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Registros entre escola e família

APRESENTAÇÃO

A comunicação entre escola e família, além de uma condição legal, presente na Constituição
Federal de 1988 e reforçada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei n.o 9.394/96),
é fundamental para que pais ou responsáveis possam estabelecer uma relação de parceria com a
gestão da escola e com os professores para a potencialização de seus filhos ao longo de sua
trajetória escolar. Para que isso ocorra, a comunicação deve ser eficiente e realizada tanto de
maneira oral quanto escrita. Quando escrita, os registros cumprem finalidades que vão desde
elogios e reconhecimentos em cadernos e agendas até situações relacionadas a indisciplina
escrituradas em livros específicos. Os registros, além de informarem e descreverem fatos,
legitimam as decisões e providências a serem tomadas, posicionando estudantes, pais e a própria
escola em relação ao futuro.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os múltiplos registros realizados na
comunicação entre a escola e as famílias de seus alunos, bem como conhecer suas finalidades,
temas e formatos mais utilizados e aspectos específicos de sua escrituração.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a finalidade dos registros entre escola e família.


• Identificar os temas e as formas de registro na relação família e escola.
• Diferenciar os diversos registros de comunicação com a família.

DESAFIO

Ao longo da trajetória escolar dos alunos, a participação das famílias deve ser estimulada
constantemente, pois colabora com os professores no desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem junto aos estudantes e com a gestão da escola como um todo.

Suponha que você é especialista em Gestão Escolar e coordenador pedagógico em uma escola
pública municipal
de Ensino Fundamental, com cerca de mil alunos, situada em
bairro de classe média.

Acompanhe a seguinte situação:

Você deve apontar para esses novos professores:

a) Onde estão se equivocando na comunicação com os pais dos estudantes.

b) Temas possíveis desses registros que estabelecem a comunicação entre a escola e as famílias
de seus alunos.

INFOGRÁFICO

Existem muitas situações no cotidiano das escolas sobre as quais


são realizados registros entre a instituição e a família ou responsáveis pelos estudantes. Esses
registros têm temas diferentes e particularidades, podendo envolver um grau maior ou menor
de formalidade em sua escrituração.

Neste Infográfico, você vai aprender sobre as finalidades


mais recorrentes dos registros entre escolas e famílias
na contemporaneidade.
CONTEÚDO DO LIVRO

Escola e família são duas instituições sociais de grande importância para a formação de crianças
e jovens. Por isso, devem trabalhar juntas, em parceria — o que pode ser feito a partir da
aproximação dos pais com as rotinas escolares. Essa parceria, além de cumprir com as
finalidades legais, promove a cidadania e a gestão democrática nas escolas públicas e deve
pautar-se por processos comunicativos eficientes, normalmente mediados pelos mais variados
registros produzidos pela escola.

No capítulo Registros entre escola e família, da obra Gestão de documentos e registro escolar,
base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a importância dessa
comunicação entre a escola e as famílias dos estudantes, conhecendo os múltiplos formatos de
registros, suas respectivas finalidades e os temas mais recorrentes no cotidiano das escolas.

Boa leitura.
GESTÃO DE
DOCUMENTOS
E REGISTRO
ESCOLAR

Pablo Rodrigo Bes


Registros entre
escola e família
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever a finalidade dos registros entre escola e família.


 Identificar os temas e as formas de registro na relação família e escola.
 Diferenciar os diversos registros de comunicação com a família.

Introdução
A participação das famílias na escola é fundamental para que possam
acompanhar o desenvolvimento dos estudantes ao longo de sua trajetória
escolar, estabelecendo uma relação de parceria com a gestão da institui-
ção de ensino. A comunicação é uma ferramenta básica e importante, que
deve ser bem utilizada para promover essa aproximação tão necessária
e benéfica para o andamento dos processos de ensino e aprendizagem
cotidianos da escola.
É muito importante registrar essa comunicação entre famílias e ins-
tituição de ensino. Isso possibilita que os pais estejam cientes do que
ocorre na escola. Entre tantas finalidades, essa comunicação auxilia desde
o reconhecimento e o mérito de atitudes positivas do estudante até a
resolução de conflitos e problemas com indisciplina.
Os registros possuem aspectos formais, que devem ser conhecidos e
respeitados. Isso porque, além de descrever os fatos ocorridos, também
legitimam ações futuras a serem tomadas por parte dos estudantes, da
família e da própria escola.
Neste capítulo, você vai estudar a comunicação entre escola e família,
efetivada por diversos tipos de registros. Para isso, você vai conferir a
importância desse registro, para que serve, que assuntos podem ser
abordados e como colocá-lo em prática. Além disso, vai conhecer a
variedade de formatos que esses registros costumam apresentar.
2 Registros entre escola e família

