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Caderno
Didático/Técnico
para Curso de Gestão de
Manejo de Águas Pluviais
em áreas rurais do Brasil
Programa
USTENTAR
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Saneamento e Sustentabilidade em Áreas Rurais IT
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FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
Caderno
Didático/Técnico
para Curso de Gestão de
Manejo de Águas Pluviais
em áreas rurais do Brasil
Fuana
Brasília, 2020
2020. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde.
Essa obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Com-
partilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra,
desde que citada a fonte. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens dessa obra é da área
técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da
Saúde: <http://www.saude.gov.br/bvs>; e na Biblioteca Virtual do Departamento de Engenharia de Saúde Pública, no Portal da Fundação
Nacional de Saúde: <http://www.funasa.gov.br/site/publicacoes/>
Ficha Catalográfica
Brasil. Fundação Nacional de Saúde.
Caderno didático técnico para curso de gestão de manejo de águas pluviais em áreas rurais do Brasil / Fundação Nacional de Saúde.
– Brasília : Funasa, 2020.
31 p.
ISBN 978-65-5603-006-7
Caderno
Didático/Técnico
para Curso de Gestão de
Manejo de Águas Pluviais
em áreas rurais do Brasil
IÇÃ
IBU O
TR
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IBID
DIS
RO
AP
VEND
IT
A
G R AT U
Brasília – DF
2020
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
MS – Ministério da Saúde
Apresentação 6
Referências 31
Apresentação
Com base nesse contexto, a Funasa instituiu, na Portaria nº 3.069, de 21 de maio de 2018,
o Programa Sustentar, fundamentado nas seguintes diretrizes orientadoras:
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 7
CAPÍTULO
01 Introdução
Objetivos do capítulo
• Realizar abordagem inicial sobre a contribuição
da atividade de gestão no saneamento básico.
• Discutir sobre a finalidade e as consequências
do manejo adequado de águas pluviais.
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 9
objetiva promover a sustentabilidade das água nas camadas superiores tem origens
ações e dos serviços de saneamento e saú- naturais ou na ação humana, como na im-
de ambiental em áreas rurais e comunidades permeabilização da superfície com a criação
tradicionais, assim como fornecer diretrizes intensiva de gado ou uso intenso do solo na
para atuação da própria Fundação nessas agricultura.
áreas. O processo de atuação nos municípios,
estabelecido no Sustentar, ocorre por meio A remoção do excesso de água acumulada
de oficinas de educação em saúde ambien- no solo, principalmente nas regiões úmidas e
tal, de capacitação dos gestores municipais, semiúmidas como pântanos e brejos, possui
técnicos e representantes das comunidades vários benefícios, como:
atendidas em gestão e nas atividades de ope-
ração e manutenção dos sistemas de sanea- 1) A recuperação de terras para a agri-
mento básico. cultura, pela transformação de grandes
áreas encharcadas em campos cultivá-
A finalidade da capacitação de técnicos mu- veis.
nicipais e da comunidade rural no manejo 2) A consolidação do terreno, para cons-
de águas pluviais é a formação de um grupo truções civis e manutenção de vias in-
de trabalho local responsável por assegurar ternas das comunidades rurais.
a prestação dos serviços implementados de 3) Saneamento ambiental, principalmente,
modo sustentável. O processo deve envol- com a eliminação de criadouros de mos-
ver a comunidade nas ações educativas em quitos transmissores de doenças.
saúde ambiental, integrando-os nas fases
de planejamento, execução, manutenção e Costa (2008) detalha os impactos do excesso
avaliação das intervenções de manejo de de água no solo sobre o desenvolvimento de
águas pluviais propostas. Além disso, as in- culturas agrícolas:
tervenções propostas devem assegurar o
acesso aos serviços para toda a comunidade “Um teor de umidade disponível no solo,
atendida, sem discriminação, soluções física dentro de uma faixa ótima, constitui um
dos parâmetros imprescindíveis para o de-
e economicamente acessíveis, de forma se- senvolvimento das culturas, facilitando o
gura, higiênica, social e culturalmente acei- transporte de nutrientes através das raízes.
