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Livro 2 - Metodologia da

Pesquisa

Sumário

Site: UTFPR - Servidor de Cursos UAB


Curso: Práticas Educacionais em Ciências e Pluralidade 2019
Livro: Livro 2 - Metodologia da Pesquisa
Impresso por: RODRIGO ADAMCZWSKI OTT
Data: terça, 28 Mai 2019, 07:16

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Sumário
1. Como Formular Um Problema de Pesquisa?
1.1. O Que é Mesmo um Problema?
1.2. Por Que Formular um Problema?
1.3. Como Formular Um Problema?

2. O Projeto de Pesquisa
2.1. Estruturação do Projeto
2.2. Definindo o Tema e Título (O quê?)
2.3. Justificativa
2.4. Objetivos (Para quê?)
2.5. Hipóteses
2.6. Embasamento Teórico (Como?)
2.7. Metodologia (Como?)
2.8. Cronograma (Quando?)
2.9. Apêndices e Anexos
2.10. Referências

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1. Como Formular Um Problema de
Pesquisa?

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1.1. O Que é Mesmo um Problema?
Toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagação. Todavia, a
conceituação adequada de problema de pesquisa não constitui tarefa fácil, em virtude das
diferentes acepções que envolvem este termo.
O Novo Dicionário Aurélio indica os seguintes significados de probiema:

Questão matemática proposta para que se lhe dê a solução.


Questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do
conhecimento.
Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções.
Qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade, por difícil de
explicar ou resolver.
Conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo.

A segunda acepção é a que será considerada ao longo deste texto, pois é a que mais
apropriadamente caracteriza o problema científico.

Fica claro que nem todo problema é passível de tratamento científico. Isto significa
que para se realizar uma pesquisa é necessário, em primeiro lugar, verificar se o problema
cogitado se enquadra na categoria de científico. Como fazer isso?

Para um dos mais respeitados autores no campo da metodologia das ciências sociais,
a maneira mais prática para entender o que é um problema científico consiste em considerar
primeiramente aquilo que não é (KERLINGER, 1980). Sejam os exemplos: “Como fazer para
melhorar os transportes urbanos?” “O que pode ser feito para melhorar a distribuição de
renda?” “Como aumentar a produtividade no trabalho?” Nenhum destes constitui
rigorosamente um problema científico, pois, sob a forma em que são propostos, não
possibilitam a investigação segundo os métodos próprios da ciência.

Estes problemas são designados por Kerlinger como problemas de “engenharia”, pois
referem-se a como fazer algo de maneira eficiente. A ciência pode fornecer sugestões e
inferência acerca de possíveis respostas, mas não responder diretamente a esses problemas.
Eles não indagam como são as coisas, suas causas e conseqüências, mas indagam acerca de
como fazer as coisas.

Também não são científicos estes problemas: Qual a melhor técnica psicoterápica? E
bom adotar jogos e simulações como técnicas didáticas? Os pais devem dar palmadas nos
filhos? São antes problemas de valor, assim como todos aqueles que indagam se uma coisa é

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boa, má, desejável, indesejável, certa ou errada, ou se é melhor ou pior que outra. São
igualmente problemas de valor aqueles que indagam se algo deve ou deveria ser feito.

Embora não se possa afirmar que o cientista nada tenha a ver com estes problemas, o
certo é que a pesquisa científica não pode dar respostas a questões de “engenharia” e de valor
porque sua correção ou incorreção não é passível de verificação empírica.

Com base nessas considerações pode-se dizer que um problema é de natureza


científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis: “Em que medida a
escolaridade determina a preferência político- partidária?” “A desnutrição determina o
rebaixamento intelectual?” “Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os
alunos?” Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de
manipulação. E perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária
de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que
medida essas variáveis estão relacionadas entre si.

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1.2. Por Que Formular um Problema?
Como já foi visto no tópico anterior, o problema de pesquisa pode ser determinado
por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras razões de ordem prática podem
conduzir à formulação de problema. Pode-se formular um problema cuja resposta seja
importante para subsidiar determinada ação. Por exemplo, um candidato a cargo eletivo pode
estar interessado em verificar como se distribuem seus potenciais eleitores com vistas a
orientar sua campanha. Da mesma forma, uma empresa pode estar interessada em conhecer o
perfil do consumidor de seus produtos para decidir acerca da propaganda a ser feita.

