−1 0 0 0
0 1 0 0
gµν = . (2.8)
0 0 1 0
0 0 0 1
Portanto, dessa forma é possível visualizar que de fato os termos não nulos não
dependem nem de t, x, y ou z. Essa característica de não dependência evoca a noção de
que o espaço definido por essa métrica é simétrico nessas coordenadas.
É possível obter um vetor de Killing para cada coordenada da qual a métrica não
depende explicitamente, e associar um vetor cuja base é referente a essa coordenada. Para
provar isso, será suposto que gµν não dependa explicitamente de x. Logo, se
V µ = (∂x )µ , (2.9)
então
σλ∗ gµν = gµν (x − λ) = g(x), (2.10)
x = r sen θ cos ϕ;
y = r sen θ sen ϕ;
z = r cos θ,
Capítulo 2. Vetores de Killing 47
Nessa forma, é possível ver que a métrica ainda independe de t e que não há
dependência de ϕ, porém há elementos relacionados a r e θ. Assim, haverá somente dois
vetores de Killing relacionados à métrica de Minkowski em coordenadas esféricas que
podem ser obtidos através desse método. Eles são:
Logo,
Ra = −y (∂x )a + x (∂y )a . (2.17)
Esse vetor de Killing que foi definido não só se parece como uma rotação ao
longo do eixo z como é realmente essa rotação. Como uma rotação não altera um espaço
esfericamente simétrico, ela apenas gira as coordenadas, então um vetor de Killing associado
a uma rotação irá manter essa simetria. Esse resultado não é de se espantar, pois a direção
do vetor ϕ̂ em coordenadas esféricas é exatamente a direção de uma rotação ao longo do
eixo z, como mostra a Figura 9.
Portanto, como vetores de Killing são associados a simetrias, não é surpresa que os
vetores associados a uma rotação sejam vetores de Killing. Além dessa rotação ao longo
do eixo z é possível definir mais dois vetores de rotação, um ao longo do eixo x e o outro
ao longo do eixo y, cujas componentes foram respectivamente escritas abaixo.
ta ∇a v b = 0. (2.20)
tµ ∂µ v ν + tµ Γνµσ v σ = 0. (2.21)
Capítulo 2. Vetores de Killing 49
Assim, uma curva geodésica será definida caso o vetor X a seja tangente à própria
curva em que ele se propagada paralelamente, satisfazendo a equação
X a ∇a X b = αX b , (2.23)
X a ∇a X b = 0. (2.24)
Uma análise mais detalhada sobre a construção da equação geodésica pode ser
encontrada em [2].
Se xµ (λ) corresponder à trajetória, as equações dadas (2.27) podem ser escritas em
termos do quadrimomento de uma partícula, o qual é dado por
a
m dx
dτ
, Para partículas massivas;
pa = dxa (2.28)
dλ
, Para partículas não massivas.
pb ∇b pa = 0. (2.29)
pb ∇b (pa ξa ) = pb ξa ∇b pa + pb pa ∇b ξa . (2.30)
pb ∇b (pa ξa ) = pb pa ∇b ξa . (2.31)
Essa equação indica que a contração dada por pa ξa não varia ao longo de geodésicas,
indicando, assim, uma quantidade conservada. Para analisar as grandezas associadas a
essas contrações serão utilizadas métricas que tendem assintoticamente à de Minkowski e
Capítulo 2. Vetores de Killing 51
com simetria de translação temporal e de translação axial, com vetores de Killing (∂t )a e
(∂ϕ )a , o primeiro para translações temporais e o segundo para translações axiais. Logo, as
quantidades conservadas associadas a esses vetores serão dadas por:
pµ ξµ = −E, (2.33)
pµ ψ µ = L z , (2.34)
∇b K ba = −j a , (2.37)
em que K ab é antissimétrico.
Para verificar isso, deve-se primeiro observar o comportamento antissimétrico da
contração ∇b ∇a K ab dada por
∇b ∇a K ab = −∇b ∇a K ba .
∇b ∇a K ab = −∇a ∇b K ab .
2∇b ∇a K ab = (∇b ∇a − ∇a ∇b ) K ab .
resultar em uma contração do tensor de Ricci, o qual é simétrico, com outro antissimétrico.
Logo, o resultado de (2.39) será:
(∇a ∇b − ∇b ∇a ) K ba = 0. (2.40)
∇a ∇b K ba = −∇a j a
1
(∇a ∇b − ∇b ∇a ) K ba = −∇a j a
2
0 = −∇a j a .
