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Brazilian Journal of Health Review 4901

ISSN: 2595-6825

O uso do ácido poli-L-láctico para rejuvenescimento facial

The use of poly-L-lactic acid for facial rejuvenation


DOI:10.34119/bjhrv5n2-077

Recebimento dos originais: 15/02/2022


Aceitação para publicação: 23/03/2022

Vicente Alberto Lima Bessa


Especialista em Estudos em Estética Facial – FASUL MG
Instituição: Centro Universitário Celso Lisboa
Endereço: Rua Vinte e Quatro de Maio, 797 - Engenho Novo, Rio de Janeiro - RJ
CEP: 20950-092
E-mail: vicente.bessa@celsolisboa.edu.br

RESUMO
O envelhecimento sempre foi uma preocupação da humanidade, seja por questões de saúde e/ou
estética. Por isso, muitos tratamentos têm sido desenvolvidos e dentre eles, o preenchimento
com ácido poli-L-láctico (PLLA). O PLLA surgiu como uma alternativa ao tratamento cirúrgico
para tratar afecções cutâneas típicas do envelhecimento. Com o objetivo de determinar os
benefícios e riscos da aplicação do PLLA no tratamento do envelhecimento da face, foi
realizado um estudo de revisão baseado em levantamentos de dados do SciELO, Pubmed e
Science.gov utilizando os descritores: ácido poli-L-láctico, rejuvenescimento facial,
preenchimento facial. Foram consultados 56 artigos e selecionados 13, e os critérios de inclusão
foram: artigos em português e inglês entre os anos de 2013 e 2021 que tratassem do
envelhecimento, da ação, benefícios e/ou riscos dos bioestimuladores de ácido poli-L-láctico.
Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, teses, dissertações, monografias e resumos.
Pode-se inferir que o preenchimento com PLLA pode harmonizar a face, mas não é isento de
contraindicações ou riscos.

Palavras-chave: ácido poli-L-láctico, rejuvenescimento facial, preenchimento facial.

ABSTRACT
Aging has always been a concern of humanity, whether for health and/or aesthetic reasons.
Therefore, many treatments have been developed and among them, the filling with poly-L-
lactic acid (PLLA). PLLA has emerged as an alternative to surgical treatment to treat skin
conditions typical of aging. To determine the benefits and risks of applying PLLA in the
treatment of facial aging, a review study was carried out based on data from SciELO, Pubmed
and Science.gov using the descriptors: poly-L-lactic acid, facial rejuvenation, facial filler. 56
articles were consulted and 18 were selected, and the inclusion criteria were: articles in
Portuguese and English between 2013 and 2021 dealing with aging, action, benefits and/or risks
of poly-L-lactic acid biostimulators. Exclusion criteria were duplicate articles, theses,
dissertations, monographs and abstracts. It can be inferred that filling with PLLA can harmonize
the face, but it is not free from contraindications or risks.

Keywords: poly-L-lactic acid, facial rejuvenation, facial filler.

