PROFESSORA: MÁRLIA RIEDEL ALUNA: MARIA CLARA TEIXEIRA
ATIVIDADE 4
O PROBLEMA DE PESQUISA 4.2
Agora que você já escolheu o seu tema de pesquisa, vamos aprender a delinear o problema de pesquisa, que é a mola propulsora de todo o trabalho científico. É a interrogação que o pesquisador faz à realidade. É ele que orienta o pesquisador na direção daquilo que pretende explicitar ou demonstrar. É preciso fazer a leitura exaustiva da realidade para:
• Identificar questões relevantes.
• Selecionar os estudos mais significativos para essa construção.
Assim, após a escolha do tema, é preciso aprender a delinear o problema de
pesquisa, afinal de contas, é o trampolim que irá impulsionar o seu trabalho científico. O problema de pesquisa é o ponto de interrogação que trará o pesquisador à realidade, uma vez que norteará para a direção daquilo que se pretende estudar, explicar ou compreender. - Como construir um problema de pesquisa? Na concepção de Gil (2006, p. 49-50),
é importante que a escolha de um problema ofereça
minimamente a possibilidade de colocar o tema em teste na realidade: [...] na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento [...] pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas.
As proposições que se seguem podem ser tidas como testáveis: Em que
medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? A desnutrição determina o rebaixamento intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos? Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. É perfeitamente possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas (GIL, 2006, p. 49-50).
Para constituir um objeto de pesquisa, o pesquisador deverá nortear seu
trabalho por meio de uma temática precisamente definida. Por exemplo, suponhamos que a temática se defina pelas "Expectativas e motivações dos servidores técnico-administrativos que ingressaram, a partir de 2010, na UFSM, em relação ao desempenho de suas funções". Este tema representa o ponto- chave para a formulação do problema que se almeja investigar. Dessa forma, todo problema deve partir sempre de um questionamento. Possível problema de pesquisa: Quais são as expectativas e motivações dos servidores técnico- administrativos que ingressaram a partir de 2010 na UFSM, em relação ao desempenho de suas funções na instituição? O texto a seguir de Rubem Alves (1980, p. 67-68) foi retirado do livro Conversas com quem gosta de ensinar, mais especificamente da crônica “Sobre professores e remadores”, e apresenta uma interessante reflexão sobre a relevância na escolha de um tema de pesquisa: Todos sabemos que as questões realmente importantes, no campo das ciências humanas, são extremamente complicadas. Em cada problema encontramos a conjunção de uma série de fatores heterogêneos.
Tomemos a educação como exemplo. Não se pode entender o processo
educacional, na sua totalidade, se não se levarem em conta fatores de ordem biológica (criança com fome não pode aprender bem, nem 72· Criança doente, nem criança marcada por fatores hereditários adversos), psicológica, social, econômica, política. Que cientista está em condição de pesquisar esse fenômeno na sua globalidade? Nenhum. Não é possível dominar todas essas áreas do saber. Qualquer análise interdisciplinar, empreendida por um pesquisador, tem, necessariamente, de ser frouxa do ponto de vista metodológico. Mas é isso que a comunidade científica não perdoa! Rigor acima de tudo! Reprimidos pelo fantasma do rigor, os pesquisadores se põem a campo não em busca de problemas interessantes e relevantes, mas de problemas que podem ser tratados com os magros recursos metodológicos de que dispõem. É como se uma pessoa dispusesse de uma máquina fotográfica primitiva, que só tira fotografia de objetos a três metros. Ela preferira tirar a fotografia de um gato sobre o muro, ao alcance de sua máquina, que a fotografia de uma erupção vulcânica a dois quilômetros. De fato, a fotografia do gato saíra mais nítida. Não creio que eu esteja fazendo uma caricatura (ALVES, 1980, p. 67-68).
A escolha do problema de pesquisa envolve pensar a complexidade de se
constituir e fazer ciência na relação da parte com o todo. Rubem Alves apresenta, nessa reflexão, um exemplo de um estudo no campo da Educação. A criança não pode ser investigada apenas de um ponto de vista biológico, mas dentro da sua complexidade ou da heterogeneidade dos fatores. Ela precisa ser vista, além disso, no aspecto social, econômico, político, cultural, etc. Em função da dificuldade de recursos, e também pressionados pelas questões metodológicas, como dissemos antes, os cientistas começam privilegiando objetos e escolha de problemas mais próximos. Estes podem ser tratados de maneira mais imediata e podem ser “verificáveis”, abrindo mão da complexidade da ciência. Acabam, assim, sendo vítimas da obsessão do rigor metodológico, o qual demanda investigar problemas triviais dentro de métodos simples e fechados.