Ou seja,
∇a j a = 0. (2.41)
Assim, foi confirmado que qualquer equação do tipo (2.37) realmente resulta em
uma equação da continuidade. A partir disso, é possível concluir com certeza que as
equações de Maxwell não homogêneas dadas por (2.35) realmente resultam em uma
equação da continuidade através da contração do operador de derivada covariante.
Por conseguinte, o próximo passo é achar uma equação do tipo (2.37) que consiga
assimilar vetores de Killing e assim determinar a equação da continuidade associada a ela.
Para isso, primeiro são tomadas duas derivadas covariantes de um vetor de Killing ξ a , as
quais foram relacionadas com o tensor de Riemann, pela própria definição do tensor de
Riemann (a qual também se encontra no apêndice C.3). Note que esse passo é exatamente
o efetuado com o tensor K ab .
∇a ∇b ξc − ∇b ∇a ξc = Rabc d ξd . (2.42)
∇a ∇b ξc + ∇b ∇c ξa = Rabc d ξd . (2.43)
O próximo passo será fazer permutações cíclicas da equação (2.43) de forma que se
tenha:
∇b ∇c ξa + ∇c ∇a ξb = Rbca d ξd ; (2.44)
∇c ∇a ξb + ∇a ∇b ξc = Rcab d ξd . (2.45)
Somando (2.44) com (2.43) e subtraindo (2.45) do resultado dessa soma, obtem-se:
2∇b ∇c ξa = Rabc d + Rbca d − Rcab d ξd . (2.46)
Capítulo 2. Vetores de Killing 54
2∇b ∇c ξa = −2Rcab d ξd
∇b ∇c ξa = −Rcab d ξd . (2.48)
g ec g f a ∇b ∇c ξa = −g ec g f a Rcab d ξd (2.49)
∇b ∇e ξ f = −g f a gdh g hd Reabd ξd
∇b ∇e ξ f = −g f a Reabh ξ h . (2.50)
∇b ∇b ξ a = −g af Rf d ξ d . (2.52)
Logo,
∇b ∇b ξ a = −Rad ξ d . (2.53)
∇a ∇b K ba = −∇a j a = 0, (2.55)
Para integrar a relação (2.56) nessa região V , será utilizado o teorema de Stokes e
o fato de que j = 0 em U . Assim, tem-se:
Z Z
d
ϵabcd j − ϵabcd j d = 0
B1 B2
Z Z
d
ϵabcd j = ϵabcd j d . (2.57)
B1 B2
Visto isso, é necessário aplicar esses conceitos à equação de conservação que envolve
o vetor de Killing (2.54). Isso pode ser feito de forma dinâmica, uma vez que as contas são
exatamente as mesmas efetuadas para o tensor genérico K ab , substituindo j d = Rad ξ d na
relação (2.60), ou seja, Z
Q = α ϵabcd Rde ξ e (2.61)
B
Z
Q=α ϵabcd ∇e ∇d ξ e , (2.62)
B
em que foi utilizado a equação (2.53).
Aplicando o teorema de Stokes na relação (2.62), como efetuado em (2.59) e
absorvendo todas as constantes no α, obtem-se
Z
Q=α ϵabcd ∇c ξ d . (2.63)
Ḃ
Essa integração foi calculada pela primeira vez por Arthur Komar (1931-2011) e
por isso é denominada de integral de Komar [15]. Ela indica a presença de quantidades
conservadas somente pela geometria do espaço por meio do elemento de volume ϵabcd e
pela derivada covariante de um vetor de Killing.
Capítulo 2. Vetores de Killing 57
Σ = r2 + a2 cos2 θ, ∆ = r2 + a2 + Q2 − 2M r, J = M a, (2.65)
A partir da métrica (2.64) é possível obter as outras a partir das condições demons-
tradas na tabela abaixo.
Métrica M Q J
Schwarzschild ̸= 0 =0 =0
Reissner-Nordström ̸= 0 ̸= 0 =0
Kerr ̸= 0 =0 ̸= 0
Kerr-Newman ̸= 0 ̸= 0 ̸= 0
3
É possível dizer que a métrica (2.64) é geral devido ao No-Hair theorem, o qual implica que os
parâmetros relacionados à massa, carga e momento angular, são os únicos que diferem um buraco
negro de outro. Logo, não há outro parâmetro que poderia ser incluído na métrica.