1 Finalidade dos registros entre escola e família


A participação dos pais na escola tem sido incentivada nas últimas décadas,
sobretudo na escola pública, porque, dessa maneira, a sociedade pode assumir
seu compromisso constitucional com a educação. Além disso, pode se inserir
no modelo de gestão democrática estabelecido em nossa Constituição Federal
de 1988 e reforçado na Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabe-
lece as diretrizes e bases da educação nacional, e nas demais normativas dos
órgãos educacionais e políticas públicas que perpassam o cotidiano escolar.
Ainda assim, a participação das famílias dos estudantes na escola não
ocorre como o esperado, e é um grande desafio para alguns gestores escolares.
Uma forma de promover a maior participação da família e suas interações
com a escola é ampliando o entendimento do significado que a escola e suas
múltiplas relações têm na vida das pessoas. Conforme comentam Salles e
Silva (2011, p. 12):

As relações que se estabelecem na escola são permeadas pelo significado


dessa instituição na vida dos alunos, e as reações e vivências deles no ambien-
te familiar exercem um papel importante neste contexto. O olhar da escola
sobre os alunos e suas famílias, por sua vez, também constitui uma variável
importante nas interações que se processam nessa instituição.

É necessário que aprimoremos nossa percepção e, quem sabe, até tenhamos


que desconstruir alguns paradigmas sobre o que significa a participação dos
pais na escola. Em alguns casos, essa contribuição com a aprendizagem dos
estudantes pode estar acontecendo no ambiente familiar de forma bastante
efetiva, porém, não manifestada no interior da escola. Afinal, ainda que muitos
pais não tenham parte nos órgãos colegiados da escola e não compareçam a
algumas reuniões convocadas, muitos deles se esforçam para acompanhar os
estudos de seus filhos, reforçando sua aprendizagem e preocupando-se com
o seu rendimento escolar. Contribuem também com as lições de casa, com
os projetos que estão sendo desenvolvidos e enviam os materiais solicitados
pelos professores.
Em relação à participação efetiva dos pais dentro dos processos internos
da escola, envolvendo-se em seu cotidiano e compondo órgãos que apoiam a
gestão democrática da escola, temos que destacar a importância do registro
destas situações. Por meio desses atos de escrituração, muitas ações e/ou
deliberações ali realizadas serão de fato legitimadas e poderão ser analisadas
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posteriormente. Vejamos, então, algumas finalidades dos registros produzidos


entre a escola e a família:

 legitimar a gestão democrática;


 compor a memória da instituição de ensino e seu patrimônio cultural;
 formalizar a manifestação de ideias;
 descrever situações conflituosas;
 promover a anuência dos pais ou responsáveis;
 informar órgãos educacionais;
 gerar o comprometimento;
 autorizar medidas e procedimentos adotados;
 dar a conhecer aspectos disciplinares futuros.

Ainda que nem sempre os registros realizados entre escola e família tenham
um caráter mais formal, existem situações previstas em lei que devem ser
formalizadas. É o que ocorre, por exemplo, ao serem eleitos os pais repre-
sentantes que irão compor o conselho escolar ou equivalente, a associação de
pais e mestres, ou mesmo os registros de frequência de plenárias de discussão
sobre o projeto político pedagógico das escolas.
Esses atos de registro acabam por legitimar o modelo de gestão demo-
crática nas escolas. Ao analisar os discursos de políticas públicas e iniciativas
privadas do terceiro setor, que realizam um chamamento para que a família
participe da escola, Klaus (2004, p. 133) afirma que

[…] as famílias são convocadas para dividirem responsabilidades com a


escola, para serem parceiras das decisões e para constituírem (reforçarem)
uma comunidade escolar. A participação da família, da comunidade escolar,
está associada ao avanço da educação.

