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Relatórios psicológicos

Enumere e explique as secções dos relatórios psicológicos.


O relatório psicológico é constituído pela identificação do paciente; pelo motivo do
pedido de avaliação (descrição reduzida do motivo geral. Engloba: Explicitação da
natureza e origem do problema; questões a responder; circunstancia do pedido; relação
entre quem pede a avaliação e o avaliado - quem o solicitou e porquê); pelos
instrumentos administrados; notas relativas às sessões de teste; descrição do
paciente; apresentação do problema; informação contextual (historia do problema
atual do paciente, avaliação sintomática, avaliação psicossocial; história do sujeito que
seja relevante para a interpretação dos resultados. Engloba: História pessoal e social;
descrição do ambiente familiar; Narrativa do problema atual; Aprendizagens escolares;
ocupações profissionais; relatórios médicos; situação e nível socioeconómico e cultural;
problemas com a justiça; outros registos.); avaliação do estado mental; observações
relativas ao comportamento; interpretação global dos resultados nos testes;
formulação do caso (interpretações/impressões ou conclusões); Recomendações;
resumo ou sumário; Assinaturas; e por fim os anexos (resultados e adendas de
feedback).

Enumere 4 variáveis ou aspetos a considerar na apresentação dos resultados dos


testes (e outros instrumentos de avaliação).
Quando se apresenta os resultados dos testes, deve-se considerar onde, quando e quem
os administrou (1);
Indicar as áreas de avaliação (funcionamento intelectual, personalidade, problemas de
comportamento) ou os constructos (depressão, psicopatia) (2);
Documentar a fundamentação lógica, a relevância e a utilidade científica dos testes
administrados (3);
Relacionar os resultados dos instrumentos de avaliação com os comportamentos
problemáticos, dificuldades e potencial de mudança e, ainda com base nos referidos
resultados, apresentar resumo dos dados mais relevantes do individuo, e não apenas
domínios ou funções deficitárias, mas também áreas de funcionamento positivo (4).

Enumere 4 questões problemáticas ou controversas nos relatórios psicológicos.


1- Influência excessiva da teoria (texto demasiado técnico e complexo).
2- Conteúdo vago, especulações excessivas e interpretações irresponsáveis.
3- Fracasso em responder às questões colocadas no âmbito do pedido de consulta ou de
avaliação (excesso de informação irrelevante e de valor reduzido).
4- Abordagem mais quantitativa do que qualitativa.

Enumere e caracterize de modo breve as questões problemáticas ou controversas


envolvidas na elaboração de relatórios psicológicos.
Especulações excessivas, conteúdo vago, estilo de escrita ambíguo, excesso de teoria,
interpretações irresponsáveis, orientação tendenciosa para as provas psicológicas,
incapacidade em captar o carácter único e a complexidade da pessoa, abundância de
informação irrelevante e valor reduzido (uma vez que não faculta contribuições
substanciais para a intervenção junto de cliente) são problemas comuns apontados.
Adicionalmente, deve-se ter o cuidado de interpretar corretamente os resultados dos
testes, articulando-os com informação contextual acerca do indivíduo, devendo ter-se
especial atenção para quem se dirige o relatório. Paralelamente, a estrutura e secções
abordadas no relatório psicológico é também motivo de discórdia.

No âmbito da elaboração de um relatório psicológico qual a relevância da secção


“observação do comportamento”?
A observação do comportamento consiste num método direto de avaliação pelo qual se podem
obter amostras de comportamentos e de situações que sejam clinicamente importantes para a
avaliação, diagnóstico, prognóstico, planeamento e medidas de intervenção. Consiste numa
descrição específica, concisa e relevante que visa caracterizar a aparência física,
comportamentos motores, comportamentos e atitudes relativos a si próprio, às tarefas do
examinador bem como proceder a uma enunciação das observações durante a situação teste.
As observações relevantes do comportamento podem ser incluídas na rubrica “Exame do
Estado Mental” ou utilizadas com o objetivo de contextualizar os resultados, fundamentar
inferências ou impressões e explicitar recomendações.

Num relatório psicológico defina e caracterize (do ponto de vista do trabalho de


realização) a rúbrica “Formulação do Caso”. Dê exemplos de tópicos a incluir
nesta secção.
A Formulação do caso dizem respeito à relação entre os dados da avaliação e as
interpretações do psicólogo bem clarificadas e fundamentadas, às inferências
formuladas, bem como à descrição de aspetos positivos e limitações. Na formulação do
caso, há uma descrição de dados (idade do sujeito, algumas características e resultados
obtidos em alguns testes, algumas informações fornecidas por outros elementos, como
professores, pais, etc). Através da articulação dos dados, por exemplo, juntando alguns
elementos recolhidos no âmbito da avaliação, podem ser inferidos alguns Constructos
de Nível Intermédio fazendo referência a algumas conclusões e recomendações;
permitindo levar à formulação de recomendações que consistem em intervenções.