Podem-se formular problemas voltados para a avaliação de certas ações ou


programas, como, por exemplo, os efeitos de determinado anúncio pela televisão ou os efeitos
de um programa governamental na recuperação de alcoólatras.

Também é possível formular problemas referentes às consequências de várias


alternativas possíveis. Por exemplo, uma organização poderia estar interessada em verificar
que sistema de avaliação de desempenho seria o mais adequado para o seu pessoal.

Outra categoria de problemas decorrentes de interesses práticos refere-se à predição


de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação adequada. Por exemplo, a prefeitura de uma
cidade pode estar interessada em verificar em que medida a construção de uma via elevada
poderá provocar a deterioração da respectiva área urbana.

É possível, ainda, considerar como interesses práticos, embora mais próximos dos
interesses intelectuais, aqueles referentes a muitas pesquisas desenvolvidas no âmbito dos
cursos universitários de graduação. É frequente professores sugerirem aos alunos a formulação
de problemas com o objetivo de treiná-los na elaboração de projetos de pesquisa.

Também são inúmeras as razões de ordem intelectual que conduzem à formulação de


problemas de pesquisa. Pode ocorrer que um pesquisador tenha interesse na exploração de um
objeto pouco conhecido. Por exemplo, quando Freud iniciou seus estudos sobre o inconsciente,
esse constituía uma área praticamente inexplorada.

Um pesquisador pode interessar-se por áreas já exploradas, com o objetivo de


determinar com maior especificidade as condições em que certos fenômenos ocorrem ou como
podem ser influenciados por outros. Por exemplo, pode-se estar interessado em verificar em
que medida fatores não econômicos agem como motivadores no trabalho. Várias pesquisas já
foram realizadas sobre o assunto, mas pode haver interesse em verificar variações nesta
generalização. Pode-se indagar se fatores culturais não interferem, intensificando ou
enfraquecendo as relações entre aqueles dois fatores.

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Pode ocorrer que um pesquisador deseje testar uma teoria específica. Como fez, por
exemplo, Wardle (1961) com a teoria da carência materna de Bowlby. Este pesquisador
estudou crianças que frequentavam uma clínica de orientação infantil e constatou que os que
furtavam, ou apresentavam outros comportamentos anti-sociais, provinham, com frequência
significativa, de lares desfeitos, apresentavam incidência mais elevada de separação da mãe e
com maior frequência tinham pais que provinham também de lares desfeitos.

Pode, ainda, um pesquisador, interessar-se apenas pela descrição de determinado


fenômeno. Como, por exemplo, verificar as características sócio-econômicas de uma
população ou traçar o perfil do adepto de determinada religião.

Os interesses pela escolha de problemas de pesquisa são determinados pelos mais


diversos fatores. Os mais importantes são: os valores sociais do pesquisador e os incentivos
sociais. Um exemplo do primeiro fator está no pesquisador que é contrário à segregação racial
e por isso mesmo vê-se inclinado a investigar sobre esse assunto. Um exemplo do segundo
fator está nos incentivos monetários que são conferidos à investigação sobre comunicação de
massa, propiciando o desenvolvimento de grande número de pesquisas, assim como a
sofisticação das técnicas empregadas.

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1.3. Como Formular Um Problema?
Complexidade da questão: Formular um problema científico não constitui tarefa
fácil. Para alguns, isto implica mesmo o exercício de certa capacidade que não é muito comum
nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha
papel fundamental nesse processo.

Por se vincular estreitamente ao processo criativo, a formulação de problemas não se


faz mediante a observação de procedimentos rígidos e sistemáticos. No entanto, existem
algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão sistemática no objeto, estudo
da literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no
campo de estudo (Selltiz, 1967, p. 30).

A experiência acumulada dos pesquisadores possibilita ainda o desenvolvimento de


certas regras práticas para a formulação de problemas científicos, tais como:

a. o problema deve ser formulado como pergunta;


b. o problema deve ser claro e preciso;
c. o problema deve ser empírico;
d. o problema deve ser suscetível de solução;
e. o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.

Estas regras serão detalhadas adiante.