As escolas em que existe uma participação mais efetiva dos pais como
parceiros na gestão costumam apresentar resultados mais satisfatórios em
relação aos objetivos educacionais propostos pelas escolas, pois os pais en-
tendem seu compromisso e sentem-se reconhecidos e valorizados em suas
iniciativas de contribuir.
Além disso, os registros realizados na escola, independentemente do fato
que os tenha motivado, servem para consolidar a memória organizacional da
escola, uma vez que ficarão eternizados na história da instituição de ensino,
compondo seus documentos oficiais e livros de registros próprios. Esses
registros poderão, inclusive, ser utilizados para pesquisas de caráter histórico
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e documental futuramente. Ao realizarem uma pesquisa sobre a memória


organizacional em uma escola pública municipal de Campinas, no Estado de
São Paulo, Hadler e Bernardes (2017, p. 67), na busca da constituição e um
patrimônio cultural ali existente, destacam que:

Um patrimônio constituído por um complexo de relações fundadas, por um


lado, no conjunto de documentos oficiais que possui e nos diferentes registros
textuais e iconográficos de suas atividades e, por outro lado, no conjunto difuso,
mas não menos importante, das memórias inscritas em suas paredes, em seus
diferentes espaços, e trazidas à tona pelos relatos de sujeitos que participaram
de diversos momentos da trajetória da história da escola.

Alguns registros, como aqueles realizados nas atas de reuniões ou ple-


nárias também cumprem com a finalidade de transcrever a manifestação
de ideias dos pais ou de decisões ali tomadas, o que contribui para análise e
tomada de decisões futuras. Os registros entre escola e família ainda servem
para descrever detalhadamente situações conflituosas diversas, sobre as
quais são necessárias tomar ações para administrar tais problemas ocorridos.
Alguns registros realizados pela escola têm como finalidade principal
buscar a anuência dos pais, ou seja, sua aprovação, seu consentimento em
relação a decisões que envolvem seu filho. Essas decisões vão desde o avanço
de estudos, premiações e autorizações para atividades de passeios pedagógicos
até o estabelecimento de sanções disciplinares constantes no regimento escolar
da instituição de ensino. Além disso, os registros realizados pela escola, em
que constam a participação das famílias, são utilizados para as devidas pres-
tações de contas, que devem ser feitas aos órgãos educacionais das esferas
administrativas que a escola se vincula. Nos registros, ficam conhecidos
os nomes desses responsáveis pelos estudantes que estão participando das
atividades de gestão democrática da escola.
Por fim, os registros ajudam a gerar um nível maior de comprometi-
mento dos pais com as decisões tomadas e discussões realizadas das quais
participaram. Um bom exemplo é a assinatura dos livros de atas ou listas de
frequências de plenárias. Com o registro de sua participação e anuência, os
pais, além de comprometerem-se, acabam endossando as medidas a serem
tomadas, autorizando a escola a realizar os encaminhamentos necessários de
acordo com o contexto.
Claro que, ao realizarmos registros entre a escola e as famílias, devemos
sempre ter em mente que esse atendimento ao público
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[…] deve pautar-se pela ética, reciprocidade, dialogicidade, empatia e pres-


teza, priorizando as relações humanas, uma vez que os sistemas de ensino
possuem um alto nível de envolvimento com sujeitos de direitos e de deve-
res: estudantes, pais e/ou responsáveis e comunidade escolar. (DISTRITO
FEDERAL, 2018, p. 8).

Por isso, independentemente do motivo que faça com que os pais ou res-
ponsáveis estejam presentes na escola, esses princípios devem ser observados,
pois traduzem a identidade da instituição de ensino e reforçam seu significado
na vida das famílias.