Num relatório psicológico, justifique a importância da secção “Informação


Contextual/Conceptualização”. Dê exemplos de tópicos a incluir nesta secção.
A secção “Informação Contextual/Conceptualização” remete para a história pessoal e
social do sujeito relevante para a interpretação dos resultados. Estes dados podem ser
obtidos através de uma entrevista semiestruturada. A informação contida nesta secção
vai estar intimamente ligada ao pedido da consulta/avaliação, no sentido em que vamos
recolher informação que nos vai permitir clarificar melhor o pedido e complementar a
informação obtida através dos outros meios de avaliação. Os dados presentes nesta
secção atendem a uma visão multidimensional do indivíduo, uma vez que permitem
situá-lo no tempo e no espaço e nos possibilitam caracterizar o contexto social, familiar
e cultural onde o sujeito está inserido. Estas informações podem ser valiosas para a
compreensão e interpretação dos resultados dos testes, assim como nos podem ajudar a
formular hipóteses relativamente ao aspeto do funcionamento psicológico do sujeito que
pretendemos analisar. Os tópicos usualmente incluídos nesta secção são a descrição do
ambiente familiar, a narração do problema atual, as aprendizagens escolares, ocupação
profissional, situação e nível socioeconómico, relações interpessoais, problemas com a
justiça, história médica, problemas psicológicos prévios.

Quais os erros comuns dos relatórios psicológicos?


Entre os erros mais frequentes na elaboração de relatórios psicológicos encontram-se a
dada de opiniões sem explicar suficientemente a sua base ou fundamentação; a
confiança excessiva numa única fonte de dados (é necessária a corroboração de
informação proveniente de várias fontes); a falha em considerar hipóteses alternativas
sem explicar o porquê destas hipóteses terem sido descartadas; problemas de
organização e objetivos de natureza forense pouco previstos.

 Fracasso em elaborar recomendações ou planos fundamentados;


 Influência excessiva da teoria;
 Conteúdo vago;
 Presença de contradições no relatório

No âmbito dos instrumentos de avaliação psicológica indique 3 vantagens e 3


desvantagens das técnicas projetivas.
As técnicas projetivas são testes em que o sujeito responde a um estímulo ambíguo o
que pode levar a diferentes interpretações por parte do terapeuta. As tarefas são
relativamente não estruturadas o que permite uma variedade quase ilimitada de
respostas possíveis o que dá liberdade total à fantasia do sujeito, uma vez que as
instruções que são dadas são também ambíguas e vagas, ou seja, a abordagem global da
personalidade encontra-se inerente às técnicas projetivas e não apenas a caracterização
de traços singulares. Para além disso podem ser usadas com sujeitos de baixa
escolaridade. A avaliação é disfarçada, ou seja, o sujeito raramente se apercebe do tipo
de interpretação que poderá ser elaborada o que impede o enviesamento ou simulação
de respostas. As desvantagens prendem-se na ausência de dados normativos,
necessitando-se assim da experiência de um clínico para interpretar, outra desvantagem
diz respeito ao facto de os coeficientes de consistência interna serem muito baixos e, por
outro lado, são também inadequadamente padronizadas em relação à aplicação, cotação
e interpretação dos testes, pelo que as características do avaliador, as condições de
aplicação e de cotação podem interferir no processo de avaliação.
Enumere 4 variáveis ou aspetos a considerar, na apresentação dos resultados dos
testes (e outros instrumentos de avaliação).

 Preservar o grau de incerteza que é apropriado quando os resultados dos


testes não nos permitem ser mais conclusivos, nomeadamente através do
recurso a expressões como “os resultados sugerem” ou “podem indicar”;
 Devemos ter em consideração a diferença entre o sujeito e os seus resultados
nos testes, no sentido em que estes instrumentos descrevem aspetos do seu
funcionamento psicológico, mas não definem o sujeito enquanto pessoa (por
este motivo, dizemos que “os resultados da Maria se situam num nível de
funcionamento médio” e não “a Maria situa-se num nível de funcionamento
médio”);
 Não ir além dos dados obtidos, nem fazer inferências não fundamentadas
 Indicar onde, quando e quem administrou os testes;
 Indicar as áreas de avaliação (funcionamento intelectual, personalidade,
problemas de comportamento) ou os constructos (depressão, psicopatia);
 Documentar a fundamentação lógica, a relevância e a utilidade científica dos
testes administrados;
 Relacionar os resultados dos instrumentos de avaliação com os
comportamentos problemáticos, dificuldades e potencial de mudança;
 Apresentar um resumo dos dados mais relevantes do indivíduo, não nos
limitando apenas à descrição dos domínios ou funções deficitárias,
colocando também o foco nas áreas de funcionamento mais positivo.

