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UNIBRAS - Campus JUAZEIRO-BA Curso: Med.

Veterinária
Nomes: Renata Lorena R. Novaes Leite
Período: 4° AGRAVOS E IMUNIDADE 2B

1- Qual principal célula da imunidade Inata como mecanismo efetor


contra o câncer, fale sobre suas funções.

As células da imunidade inata exercem papel fundamental no combate á


célula tumoral, além de auxiliarem no desenvolvimento da resposta
imunológica especifica mediada por linfócitos T CD8 que são citotóxicos e
ativos por meio da apresentação de antígenos pelo MHC de classe I a seu
receptor de superfície conhecido como TCR. As células natural killer são
importantes no combate a célula tumoral devido ter ação rápida e não
precisar de interação de moléculas como os linfócitos T CD8 para se ativar.
Seu mecanismo de ação se dá por meio de expressão de moléculas de MHC
que servem como ligantes inibitórios nas células normais e nas células
alteradas são ausentes ou suprimidas. A célula natural killer possui
receptores inibidores e ativadores em sua superfície que entram em contato
com estas moléculas de MHC de classe I das células normais e assim são
inibidas de agir, porém nas células cancerosas esta expressão é ausente ou
baixa fazendo com que os receptores inibidores da célula natural killer não os
reconheça ativando sua ação citotóxica contra as células cancerosas. O
sistema imunológico possui mecanismos eficientes e cruciais para manter a
homeostase do organismo, eliminando corpos estranhos através de
processos de ataque desenvolvidos pelas respostas imunológicas inata e
adquirida e suas respectivas células que compõem este sistema. A ligação
das respostas inata e adquirida são de suma importância para montagem de
uma resposta antitumoral eficiente no combate às células cancerosas.

2- Qual a importância das células TCD 8+ no mecanismo antitumor.


A função primordial das células TCD8+ é sua ação citotóxica contra células
infectadas por vírus ou patógenos intracelulares via moléculas de classe I do
MHC. O contato dos linfócitos TCD8+ citotóxicos com as células alvo induz
apoptose por dois mecanismos: num primeiro evento ocorre a liberação de
grânulos de perforina que permitem a entrada de grânulos co-secretados de
granzimas ou granulozima na célula alvo induzindo a apoptose. O segundo
evento envolve a ligação entre o Fas ligante dos linfócitos TCD8+ com o
receptor Fas no queratinócito que culmina em uma cascata de sinalização
intracelular apoptótica. As células TCD8+ secretam citocinas como TNF e
IFN-γ e quimiocinas que atraem células inflamatórias para os sítios de
infecção. Nas células T citotóxicas, os grânulos líticos dos lisossomos que
contem perforina e granzima são revestidos por uma dupla camada lipídica
constituída de glicoproteínas lissosomais (LAMPs), incluindo CD107a (LAMP-
1), CD107b (LAMP-2) e CD63 (LAMP-3). A expressão de CD107a e b na
superfície de células mononucleares do sangue periférico é marcador de
degranulação, ou seja, de função efetora celular, também pode aumentar a
adesão vascular dos linfócitos. As duas populações efetoras contêm perforina,
secretam IFN-γ e TNF-α e conferem funções citotóxicas contra as células
alvo. As células TCD8+ citotóxicas são essenciais na resposta antitumoral.