Capítulo 2. Vetores de Killing 58
Dito isso, é preciso definir a região em que será feita a integração para calcular as
quantidade conservadas. Essa região será uma esfera fechada tendendo o raio ao infinito
englobando o buraco negro. Além disso, será tomada uma região B em um tempo fixo
como na Figura 11. Como a quantidade conservada é a mesma para qualquer região de
integração que englobe as fontes de corrente, é possível escolher qualquer uma para calcular
a quantidade conservada.
Diante dessas condições as integrações em relação aos parâmetros t e r terão os
valores iguais a zero, o que facilita bastante a conta, pois, sabendo desse resultado, não
será preciso calcular essas integrações. Assim, para todas as quantidades conservadas que
serão calculadas, haverá somente uma integral dupla em relação aos parâmetros θ e ϕ.
Como o vetor de Killing, tanto para ξ t e para ψ ϕ , envolvem somente uma componente
que é igual a 1 (segundo a relação (2.67)), o primeiro termo da derivada covariante será
igual a zero. Assim, a derivada covariante do vetor de Killing será dada por
∇λ ξ ρ = ∂λ (ξ ρ ) + Γρλβ ξ β (2.70)
∇λ ξ ρ = Γρλβ ξ β . (2.71)
Substituindo esse termo na integral do lado direito da igualdade (2.72), resulta em:
Z q
2! |g| g σλ Γρλβ ξ β δ tσ δ rρ − δ tρ δ rσ δ θ[µ δ ϕν] dxµ ⊗ dxν + · · · (2.73)
Ḃ
Z q
|g| g σλ Γρλβ ξ β δ tσ δ rρ − δ tρ δ rσ dθ ∧ dϕ,
Ḃ
em que foi usada a definição de produto exterior na última linha.
Nesse momento, deve-se contrair a métrica g σλ e o símbolo de Christoffel Γρλβ com
os deltas, Z q
|g| g tλ Γrλβ ξ β − g rλ Γtλβ ξ β dθ ∧ dϕ. (2.74)
Ḃ
Porém, segundo a relação dos símbolos de Christoffel dada em (D.5) para a métrica
de Schwarzschild e a métrica inversa dada por (D.4) com as condições citadas Q = J = 0,
os únicos termos não nulos são dados por
Z q
|g| g tt Γrtt − g rr Γtrt dθ ∧ dϕ. (2.76)
Ḃ
−1
2M M
• g tt Γrtt = − 1 − r r3
(r − 2M ) ,
2M M
• g rr Γtrt = 1 − r r(r−2M )
.
Esse resultado indica que a massa de um buraco negro se conserva, pois a integral à
direita da igualdade é a integral de Komar que indica quantidade conservada. Além disso,
utilizando a definição do raio de Schwarzschild (Rs = 2M ) é possível obter a seguinte
igualdade
1 Z
Rs = − ϵabcd ∇c ξ d , (2.80)
4π Ḃ
indicando que o raio de um buraco negro estacionário deve se conservar.
É possível calcular a grandeza conservada em relação ao vetor de Killing ψ a . As
contas das integrais são bem parecidas com as já efetuadas para o vetor de translação
temporal. Assim, serão iniciados os cálculos na integração (2.74), porém utilizando o vetor
de translação axial,
Z q
|g| g tλ Γrλβ ψ β − g rλ Γtλβ ψ β dθ ∧ dϕ. (2.81)
Ḃ
Z q
|g| g tλ Γrλϕ g rλ Γtλϕ dθ ∧ dϕ. (2.82)
Ḃ
• g tt Γrtϕ = 0,
• g tϕ Γrϕϕ = 0,
• g rr Γtrϕ = 0.
Logo, é claro visualizar que a integração será igual a zero! Esse resultado é consistente
devido ao fato de que a métrica de Schwarzschild descreve um buraco negro estático, ou
seja, J = 0. Dessa forma, como os vetores de Killing de ψ a são associados a translação
axial e essa translação associada ao momento angular, o resultado deve dar zero.
Assim, é possível visualizar que as integrais de Komar são uma excelente ferramenta
para poder calcular a massa de um buraco negro, visto que não há como pesar diretamente
esse corpo. Como também, uma excelente forma de calcular o momento angular de um
Capítulo 2. Vetores de Killing 61
buraco negro. Além disso, pode-se obter o valor da derivada do vetor de Killing através do
estudo de geodésicas ao longo do espaço e obter o valor da massa, porém esse não será o
foco deste trabalho.
Além desses resultados é possível efetuar uma simples conta e verificar o comporta-
mento da densidade de um buraco negro estacionário regido pela métrica de Schwarzschild.