Com muita frequência, problemas propostos não se adequam a estas regras. Isto não
significa, porém, que o problema deva ser afastado. Muitas vezes, o melhor será proceder à sua
reformulação ou esclarecimento, o que poderá mesmo exigir a realização de um estudo
exploratório.

O problema deve ser formulado como pergunta: Esta é a maneira mais fácil e
direta de formular um problema. Além disso, facilita a sua identificação por parte de quem
consulta o projeto ou o relatório da pesquisa. Seja o exemplo de uma pesquisa sobre o divórcio.
Se alguém disser que vai pesquisar o problema do divórcio, pouco estará dizendo. Mas se
propuser: “que fatores provocam o divórcio?” ou “quais as características da pessoa que se
divorcia?”, estará efetivamente propondo problemas de pesquisa.

Este cuidado é muito importante sobretudo nas pesquisas acadêmicas. De modo


geral, o estudante inicia o processo da pesquisa pela escolha de um tema, que por si só não
constitui um problema. Ao formular perguntas sobre o tema, provoca-se a sua problematização.

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O problema deve ser claro e preciso: Um problema não pode ser solucionado se
não for apresentado de maneira clara e precisa. Com frequência são apresentados problemas
tão desestruturados e formulados de maneira tão vaga que não é possível imaginar nem mesmo
como começar a resolvê-los. Por exemplo, um iniciante em pesquisa poderia indagar: “Como
funciona a mente?”, ‘O que acontece no Sol?”, “O que determina a natureza humana?” etc.
Estes problemas não podem ser propostos para pesquisa, porque não está claro a que se
referem.

É pouco provável que pessoas com algum conhecimento de metodologia proponham


problemas deste tipo. Porém, nessa eventualidade deve-se reformular o problema de forma a
ser respondível. Talvez se possa reformular a pergunta “Como funciona a mente?” para “Que
mecanismos psicológicos podem ser identificados no processo de memorização?” Claro que
esta é uma das muitas reformulações que podem ser feitas à pergunta original. Nada garante
que corresponda exatamente à intenção de quem a formulou. Esta certeza só poderá ser obtida
após alguma discussão.

Pode ocorrer também que algumas formulações apresentem termos definidos de


forma não adequada, o que torna o problema carente de clareza. Seja, por exemplo, a pergunta:
“Os cavalos possuem inteligência?” A resposta a esta questão depende de como se define
inteligência.

Muitos problemas desse tipo não são solucionáveis porque são apresentados numa
terminologia retirada da linguagem cotidiana. Muitos termos utilizados no dia-a-dia são
bastante ambíguos. Tome-se o exemplo de um problema que envolva o termo organização. Só
poderia ser adequadamente colocado depois que aquele termo tivesse sido definido de forma
rigorosamente não ambígua.

Um artifício bastante útil consiste em definir operacionalmente o conceito. A


definição operacional é aquela que indica como o fenômeno é medido. Nas ciências físicas e
biológicas, a definição operacional tende a ser bastante simples, pois geralmente se dispõe de
instrumentos precisos de medida. Por exemplo, o termo temperatura pode ser definido como
“aquilo que o termômetro mede”. Nas ciências humanas, todavia, as definições operacionais
nem sempre são satisfatórias. Por exemplo, em algumas pesquisas define-se como católica a
pessoa que se declara como tal. Daí poderão surgir intermináveis discussões. Entretanto, não há
como negar que tal definição confere precisão ao conceito. Qualquer pessoa que busque
informar-se acerca da pesquisa logo saberá qual o significado que é atribuído ao termo. O
mesmo não ocorreria se a determinação da religião do pesquisado ficasse por conta de
considerações subjetivas do pesquisador.

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O problema deve ser empírico: Foi visto que os problemas científicos não devem
referir-se a valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de camponeses são
melhores que filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar estudos universitários”. Estes
problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos morais e, consequentemente, a
considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, que tem a
objetividade como uma das mais importantes características.

É verdade que as ciências sociais interessam-se também pelo estudo dos valores.
Todavia, estes devem ser estudados objetivamente, como fatos, ou como “coisas”, segundo a
orientação de Durkhein,. Por exemplo, a formulação de determinado problema poderá fazer
referência a “maus professores”. Estes termos indicam valor, mas o pesquisador poderá estar
interessado em pesquisar professores que seguem práticas autoritárias, não preparam suas aulas
ou adotam critérios arbitrários de avaliação. Trata-se, portanto, de transformar as noções
iniciais em outras mais úteis, que se refiram diretamente a fatos empíricos e não a percepções
pessoais.