2 Relação família e escola: temas e formas de


registro
Existem hoje ao menos duas grandes instituições sociais que se encarregam
da formação das crianças desde que nascem, contribuindo diretamente para a
produção de sua subjetividade e identidade: a família e a escola. Como família,
estão incluídos todos os possíveis arranjos familiares da nossa sociedade
pós-moderna, entendendo que todos eles, sem distinção, encarregam-se de
educar e fazer com que a criança se aproprie da cultura familiar e dos grupos
sociais a que pertence.
A escola deve considerar que a família:

[…] está distante do protótipo pai+mãe+filhos biológicos. São cada vez mais
comuns as famílias que passaram por uma separação ou divórcio, as mo-
noparentais, as adotivas, as crianças criadas por parentes, os pais ou mães
homossexuais, etc.”. (PANIAGUA; PALACIOS, 2007, p. 212).

Logo, os arranjos familiares diversos devem ser considerados em igual


condição de participação e contribuição com a escola, ajudando assim a rom-
per preconceitos e atos de discriminação que os estudantes possam sofrer no
ambiente escolar.
Já em relação à escola, estão todas as etapas que compõem a educação
básica e o ensino superior. Isso porque algumas crianças hoje se inserem
na escola, por meio da educação infantil, ainda com poucos meses de vida,
permanecendo, em alguns casos, no turno integral, que chega a exceder oito
horas diárias. A escola, portanto, atua de forma complementar na vida destes
alunos. Conforme afirmam Oliveira e Marinho-Araújo (2010, p. 101) “[…]
escola e família têm suas especificidades e suas complementariedades. Embora
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não se possa supô-las como instituições completamente independentes, não


se pode perder de vista suas fronteiras institucionais, ou seja, o domínio do
objeto que as sustenta como instituições”.
Na família, a criança aprende aspectos da educação voltados para o com-
portamento e as normas de vida em sociedade, com os ensinamentos culturais
e questões do senso comum. Já na escola, ampliam-se as discussões que
envolvem os conhecimentos desenvolvidos pela cultura humana em seus
aspectos científicos, teológicos, filosóficos, entre outros, e reforçam-se os
conhecimentos da educação informal realizada pela família. Portanto, embora
organizadas de forma distinta e com objetivos diferentes, ambas, a família e a
escola “[…] compartilham a tarefa de preparar as crianças e os jovens para a
inserção crítica, participativa e produtiva na sociedade” (TANCREDI; REALI,
2001, p. 240). Logo, nada mais interessante e oportuno do que se apoiarem
mutuamente para alcançar esse objetivo.
Como vimos até agora, os registros de comunicação entre família e escola
incluem aspectos pedagógicos que envolvem a aprendizagem dos estudantes e
aspectos administrativos de sua vida estudantil sobre os quais os pais devem
tomar consciência e concordar com decisões tomadas. Os seguintes temas
podem estar incluídos nos registros:

 destaques do estudante;
 reconhecimento;
 questões pedagógicas;
 mediação de conflitos;
 indisciplina;
 violência/bullying;
 questões administrativas.

