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Relatórios de Avaliação Psicológica Docente: Inês Ferreira

RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Podem ser adotadas as seguintes secções:


1. Elementos de identificação
2. Motivo da avaliação
3. História e informação contextual
4. Instrumentos de avaliação
5. Dados da avaliação
5.1. Observação do comportamento
5.2. Resultados nos instrumentos de avaliação
6. Síntese e conclusões
7. Recomendações
Assinatura do psicólogo, número da cédula e vinheta (OPP)

Nota: não incluir as secções a vermelho no trabalho prático da UC - relatório do caso.

1. ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome, Idade, Data de nascimento, Escolaridade (Escola se aplicável)

Datas das avaliações, Data do relatório, Nome do psicólogo

3. HISTÓRIA E INFORMAÇÃO CONTEXTUAL


(relevante para a interpretação dos resultados, com base num guião de entrevista semiestruturada)

Pode ser integrada informação de relatórios anteriores (ex., médicos, psicológicos, registos escolares,
outros exames, se aplicável).

4. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Num parágrafo, indicar uma escolha fundamentada de instrumentos.


Ex.: Tendo como objetivo o estudo das principais áreas de funcionamento cognitivo e emocional, foram
realizadas X sessões de avaliação, com a administração da seguinte bateria de instrumentos de
avaliação psicológica…

A apresentação dos instrumentos poderá ser organizada por domínio de funcionamento psicológico e
devem ser indicadas as referências (permitem identificar a versão e normas na população portuguesa).

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► 5.1. OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO

Indicar somente o que é relevante para apoiar a análise de resultados e as hipóteses interpretativas.

Exemplo de aspetos a observar:


 Aparência/apresentação física
 Estado de alerta (ex., sonolência)
 Grau de cooperação e facilidade em estabelecer e manter relação positiva com o examinador
 Atitude relativa ao processo de testing (ex., interesse nas atividades, resposta a situações de
fracasso ou êxito, persistência em tarefas difíceis, necessidade de reforço)
 Funcionamento sensorial e motor (ex., comportamentos repetitivos, agitação)
 Linguagem (ex., fluência, nomeação, compreensão) e conteúdo do discurso
 Atenção e sua manutenção ao longo do tempo
 Estratégias de resolução de problemas
 Estado de humor, nível de ansiedade
 Impulsividade
 Maneirismos ou comportamentos inabituais
 Atitude relativa a si próprio (ex., comentários autodepreciativos ou desaprovadores indicativos de
falta de confiança, timidez, indicadores de embaraço ou frustração)
 Comportamento social

5.2. RESULTADOS NOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Organizar por domínio de funcionamento psicológico e de resultados globais para mais específico (ex.,
de QI’s para índices fatoriais, de dimensões emocionais para sintomas específicos).

Apresentar resultados padronizados (ex., percentis) e não resultados brutos.

Exemplo de organização (domínio a domínio):

i. Funcionamento intelectual (verbal/não-verbal; organização percetiva; compreensão verbal;


velocidade de processamento…)
ii. Funcionamento neurocognitivo (linguagem; atenção; funções executivas…)
iii. Provas pedagógicas (leitura; escrita; cálculo)
iv. Comportamento adaptativo

6. SÍNTESE E CONCLUSÕES

Resultados consistentes: entre informação contextual, resultados nos testes e dados da observação,
os quais apoiam inferências/conclusões.

Resultados inconsistentes/discrepantes/contraditórios: indicar possíveis explicações (ex., tipo


de estímulos dos testes, fatores situacionais durante a avaliação, instabilidade de comportamentos); e,
caso não seja possível, sugerir soluções (ex., testes adicionais, recurso a outros especialistas).

Áreas de funcionamento mais/menos fortes (salientando recursos cognitivos, recursos


emocionais, competências interpessoais)

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ERROS COMUNS NOS RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

No conteúdo:

 Informação ambígua, subjetiva, genérica, redundante, desnecessária ou irrelevante;


 Informação muito técnica
 Informação muito descritiva, não interpretativa;
 Informação centrada nos problemas e dificuldades ignorando recursos e competências da
pessoa;
 Descrições pouco diferenciadas e individualizadas, que podem aplicar-se a qualquer pessoa;
 Comunicar o que os leitores já sabem;
 Interpretação irresponsável ou excessivamente especulativa;
 Inferências não suportadas pelos dados;
 Não considerar todas as possíveis etiologias;
 Ocultar ou errar datas (sessões de avaliação, nascimento);
 Trocar nomes de pessoas envolvidas no processo de avaliação;
 Não identificar fonte de informação com base na qual são feitas afirmações no Relatório.

Na estrutura:
 Relatório muito longo ou excessivamente reduzido
 Orientação exclusiva para os resultados nos testes ou provas psicológicas;
 Secções omitidas: "Observação dos comportamentos” (quando têm possível impacto nos
resultados dos testes ou no funcionamento da pessoa) e "Recomendações” (relativas à
intervenção), por exemplo.

No que respeita aos métodos de avaliação:


 Uso de testes inapropriados ou com normas desatualizadas;
 Considerar resultados baixos em testes cognitivos como documentando lesão cerebral;
 Relatório orientado para os testes e não para a pessoa avaliada;
 Erros de administração: itens não administrados (examinador não teve o cuidado de rever com
atenção o protocolo de testes administrado antes de terminar a sessão de avaliação);
 Erros de cotação e/ou cálculo de somatórios;
 Erros de transcrição de resultados dos protocolos para o relatório;

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 Examinador não preparou previamente a entrevista, não usando uma grelha que estruture ou
uma lista de questões suficientemente compreensiva;
 Examinador não tomou notas durante a entrevista;
 Examinador assume passivamente que a informação comunicada na entrevista é correta, válida
ou verdadeira;
 Examinador não procedeu ao registo dos comportamentos observados.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS

 Preparar antecipadamente o processo de avaliação (guião de entrevista, testes incluindo o


domínio dos procedimentos de administração e cotação).
 Não confiar excessivamente na memória (tomar notas na entrevista, registar observações).
 Discutir dúvidas e resultados com supervisores/colegas com mais conhecimento e experiência.
 Assumir que o relatório pode influenciar as perceções e comportamentos de outras pessoas
(ex., pais, professores, outros profissionais).
 Delimitar o grau de (in)certeza das conclusões
 Disponibilizar recomendações específicas de técnicas e programas de intervenção fundadas em
investigação empírica.
 Em nenhum momento devem ser disponibilizadas folhas de testes ou manuais aos clientes ou
destinatários.

Referências:

Goldfinger, K., & Pomerantz, A. M. (2013). Psychological assessment and report writing (2nd ed.).
SAGE.
Schneider, W. J., Lichtenberger, E. O., Mather, N., & Kaufman, N. (2018). Essentials of assessment
report writing (2nd ed.). John Wiley.
Zuckerman, E. L. (2019). Clinician's thesaurus: The guide to conducting interviews and writing
psychological reports (8th ed.). Guilford.

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