RATC e o Roberts-2
Diferenças entre a RATC e o Roberts-2.
O roberts-2 consiste numa revisão do RATC que resultou num conjunto de materiais
melhorados, lâminas que consideram a diversidade étnica dos EUA (1), categorias de
codificação clarificadas e diferenciadas (2), mais exemplos de codificação (3), folhas de
codificação modificadas para facilitar o registo de dados (4), referencial interpretativo e
resultados quantitativos mais detalhados (5). A amplitude de idade de aplicação também
aumentou (passando dos 6 aos 15 para dos 6 aos 18 anos); entre outras.

Desenho da família
Relativamente ao desenho da família, caracterize e indique parâmetros do nível
das estruturas formais.
O nível das estruturas formais relativo ao desenho da família remete para a
perceção/apreensão do real; considerando o nível de desenvolvimento da criança, a
capacidade intelectual, a escolaridade e os fatores afetivos/personalidade. Além disto
considera ainda a estrutura de grupo das personagens figuradas, as suas relações e o
quadro, imóvel ou animado, em que são colocadas. Pode ser percecionado de modo
sensorial (remete para a espontaneidade, que no grupo familiar é salientado pelo
ambiente/meio envolvente, o movimento, o calor das relações) ou racional (remete para
a espontaneidade mais ao menos inibida, para a regra/rigidez, a reprodução
estereotipada e rítmica de personagens imóveis, detalhes/pormenores, predomínio de
retas, ângulos e padrões).

BDI e o BDI II
Descreva as principais diferenças entre o BDI e o BDI II.
O BDI-II é uma revisão de 1996 do BDI-I que foi desenvolvida como resposta à
publicação do DSM-IV, dado que este alterou muitos dos critérios de diagnóstico da
Perturbação Depressiva Major. Contêm o mesmo número de perguntas (21) mas os
pontos de corte que determinam a intensidade e o grau que caracteriza a depressão já
não são os mesmos. Quatro itens foram retirados (tais como “perda de peso” e
“Modificação da imagem corporal) e 4 foram acrescentados (1- Agitação, 2-
Sentimentos de Inutilidade, 3- Perda de energia e 4- Dificuldades de concentração).
Além disso, vários itens foram revistos e algumas opções de resposta foram redigidas
novamente de forma a facilitar a compreensão das pessoas que o preenchem.
Finalmente, nesta versão é pedido à pessoa que responda como se tem sentido nas duas
últimas semanas, em vez de apenas uma (versão anterior).
Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do BDI-II nos
protocolos de avaliação psicológica.
A inclusão do BDI II nos protocolos de avaliação psicológica é importante pois este
inventário permite avaliar a presença e a severidade da depressão, nomeadamente no
contexto da prestação de cuidados de saúde; São necessários instrumentos de medida
fiáveis e válidos e o BDI-II é uma das medidas com maior aceitação tanto pelos
profissionais de saúde mental como na comunidade científica e académica.

O que é necessário fazer do ponto de vista da investigação e da clínica para


controlar problemas e limites à utilização do BDI-II?
Dado o reduzido número de estudos sobre as propriedades psicométricas do BDI-II em
Portugal, são necessários mais estudos. Nos estudos publicados internacionalmente, as
amostras não clínicas são frequentemente obtidas através de processos de amostragem
não aleatórios por conveniência e constituídas por estudantes ou amostras clínicas. É
necessária uma maior diversidade nas amostras clinicas. O estudo das propriedades
psicométricas do BDI-II em amostras comunitárias pode aumentar o potencial de
utilização deste instrumento pelos profissionais de saúde como ferramenta
complementar na avaliação da presença e da severidade de estados depressivos,
nomeadamente no contexto dos cuidados de saúde primários.

Técnicas projectivas
No âmbito das técnicas projetivas, defina hipótese projetiva.
A Hipótese Projetiva corresponde à teoria por detrás dos instrumentos que utilizam
técnicas projetivas. Esta Hipótese postula que se apresentarmos a um sujeito uma figura
ambígua e lhe perguntarmos “o que está na figura”, a sua resposta será um reflexo do
que é importante para ele ou dos temas que usa para organizar o seu mundo, e fá-lo-á
projetando as suas ansiedades, expectativas, motivos, necessidades, processos de
pensamento. Isto significa que a forma como o indivíduo percebe e interpreta o material
ou estrutura a situação reflete aspetos fundamentais do seu funcionamento psicológico.
Tal é possível pois ao ser uma avaliação mais “disfarçada” o sujeito raramente se
apercebe do tipo de interpretação que será elaborada. Além disso, como as tarefas são
relativamente não estruturadas é permitido que a pessoa dê uma grande variedade de
respostas.