O problema deve ser suscetível de solução: Um problema pode ser claro, preciso e
referir-se a conceitos empíricos, porém não se tem ideia de como seria possível coletar os
dados necessários à sua resolução. Seja o exemplo: “ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas
do cérebro, as visões serão sentidas auditivamente?” Esta pergunta só poderá ser respondida
quando a tecnologia neurofisiológica progredir a ponto de possibilitar a obtenção de dados
relevantes.

Para formular adequadamente um problema é preciso ter o domínio da tecnologia


adequada à sua solução. Caso contrário, o melhor será proceder a uma investigação acerca das
técnicas de pesquisa necessárias.

O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: Em muitas pesquisas,


sobretudo nas acadêmicas, o problema tende a ser formulado em termos muito amplos,
requerendo algum tipo de delimitação. Por exemplo, alguém poderia formular o problema: “em
que pensam os jovens?” Seria necessário delimitar a população dos jovens a serem pesquisados
mediante a especificação da faixa etária, da localidade abrangida etc. Seria necessário, ainda,
delimitar “o que pensam”, já que isto envolve múltiplos aspectos, tais como: percepção a cerca
dos problemas mundiais, atitude em relação à religião etc.

A delimitação do problema guarda estreita relação com os meios disponíveis para investigação.
Por exemplo, um pesquisador poderia ter interesse em pesquisar a atitude dos jovens em
relação a religião. Mas não poderá investigar tudo o que todos os jovens pensam acerca de
todas as religiões. Talvez sua pesquisa tenha de se restringir à investigação acerca do que os

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jovens de determinada cidade pensam acerca de alguns aspectos de uma religião específica.

Nota: O texto acima é cópia do Livro do autor Antonio Carlos Gil, conforme referência
abaixo:
GIL, Antonio. Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas S.A,
2009, p.23 – 29..

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2. O Projeto de Pesquisa
A palavra Projeto vem do latin pro-jicere, que significa “colocar adiante”. Para a
elaboração de qualquer projeto de pesquisa é necessário primeiramente que se construa
mentalmente a imagem da situação futura que se pretende pesquisar. Após, é preciso traçar um
plano de ação a ser executado para a realização da pesquisa.

Segundo Lakatos (2001, p 215) “o projeto é uma das etapas componentes do


processo de elaboração, execução e apresentação da pesquisa”. Sendo assim, irá mapear a
forma que a pesquisa será realizada. É necessário que o projeto de pesquisa seja bem
planejado, para que o pesquisador não se perca em meio às informações, sem saber como
utilizá-las para a pesquisa.

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2.1. Estruturação do Projeto

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2.2. Definindo o Tema e Título (O quê?)
Para a escolha do tema, é necessário refletir sobre o que pesquisar. O tema refere- se
ao assunto que se deseja desenvolver ou provar. Assim, a escolha do tema pode surgir de uma
dificuldade prática enfrentada, de questões polêmicas, da sua curiosidade científica, de desafios
encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria (LAKATOS, 2001).
“Independente de sua origem, o tema é, nesta fase, necessariamente amplo, precisando bem o
assunto geral sobre o qual se deseja realizar a pesquisa” (LAKATOS, 2001, p. 218). Dessa
forma, é necessário delimitar o tema, determinando o tipo de enfoque, sua extensão e
profundidade, especificando-o. O título difere-se do tema, pois o título sintetiza o conteúdo do
tema. O tema e o título devem “obedecer aos critérios de relevância, viabilidade e
originalidade” (ANDRADE, 2003, p. 140).

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2.3. Justificativa
A justificativa responde o “por quê” da realização da pesquisa, qual a relevância da
pesquisa. “Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e
dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa” (LAKATOS,
2001, p. 219). No texto da justificativa é importante apresentar:

a identificação do problema levantado para o estudo;


as razões que levaram a realização do estudo;
a relação do problema estudado com a atualidade - relevância social;
referência dos possíveis aspectos inovadores do estudo/projeto.

