Você está na página 1de 2

Universidade Estadual de Campinas

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
Departamento de Geografia
• Aluno: Mawanaya Waura. RA: 260913.
• Docente: Professora Drª Claudete de Castro Silva Vitte.
• Disciplina: GF306 - Geografia Regional: América Latina.

Resenha crítica: QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América


Latina. CLACSO, 2005.
O autor discute a globalização, processo que começou com a constituição da
América e do capitalismo colonial moderno, euro centrado, concomitantemente à
realização de um novo padrão de poder mundial. O processo histórico de constituição de
um ideário de inferiorização dos povos dominados, indígenas e quilombolas, teve a
primeira manifestação na modernidade. Esta ideia foi assumida pelos conquistadores
como o principal elemento constitutivo e fundacional.
O conceito de América Latina, uma abstração humana, foi carregado
ideologicamente, no decorrer da história, com o sentido da diferenciação entre
colonizadores e colonizados para a realização do empreendimento colonial. Houve,
portanto, uma valoração de significados eurocêntricos, segundo expectativas, interesses
e percepções de mundo dos colonizadores. Mostra-se fundamental, neste contexto, a
construção de novas narrativas, afrocentradas e que valorizem as diferentes culturas dos
povos indígenas.
As estruturas de poder e de dominação do período colonial permaneceram
parcialmente estáveis na organização social contemporânea. Quijano analisa como as
dimensões econômicas e políticas da industrialização e do desenvolvimento das relações
de trocas internacionais foram permeadas pelas mesmas, como o resultado histórico de
um processo que se iniciou com as grandes navegações.
Do mesmo modo, a divisão do mundo reconhecida na modernidade, em Ásia,
África, Europa e América, incorporou a cosmologia cristã aos territórios dominados. Além
disso, a Europa se posicionou geograficamente como o centro das ligações e dos circuitos
comerciais entre as diferentes regiões do planeta, conectadas pela primeira vez após o
empreendimento colonial.

1
Portanto, a constituição de um ideário americano exerceu um papel importante
para a afirmação da Europa como centro geopolítico do mundo. O processo de
dominação e de manutenção do poder eurocentrado foram, neste contexto, socialmente
naturalizadas, permeando também a cultura de conhecimento das regiões. Quijano
discute sobre a colonialidade do poder, historicamente enraizada no interior dos países
latinoamericanos. Cabe, contemporaneamente, que novas perspectivas sejam
propostas, que valorizem a cultura dos povos originários, indígenas e quilombolas.

Você também pode gostar