Os registros produzidos na relação entre a escola e as famílias podem


ser formais e informais. Os registros formais são aqueles que constam nos
documentos oficiais que servem para escriturar tais momentos, como o livro
de ocorrências da escola, os respectivos livros de ata dos órgãos colegiados
ou o próprio protocolo da secretaria da escola. Sempre que uma convocação
formal for realizada, deve ser protocolada na secretaria e, quando da presença
dos pais na escola para tratar do assunto, deve ser registrada com os devidos
cuidados nos livros específicos escriturados pelos gestores da escola, onde
os pais deverão assinar ao término.
Os registros informais, por sua vez, podem ser encontrados nas agendas
utilizadas pelos alunos, nos portfólios que eles realizam, em seus cadernos,
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bilhetes e até mesmo nas mensagens digitais trocadas atualmente entre pro-
fessores e pais de estudantes. Quando o aluno se destaca na turma por algum
motivo, o professor pode registrar no caderno do aluno, em seu portfólio ou na
agenda da escola, como forma de premiar o comportamento desse estudante
e dar a conhecer a seus pais o seu desempenho superior. Outras questões pe-
dagógicas que exigem o apoio dos pais para a melhoria do rendimento escolar
podem ser reforçadas em convites informais ou em convocações oficiais feitas
pelos gestores da escola.
Um aspecto que tem gerado muitas aproximações entre as famílias e a
escola é a mediação de conflitos entre os alunos. Esse papel, normalmente,
é desempenhado pelo orientador escolar, mas, em alguns casos, envolve a
presença de mais de uma família na escola, dependendo do nível do conflito
apresentado. Grispun (2005, p. 93) destaca que “[…] a Orientação Educacional
deve ser vista como a área que pode caminhar junto com todos que buscam
uma educação de melhor qualidade e, se possível, numa dimensão mais ampla
de um mundo melhor”.
Baseadas nesse princípio que deve nortear as atividades de mediação de
conflitos, todas as intervenções da orientação escolar devem caminhar na
busca de uma solução para o fato em si, e não de culpabilização dos estudantes
envolvidos. Galano (1999, p. 111) esclarece que “[…] quando o conflito é visto
como um problema a ser solucionado pelas partes e não criado pela outra parte
permite-se potencializar os recursos, as habilidades das pessoas para encontrar
caminhos mais satisfatórios”. Essa deve ser a atitude da mediação de conflitos
na escola entre os estudantes e suas famílias. Neste caso, costuma-se registrar
no livro de ocorrências da instituição de ensino.
A indisciplina, muitas vezes, produz entre os estudantes, professores e
demais membros da comunidade escolar cenas de violência e atitudes como
o bullying, que precisam ser administradas junto com os pais ou responsáveis.
Essas situações devem ser registradas no livro de ocorrências da escola, com
a descrição detalhada, as medidas que devem ser postas em prática pelos estu-
dantes e familiares e a assinatura dos responsáveis. Caso as situações voltem
a ocorrer, os responsáveis são novamente chamados, faz-se novo registro e
podem ser tomadas as providências que constam no regimento escolar, que
vão de suspensão disciplinar até, em casos extremos, expulsão.
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Um dos grandes motivos que hoje faz com que as famílias tenham que estreitar sua
relação com a escola são os casos de bullying entre os estudantes. Calbo et al. (2009,
p. 74) definem o termo como uma “[…] exposição repetida a ações propositais que
ferem ou prejudicam o indivíduo, caracterizando-se, principalmente, pela disparidade
de poder entre os pares, de modo que uma pessoa é dominada por outra”. Por isso, é
urgente e necessário que a vítima seja amparada pela escola e seus pais. Além disso,
os responsáveis pelo agressor devem ser acionados. Esse procedimento é formalizado
no registro de ata do livro de ocorrências.

Em uma pesquisa realizada em uma escola pública do Rio Grande do Sul


foram analisadas 240 atas do livro de ocorrências da instituição de ensino,
que iam desde simples queixas até situações extremas envolvendo muitos
estudantes. Kujawa et al. (2019, p. 155) comentam que as medidas disciplinares
postas em prática pela equipe gestora da escola foram as seguintes:
[…] advertir o aluno, telefonar os pais, chamar o Conselho Tutelar, mandar
bilhete para os pais, conversar com o aluno, registrar um Boletim de Ocorrên-
cia (BO), aplicar um castigo, pedir ao aluno que se desculpe, mencionar que
precisa atendimento psicológico, encaminhar para neurologista, encaminhar
para a Sala de Recursos, mandar conversar com o professor, apenas registrar,
falar com o professor e chamar a toda a turma.
Nessas ações disciplinares, o envolvimento da família é muito importante,
pois, em muitos casos, a causa da indisciplina dos estudantes pode estar re-
lacionada a questões que envolvem o convívio e o ambiente familiar. Nesses
casos, cabe um acompanhamento da área da assistência social pública, o que
normalmente é desencadeado por ações do conselho tutelar. Kujawa et al.
(2019, p. 166) salientam ainda que “[…] a análise dos registros e as interações
contidas nas atas selecionadas permitiu ver uma tendência inadequada diante
da queixa escolar na qual se vê o ator do ato de indisciplina como o portador do
problema e o único causante responsável”. Neste caso, a escola deve precaver-se
de todas as formas possíveis, para que o contexto da vida deste estudante que
se encontra agressivo ou violento possa ser considerado, dando-lhe os devidos
encaminhamentos necessários para que recupere seu equilíbrio emocional.
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Muitas situações podem demandar a presença dos pais na escola para tratar de assuntos
inerentes ao percurso escolar de seus filhos e essas situações nem sempre estão
relacionadas a indisciplina ou conflitos. Por exemplo, um estudante é chamado para
fazer uma prova que vai promovê-lo a outra turma mais avançada, porque apresentou
potencial durante as aulas. Nesse caso, a família é convocada para que manifeste seu
interesse sobre o assunto. Caso exista anuência da família, seguem-se os trâmites
convencionais, submetendo o aluno em condição de avanço de estudos ao conselho
de classe e escriturando-se os devidos registros em ata e atualizadas as informações
na secretaria da escola.