3- Fale sobre a importância da imunovigilância

Em 1909, o cientista Paul Ehrlich propôs que mecanismos de defesa naturais


de um indivíduo seriam capazes de combater células tumorais e impedir o
desenvolvimento neoplásico. Ehrlich acreditava que com o envelhecimento e
a renovação celular, seria normal o desenvolvimento de células atípicas, as
quais, em sua maioria, permaneceriam latentes graças à capacidade do
organismo de bloquear sua evolução. Contudo, o conhecimento restrito
acerca do tema nesse período e a limitação de provar experimentalmente tal
hipótese, a conduziram ao esquecimento por anos. No início da década de 50,
os pesquisadores Lewis Thomas e Frank MacFarlane Burnet sugeriram que
antígenos específicos de células tumorais, referidos como neoantígenos,
eram capazes de induzir reação imunológica contra o câncer, dando início à
teoria da imunovigilância tumoral. Segundo Dunn et al., Burnet assim definiu
a imunovigilância tumoral: Em grandes animais de vida longa, como na
maioria dos vertebrados de sangue quente, modificações genéticas
hereditárias devem ser comuns em células somáticas e uma parte dessas
modificações irá representar um passo mais próximo a malignidades. Há uma
necessidade evolutiva de que deveria haver algum mecanismo para a
eliminação e inativação de células mutantes tão potencialmente perigosas e é
postulado que esse mecanismo é de caráter imunológico. Diante do potencial
científico e médico permeando a imunovigilância, nas décadas seguintes
foram realizados inúmeros experimentos visando confirmar ou refutar suas
suposições. Fundamentada em uma possível ação do sistema imune sobre
células tumorais com origem no próprio organismo, a maioria dos
experimentos realizados entre as décadas de 60-80 visava avaliar se
indivíduos imunocomprometidos apresentavam maior incidência neoplásica
do que aqueles imunocompetentes. Para isso, em diversos estudos a
imunossupressão foi induzida em camundongos através de timectomia, uso
de fármacos ou agentes anti-linfocitários, esperando maior desenvolvimento
de tumores espontâneos ou quimicamente induzidos, comparado a
camundongos controle com sistema imune eficiente. Contudo, os resultados
foram contraditórios, pois animais imunossuprimidos e imunocompetentes
apresentaram índices similares de desenvolvimento tumoral. Na década de
1960 foram descobertas linhagens de ratos com mutações gênicas que
resultam na deterioração ou ausência do timo (athymic nude mouse), sendo
esses animais naturalmente imunossuprimidos por sua incapacidade de gerar
linfócitos T maduros. Essa descoberta contribuiu para o estudo de
enfermidades que cursam com imunossupressão, inclusive na tentativa de
comprovar a teoria da imunovigilância. No entanto, os resultados
permaneceram semelhantes àqueles de experimentos anteriores, sem
diferenças significativas na manifestação neoplásica entre indivíduos
imunocomprometidos e imunocompetentes. O fato desses resultados não
terem contribuído para a confirmação da imunovigilância, levaram ao seu
abandono pelos estudiosos, os quais partiram para outras vertentes do
estudo da imunologia tumoral. No início de 1970, com a confirmação da
existência das células linfoides NK e a possibilidade da atuação destas como
ferramentas efetoras da imunovigilância, reascendeu a curiosidade no meio
científico acerca a teoria. No entanto, o pouco conhecimento e a dificuldade
de compreensão quanto a ação das células NK, logo levaram a teoria da
imunovigilância a ser novamente ignorada. Em meados da década de 1990,
duas novas descobertas foram responsáveis por reaver o interesse nessa
teoria. A primeira foi a produção endógena de interferon gama (IFN-γ), uma
proteína capaz de proteger o hospedeiro contra o crescimento de células
tumorais transplantadas, impedindo o desenvolvimento de tumores
quimicamente induzidos e aqueles espontâneos. A segunda descoberta
evidenciou que certas linhagens de camundongos que não produziam
perforinas eram mais susceptíveis ao desenvolvimento de tumores
quimicamente induzidos quando comparadas às linhagens que a produziam.
As perforinas são proteínas componentes dos grânulos citotóxicos de
linfócitos T (LT) e células NK, e exercem importante função na mediação da
morte de diferentes tipos celulares, dentre os quais as células tumorais, ao
facilitar a entrada de granzimas, proteases citolíticas, ao seu interior. Diante
disso, ficou claro à época que componentes do sistema imune estavam
diretamente relacionados ao controle primário do desenvolvimento neoplásico.
A confirmação da imunovigilância tumoral, contudo, ocorreu no final da
década de 1990, em pesquisas com camundongos portadores de mutações
gênicas que culminavam na ausência de genes de ativação de recombinação
1 e 2 (RAG-1 e RAG-2). Os RAG são fundamentais ao processo de
desenvolvimento e maturação de linfócitos B (LB), LT e NK, resultando sua
ausência em grave imunodeficiência. Assim, experimentos com linhagens de
camundongos imunodeficientes comprovaram, sem margens à dúvida, que
os linfócitos eram responsáveis pelo combate e prevenção de neoplasias,
tanto induzidas quanto espontâneas. A partir de então foram criadas, através
da manipulação genética, outras linhagens de cobaias com alterações
gênicas específicas que resultam na deficiência de importantes componentes
do sistema imune. Estudos com esses animais comprovaram a teoria da
imunovigilância tumoral e a importância de seus constituintes aos níveis
genético, químico e molecular. Atualmente, a imunovigilância tumoral é
definida como os processos de monitoramento, detecção e eliminação de
células tumorais no organismo antes que essas originem massas neoplásicas.
4- Fale sobre a importância da imunoterapia ao câncer.

A imunoterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que visa combater o


avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente.
A ideia é que, com o uso de medicamentos, o organismo do paciente elimine
a doença de forma mais eficiente e com menos toxicidade.

Anticorpos monoclonais, vacinas contra o câncer e as Car T- Cells – células


produzidas em laboratório derivadas das mais importantes células de defesa
do nosso organismo – são os principais tipos de imunoterapia usados hoje
para o combate às células tumorais.

É importante revelar que, mesmo com o crescimento do método, o


tratamento não consegue ter eficácia para todos os pacientes. Mas quando o
sistema imunológico responde, o efeito pode ser significativo e duradouro, em
função da memória imunológica que o sistema passa a ter contra o tumor.

5- Descreva a importância das células car T no tratamento contra o


câncer.

No tratamento, as células T do paciente, que funcionam como “soldados” do


sistema imunológico, são extraídas do sangue. São modificadas
geneticamente para conhecer o câncer e , depois, destruí-lo. Elas são
redesenhadas em laboratório e depois devolvidas à corrente sanguínea. Em
resumo: as próprias células do paciente são “treinadas” para combater o
câncer. A estratégia da CART-Cell consiste em habilitar linfócitos T, células
de defesa do corpo, com receptores capazes de reconhecer o tumor. O
ataque é contínuo e específico e na maioria das vezes basta uma única dose.

6- Vale (1,0 ), Faça um relato de caso, utilizando os mecanismos de


defesa contra o câncer ( para humanos no caso da enfermagem e para
gatos e cachorros para o curso de medicina vetrerinária)