tável, promovendo privacidade e dignidade Por outro lado, as condições de umidade
excessiva na zona radicular são adversas
(BRASIL, 2018c). para a maioria das culturas. Tais adversida-
des não correspondem, necessariamente,
Portanto, este caderno tem como objetivo à presença direta de uma umidade exces-
siva por si só, mas sim, à deficiência no
apresentar aos técnicos da Funasa ferramen- teor de oxigênio no solo, comprometendo
tas metodológicas para sensibilizar e capaci- o transporte de nutrientes através do sis-
tar os gestores municipais em sua tarefa de tema radicular e tornando as plantas mais
suscetíveis às doenças e à deficiência nutri-
orientar a população rural. cional. Dentro desse ambiente anaeróbico,
verifica-se uma insuficiência de nitrogênio,
A importância de devido à lixiviação ou à desnitrificação e ao
desenvolvimento de substâncias tóxicas,
sistemas de drenagem e conforme atestam estudos conduzidos por
manejo de águas pluviais fisiologistas” (COSTA, 2008).
A drenagem em áreas rurais é a ação de re- A prática de drenagem em áreas rurais deve
moção do excesso de água dos solos, apli- ser integrada com o manejo das águas plu-
cada na irrigação ou proveniente das chuvas, viais. Os sistemas e soluções de manejo de
de forma a propiciar condições de aeração, águas pluviais utilizam-se de superfícies per-
estruturação e resistência. A acumulação de meáveis para promover a infiltração da água
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 11
Pádua et al. (2010) destacam as principais sido adequados e a cisterna seja mantida
vantagens atribuídas aos sistemas de capta- em bom estado de conservação.
ção e armazenamento de água de chuva em • Como o tanque é instalado próximo à resi-
cisternas: dência, se evita que os moradores tenham
que se deslocar por longas distâncias para
• Devido ao tanque ser fechado, não há per- coletar água para o consumo humano.
das significativas de água por evaporação. • Se todas as barreiras sanitárias forem
• A cisterna pode armazenar água duran- corretamente adotadas, a água de chuva
te todo o período de seca, desde que o estocada na cisterna pode ter qualidade
dimensionamento e construção tenham adequada ao consumo humano.
02
Manejo de Águas
Pluviais em
áreas rurais
Objetivos do capítulo
• Descrever as funções de gestão dos serviços
públicos de manejo de águas pluviais.
• Propor o modelo de gestão compartilhada dos
serviços e soluções de manejo de águas pluviais
do Programa Sustentar.
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 13
• Planejamento: as atividades atinentes à biental, educativo e participativo”. Além disso,
identificação, qualificação, quantificação, procura-se no programa atuar de forma sis-
organização e orientação de todas as têmica, fortalecendo os municípios na con-
ações, públicas e privadas, por meio das cepção de gestão compartilhada e integrada
quais o serviço público deve ser prestado coletivamente com a comunidade. Salienta-
ou colocado à disposição de forma ade- se que o suporte à gestão preconizado pelo
quada. Programa Sustentar abrange as atividades de
• Regulação: todo e qualquer ato que dis- gestão da prestação dos serviços públicos e
cipline ou organize determinado serviço soluções de saneamento.
público, incluindo suas características,
padrões de qualidade, impacto socioam- As outras funções da gestão devem ser tra-
biental, direitos e obrigações dos usuários balhadas em articulação com outros pro-
e dos responsáveis por sua oferta ou pres- gramas da instituição e de outros órgãos
tação e fixação e revisão do valor de tari- governamentais.
fas e outros preços públicos.
• Fiscalização: atividades de acompanha- Desse modo, o Programa Sustentar pro-
mento, monitoramento, controle ou avalia- põe que os técnicos das Superintendências
ção, no sentido de garantir o cumprimento Estaduais da Funasa estejam capacitados
de normas e regulamentos editados pelo para apoiar os municípios de seu estado
poder público e a utilização, efetiva ou po- no desenvolvimento de ações de gestão da
tencial, do serviço público. prestação dos serviços de manejo de águas
• Prestação de serviço público de sanea- pluviais nas áreas rurais e comunidades tra-
mento básico: atividade, acompanhada dicionais, de forma integral e articulada com
ou não de execução de obra, com objetivo a gestão municipal.
de permitir aos usuários acesso a serviço
público de saneamento básico com carac- Gestão compartilhada dos
terísticas e padrões de qualidade determi- serviços e soluções de
nados pela legislação, planejamento ou
manejo de águas pluviais
regulação.