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1 INTRODUÇÃO
Todo ser vivo irá envelhecer, pois este é um processo natural, inevitável e irreversível
que representa o declínio das funções das estruturas do corpo. No entanto, com a evolução
científica, surgiram procedimentos estéticos que permitem retardar o envelhecimento,
principalmente quando aliados a uma boa alimentação e exercícios físicos (BESSA, 2021).
Quando observamos uma pessoa, é a face a área do corpo onde os impactos do
envelhecimento são mais facilmente percebidos, pois na maioria das sociedades é comum
deixá-la exposta. Para retardar os sinais de envelhecimento facial, além dos procedimentos
tradicionais, existem aqueles que surgem como alternativa cirúrgica e que trazem resultados
complementares, são os preenchimentos faciais.
É bom destacar que o conceito de rejuvenescimento facial era restringido a uma visão
bidimensional, porém com o advento do preenchimento facial, o conceito foi expandido para
abranger uma visão tridimensional. Portanto, a estética passou a analisar o envelhecimento da
face, não apenas pelas discromias, alterações na textura cutânea e rugas de expressão, mas
também pelas perdas de volume em consequência da remodelação óssea e da redistribuição da
gordura facial.
O interesse por procedimentos cosméticos minimamente invasivos como os
preenchedores faciais injetáveis cresceu rapidamente e revolucionou o tratamento e
rejuvenescimento da face envelhecida. Por isso, as pesquisas e o desenvolvimento de produtos
que permitem o preenchimento de tecidos moles têm aumentado com o objetivo de refinar
produtos para maximizar a eficácia e minimizar os efeitos adversos (ATTENELLO; MAAS,
2015).
O preenchimento com injetável é uma técnica simples e minimamente invasiva utilizado
na correção de volume, sulcos ou rugas profundas melhorando a forma e o contorno facial. Hoje
em dia, os preenchimentos de tecido têm sido prescritos tanto na prática médica quanto na
cosmética, sendo os materiais mais adequados os biocompatíveis, biodegradáveis, facilmente
injetáveis, estáveis em volume e não migratórios, dentre eles o ácido poli-L-láctico (LIN et al.,
2019).
O preenchimento à base de ácido poli-L-láctico (PLLA é a abreviação em inglês de
PolyLactic-L-Acid) para rejuvenescimento facial tem sido uma prática comum entre os
profissionais de saúde habilitados e uma procura por aqueles que buscam por resultados
graduais e naturais. Baseado, no exposto, quais são os benefícios e os riscos da aplicação do
PLLA para tratar o envelhecimento da face?

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2 METODOLOGIA
Este estudo objetivou determinar os benefícios e os riscos da aplicação do PLLA para
tratar o envelhecimento da face. Para tanto, foi realizado um estudo de revisão com base em
levantamentos de dados da SciELO, Pubmed e Science.gov por meio dos descritores: ácido
poli-L-láctico, rejuvenescimento facial, preenchimento facial. Foram consultados 56 artigos e
selecionados 13. Como critérios de inclusão foram selecionados artigos em português e inglês
entre os anos de 2013 e 2021 que versem sobre envelhecimento, ação, benefícios e/ou riscos
dos bioestimuladores ácido poli-L-láctico. Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados,
teses, dissertações, monografias e resumos.

3 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO
A população no mundo envelheceu, pois houve o aumento da expectativa de vida e com
isso a busca por manter uma pele mais jovem e bonita, livre de manchas e rugas, cresceu. Assim
como a mudança para um estilo de vida mais saudável é uma tendência, a demanda por
procedimentos estéticos também é. No entanto, a pele sofre com o envelhecimento intrínseco
ou cronológico, mas também com o fotoenvelhecimento devido às condições ambientais
externas, como radiação ultravioleta, além do vento, calor e tabaco (BESSA, 2021).
A pele envelhecida ou exposta ao sol possui fibroblastos danificados que perdem a
capacidade de sintetizar colágeno em comparação com a pele jovem e saudável. Com o
envelhecimento, a pele passa a apresentar diversas alterações, como: redução da quantidade de
fibroblastos, havendo assim um declínio na produção de colágeno; diminui o metabolismo da
pele; aumenta o arranjo desordenado da rede de fibras colágenas; aumenta os níveis de
metaloproteinases da matriz, as principais enzimas que degradam as fibras de colágeno; ocorre
deposição de fibras anormais de elastina ou elastose maciça; e alterações na microvasculatura.
Esses fenômenos danificam a pele levando à flacidez e perda de elasticidade da pele, além de
promover a atrofia da camada dérmica. Mas existe uma alternativa popular para
rejuvenescimento facial e corporal, agentes injetáveis como o ácido poli-L-láctico. Ele promove
uma resposta bioestimuladora para síntese de colágeno que tem efeitos terapêuticos que duram
quase dois anos. (HADDAD et al, 2019).
O ácido poli-L-láctico (PLLA) é polímero biocompatível derivado do ácido láctico. Sua
molécula sintética foi descoberta no Centre National De La Recherche Scientifique em Lyon,
França, em 1954. O PLLA é um bioestimulador de colágeno injetável, pois induz uma
neocolagênese através de resposta inflamatória subclínica que propicia a remodelação da pele
e de tecidos subjacentes e, desta forma, atua contra a perda de elasticidade, tratamento de