No mês de julho de 2022 foi recepcionada e posteriormente atendida uma


cadela com 7 anos de idade, da pelagem bicolor de preta com branca, da
raça Shih-Tzu, pesando 8 kg e com histórico de formação de micronódulos
em região de mama. A paciente veio com encaminhamento do Hospital
Público veterinário somente para realização de OHE, ováriohisterectomia e
Mastectomia radical, mas sem nenhum exame solicitado ou realizado
anteriormente. Na anamnese foi relatado pelo tutor que a paciente não havia
sido castrada, e nem tinha tido acasalamento e apresentava um nódulo na
M2 esquerda. O tutor relatou que no período de cio a paciente se
apresentava extremamente agressiva, montava ninhos e uivava como se
estivesse sentindo dor. Com isso, foi solicitado ao tutor que fosse realizado
uma avaliação física prévia para que pudesse dar continuidade no
encaminhamento. Ao exame físico da paciente foi observado que a paciente
não possuía apenas um nódulo como relatado no encaminhamento, mas sim
quatro nódulos pequenos em região direita na M3 e M4 e na região esquerda
em M2 e M4. Além da presença de nódulos, foi observado que a paciente
estava com presença de secreção láctea nas mamas, quando questionado
aos tutores sobre comportamento de montar ninhos, os mesmos confirmaram
que a paciente apresentava esse comportamento, relatando que a cadela
fazia estimulação por lambedura. Nos demais exames como temperatura,
tempo de preenchimento capilar, frequência cardíaca, frequência respiratória
e glicemia a paciente não apresentava nenhuma alteração significativa. Foi
esclarecido ao tutor que havia a necessidade de realizar estadiamento do
paciente, visto que por apresentar nódulos nas mamas havia grande
possibilidade de ser uma neoplasia, apesar de não ser confirmatório, mas a
mesma apresentava condições que favorecia, apesar de não ser
confirmatório somente palpando. Sendo assim, foi solicitado ultrassonografia
abdominal para verificação de alterações em órgãos abdominais, com isso 10
foi verificado alterações em vesícula urinária com presença de de cálculos e
cistite e no rim foi verificado áreas de mineralização em região medular
bilateral.
Também foi solicitado radiografia de tórax com a finalidade de investigar
metástase em região torácica, no exame encontrava dentro da normalidade.
Também foi solicitado o eletrocardiograma com o objetivo de avaliar a
atividade elétrica e ritmo cardíaco, devido a idade da paciente, porém o
eletrocardiograma não teve nada digno de nota, além de não apresentar
alterações de pressão arterial sistólica e diastólica e o tempo de
preenchimento capilar se apresentava dentro dos padrões, e não foi
solicitado ecocardiograma para a paciente. Após os resultados de imagem,
foi conversado com a tutora a necessidade da realização de mastectomia
radical na paciente, mas a tutora foi resistente à sugestão, pelos motivos de
dificuldades financeiras que a mesma apresentava. Como a mesma já vinha
com encaminhamento para realizar a OHE devido o comportamento da
cadela no cio, foi então sugerido para a mesma a realização de nodulectomia
parcial, retirada dos nódulos e o envio para o histopatológico com a finalidade
de verificar quais seriam as características histopatológicas desses nódulos e
com resultado realizar o procedimento de mastectomia caso houvesse
necessidade. Foram evidenciados os prós e contras dessa decisão, visto que
provavelmente a cadela talvez haveria a necessidade de passar por dois
procedimentos cirúrgicos ao invés de somente um, mas a mesma preferiu
que fosse realizado com a nodulectomia parcial. A paciente então foi
conduzida para realização de hemograma, ALT alanina aminotransferase e
creatinina, em que não apresentou alterações dignas de nota que
impedissem a realização do procedimento cirúrgico anestésico. O paciente foi
conduzido para o procedimento de OHE e nodulectomia parcial, onde foi
retirado todos os nódulos. Foi utilizado no procedimento anestésico MPA com
Dexmedetomidina 3mcg/kg/IM associado com Metadona 10 mg/kg/IM. Na
indução foi utilizado Propofol 2mg/kg/IV associado com Cetamina 2mg/kg/IV.
Para analgesia transcirúrgica foi utilizado FLK (Fentanil + Lidocaína +
Cetamina) na taxa de 5ml/kg/h sendo diluído em soro fisiológico de 250 ml.
Após a indução foi realizado bolus de sulfato de magnésio na dose de 30
mg/kg. Para manutenção anestésica o paciente foi intubado com sonda
endotraqueal e usado isoflurano durante todo o transcirúrgico. Foi iniciada
pela OHE realizando a incisão em região mediana ventral pós-umbilical com
técnica do gancho para que pudesse encontrar o corno uterino. Para
hemostasia foi utilizado técnica das três pinças sendo realizado a ligadura
dupla com fio absorvível 2.0 (poliglactina 910) e sequencialmente realizado a
excisão dos cornos uterinos e em sequência realizado o mesmo no coto. Em
sequência, foi realizada sutura com fio absorvível musculatura (sutura
festonada) e subcutâneo (simples contínuo) e a pele sendo suturadas com fio
náilon 2.0 no padrão simples separado. Após a OHE processo de
nodulectomia parcial foi encaminhado tendo como resultado a retirada dos
nódulos realizando uma incisão e dissecção dos nódulos e colocados em
pote com formol 10% e encaminhado para exame histopatológico, finalizando
com incisões dos nódulos e suturadas com náilon 4.0, a paciente se manteve
estável em todo procedimento cirúrgico, sem alterações dos parâmetros
acompanhados durante o transcirúrgico, sem alterações de pressão arterial,
temperatura e sem alterações respiratórias significativas. Os nódulos
retirados se apresentavam como irregulares, coloração esbranquiçada, firmes,
sem aderência e com tamanho médio de 0,6 cm. Após sete dias, o
laboratório deu como resultado a análise microscópica, conforme a nota-se
proliferação de células 12 poliédricas, com citoplasma abundante,
vacuolizado, por vezes contendo material levemente biofílico. O núcleo é
pequeno e heterocromático, a depender do campo há células com citoplasma
escasso e eosinófilo, com núcleo ovalado e cromatina grosseiramente
pontilhada. Essas células se organizam em padrão sólido. As formações
tubulares são menos de 10%. O pleomorfismo é moderado no tamanho e
forma nuclear, e o índice mitótico é de 2 mitoses em 10 campos de grande
aumento (400X). Essas células são sustentadas por espesso estroma fibroso
e as margens estão comprometidas. O resultado do diagnóstico morfológico
do carcinoma mucinoso foi identificado como grau II. Ao retorno cirúrgico a
paciente não apresentava mais inchaço nas mamas e nem secreção láctea.
Também foi repassado o resultado da biópsia e foi conversado novamente
com os tutores sobre a necessidade de mastectomia e encaminhamento para
o oncologista, mas a mesma ficou de verificar a possibilidade dos
procedimentos, porém acabou desistindo de dar sequência no tratamento
proposto para a paciente devido às limitações financeiras. Após 05 meses do
caso relatado a tutora nos comunicou que a cadela não apresentou mais
comportamento de uivar, agressividade e montar ninhos, além disso, não foi
observado novas formações de nódulos na região da mama e a mesma está
realizando acompanhamento da cadela no Hospital Público veterinário que
sugeriram não realizar a mastectomia como haviam sugerido anteriormente,
pois a paciente se encontra bem e sem nenhuma alteração significativa para
dar sequência no procedimento cirúrgico.

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