Com relação à gestão dos serviços e solu-
Com relação à gestão da prestação do servi- ções de saneamento, o Programa Nacional
ço público de saneamento, é importante res- de Saneamento Rural – PNSR propõe a ges-
saltar que a Lei nº 11.445/2007 considera no tão multiescalar. Na visão proposta, “cada se-
Art. 5º que “não constitui como serviço público tor da sociedade, do usuário ao Poder Público
a ação de saneamento executada por meio de Federal, detém responsabilidades sobre ações e
soluções individuais, desde que o usuário não políticas desenvolvidas” para a prestação ade-
dependa de terceiros para operar os serviços, quada dos serviços e soluções de saneamen-
bem como as ações e serviços de saneamento to (BRASIL, 2018b).
básico de responsabilidade privada, incluindo o
manejo de resíduos de responsabilidade do ge- O documento orientador do Programa
rador” (BRASIL, 2007). Sustentar propõe, por sua vez, que os mode-
los de gestão da prestação dos serviços e so-
Com base nesse contexto, conforme o do- luções: i) sejam compatíveis à realidade dos
cumento orientador do Programa Sustentar municípios e das comunidades rurais; ii) pro-
(BRASIL, 2018c), a proposta do programa “in- piciem o compartilhamento de responsabili-
corpora a compreensão da gestão dos servi- dades entre os usuários e os entes públicos;
ços de saneamento, com todos os aspectos e, iii) oportunizem o fortalecimento da capaci-
inter-relacionados – social, econômico, am- dade dos municípios em atuar em saneamen-
to e saúde ambiental nas áreas rurais. Desse trabalho articulado com a esfera municipal
modo, o Programa Sustentar aponta que: de governo, os setores organizados da socie-
dade civil e os movimentos sociais (BRASIL,
“Todas as ações devem ser no sentido de 2018c).
fortalecimento do papel dos municípios e
de suas respectivas comunidades, tendo
como princípio orientador a participação Com base nesses princípios, denota-se que a
nas atividades propostas e do comprome- gestão compartilhada e o trabalho articulado
timento em assumir responsabilidades, de propostos no Programa Sustentar asseme-
forma a assegurar a prestação dos servi-
ços implementados de modo contínuo e lham-se à gestão multiescalar disposta no
seguro” (BRASIL, 2018c). Programa Nacional de Saneamento Rural.
Além disso, ressalta-se que o documento
Além da atuação dos gestores municipais, orientador do Sustentar estabelece que o
deve-se observar que a participação dos mo- programa seja “um dos potenciais instrumen-
radores, no que lhes concerne, através das tos da Funasa para alcançar as metas previstas
associações comunitárias e movimentos so- no PNSR” (BRASIL, 2018c). Diante do expos-
ciais na gestão da prestação dos serviços e to, utiliza-se neste caderno do paradigma da
soluções, isso é, de modo articulado e orga- gestão multiescalar estabelecido no PNSR
nizado como grupos, amplia o acesso ao sa- como retratado na Figura 3
neamento, além de permitir o desenvolvimen-
to da dimensão da educação e democracia Nível domiciliar
nas áreas rurais.
A conservação e manutenção dos sistemas
Sobre a estrutura organizacional, o Sustentar ou soluções individuais de manejo de águas
estebelece que as ações devem ser executa- pluviais depende diretamente da postura
das em rede, de modo a capacitar e incentivar proativa dos moradores das comunidades
a atuação municipal, por meio da estrutura rurais em relação aos próprios problemas.
estabelecida pelo Sistema Único de Saúde. Desse modo, no Programa Sustentar o mora-
Nesse sentido, os técnicos da Funasa desem- dor é visto como sujeito histórico e de direitos
penharão sua função a partir de uma ótica de que se torna protagonista de sua própria his-
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 15
tória e assume aquilo que é seu, se envolve pluviais. A gestão compartilhada oferece a
na implementação e continuidade das ações oportunidade para que o poder de decisão
(BRASIL, 2018c). das comunidades seja manifestado nas as-
sembleias das associações comunitárias.