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flacidez e correção de cicatrizes inestéticas. Ele é seguro, reabsorvível, imunologicamente


inerte e com resultados agradáveis e previsíveis (MACHADO FILHO, 2013). O PLLA
possibilita uma correção da perda de volume da face com resultados previsíveis, naturais, sutis,
agradáveis e duradores, além de ser um produto seguro (FITZGERALD et al, 2018). Ele é um
polímero sintético da família dos alfa-hidroxiácidos que foi aprovado em 1999 na Europa e em
2009 nos Estados Unidos como preenchedor em caso de perda volumétrica. Na Europa ficou
conhecido pelo nome comercial New-Fill e nos Estados Unidos como Sculptra (MACHADO
FILHO, 2013).
O PLLA tem sido prescrito como preenchedor sintético injetável em diferentes planos
teciduais, subcutâneo, subdérmico ou supraperiosteal, para corrigir hipotonia cutânea
decorrente do processo de envelhecimento, correção de volume de áreas deprimidas, como
cicatrizes atróficas, lipoatrofia, sulcos, rugas ou reabsorção óssea. O produto não é aplicado
diretamente em rugas, sulcos ou linhas de expressão, mas em regiões da face que apresentam
flacidez e atrofia, pois, desta forma implicará na correção do volumétrica e da flacidez o que
proporcionará uma face mais jovem (HADDAD et al., 2017). Contudo, é importante destacar
que é necessário passar por várias sessões de PLLA, mas a recompensa é a durabilidade e
longevidade do produto (FITZGERALD et al, 2018).
O PLLA permite uma melhora dos tecidos da pele, além da correção volumétrica do
contorno facial e/ou corporal. Como mecanismo de ação, as micropartículas de PLLA induzem
uma resposta inflamatória subclínica de corpo estranho, em seguida os fibroblastos fazem
fibroplasia. O colágeno vai aumentando gradualmente após um mês até nove a 12 meses após
sua aplicação. O produto é biodegradável, anfifílico e biocompatível, pois suas partículas se
tornam porosas e são circundadas por macrófagos. Após esse período, as partículas de PLLA
são degradadas por hidrólise não enzimática em monômeros de ácido lático e estes são
metabolizados em água e dióxido de carbono ou incorporados em glicose. Os resíduos são
completamente eliminados do corpo por via respiratória, urinária e pelas fezes (FITZGERALD
et al, 2018; LIMA; SOARES, 2020; MACHADO FILHO, 2013).
O PLLA não requer testes de alergia ou qualquer tipo de armazenamento especial
(ZOLLINO; CARINCI, 2014). O produto é apresentado como um pó liofilizado em frasco
estéril composto por micropartículas de manitol não pirogênicas, croscarmelose e PLLA de 40-
63 micrômetros de diâmetro. O produto é reconstituído com água estéril e após o tempo de
hidratação adequado é obtida uma suspensão hidrocoloide que pode ser facilmente injetada na
área apropriada. As partículas possuem dimensões suficientes para serem injetadas por agulhas
26G, mas grandes demais para passar pelos capilares ou serem fagocitadas por macrófagos.