Como podemos perceber, são diversos os temas e as demandas que fazem


com que a escola e as famílias tenham que interagir e onde são escriturados
os respectivos registros na escola. Esses registros atendem a alguns preceitos
formais, que iremos aprender no próximo tópico.

3 Comunicação com a família: registros diversos


Um dos principais atributos capazes de promover o entendimento e a boa
relação entre as pessoas é a comunicação. Também na escola isso é fundamen-
tal, para que os pais ou responsáveis se engajem nas atividades estudantis e
contribuam com a gestão democrática das escolas. Porém, essa comunicação
nem sempre se efetiva como deveria e, em alguns casos, os pais nem têm
conhecimento dos canais e espaços em que podem participar na escola, o que
precisa ser devidamente direcionado pelos gestores da escola.
Garcia (2005), ao analisar a importância do envolvimento dos pais nas
escolas de educação infantil, alega ser urgente que se incluam, dentre as prá-
ticas da ação docente e pedagógica, as reuniões de pais. Ele alerta que essas
reuniões “[…] devem guardar a característica essencial de espaços sempre
abertos, inacabados e criativos. Espaços onde não apenas o fazer e o falar, mas
o sentir, o ouvir e o pensar tenham lugar” (GARCIA, 2005, p. 188). A escola
precisa valer-se dos aspectos sensoriais capazes de gerar o interesse e motivar
os pais a estarem em seu meio, rompendo com o paradigma centralizador que,
por vezes, distancia a família da escola.
10 Registros entre escola e família

Além disso, esse envolvimento das famílias com a escola faz parte do
seu compromisso legal com a educação, conforme consta no Art. 205 da
Constituição Federal de 1988 e é devidamente reforçado no Art. 2º da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96): “A educação,
dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (BRASIL, [2019]b). A educação escolar é, portanto, dever
também da família e do Estado, bem como de toda a sociedade no conceito
de cidadania.
A Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências, traz em seu Art. 129, inciso
V, que os pais ou responsáveis têm a “[…] obrigação de matricular o filho ou
pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar” (BRASIL,
[2019]a). Ou seja, além de potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento
estudantil de seus filhos, os pais cumprem com sua determinação legal perti-
nente a sua educação estando próximos da escola, participando e contribuindo
nas suas ações cotidianas.
É necessário que os responsáveis pelos estudantes tomem consciência da
necessidade da sua efetiva participação na trajetória escolar de seus filhos,
apropriando-se de seu compromisso de cidadania e contribuindo com as práticas
escolares, ocupando os espaços democráticos nos órgãos colegiados, como
o conselho de classe, o conselho escolar, as associações de pais e mestres e
outros equivalentes.
Da mesma forma, as escolas, ao procurar uma aproximação mais eficiente
com as famílias, por meio de estratégias de comunicação formais e informais,
modificam as formas de entender a interdependência entre o meio familiar e
a escola. Nesse sentido, Santos (2007, p. 37), destaca que:

Organizar o trabalho na escola, abrindo espaços para a participação das


famílias, não é apenas uma reestruturação da forma de trabalho, mas uma
mudança de paradigma na vigência da escola, das relações de poder e distri-
buição de tarefas, trata-se realmente de reinventar a escola, numa perspectiva
de corresponsabilidade, de participação efetiva, não apenas no fazer, mas no
processo de refletir e decidir, o que e como fazer.