No âmbito dos instrumentos de Avaliação Psicológica indique 3 vantagens e 3


desvantagens das técnicas projetivas. (alguns exames pedem 4 desvantagens)
As técnicas projetivas consistem em tarefas relativamente não estruturadas que
assumem diversas vantagens:
 Por um lado, permitem uma variedade quase ilimitada de respostas
possíveis, na medida em que é dada liberdade total à fantasia do sujeito.
Esta liberdade é proporcionada pelas instruções ambíguas e vagas que
caracterizam este tipo de instrumentos.
 Visam uma abordagem global da personalidade e não a caracterização de
traços singulares, o que lhe confere um carácter mais dinâmico e
complexo.
 Além disso, permitem revelar aspetos da personalidade encobertos os
latentes.
 Outra vantagem prende-se ainda com o facto de o sujeito quando está a
responder não saber o que é que está na realidade a ser alvo de avaliação
(i.e., o domínio que se está a avaliar), o que poderá dificultar a
simulação.
 Podem ser utilizadas com sujeito de baixa escolaridade.

Quanto às desvantagens:
 Existe necessidade de aprofundar a questão dos dados normativos, visto
que são escassos neste tipo de instrumentos.
 Outra desvantagem está ligada à fragilidade das características
psicométricas das técnicas projetivas, nomeadamente ao nível dos
coeficientes de consistência interna, acordo inter-avaliadores, teste re-
teste, validade concorrente e preditiva.
 Pouca padronização ao nível da aplicação, cotação e interpretação dos
testes, pelo que as características do avaliador, as condições de aplicação
e de cotação podem interferir no processo de avaliação.
MMPI-2
MMPI-2: Justifique a importância deste instrumento de avaliação da
personalidade nos protocolos de avaliação psicológica.
Este instrumento de avaliação é importante para a avaliação psicológica uma vez que
apresenta uma natureza multifásica; base empírica na seleção dos itens; e avaliação
formal das atitudes do sujeito na sua resposta ao inventário.
Utilidade e limites das escalas de validade.
Estas escalas controlam a validade das respostas, ou seja, dizem-nos quando um perfil é
ou não válido; o que é bastante útil. No entanto, não existem critérios para a população
portuguesa; e diferentes fontes bibliográficas apontam diferentes resultados para se
escolher se o perfil é ou não válido.

CDI
Justifique do ponto de vista clínico e psicométrico a inclusão do CDI nos
protocolos de avaliação psicológica.
A depressão na infância tem aumentado e é necessário conseguir-se identificar as
crianças que se encontram com esta sintomatologia ou em risco de a ter. Deste modo, é
importante a inclusão do CDI nos protocolos de avaliação psicológica pois este permite
a quantificação de um conjunto amplo de sintomas; Vários itens consideram as
consequências da depressão relativamente a contextos que são especialmente relevantes
para a criança; Este inventário permite ainda quantificar a gravidade da
síndroma/sintomatologia depressiva. É objetivo e descritivo da caracterização clínica da
sintomatologia; Ajuda na avaliação dos resultados da intervenção; a testar hipóteses de
investigação; e a selecionar sujeitos para a investigação

Utilidade e Limites do CDI.


O CDI apresenta um vasto conjunto de utilidades; desde a Identificação inicial de
sintomas depressivos; Monitorização da eficácia da intervenção terapêutica; Papel no
processo diagnóstico; no entanto, podem ser utilizados, isoladamente, para definir o
diagnóstico da depressão; É simples e fácil de usar (administrar/cotar), requerendo estas
tarefas tempo reduzido; Dispõe de versão reduzida; Manual e materiais facilitam a
administração, cotação e interpretação; Dados normativos (“referentes objetivos”); é o
Inventário de depressão mais citado e utilizado. No entanto também apresenta vários
limites como a ausência de sensibilidade e especificidade adequadas para diagnosticar a
depressão; possibilidade de fracassar na deteção de sintomas depressivos ligeiros ou
subclínicos que podem evoluir para sintomas mais severos; Dependência dos
informadores; Não deve ser usada como medida única. Necessário usar medidas
adicionais. Falta de consistência nos fatores identificados (cenários); ausência de fatores
similares (“instabilidade fatorial”); sobreposição apenas parcial dos fatores; número
idêntico de fatores … mas com conteúdo diferente; estrutura unidimensional (nalgumas
amostras de estrutura multidimensional).

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