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Judicialização da Saúde

“Judicialização da Cannabis a Fim da Profilaxia”

Palavra-chave: Judicialização. Saúde. Cannabidiol. Cultivo. Regulamentação.

A judicialização da saúde é a necessidade de buscar junto do


poder Judiciário uma demanda em relação à saúde, que foi negada
anteriormente, seja um tratamento, um medicamento ou até mesmo um leito
hospitalar. Sendo a última alternativa para garantir a efetivação da prerrogativa
constitucional de direito à saúde, expressa no art. 196 da Constituição Federal
de 1988.

Isso acontece, quando um paciente tem indicação de certo


medicamento, por exemplo, para tratar uma enfermidade e não tem acesso a
esse medicamento pois, ele não está disponível no Sistema Único de Saúde
(SUS), a forma que o paciente tem de reivindicar as doses necessárias é
entrando na justiça contra o Governo, isso porque é dever do Estado garantir a
saúde a todos. Restando como alternativa a ação judicial como única e última
opção do paciente, esse processo é chamado de judicialização da saúde. Esse
fenômeno tem ganhado relevância no cenário jurídico, visto que cada vez mais
aumenta a necessidade de recorrer às vias judiciais para buscar a efetivação
dos direitos sociais do qual faz parte a saúde.
A Carta Magna de 1988 prevê a saúde como um direito social (art.
6°), sendo direito de todos e um dever do Estado, como previsto
especificamente no art. 196:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”

Posto isto, quando o Estado não cumpre o seu dever, os


indivíduos precisam de mecanismos para garantir a efetivação do seu direito,
não podendo ser excluído o Poder Judiciário, conforme o art. 5 o inciso XXXV:
Art. 5o (…) XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”

Contudo, a necessidade de acesso à saúde da população, é


superior à capacidade do Estado de garantir a sua efetivação, isso acaba
sobrecarregando o SUS e, consequentemente, gerando insatisfações que, por
sua vez, demandam a atenção do Poder Judiciário para solucionar as
questões.

E, em se tratando da liberação de uma substancia, considerada


ilícita no Brasil, mesmo que para fins medicinais, a judicialização se torna a
única via para conseguir a liberação para realizar o tratamento, como é o caso
do extrato da cannabis. A previsão da regulamentação desse tipo de
substancia, está na lei de drogas (Lei 11.343/06), que é uma lei federal,
prevendo em seu artigo 2°, parágrafo único, que, pode a União regulamentar,
autorizar o cultivo de plantas das quais se possam extrair drogas para fins,
exclusivamente, medicinais e científicos.

O Projeto de Lei (PL) 2899/2022 apresentado pelo Deputado


Distrital Leandro Grass (PV) que regulamenta o cultivo da planta “cannabis
sativa” para fins medicinais e científicos, não cita o cultivo por pessoa física,
porém, o mesmo pode ser pleiteado via jurisprudência como o recente e inédito
caso em que o Superior Tribunal Federal concedeu permissão para três
pacientes de São Paulo. A decisão não significa que a partir de agora todos os
casos similares serão julgados da mesma forma, mas abre um precedente,
podendo orientar a interpretação de outros magistrados.

A Anvisa aprovou pela primeira vez um medicamento à base de


cannabis para o tratamento de epilepsia em crianças, em 2015, de 2019 até os
dias atuais, outros 18 produtos já foram aprovados pelo órgão, em uma
categoria que permite a importação dos fármacos. Entre 2020 e 2021, os
pedidos para importação desses produtos cresceram 110%, passando de
19.150 para 40.191 solicitações de acordo com a Associação Brasileira da
Indústria de Canabinóides (BRCANN).  
Diante do exposto, a saúde é um direito de todos e um dever do
Estado, devendo ser efetivado através de políticas públicas. Em que pese seja
um direito que nem sempre é efetivamente cumprido, impõe-se aos operadores
do direito, seja no âmbito público ou privado, atitudes que visem a redução das
demandas judiciais, buscando a resolução mais célere e efetiva ao paciente,
sem, contudo, prejudicar o coletivo.

Referencias

BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federativa do Brasil;


BRASIL. Lei n° 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Lei de Drogas;
https://www.brasildefato.com.br/2022/06/16/maconha-para-fins-terapeuticos-
entenda-a-decisao-do-stj-que-liberou-cultivo-para-tres-pessoas;
https://www.brasildefato.com.br/2022/08/08/o-que-e-preciso-saber-sobre-a-
regulamentacao-da-cannabis-sativa.

Emislaine Silva de Novais RA: 52280009


Curso: Direito - 10° semestre Matutino

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