O PNSR estabeleceu de modo semelhante a
figura do “operador domiciliar”, o qual terá Nesse sentido, o Programa Sustentar prevê
como responsabilidades “colaborar nas ati- que “em relação às comunidades onde serão
vidades de operação e manutenção rotineira implantados os serviços e ações, a Funasa es-
das soluções no nível do domicílio” (BRASIL, timulará a formação de associações ou organi-
2018b). Como demonstrado na Tabela 1 zações sociais legitimadas onde não houver, e
essa colaboração deve ocorrer em diversos o fortalecimento das que existirem, quando se
processos e atividades. Assim, para mate- fizer necessário” (BRASIL, 2018c). Ressalta-se
rialização desse nível de participação e apro- aqui a compreensão de que os projetos de
priação, o Programa Sustentar deve fomentar manejo de águas pluviais precisam conside-
a construção conjunta de valores, saberes, rar os aspectos de organização e participa-
conhecimentos técnicos e práticas cotidia- ção comunitária localmente desde o início
nas, que estão estabelecidas na proposta pe- das ações, construindo assim as bases de
dagógica das oficinas de educação em saúde sustentação para a apropriação dos futuros
ambiental. usuários.
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 17
Órgão da
Centralizada administração
direta
Empresa pública
Descentralizada
Sociedade de
economia mista
Fundação
Indireta Licitação
Contrato de
(delegação) concessão
Consórcio
público
Gestão Contrato de
associada programa
Convênio
cooperação
nos municípios) gerir e ordenar a prestação trumento jurídico de delegação dos municí-
do manejo águas pluviais com abrangência pios titulares dos serviços, permite suavizar
e escala mais adequadas para obter a sus- os custos por meio de subsídios cruzados,
tentabilidade social, técnica e econômica dos realizar ganho de escala e empregar mão
serviços. de obra mais qualificada, por meio do com-
partilhamento das despesas e ganhos dos
A gestão associada de serviços públicos de serviços.
manejo de águas pluviais, conforme as dispo-
sições da Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº O Programa Sustentar prevê em seu escopo
11.107/2005) e seu decreto regulamentador “o fortalecimento dos estados e municípios de
(Decreto nº 6.017/2007), permite que através acordo com a lógica do Sistema Único de Saúde
de um instrumento jurídico (contrato de con- (SUS) do qual a Funasa é integrante” (BRASIL,
sórcio público ou convênio de cooperação), 2018c). Desse modo, o Sustentar se adequa
os municípios titulares dos serviços de mane- à proposta do PNSR de estabelecer no nível
jo de águas pluviais podem firmar um pacto intermunicipal de gestão dos serviços de ma-
de atuação conjunta ou se associar a um con- nejo de águas pluviais, as funções e as obri-
sórcio intermunicipal contratado delegando a gações do “gestor técnico” e do “gestor ad-
função única1 de prestação do serviço. ministrativo”, como demonstrado na Tabela
4.
Em nível estadual, a prestação regionalizada
das Companhias Estaduais, por meio de ins-
1 O consórcio instituído para prestação de serviços públicos não pode realizar as funções anteriores (planejamento)
e posteriores à prestação dos serviços (fiscalização e regulação).
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 19
CAPÍTULO
03
Alternativas técnicas
para o Manejo de
Águas Pluviais
em áreas rurais
Objetivos do capítulo
• Auxiliar o processo de escolha das alternativas
tecnológicas a serem utilizadas nas
comunidades rurais.
• Apresentar uma compilação das soluções
tecnológicas para o manejo de águas pluviais.
• Discutir sobre a gestão operacional das
soluções e sistemas de manejo de águas
pluviais.
8 8
8
5 Setores Censitários
4 1. Área urbanizada de cidade ou vila
2. Área não urbanizada de cidade ou vila
1e2 8
8
3. Área urbana isolada
4. Aglomerado rural de extensão urbana
5. Aglomerado rural isolado - povoado
3 6. Aglomerado rural isolado - núcleo
6 8
7. Aglomerado rural isolado - outros
8 7 8. Zona rural, exclusive aglomerado rural
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 21
ticipação na gestão das tecnologias, devem no, permeabilidade do solo e profundidade
destacar algumas questões importantes aos do lençol freático”.
moradores: • Nas matrizes as alternativas técnicas ado-
tadas estão direcionadas “ao domicílio,
• O manejo de águas pluviais tem como mais precisamente ao peridomicílio (Figu-
função nas matrizes construídas pelo ra 6), que abrange a área externa adjacen-
PNSR “a redução do escoamento superficial te ao domicílio, e ao sistema viário interno
da água de chuva por meio da sua retenção de acesso (Figura 7), que corresponde às
temporária em local apropriado e/ou infiltra- vias de ligação entre as residências per-
ção, e também a minimização dos riscos de tencentes a uma mesma localidade”.
proliferação de vetores” (BRASIL, 2018b). • A reservação de águas de chuva nos do-
• As matrizes propostas para o manejo de micílios pode e deve estar associada ao
águas pluviais consideram como princi- abastecimento para consumo humano
pais condicionantes: “declividade do terre- (BRASIL, 2018b).