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(FITZGERALD et al, 2018; HADDAD et al., 2017; MACHADO FILHO, 2013). Antes de ser
injetado, 1 mL de lidocaína pode ser adicionado à suspensão para uma diluição total de 6 mL
por frasco. Em caso de alergia à lidocaína, a diluição é feita apenas com 5 ml de água estéril. A
suspensão deve ficar repousar durante pelo menos 2 horas. É retirado do franco com seringa
Luer Lock de 1 mL com agulha 18 G e injetado com agulha 26 G. É importante garantir que a
suspensão seja a mais uniforme possível e, portanto, a seringa deve ser agitada e virada antes
da solução a ser injetada. Outro ponto importante é que o material deve ser injetado em
temperatura ambiente ou na temperatura corporal da pessoa, para melhor distribuição do
produto no local a ser tratado (ZOLLINO; CARINCI, 2014).
O PLLA, apesar de eficiente no tratamento, não tem resposta imediata, os resultados são
graduais, porém naturais e com efeito de cerca de dois anos ou mais, ou seja, de longa duração.
Tem baixa probabilidade de reações adversas quando aplicado corretamente e o se cliente seguir
os cuidados após os procedimentos. Em geral, as complicações são raras e a maioria dos efeitos
adversos são leves e temporários, dentre eles os mais comuns são: edema, eritema e
aparecimento de nódulos (MARTINS. et al, 2021).
Recomenda-se ao cliente que nas primeiras 24 horas após a sessão de tratamento, sejam
aplicadas compressas frias na área tratada na face, pois evitarão edemas ou hematomas. É
essencial realizar massagens vigorosas durante as injeções e o cliente deve ser guiado pela regra
dos cinco. A regra determina que se faça massagem na área tratada durante 5 minutos, cinco
vezes por dia, cinco dias (ZOLLINO; CARINCI, 2014). Esta regra é importante para distribuir
uniformemente os cristais de ácido polilático para evitar que se condensem e formem pequenos
grumos. Como em qualquer tratamento estético facial, o cliente deve usar fotoproteção, ou seja,
usar protetor solar e evitar a exposição ao sol. Quaisquer efeitos inesperados devem ser
relatados ao profissional que faz o tratamento.
Algumas áreas do corpo requerem considerações para injetar o PLLA, são elas: lábios,
cocho lacrimal, regiões periorbitais, glabela e região frontal. Ele não deve ser aplicado na área
vermelha dos lábios, pois é muito provável que a injeção de PLLA resulte no aparecimento de
nódulos ou pápulas. Assim como, nas regiões lacrimais e periorbitárias, pode causar pápulas
perceptíveis. Na glabela e região frontal há risco de necrose (ZOLLINO; CARINCI, 2014).
Para entender melhor os efeitos, indicações e contraindicações do PLLA, é possível
analisar alguns estudos científicos. Um dos estudos teve como objetivo avaliar in vitro e in vivo
a viabilidade, proliferação e expressão do colágeno tipo I, utilizando fibroblastos dérmicos
humanos após suplementação de ácido hialurônico e PLLA. Foi dividido em duas partes, a
primeira para o estudo in vitro, que permitiu avaliar os efeitos do ácido hialurônico e do PLLA

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em culturas de células de fibroblastos de pele humana; e o segundo foi o estudo in vivo para
avaliar qualitativamente a histologia da pele após o uso de ácido hialurônico e PLLA. No estudo
in vitro, a proliferação celular, viabilidade celular e secreção de colágeno tipo I podem ser
avaliadas após suplementação com ácido hialurônico e PLLA em três períodos: após 24, 48 e
72 h. Diferentes doses foram suplementadas em cada um dos períodos estudados, sendo as doses
de ácido hialurônico (Juvederm Volbella®, Irvine, CA, Estados Unidos) de 0,5, 1,0, 5,0 e 10
mg/mL e de PLLA (Sculptra®, Berwyn, PA, Estados Unidos) foram de 0,05, 0,1, 0,5 e 1 mg/mL
e comparadas com o Grupo Controle. Entre 24 e 48 h não houve diferença na proliferação
celular e viabilidade celular entre as diferentes concentrações de ácido hialurônico e o Grupo
Controle. No entanto, após 72 h, foi confirmada a alta proliferação celular em diferentes
concentrações de ácido hialurônico quando comparado ao Grupo Controle. No mesmo período,
os níveis de viabilidade celular entre a cultura de células de fibroblastos dérmicos expostos ao
ácido hialurônico a 0,5 mg/mL e o Grupo Controle foi semelhante, mas foi maior nas dosagens
de 1 mg/mL, 5 mg/mL e 10 mg/mL (CABRAL et al, 2020).
Os resultados com PLLA não foram tão promissores, pois em 24h houve uma baixa taxa
de proliferação de células fibroblásticas dérmicas expostas ao PLLA em 0,05 mg/mL e 0,5
mg/mL em comparação com outros grupos experimentais. Houve diminuição significativa da
proliferação celular em células fibroblásticas dérmicas expostas a diferentes concentrações de
PLLA quando comparadas ao Grupo Controle em 48 e 72h. Outro achado negativo foi a
superioridade do Grupo Controle nos níveis de viabilidade celular em relação às diferentes
concentrações de PLLA e em todos os períodos (24, 48 e 72 h) (CABRAL et al, 2020).
A cultura de fibroblastos dérmicos expostos ao ácido hialurônico ou PLLA em qualquer
concentração foi superior ao Grupo Controle independente do período do experimento. Quanto
ao estudo in vivo, foi realizada a análise histológica da pele de ratos Wistar machos e a
expressão do colágeno tipo I. Verificou-se que apenas o grupo PLLA apresentou a presença de
células multinucleadas em todos os períodos do experimento. O teor de colágeno tipo I foi
maior no grupo ácido hialurônico comparado ao grupo PLLA. Concluiu-se que o
preenchimento dérmico com PLLA tem um efeito potencialmente desfavorável no fenótipo dos
fibroblastos em comparação com o ácido hialurônico (CABRAL et al, 2020).
Para descrever os possíveis efeitos adversos correlacionados aos preenchedores
dérmicos e fornecer orientações estruturadas e claras sobre seu tratamento e prevenção, foi
desenvolvido um estudo baseado em revisão de literatura e experiência médica. No estudo
foram apresentados diferentes tipos de preenchedores, como PLLA, hidroxiapatita de cálcio,
ácido hialurônico, polimetilmetacrilato, hidrogel de poliacrilamida e silicone. Todos estão