M 3Rs 3
ρ= = = . (2.84)
V ol 8πRs3 8πRs2
Como foi provado que a massa e o raio de um buraco negro regido pela métrica de
Schwarzschild se conserva, logo a densidade dele deve se conservar também. Além disso,
é possível fazer com que o raio do buraco negro seja grande o suficiente para que sua
densidade seja pequena o bastante para que seja menor que a densidade da água. Logo,
através de um abuso de linguagem, esse buraco negro boia!4
Figura 12 – Ilustração abstrata de um buraco negro boiando na água, pois sua densidade
foi reduzida a um valor menor do que a da água.
Afim de fazer uma estimativa de valor para o raio desse buraco negro para que ele
possa boiar, será escrita a relação (2.84) usando as unidades de c e G, ou seja,
3 c2
ρ= . (2.85)
8π Rs2
Como a obtenção dos vetores de Killing feitos na seção anterior foi da métrica geral
(2.64), logo eles serão os mesmo vetores de Killing para a métrica de Reissner-Nordström.
Como a conta da integração é a mesma para a quantidade conservada relacionada ao vetor
de Killing temporal, as contas dessa seção serão iniciadas da relação (2.74),
Z Z q
c d
ϵabcd ∇ ξ = |g| g tλ Γrλβ ξ β − g rλ Γtλβ ξ β dθ ∧ dϕ. (2.87)
Ḃ Ḃ
Para que essa conta seja efetuada, deve-se utilizar os símbolos de Christoffel dados
em (D.5) para a métrica de Reissner-Nordström e a métrica inversa dada por (D.4), com a
condição de J = 0. Assim os termos não nulos serão:
Z q
|g| g tt Γrtt − g rr Γtrt dθ ∧ dϕ.
Ḃ
Não é de se espantar que são exatamente os termos não nulos relacionados à métrica
inversa e os símbolos de Christoffel para Schwarzschild. Isso ocorre, pois o acréscimo do
termo de carga é exatamente nos dois primeiros termos da diagonal da matriz da métrica.
Assim os índices dos símbolos de Christoffel não nulos serão os mesmos, mas com valores
diferentes.
Os valores relacionados a eles são
Q2 1 Z
M= − ϵabcd ∇c ξ d . (2.90)
r 8π Ḃ
O tensor de Ricci para essa métrica em uma região perto do buraco negro não é
igual a zero. Logo, para que a equação (2.90) resulte em uma quantidade conservada é
necessário analisá-la no limite em que o raio da superfície tenderá para infinito. Assim, essa
equação tenderá para a equação (2.79). Analisando a equação (2.90) em que a integração
foi feita até uma distância r qualquer, é possível observar que o termo associado à carga
corresponde à parcela da massa contida no exterior da região da integral. Logo, a massa
do buraco negro de Reissner-Nordström já contém a energia do campo eletromagnético
em sua formulação.
Além desse resultado, é possível calcular a grandeza conservada em relação ao vetor
de Killing ψ a . Como há a condição na própria métrica que J = 0, é de se esperar que o
resultado calculado aqui seja o mesmo que foi calculado na seção 2.7.1. Para isso, usada a
integração (2.74), porém utilizando o vetor de translação axial,tem-se
Z q
|g| g tλ Γrλβ ψ β − g rλ Γtλβ ψ β dθ ∧ dϕ (2.91)
Ḃ
Z q
|g| g tλ Γrλϕ g rλ Γtλϕ dθ ∧ dϕ. (2.92)
Ḃ
• g tt Γrtϕ = 0,
• g tϕ Γrϕϕ = 0,
• g rr Γtrϕ = 0.
Logo, é claro visualizar que a integração será, realmente, igual a zero! Confirmando
o fato de que o vetor de Killing associado a um translação axial resulta no momento
angular como quantidade conservada.
Capítulo 2. Vetores de Killing 64
Z q
|g| g tt Γrtt + g tϕ Γrϕt − g rr Γrrt dθ ∧ dϕ. (2.96)
Ḃ
Note que devido ao acréscimo do momento angular a métrica não é mais diagonal,
surgindo um termo a mais na integral.
Os elementos presentes nessa integral, seguindo as condições de massa e momento
angular não nulos são dados pela métrica inversa (D.4) e os símbolos de Christoffel (D.5),
os quais são dados abaixo.
4 2
• g tt Γrtt ≈ − rr4 Mr4r = − M
r2
,
2M a M a sen2 θ
• g tϕ Γrϕt ≈ r3 r2
≈ 0,
r2 M M
• g rr Γrrt ≈ r2 r2
= r2
.