Técnica
Infiltrante
Não
Lençol
freático
Sim raso?
Permeabilidade Sim
do solo Reservatório de
Sim adequada? chuva
Não
Os setores censitários tipo 8 não foram incluídos na matriz tecnológica do peridomicílio, pois considerou-se
que o caráter disperso da ocupação populacional não provocaria problemas relacionados ao acúmulo de
escoamento superficial das águas pluviais nos peridomicílios.
8
8
5, 6, 7 SETORES CENSITÁRIOS:
1b - Área urbanizada de cidade ou vila.
2 - Área não urbanizada de cidade ou vila.
8 3 - Área urbana isolada.
8 4 - Aglomerado rural de extensão urbana.
5 - Aglomerado rural isolado - povoado.
3 6 - Aglomerado rural isolado - núcleo.
1b, 2 7 - Aglomerado rural isolado - outros aglomerados.
8 - Zona rural, exclusive aglomerado rural.
4 8
8
Possui
Setor censitário pavimento e
1b, 3, 4 boca de lobo?
Não
Sim
Possui rede
Setor censitário de água e
8 coleta de
resíduos?
Não
Sistema viário externo -
Fora do escopo MAP PNSR
8
8
5, 6, 7 SETORES CENSITÁRIOS:
1b - Área urbanizada de cidade ou vila.
2 - Área não urbanizada de cidade ou vila.
8 3 - Área urbana isolada.
8 4 - Aglomerado rural de extensão urbana.
5 - Aglomerado rural isolado - povoado.
3 6 - Aglomerado rural isolado - núcleo.
1b, 2 7 - Aglomerado rural isolado - outros aglomerados.
8 - Zona rural, exclusive aglomerado rural.
4 8
8
A escolha das tecnologias deve abandonar para embasar as suas decisões quanto às
o paradigma da “solução ótima” imposta por alternativas tecnológicas apropriadas à co-
técnicos, necessitando, portanto, da partici- munidade. Dessa forma, para auxiliar nesses
pação dos diversos atores (gestores, técnicos processos, apresenta-se a seguir as princi-
e comunidade) envolvidos no processo de de- pais tecnologias de tratamento destacadas
cisão para a “solução de melhor acordo”. nas matrizes e os requisitos de gestão opera-
cional em cada caso.
Os processos educacionais são fundamen-
tais para prover, aos moradores, os subsídios
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 23
Trincheira de infiltração A Tabela 6 lista os requisitos de gestão da
técnica dos jardins drenantes como soluções
As trincheiras de infiltração são projetadas individuais para o manejo de águas pluviais.
ao longo de superfícies impermeáveis desti-
nadas a amortecer os volumes superficiais. Microrreservatório
Trata-se de uma técnica linear, na qual a di- residencial
mensão de comprimento é superior às de
largura e profundidade. Não há um padrão A utilização de reservatórios residenciais para
de proporcionalidade entre as dimensões da captação de águas pluviais é amplamente di-
trincheira de infiltração. É um sistema de infil- fundida em áreas rurais das regiões semiári-
tração do tipo controle na fonte, podendo ser das brasileiras devido à escassez hídrica que
implantado em diversos locais, pois se inte- ocorre nessas regiões. Dessa forma, o PNSR
gra facilmente ao ambiente através de suas propõe que a reservação de águas de chuva
propostas de design (MELO et al., 2016). nos domicílios esteja associada ao abasteci-
mento para consumo humano, principalmen-
Com relação ao material de preenchimento te devido a maior facilidade no tratamento
das trincheiras, (MELO et al., 2016) destacam para sua melhor qualidade (BRASIL, 2018b).
que são utilizados materiais granulares do
tipo brita ou seixos rolados, ou seja, são siste- O sistema de armazenamento de águas plu-
mas especialmente construídos para propor- viais consiste, basicamente, de quatro eta-
cionar uma infiltração direcionada das águas pas: captação (que geralmente é o telhado do
superficiais no solo. Os autores ainda comen- domicílio ou um piso calçado impermeável),
tam que as trincheiras são normalmente pro- transporte (onde a água é conduzida através
tegidas e separadas do solo natural por um das calhas e tubulações), armazenamento
geotêxtil, a fim de evitar a entrada de partícu- (cisternas ou reservatórios pré-fabricados) e
las finas e de elementos contaminantes. tratamento (geralmente realizado com filtra-
ção e cloração).
