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Proposta de correção do Teste 2

Grupo I

1. A 2. C 3. A 4. C 5. D 6. B 7. C 8. A 9. D 10. D

Grupo II
1.1 A resposta deverá referir que, tal como diversas investigações comprovam, o sucesso escolar e o
prolongamento dos estudos dos alunos depende, não só do seu empenhamento escolar, mas
também da família de origem.
Com efeito, os percursos de sucesso dos jovens estão muito dependentes da posição social da sua
família seja o nível de rendimentos familiar, a profissão e situação na profissão dos pais ou o seu
grau de escolaridade. Os jovens que prolongam a sua escolaridade até níveis mais elevados são
oriundos de famílias com maior capital cultural e económico.
O sistema escolar, que à partida oferece as mesmas oportunidades a todos, tem mecanismos que
convertem as desigualdades sociais em desigualdades escolares, que por sua vez vão ser
determinantes na perpetuação das desigualdades sociais – função de reprodução social da escola.

1.2 A resposta deverá evidenciar o papel central da instituição escolar, pelo que «nas sociedades
contemporâneas o sucesso escolar constitui […] um tema central na agenda política e mediática».
Assim, «o êxito na e da escola é um fator importante para o desenvolvimento, a integração e o
bem-estar, quer de cada indivíduo, quer dos grupos e da sociedade como um todo». O que
justifica a introdução do tema na agenda mediática e o acesso ao debate público, a nível local e
internacional, dos «resultados em provas de matemática, língua materna e ciências naturais dos
jovens de 15 anos – como o faz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) com os estudos PISA». Os «fracos desempenhos dos alunos portugueses em provas
nacionais e internacionais, em comparação com os dos restantes países europeus», tem
igualmente preocupado decisores políticos, que desta forma aferem instrumentos de organização
escolar e medidas de políticas educativas.
Tradicionalmente, a escola era seletiva e elitista, «até aos anos 60, a visão dominante era a de que
o sistema educativo deveria selecionar os mais “aptos” condenando os restantes ao insucesso e
ao abandono escolares», mas, com «o regime democrático que nos rege e que tem a igualdade de
oportunidades no acesso à educação como um dos seus princípios basilares», o sucesso escolar é
ainda um indicador de desenvolvimento e um fator de mobilidade social. Ora, para que a escola
possa cumprir esta função, «é fundamental analisar os motivos que promovem (ou dificultam) as
aprendizagens dos alunos nas escolas, alimentando assim uma reflexão mais ampla sobre as
condições que permitiriam às crianças e jovens aprender mais e melhor nas nossas escolas».
Para além de avaliar o contexto em que se desenrola o trabalho escolar, é também «fundamental
analisar a relação entre a centralidade e os sentidos dominantes que assume o conceito de
“sucesso” nas escolas (e nas sociedades) modernas, por um lado, e as dinâmicas de privatização,
competição e exclusão geradas pelo capitalismo global, por outro. Isto é, desconstruir os
significados e efeitos objetivos que possui o conceito, na nossa sociedade, não significa
necessariamente negar que, no sistema educativo, tal como na ciência e nos restantes campos da
vida social, uma definição de sucesso mais justa e refletida, bem como instrumentos mais
sofisticados para aferi-lo, sejam importantes para orientar o trabalho diário de professores,
alunos e famílias, assim como o debate público e as políticas educativas.»
Grupo III
1.1 A resposta deverá evidenciar que a instituição familiar está presente em todas as sociedades
conhecidas, ainda que os laços de parentesco e a sua composição variem ao longo do tempo e de
sociedade para sociedade.
Paralelamente, tem-se assistido à transformação da constituição da família com o aumento das
uniões de facto e a legalização dos casamentos homossexuais. Outro aspeto da vida familiar que
se tem alterado corresponde aos papéis conjugais e parentais, que acompanham os movimentos
de autonomia e democraticidade sociais. Assim, «os estudos revelam que a forma de encarar e
viver o casamento e a família mudou».