Z q
|g| g tλ Γrλβ ψ β − g rλ Γtλβ ψ β dθ ∧ dϕ (2.100)
Ḃ
Z q
|g| g tλ Γrλϕ − g rλ Γtλϕ dθ ∧ dϕ. (2.101)
Ḃ
M (Σ−2r2 )a sen2 θ
∆ a sen2 θ 2M r2
• g rr Γtrϕ = Σ
· ∆
(r2 + a2 ) Σ2
− Σ
.
q
Usando novamente a condição de r → ∞ os termos ∆, Σ e |g| passam a obedecer
a condição (2.97). Assim, os valores dos produtos escritos serão dados por
r4 M r4 a sen2 θ M a sen2 θ
• g tt Γrtϕ ≈ r4 r6
= r2
,
2M a 2M a sen2 θ
• g tϕ Γrϕϕ ≈ r3
r sen2 θ= r2
,
2 θ3r4 2
• g rr Γtrϕ ≈ − M a sen
r6
= − 3M arsen
2
θ
.
Então, com esses valores finais será feita a integração já desconsiderando os termos
que serão iguais a zero:
!
Z 2π Z π q
M a sen2 θ 2M a sen2 θ 3M a sen2 θ
|g| + + dθdϕ = (2.103)
0 0 r2 r2 r2
!
Z 2π Z π
2 6M a sen2 θ
r sen θ dθdϕ = 16πM a. (2.104)
0 0 r2
Devido a esse resultado, o momento angular do buraco negro descrito pela métrica
de Kerr deve se conservar. Também é possível visualizar que o valor da constante α
associada a quantidade conservada pelo vetor de Killing ψ a é 1/16π.
Visto isso, é possível concluir que a métrica de Kerr indica que a massa do buraco
negro se conserva. Observa-se, também, que a métrica de Kerr implica em uma conservação
do momento angular desse buraco negro, grandeza que não havia até então para as outras
duas métricas analisadas..
Capítulo 2. Vetores de Killing 67
Como essa é uma métrica que possui termos associados à massa e ao momento
angular, haverá grandezas conservadas para ambos vetores de Killing. Portanto, começando
pelo vetor de Killing temporal (ξ a ), é necessário calcular a integral de Komar para esse
vetor. Porém, como as contas já foram feitas anteriormente é possível partir novamente da
relação (2.74) que possui só a integração relacionada à dθ e dϕ
Z q
|g| g tλ Γrλt ξ t − g rλ Γtλt ξ t dθ ∧ dϕ = (2.107)
Ḃ
Z q
|g| g tt Γrtt + g tϕ Γrϕt − g rr Γrrt dθ ∧ dϕ. (2.108)
Ḃ
r4 rQ2 −M r2 Q2 M
• g tt Γrtt ≈ r4 r4
= r3
− r2
,
Q2
−2M a M
• g tϕ Γrϕt ≈ r3
a sen2 θ r3
− r2
≈ 0,
2 −M r 2 ]r 2
−Q2
• g rr Γrrt ≈ − [rQ r6
= r3
+ M
r2
.
Capítulo 2. Vetores de Killing 68
Z q
|g| g tλ Γrλβ ψ β − g rλ Γtλβ ψ β dθ ∧ dϕ (2.111)
Ḃ
Z q
|g| g tλ Γrλϕ − g rλ Γtλϕ dθ ∧ dϕ. (2.112)
Ḃ
a sen2 θ (rQ2 +M (Σ−2r2 )) 2 −2M r)
• g rr Γtrϕ = ∆
Σ
· ∆
(r2 + a2 ) · Σ2
+ 2r (Q 2Σ
.
2 −M r 2 ) 2
4
• g tt Γrtϕ ≈ − rr4 (rQ r4
a sen2 θ = a sen2 θ − Qr3 + M
r2
,
Q2
h i
1 M 2M a sen2 θ
• g tϕ Γrϕϕ ≈ 2M a sen2 θ r2
+ r6
− r5
a2 sen2 θ = r2
,
Q2 Q2 2
h i h i
a2 sen2 θ
• g rr Γtrϕ ≈ r2 r
−M + r
− 2M = 2 Qr3 − 3 M
r2
a sen2 θ.
! !
Z 2π Z π
3Q2 6M a sen2 θ Q2 8
r sen θ − 3 a sen2 θ +
2
dθdϕ = −3 + 6M aπ , (2.115)
0 0 r r2 r 3
em que foi utilizado o valor da raiz do determinante da métrica de Kerr dado por (2.97) e
colocado os limites de integração em relação a θ e ϕ.