A Tabela 5 lista os requisitos de gestão da
técnica das trincheiras de infiltração como A qualidade da água de chuva captada é fa-
soluções individuais para o manejo de águas tor preponderante para se determinar os seus
pluviais em áreas rurais. possíveis usos nos domicílios rurais, os quais
dependerão da superfície de captação (tipo,
Jardim drenante materiais e frequência de limpeza), das condi-
Os jardins drenantes são medidas que uti- ções de limpeza das tubulações de transporte
lizam a atividade biológica de plantas e mi- da água até o reservatório e dos cuidados no
crorganismos para remover os poluentes seu manuseio e armazenamento. Usos me-
das águas pluviais, e contribuir para a in- nos nobres, como limpeza de pisos, veículos
filtração e retenção dos volumes de águas e uso em descargas sanitárias, podem não
pluviais. Dessa maneira, águas com menor exigir tratamento ou podem necessitar ape-
concentração de metais, matéria orgânica e nas de filtração ou desinfecção, dependendo
sedimentos atingiriam os corpos hídricos. As da situação. Já usos mais nobres, como o
águas utilizadas para abastecer o jardim se- consumo humano, podem necessitar de tra-
riam provenientes do escoamento superficial tamento mais completo.
de um telhado. Apesar de serem pouco utili-
zados no Brasil, os jardins do tipo drenante A Tabela 7 lista os requisitos de gestão dos
são amplamente difundidos em países como microrreservatórios residenciais como solu-
Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, entre ções individuais para o manejo de águas plu-
outros (MARTINS et al., 2013). viais em áreas rurais.
Gestão
Categoria Ações de operação e manutenção Responsáveis
operacional
Operação e
Operador
manutenção • Limpar o entorno e da superfície da trincheira.
domiciliar
rotineira
Gestão
Categoria Ações de operação e manutenção Responsáveis
operacional
Operação e
• Limpar o entorno e a superfície da trincheira. Operador
manutenção
• Podar a cobertura vegetal. domiciliar
rotineira
Gestão
Categoria Ações de operação e manutenção Responsáveis
operacional
Operação e
• Limpar o sistema de abastecimento do Operador
manutenção
reservatório. domiciliar
rotineira
Individual
Operação e • Limpar o reservatório.
Operador
manutenção não • Recuperar a alvenaria.
domiciliar / local
rotineira • Repor peças.
Fonte: Adaptado de Brasil (2018b).
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 25
CAPÍTULO
04
Experiências de
Manejo de Águas
Pluviais em áreas
rurais do Brasil
Objetivos do capítulo
• Apresentar referências de boas iniciativas de
manejo de águas pluviais nas áreas rurais de
diversas regiões do Brasil.
Projeto BAPUCOSA
• Ação: Pesquisadores da Universidade Federal
de Campina Grande (UFCG)
• Abrangência: Área rural do município de
Campina Grande
As barragens subterrâneas são técnicas an- A construção das barragens é mais recomen-
tigas de manejo de águas pluviais, utilizadas dada para locais com solos mais argilosos,
no sertão para aumentar a retenção de água que dificultam a infiltração durante o proces-
no solo sedimentar (baixio) ou montante das so de enxurrada em passagem pelo riacho
barragens, garantindo a produção de cultu- (Figura 9). Indica-se também a instalação de
ras agrícolas anuais em regiões semiáridas um poço “tipo amazonas” de anel pré-molda-
(Figura 8). A colocação de obstáculos super- do para monitoramento de nível, extração e
ficiais em riachos temporários auxilia na infil- inspeção da qualidade da água retida (Figura
tração da água subsuperficial e, consequen- 10) (BRITO, BARACUHY e FARIAS, 2017;
temente, preserva a água no solo e evita o BARACUHY e FARIAS, 2017).
efeito de evaporação.