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2.4. Objetivos (Para quê?)
Os objetivos indicam as ações que serão desenvolvidas para a resolução do problema
de pesquisa. Nos objetivos deve-se esclarecer o que se pretende obter, quais resultados se
deseja alcançar com a pesquisa.

O objetivo geral reúne todos os objetivos específicos e é apresentado na forma de um


enunciado. Deve iniciar com um verbo de ação. Segundo Lakatos (2001, p. 219), o objetivo
geral:

- está ligado a uma visão global e abrangente do tema;


- relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das
ideias estudadas;
- Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto.

Os objetivos específicos apresentam um caráter mais concreto. “Tem a função


intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá-lo em situações particulares” (LAKATOS, 2001, p. 219). Dessa forma, informam as
ações particulares realizadas para atingir o objetivo geral da pesquisa.

Os objetivos devem ser sempre expressos utilizando verbos de ação. Veja alguns
exemplos de verbos que poderão ser utilizados:

Apontar, argumentar, avaliar, citar, classificar, conhecer, compreender, concluir, compor,


comparar, construir, contrastar, criticar, definir, descrever, documentar, reconhecer, debater,
relatar, deduzir, demonstrar, determinar, desenvolver, diferenciar, discutir, diferenciar,
empregar, estruturar, especificar, esquematizar, estimar, examinar, formular, identificar,
interpretar, investigar, localizar, medir, melhorar, monitorar, operar, organizar, otimizar,
praticar, provar, produzir, propor, reunir, selecionar, sintetizar; selecionar, traçar, testar.

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2.5. Hipóteses
É uma suposição que antecede os fatos, constituem “respostas” prováveis, supostas e
provisórias ao problema, com o intuito de posteriormente testar e validar a formulação
provisória (LAKATOS, 2001). Dependendo da natureza do problema e da forma de o
orientador trabalhar, este item pode ser opcional.

A resposta principal é denominada hipótese básica, podendo ser complementada por


outras, denominadas hipóteses secundárias (LAKATOS, 2001). A função da hipótese na
pesquisa é fixar uma diretriz que possibilita ordenar o processo de pesquisa.

As hipóteses podem surgir de diversas fontes como da observação, dos resultados de


outras pesquisas, de teorias e da intuição (GIL, 2010). Algumas características das hipóteses
são: consistência lógica, verificabilidade, apoio teórico, especificidade, plausibilidade, clareza,
profundidade, originalidade, simplicidade, relevância.

O enunciado da hipótese é uma suposição que busca explicar o problema, ou seja, é


uma explicação, uma resposta provisória que relaciona duas ou mais variáveis do problema
levantado. Sendo assim, deve ser testável e responder ao problema, servindo de guia na
pesquisa para verificar sua viabilidade. Segundo Gil (2010) uma hipótese aplicável deve:

- Ser conceitualmente clara;


- Ser específica (identificar o que deve ser observado);
- Ter referências empíricas (verificável);
- Ser parcimoniosa (simples);
- Estar relacionada com as técnicas disponíveis;
- Estar relacionada com uma teoria.

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2.6. Embasamento Teórico (Como?)
Respondendo ainda à questão “como”? O embasamento teórico também pode ser
chamado de revisão de literatura, referencial teórico, pressupostos teóricos, revisão
bibliográfica, marco teórico, etc. Nesta etapa da pesquisa, deve-se apresentar uma discussão
teórica do problema estudado, buscando fundamentá-lo em teorias já existentes, servindo
assim, de base para a interpretação e análise dos dados coletados. Assim, as ideias apresentadas
no texto, devem estar ligadas aos objetivos e as hipóteses da pesquisa.

Alguns elementos de fundamentação teórica da pesquisa, conforme Lakatos (2001):


são teoria de base, revisão bibliográfica e definição dos termos.