Igualando esse resultado da integral com a integral de Komar relacionada ao vetor
de Killing ψ a , tem-se:
Q2 Z
−8πa + 16πM a = ϵabcd ∇c ψ d (2.116)
r Ḃ
a Q2 1 Z
Ma = + ϵabcd ∇c ψ d .
2 r 16π Ḃ
usando J = M a,
a Q2 1 Z
J= + ϵabcd ∇c ψ d . (2.117)
2 r 16π Ḃ
Como a métrica de Kerr-Newman possui carga, o tensor de Ricci perto da região
do buraco negro não é zero. Assim, há uma contribuição do momento angular associado à
carga dele. Porém, no limite do raio tendendo ao infinito é possível observar que o termo
relacionado à carga será igual a zero e assim o momento angular irá se conservar, fazendo
com que o resultado da equação (2.117) tenda a (2.105). Logo, o momento angular do
buraco negro de Kerr-Newman já contém o a contribuição do momento angular relacionado
ao campo eletromagnético em sua formulação.
pelo fato do resultado ser visivelmente mais simples de se interpretar do que as grandezas
que envolvem termos relacionados à carga do buraco negro, porém o resultado dessa análise
pode ser expandido para elas sem perda de generalidade.
A primeira análise efetuada será para a quantidade conservada relacionada à massa,
pois as contas feitas para essa grandeza serão as mesmas para o momento angular. Assim,
basta utilizar somente o resultado obtido para a massa e aplicar para o momento angular.
Diante disso, foi obtido na seção 2.7.1 que a massa do buraco negro se conserva e é dada
por
1 Z
M =− ϵabcd ∇c ξ d .
8π Ḃ
O primeiro passo a ser efetuado será a aplicação do teorema de Stokes dada por
(1.145) nessa integração, porém de forma inversa. Isto é, será integrado, agora, a superfície
B inteira ao invés de somente da borda Ḃ, resultando em
1 Z
M =− ϵabcd ∇e ∇d ξ e . (2.118)
4π B
É possível utilizar a equação (2.53) nessa integração, mas para isso é preciso
permutar os índices a e b resultando na seguinte equação:
∇b ∇a ξ b = Rad ξ d . (2.119)
Em uma forma compacta é possível escrever o elemento de volume ϵabc como sendo
dV e é possível renomear o os índices da seguinte maneira f → a e e → b, resultando em
1 Z
M= Rab N a ξ b dV. (2.127)
4π B
A mesma interpretação feita para a massa pode ser efetuada aqui. Isso pode ser
feito, pelo fato de o vetor de Killing ψ a estar contraido com o tensor de energia momento e
essa contração se dá justamente na componente do tensor relacionada ao momento angular.
Capítulo 2. Vetores de Killing 72
Assim, a integral de Komar deveria resultar em algo relacionado com o momento angular
do buraco negro e isso de fato acontece.
Para métricas de buracos negros com carga, apareceram termos relacionados com
a carga nos resultados das grandezas calculadas. Ao visualizar que tanto o termo de massa
dado por (2.129) e quanto o termo de momento angular dado por (2.130) possuem uma
contração do tensor energia momento com o vetor de Killing, é possível afirmar que o
tensor de energia momento possui contribuições dos campos eletromagnéticos. Assim,
quando é imposta a condição do raio da superfície de integração indo para o infinito, a
contribuição desses campos eletromagnéticos já estão sendo contabilizados nas integrais de
Komar relacionadas à massa e momento angular.
Essa análise efetuada é importante para o entendimento do significado da integral
de Komar. Pois, por meio das quantidades conservadas em termos de uma integral de uma
2-forma não é possível identificar, diretamente, uma interpretação física do resultado dessas
quantidades. Porém, escrevendo as integrais de Komar de forma a aparecer a equação de
Einstein e visualizar que o vetor de Killing contrai com o tensor de energia momento, é
possível obter uma interpretação mais clara do resultado. Assim, é possível verificar que o
resultado das integrações feitas na seção 2.6 não poderia ser diferente do calculado, visto
a interpretação física que as equações (2.129) e (2.130) proporcionaram.
73
3 Conclusão
Dessa forma, é possível visualizar que a estrutura entre duas estruturas algébricas
é preservada, como visto no exemplo acima e no contexto do homomorfismo do mapa
f : X → Y demonstrado anteriormente. Além disso, caso o mapa f seja um homomorfismo
bijetivo, ou seja injetivo e sobrejetivo, esse homomorfismo em questão é chamado de
isomorfismo.