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 27
te, é possível obter três cortes no capim-e-
A título de exemplo cita-se o proje-
lefante, aumentando a reserva alimentar da
propriedade”. to Barramento com Pneus Usados para
Contenção de Solo e Água (BAPUCOSA) e
Terraceamento com Tiras de Pneus (TETIP),
Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG), com apoio da Funasa por meio do
Edital de pesquisa nº 001/2001. O projeto
instalou 10 barramentos na microbacia do
Riacho Angico, no Assentamento Paus em
área rural do município de Campina Grande.
A técnica de construção utilizada no projeto
foi com pneus usados, sendo uma adequa-
ção da antiga técnica de barramentos com
Figura 11 – Disposição da instalação pedras (BARACUHY et al., 2013). Os autores
de uma barragem subterrânea com relatam que além do projeto construíram
pneus e poço amazonas.
Fonte: Baracuhy e Farias (2017).
aproximadamente 100 barragens, atendendo
cerca de 400 pessoas e treinando mais 400 A proposta da iniciativa da ASA configura-se
pessoas para replicação da tecnologia. como um modelo de gestão e acesso à água
para o consumo humano, capaz de conciliar o
A Articulação no desenvolvimento de processos democráticos
Semiárido Brasileiro – com a organização social das comunidades
Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 29
vés da articulação e mobilização social em ní- • Avanços na relação com o poder público.
vel local, com a consequente apropriação de • Transparência na prestação de contas a
uma solução tecnológica e empoderamento sociedade.
dos habitantes das comunidades rurais (ASA, • Divulgação e comunicação para um outro
2018; AVINA, 2011; GOMES, 2015). olhar sobre o semiárido.
Até o ano de 2018, a Articulação Semiárido Entretanto Gomes (2015) destaca pontos ne-
Brasileiro, segundo dados da própria rede de gativos e debilidades encontradas no âmbito
ONG, ultrapassou a marca de 615 mil cister- das investigações que têm como temática o
nas para consumo humano no P1MC e 100 P1MC e as ações da ASA como:
mil cisternas para produção agrícola no P1+2
(Figura 14) construídas em todo o semiárido, • A permanência de práticas clientelistas,
desde a criação do programa em 2003 (ASA, mesmo em comunidades nas quais o
2018). P1MC se faz presente, em decorrência do
uso contínuo de caminhões pipa;
De acordo com Gomes (2015), a execução • Equipe pequena, área de abrangência mui-
do P1MC, pela rede ASA, tem sido efetiva no to extensa e curto prazo para execução de
alcance das metas propostas no âmbito dos metas.
seis componentes do programa: 1) constru- • Debilidades na educação sanitária e am-
ção de cisternas; 2) mobilização; 3) controle biental das famílias.
social; 4) capacitação; 5) comunicação; 6) • Condições ruins dos telhados e outras su-
fortalecimento institucional da sociedade ci- perfícies de captação de água de chuva.
vil. Enquanto a Fundação Avina destaca com • Dificuldade das famílias de acesso ao
relação as ações da ASA com o modelo de hipoclorito de sódio para tratamento da
gestão do P1MC os seguintes pontos e as- água.
pectos positivos (AVINA, 2011): • A água armazenada nas cisternas na
maioria dos casos não atende aos pa-
• Mobilização para arrecadação e gestão drões de potabilidade, principalmente o
descentralizada dos recursos financeiros. padrão microbiológico, estabelecidos pela
• Formação e mobilização social para a Portaria 2914/2011 do Ministério da Saú-
convivência com o semiárido. de.
• Democratização no gerenciamento da • A quantidade de 16.000 L é insuficiente
água. para suprir a necessidade básica de con-
• Capacidade de gerar processos de diálogo sumo, segundo a ONU.
e participação ativa.
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Caderno Didático/Técnico para Curso de Gestão de Manejo de Águas Pluviais em áreas rurais do Brasil 31
FUNASA
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
Missão
Promover a saúde pública e a inclusão
social por meio de ações de
saneamento e saúde ambiental.
Visão de Futuro
A Funasa, integrante do SUS, contribuindo
para as metas de universalização do
saneamento no Brasil, será referência
nacional e internacional nas ações de
saneamento e saúde ambinetal.
Valores
• Agimos sempre com excelência;
• Valorizamos a integração e o trabalho em equipe;
• Nossa conduta é ética e transparente;
• Pensamos e agimos de forma sustentável;
• Valorizamos todos os saberes;
• Oferecemos mais a quem menos tem.