Teoria de Base: Segundo Lakatos (2001, p. 224) “a finalidade da pesquisa científica


não é apenas um relatório ou descrição de fatos levantados empiricamente, mas o
desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que se refere aos dados obtidos”. Dessa
forma, é necessário que a pesquisa esteja relacionada com o universo teórico, “optando-se por
de um modelo que dê embasamento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos
ou levantados” (LAKATOS, 2001, p. 225)

Revisão Bibliográfica: Nenhuma pesquisa parte da estaca zero. Mesmo sendo uma
pesquisa exploratória, ou seja, uma pesquisa que investiga uma determinada situação, um dado
local, uma comunidade ou grupo, deve existir outras pesquisas iguais ou semelhantes ou
complementares a pesquisa pretendida. Dessa forma, é imprescindível a procura de fontes
documentais ou bibliográficas, para que desta maneira não haja a duplicação de esforços e a
não “descobertas” de ideias já expressas em outras pesquisas (LAKATOS 2001). Segundo
Lakatos (2001, p. 225) “a citação das principais conclusões a que outros autores chegaram
permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar
comportamentos e atitudes”.

Definição dos termos: deve-se apresentar o significado dos termos utilizados na


pesquisa com precisão, evitando ambiguidades. Segundo Lakatos (2001, p. 226) “a definição
dos termos esclarece e indica o emprego dos conceitos na pesquisa”.

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2.7. Metodologia (Como?)
Na metodologia respondemos às questões como? com quê? onde? quanto? Quais
métodos e técnicas serão utilizados na pesquisa? Dessa forma, a investigação científica
depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (GIL, 1999, p. 26) para
que seus objetivos sejam atingidos.

Dessa forma, a metodologia é a especificação dos métodos científicos, das


estratégias, das ações para que os objetivos da pesquisa científica sejam atingidos. São os
passos, os caminhos a serem seguidos para a realização da pesquisa, sendo que para
desenvolvê-la é necessário que o pesquisador tenha claro:

Que tipo de pesquisa irá realizar? (bibliográfica, ou descritiva, ou experimental, ou


estudo de caso, etc);
Qual a população que será investigada? (amostra da população);
Que instrumentos serão utilizados para a coleta de dados? (entrevistas,
questionários, diários de campo, dentre outros);
Quais os procedimentos para a tabulação, análise e interpretação dos dados?
Em quanto tempo a pesquisa será realizada? (cronograma da pesquisa)

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2.8. Cronograma (Quando?)
A elaboração do cronograma da pesquisa responde à pergunta “quando”? Para fazer a
previsão do tempo necessário para a pesquisa, as fases ou etapas devem ser dividas em partes,
sendo que determinadas partes podem ser executadas simultaneamente e outras dependem das
etapas anteriores, como por exemplo, a análise e interpretação, que depende da codificação e
tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados. Estabeleça um cronograma e procure não
sair dele. A tabela 1, sugere um exemplo de cronograma.

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2.9. Apêndices e Anexos
Os Apêndices são instrumentos utilizados para a coleta de dados (formulários,
questionários, entrevistas etc.), elaborados pelo autor da pesquisa. Os anexos são os materiais
impressos (manuais de instruções, mapas de áreas de investigação, dentre outros, elaborados
por terceiros) devem ser anexados ao projeto de pesquisa, se necessário.

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2.10. Referências
Deve-se relacionar o material bibliográfico lido para o desenvolvimento da pesquisa
(livros, artigos, e outra publicações consultadas) elaborando, portanto, a lista de referências
conforme normas da ABNT (NBR-6023). Observe na NBR 6023 que há formas diferenciadas
para apresentação das referências (artigos, livros, parte de monografias, meio eletrônico, etc) e
isto deve ser observado por você quando for elaborar a lista de referências. Lembre-se também
que você deve apresentar somente as referências citadas ao longo do projeto ou monografia.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e


documentação – Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, AGO 2002.

______.NBR 6024. Informação e documentação - Numeração progressiva das seções de um


documento escrito - Apresentação . Rio de Janeiro, MAIO 2003.

______.NBR 6027. Informação e documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro,


MAIO 2003.

______.NBR 6028. Informação e documentação – Resumo - Apresentação. Rio de Janeiro,


NOV 2003.

______.NBR 6034. Preparação de índices de publicações: procedimento. Rio de Janeiro, 1989.

______.NBR 10520. Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação.


Rio de Janeiro, ago 2002.

______.NBR 12225. Informação e documentação – Lombada - Apresentação. Rio de Janeiro,


2004.

______.NBR 14724. Informação e documentação - Trabalhos acadêmicos - Apresentação. Rio


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