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associados a um risco de complicações a curto e longo prazo. Embora a maioria dos efeitos
adversos sejam leves e transitórios, existe a possibilidade de danos permanentes e irreversíveis.
Entre os efeitos adversos mais frequentes estão: contusão, hematoma, edema, eritema,
hiperpigmentação, infecção, nódulo, granuloma, parestesia e comprometimento vascular. A
incidência do efeito adverso também varia de acordo com o tipo de preenchedor. Nos
preenchedores à base de ácido hialurônico, edema, eritema e nódulos são mais frequentes,
enquanto PLLA e polimetilmetacrilato são granulomas (FUNT; PAVICIC, 2013).
Para tratar contusões, compressas frias e creme de vitamina K podem ser aplicados. Para
tratar hematomas, pode-se usar laser de corante pulsado (PDL) ou laser de fosfato de titânio de
potássio (KTP). A exposição ao sol enquanto a contusão persiste e exercícios vigorosos que
aumentam a pressão arterial devem ser evitados. Os hematomas podem ser reduzidos evitando
medicamentos anticoagulantes e suplementos alimentares uma semana antes do tratamento. A
adição de lidocaína ou adrenalina aos preenchimentos reduz os hematomas pós-injeção. Manter
a cabeça elevada durante o tratamento e por 24 horas depois, também reduz o aparecimento de
hematomas. Os hematomas podem ser ainda mais limitados usando a agulha de menor calibre
que pode fornecer o preenchedor, ou uma técnica de injeção lenta com cânulas rombas. A
maioria dos inchaços desaparece espontaneamente, mas para aqueles que persistem ou não
respondem à medicação anti-histamínica, a prednisona oral é a base do tratamento. O eritema
após o preenchimento é comum e pode ser tratado se persistir com esteroide tópico, tetraciclina
oral ou isotretinoína, laser ou creme de vitamina K. A hiperpigmentação pós-inflamatória pode
ocorrer e é tratada com agentes clareadores. Se persistir, pode ser tratado com peeling químico,
luz intensa pulsada (IPL), laser de corante pulsado (PDL) ou laser fracionado. Para prevenir a
infecção, medidas de biossegurança devem ser adotadas. Se forem tomadas medidas, a infecção
é rara. Caso ocorra, o tratamento será específico de acordo com o tipo de infecção bacteriana,
fúngica ou viral. Os nódulos que aparecem após o preenchimento com ácido hialurônico são
tratados com hialuronidase. Aqueles nódulos que surgem com um preenchedor sem ácido
hialurônico respondem bem à massagem vigorosa ou podem ser desfeitos com lidocaína ou
soro fisiológico acompanhados de massagem vigorosa. O tratamento inicial dos granulomas é
com corticosteroides intralesionais (triancinolona, betametasona ou prednisona). O nervo
infraorbitário é o principal local acometido, podendo resultar em parestesia, que é tratada com
triancinolona e ruptura do material palpável com lidocaína ou soro fisiológico, havendo também
bons resultados com Keltican forte® cápsulas. O comprometimento vascular após a injeção de
preenchimento pode levar a complicações imediatas, como necrose tecidual ou até mesmo
perda aguda de visão e acidente vascular cerebral. Portanto, o profissional deve ter um profundo