1.2 A resposta deverá referir que o casamento e a família continuam a ter um importante papel
social, ainda que «a forma de encarar e viver o casamento e a família» tenha mudado, sobretudo
nos mais jovens. Assim, «hoje, casa-se de outra maneira, com outros valores. Valores que
enfatizam mais os laços interpessoais do que a dimensão institucional do casamento. O
casamento já não é uma imposição geral, social ou jurídica, mas uma opção livre.».
Este texto refere um estudo sobre a maneira como os jovens filhos de pais divorciados encaram a
instituição matrimonial e a importância que o divórcio e recomposição familiar tiveram na
formação da sua opinião. Sabendo que «as famílias tendem a exercer uma forte influência para a
conformidade e/ou continuidade comportamental como ainda para a adoção de valores, modelos
e crenças semelhantes» através do processo de socialização, tentou-se perceber «se os jovens
que experienciaram a recomposição familiar assumem essa intenção em casar e constituir
família.».
Verificou-se que, «mesmo face às desilusões e às problemáticas que o divórcio dos pais traz,
sobressai, no discurso dos jovens oriundos de famílias recompostas, uma valorização da
continuidade da família e do casamento. Dito de outro modo, os jovens afirmam que o projeto de
casar e formar uma família faz parte das suas vidas.»
Ao mesmo tempo, «as expetativas destes jovens em relação ao casamento apresentam-se sob
duas formas. Para uns, o casamento expressa a revelação do sentimento para com o outro. Por
conseguinte, acredita-se na continuidade das relações afetivas, sejam elas de recasamentos ou de
coabitações, até ao fim da vida. Porém, mais do que o desejo de casar formalmente, é no querer
estar com aquela pessoa especial que a dimensão do afeto assume um caráter de relevo».
Concluiu-se que a transmissão intergeracional do divórcio ocorrida através da influência dos pais
não abalou a vontade de casar ou coabitar, mas que a «forma como os jovens de famílias
recompostas encaram o casamento é, sem dúvida, mais direcionada para a valorização dos afetos
do que propriamente para a validação da instituição» matrimonial.

Grupo IV
1.1 A resposta deverá referir que a violência doméstica é o abuso, físico ou psicológico, de um
elemento do agregado familiar em relação a outro ou outros dos membros da família, consistindo
inicialmente em «agressões verbais à vítima» e «evoluindo frequentemente para maus-tratos
físicos graves».
O facto de o universo familiar ser, geralmente, entendido e representado socialmente como
espaço de harmonia e afetos leva a que «numa fase inicial, o comportamento de poder e controlo
exercido pelos agressores não [seja] normalmente encarado, por parte das vítimas, como
violência.».
«Ciúme, desconfiança e controlo da vida quotidiana são facetas da violência doméstica» que não
eram entendidas pelas vítimas, na grande maioria mulheres, como tal. Uma certa violência no
interior da família era socialmente aceite, levando a que estas situações fossem consideradas
normais por parte de agressores e vítimas. Os ditados populares «entre marido e mulher ninguém
meta a colher» ou «quanto mais me bates mais gosto de ti» espelham a aceitação cultural desta
forma de convivência conjugal.
Só na década de 70 e em virtude da ação dos grupos feministas a violência doméstica começou a
ser denunciada e encarada como um problema. Hoje, estes fenómenos são considerados crimes,
no plano jurídico e social, daí que as situações sejam mais noticiadas e julgadas nos tribunais.
As vítimas são acolhidas e ajudadas por determinadas organizações assistenciais: «para muitas
mulheres, o recurso a Casas de Abrigo é uma forma de fuga a esta realidade. Ali, longe do alcance
dos agressores, vão sobrevivendo. Nas Casas de Abrigo, localizadas em zonas secretas, cada
mulher tem apoio psicossocial, informação e aconselhamento sobre os seus direitos legais e é-lhe
assegurada a sua proteção e a dos filhos». É graças ao apoio e ação de muitas destas instituições
que «90% das mulheres sobreviventes à violência doméstica conseguem autonomizar-se e refazer
o seu projeto de vida».

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