Rm que possuam uma função f bijetiva, contínua e diferenciável, tal que f : U → V . Assim,
caso a inversa dessa função f −1 for também diferenciável é dito que f é um difeomorfismo.
Além disso, se f e f −1 forem de classe Ck é possível dizer que o difeomorfismo de f é de
classe Ck .
Para exemplificar um difeomorfismo, tome uma função f (x) = ex , em que f :
R → (0, ∞). É possível observar que essa função é claramente de classe C∞ e sua inversa
f −1 (x) = ln(x) é também de classe C∞ . Portanto, f é um difeomorfismo de classe C∞ .
77
B Produto Exterior
A definição de produto exterior feita na seção sobre p-formas 1.1.5 foi feita através
de 1-formas, porém é possível expandir esse conceito para quaisquer p-formas. Para isso
será utilizado uma p-forma qualquer ω e outra p-forma qualquer η. O produto exterior
dessa p-forma com a q-forma é definido da seguinte forma:
1 1 X
ω∧η = sign(S)ωµS(1) ···µS(p) ηµS(p+1) ···µs(p+q) dxµ1 ∧ · · · ∧ dxµp+q . (B.1)
(p + q)! p!q! S
1. dxµ1 ∧ · · · ∧ dxµp = 0, caso algum índice seja repetido, ou seja, aparecer mais de duas
vezes;
C Tensores e Operadores
É possível pensar que uma função é uma 0-forma e após a aplicação do diferencial
ela irá se tornar uma 1-forma. Visto isso, é possível definir uma generalização do diferencial
para poder aplicá-lo em p-formas. Assim, será denominado de derivada exterior o operador
que atua em uma p-forma, fazendo com que ela seja transformada em uma (p+1)-forma.
Para isso será utilizada a p-forma:
1
ω= ωµ ···µ dxµ1 ∧ · · · ∧ dxµp . (C.4)
p! 1 p
Logo,
df := ων dxν . (C.8)
• d(ω p ) = ω p+1 , a atuação de uma derivada exterior sobre uma p-forma ω resulta em
uma (p+1)-forma;
relação a um tensor, a derivada covariante é crucial para transpor essa barreira. Assim, é
necessário que o operador de derivada covariante ∇ performe o papel de uma derivada
parcial que independe de coordenadas e que mapeie um campo tensorial (p, q) em outro
campo tensorial (p, q + 1).
Além disso, esse operador deve obedecer as seguinter propriedades:
∇a T b1 ···bkc1 ···cl = ∂a T b1 ···bkc1 ···cl + Γad T b1 ···d···bck1 ···cl − Γdac T b1 ···bkc1 ···d···cl
X b X
i
(C.10)
i j
Rabcd = −Rabdc .
Rabcd = −Rbacd .
Rabcd = Rabc e ged → Rabcd = Rcdab . (C.13)
Ra(bcd) = 0.
R[abc]d = 0.
Por meio do tensor de Riemann, é possível obter o tensor de Ricci. Esse tensor é
simplesmente a contração do segundo com o quarto índice do tensor de Riemann, o que
gera o seguinte resultado:
Rac = Rabc b . (C.14)
Como os índices que restam dessa contração são simétricos, logo o tensor de Ricci
deverá ser simétrico,
Rac = Rca . (C.15)
82
Para se obter outras métricas que descrevem buracos negros a partir dessa basta
colocar as seguinte condições:
Métrica M Q J
Schwarzschild ̸= 0 =0 =0
Reissner-Nordström ̸= 0 ̸= 0 =0
Kerr ̸= 0 =0 ̸= 0
Kerr-Newman ̸= 0 ̸= 0 ̸= 0
A partir da métrica (D.1) é possível calcular a sua inversa que é dada por:
2 +a2 )2 −∆a2
sen2 θ
− (r Σ∆
0 0 − 2M
Σ∆
ar
∆
0 0 0
g µν = Σ
1
. (D.4)
0 0 0
Σ
ar ∆−a2 sen2 θ
− 2M
Σ∆
0 0 Σ∆ sen2 θ
pb a sen2 θ 2
Γttr = − , Γtrϕ = (pb + 2qr),
∆ ∆
qa3 qa2
Γtϕθ = − sen2 θ sen 2θ, Γtθt = ΣΓθtt = sen 2θ,
∆ Σ
∆p a2 sen 2θ
Γrtt = − , Γrrθ = Γθθθ = −∆Γθrr = − ,
Σ 2Σ
r M −r r∆
Γrrr = + , Γrθθ = − , (D.5)
Σ ∆ Σ
r ∆ sen2 θ
Γθrθ = , Γrϕϕ = − (r + pa2 sen2 θ),
Σ Σ
ap a∆p sen2 θ
Γϕtr = − , Γrtϕ = ,
∆ Σ
cot θ
Γϕϕθ = [(1 + 2q)(b2 − 2qa2 sen2 θ) − 2qa2 b2 Σ−1 sen2 θ] .