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conhecimento da anatomia facial para injetar preenchedores de forma segura e correta. Além
de conhecer as características e especificações técnicas do preenchedor que irá utilizar (FUNT;
PAVICIC, 2013).
Outro estudo sobre ácido poli-L-láctico utilizado como restaurador de volume facial foi
realizado entre 2006 e 2012 e contou com a colaboração de 12 voluntários com idade média de
58 anos, 1 homem e 11 mulheres. A pesquisa teve como objetivo apresentar a experiência com
o uso do ácido poli-L-láctico para uso cosmético, visando restabelecer a perda de volume facial
decorrente do processo de envelhecimento. Para iniciar a pesquisa, foi realizado um exame
facial de volume, contorno, qualidade tecidual e alterações perceptíveis que pudessem interferir
na ação do produto injetado. Além de fotografia para a análise antes e depois do procedimento.
Os participantes foram anestesiados com lidocaína creme a 4% por 20 minutos antes da
aplicação do PLLA. Em seguida, foi realizada limpeza e assepsia com álcool 70% e crioterapia
antes do procedimento. O PLLA foi diluído 24 horas antes do procedimento com 5 mL de água
destilada e, no momento da aplicação, foram adicionados 2 mL de lidocaína a 2% com
adrenalina 1:200.000. Agulhas de calibre 26 a 30 Gauge foram utilizadas para injetar 0,05 ml a
0,1 ml nas áreas previamente marcadas na derme profunda, regiões subcutâneas e
supraperiosteal, através de tunelamento ou ponto a ponto. Ao final, foi realizada uma vigorosa
massagem facial e os voluntários foram orientados a manter a massagem por 30 dias, utilizando
a regra “5” como referência. No total, foram realizadas 3 sessões, uma vez por mês, com
manutenção após 1 ano e meio a 2 anos. Constatou-se que 4 voluntários apresentaram
equimoses no local da injeção e um apresentou nódulos na região periorbitária, este foi
submetido a incisão e exérese, 4 meses depois do procedimento. A médio e longo prazo todos
os voluntários relataram satisfação com os resultados, mesmo aquele que teve nódulos. Conclui-
se que o PLLA é um poderoso recurso para restaurar, corrigir ou amenizar deformidades faciais
(SILVA; CARDOSO, 2013).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O PLLA é um bioestimulador que se apresenta como uma promissora ferramenta de
tratamento para a pele envelhecida. É um excelente preenchedor para reparar a hipotonia,
aumentar a espessura dérmica e a qualidade da pele. Portanto, permite aumento de volume em
áreas de depressões cutâneas, como: cicatrizes atróficas, sulcos, rugas, reabsorção óssea,
lipoatrofia, olheiras e envelhecimento cutâneo. Tem a vantagem de ser uma substância não
tóxica, biodegradável e biocompatível da família dos alfa-hidroxiácidos.

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Quando injetado, induz uma inflamação subclínica na pele e no tecido subcutâneo que
estimula os fibroblastos a sintetizarem colágeno e elastina. Ao longo de meses, essas proteínas
preenchem o tecido tratado em busca de harmonia. Em média, são necessárias três sessões, com
intervalo de 4 a 6 semanas, para obter um resultado que pode durar cerca de dois anos.
No entanto, não existe um tratamento perfeito, existem contraindicações e riscos. Este
tratamento não é indicado em casos de artrite reumatoide e suas variantes, síndrome de Sjögren,
esclerodermia, lúpus, polimiosite, dermatomiosite e hipersensibilidade a qualquer um de seus
componentes. Dentre as reações adversas, destacam-se: contusões, hematomas, infecções,
pápulas, nódulos não inflamatórios, granulomas e necrose de pele. No entanto, quando
prescritos e administrados corretamente, os riscos não são significativos e podem ser
contornados.

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