∆
em que:
E Desenvolvimento Matemático
ϵc,a1 ,··· ,an−1 ϵb[a1 ,··· ,an−1 ∇c] v b = hϵc,a1 ,··· ,an−1 ϵc,a1 ,··· ,an−1 . (E.2)
hϵc,a1 ,··· ,an−1 ϵc,a1 ,··· ,an−1 = h(n − n)!n!δ [c,ac,a1 1 ··· δ an−1 ]
an−1
= hn! (E.3)
Deve-se notar que o índice c também está contraindo, pois isso há n índices na
relação. Já a contração da parte esquerda é um pouco mais complicada, pois envolve uma
antissimetrização. Porém é possível construir um argumento efetivo utilizando poucas
linhas de cálculo.
Para resolver esse problema é possível se utilizar da definição de antissimetrização
de um tensor antissimétrico e pensar no seguinte argumento: como a forma de volume é
totalmente antissimétrico, a antissimetrização desse objeto é somente devido à permutação
do índice c com os outros índices. Assim, é possível definir uma contração genérica desse
termo dada por:
= (n − 1)!δ cb ∇c v b
O índice c será permutado n vezes, então a relação (E.5) dada acima será multipli-
cada por n, resultando em
então,
Nf ϵeabf ϵ[ab|cd| ∇e] K cd = hϵeab ϵeab . (E.10)
Nf ϵeabf ϵ[ab|cd| ∇e] K cd = 2 (∇c K cd )Nd − (∇d K cd )Nc . (E.11)
Nf ϵeabf ϵ[ab|cd| ∇e] K cd = 4Nd ∇c K cd . (E.13)
Feito isso, falta somente efetuar a contração do lado esquerdo da igualdade (E.10),
a qual é somente aplicar a propriedade (1.117).
ou seja,
2
h = Nd ∇c K cd . (E.15)
3
Essa é exatamente a relação desejada para poder efetuar utilizar no Teorema de
Stokes em que se utiliza um tensor antissimétrico K ab .
Portanto,
h = −Nd Rde ξ e . (E.19)
Apêndice E. Desenvolvimento Matemático 87
t
δσ δσr δσθ δσϕ
t
1 δρ δρr δρθ δρϕ 1 t r θ ϕ
ϕ θ θ r θ ϕ r ϕ r θ θ r
t = δ σ δ [δ δ
ρ µ ν − δ δ
µ ν ] − δ [δ δ
ρ µ ν − δ δ
µ ν ] + δ [δ δ
ρ µ n u − δ δ
µ ν ] −
4! δµ δµr δµθ δµϕ 4!
t
δν δνr δνθ δνϕ
−δσr δρt [δµθ δνϕ − δµϕ δνθ ] − δρθ [δµt δνϕ − δµϕ δνt ] + δρϕ [δµt δνθ − δµθ δνt ]
+δσθ δρt [δµr δνϕ − δµϕ δνr ] − δρr [δµt δνϕ − δµϕ δνt ] + δρϕ [δµt δνr − δµr δνt ]
−δσϕ δρt [δµr δνθ − δµθ δνr ] − δρr [δµt δνθ − δµθ δνt ] + δρθ [δµt δνr − δµr δνt ] .
Referências
[4] J. Baez. Gauge Fields, Knots and Gravity, World Scientific Publishing Co. Pte. Ltd,
1994.
[6] C. J. Isham. Modern Differential Geometry for Physicists, World Scientific Publishing
Co. Re. Ltd., Singapore.
[7] M. Nakahara. Geometry, Topology and Physics, Institute of Physics Publishing, wholly
owned by The Institute of Physics, London Institute of Physics Publis. 2003
[11] J. Stewart. Cálculo: volume 2. 8ª ed. SÃO PAULO: Cengage Learning, 2016.
[15] A. Komar. Positive-Definite Energy Density and Global Consequences for General
Relativity. Physical Review. 129 (4): 1873–1876, 1963.
Referências 89
[17] https://solarsystem.nasa.gov/solar-system/sun/by-the-numbers/.