A melhoria do processo de comunicação com as famílias na escola exige


que sejam rompidas as barreiras que, muitas vezes, acabam desmotivando os
pais de participarem efetivamente na escola, indo além das questões mera-
mente disciplinares e conflituosas envolvidas. Ao realizar uma análise sobre
Registros entre escola e família 11

o formato dos bilhetes utilizados em escolas públicas e particulares para a


comunicação com os pais, Dedeschi (2011, p. 114) percebeu que eles podem
ser classificados em três grandes categorias, conforme o Quadro 1.

Quadro 1. Categorias de bilhetes

Categorias Descrição Exemplo

Aprendizagem Trata de informações (2º ano)


da aquisição de Nome da mãe,
conhecimento ou Estou enviando pelo Cai uma
do desenvolvimento lista de problemas que exigem
cognitivo. Exemplo: uma boa leitura e compreensão,
professor informa pois há várias possibilidades.
uma dificuldade e Acredito que possa ajudá-lo.
a necessidade de Não precisa entregar amanhã.
estudar mais. Atenciosamente,
Professora

Conflitos Trata de (5º ano)


comportamentos Por favor, conversem com o
indisciplinados. Jon sobre como se comportar
Exemplo: conversar e o respeito que deve ter com
e brincar na aula. os colegas e professores.
Grata,
Professora

Regras Trata de normas (5º ano)


Convencionais elaboradas pelas (Nome da mãe),
instituições para o Hoje na entrada acreditava
bom andamento da que você já havia passado na
rotina escolar. Exemplo: monitoria pois já foi informado
horário de entrada e uso aos alunos que depois do
obrigatório de uniforme. 2º sinal eles devem passar
na monitoria para receber a
autorização para entrar em
sala, por isso não solicitei
para que vocês o fizessem. Na
verdade, o erro foi meu por
não ter solicitado que vocês
passassem na monitoria.
Atenciosamente,
(nome da professora)

Fonte: Adaptado de Dedeschi (2011).


12 Registros entre escola e família

Como podemos perceber, mesmo nos bilhetes nos cadernos dos alunos ou
nas suas agendas escolares, existe uma estrutura formal de comunicação, que
apresenta, no mínimo, os seguintes elementos: destinatário (normalmente o
nome da mãe da criança, mas também fazem referência aos pais ou respon-
sáveis), texto principal (descrição ou informação sucinta a respeito do fato
que motivou a escrita do bilhete, uma ação a ser executada) e um fechamento
formal por parte da professora.
Dedeschi (2011, p. 233) considera que os bilhetes realizados pelos profes-
sores aos pais ou responsáveis deve ter um caráter construtivista e afirma que:

É necessário que o educador tenha clareza de seus objetivos ao comparti-


lhar um fato, que reflita sobre como deve fazer, em que momento, se foram
tentadas outras maneiras de lidar com o problema, se o aluno foi envolvido,
considerar as características da família etc. Parece-nos evidente a importân-
cia de repensarmos maneiras para que o processo de comunicação favoreça
a parceria presente no discurso de ambas as instituições, não excluindo o
principal envolvido — o estudante.

A relação entre escola e família deve ser de parceria. Aquele que participa
do seu processo de formação, o estudante, deve ser o protagonista e estar a
par de seus direitos, deveres, compromissos e responsabilidades no processo
de ensino e aprendizagem.
Já no caso dos registros realizados com a presença dos pais e estudantes,
normalmente feitos nos livros de atas respectivos, como no caso do conselho
escolar, conselho de classe, livro de ocorrências e demais reuniões formais,
costumam ser utilizadas regras de escrituração formais, onde constam os
principais dados de localização espaço-tempo e a descrição detalhada dos fatos,
seguida das respectivas assinaturas dos participantes. Conforme esclarece a
Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná (2006, p. 27):

[…] a ata é o documento em que se registram, de forma exata e metódica,


as ocorrências, decisões em assembleias, reuniões ou sessões realizadas por
comissões, conselhos, congregações, corporações ou outras. É documento
de valor jurídico.

Por isso, as atas devem ser redigidas sem permitir posteriores modifica-
ções. Conforme salienta o Manual do Secretário Escolar do Estado do Paraná
(PARANÁ, 2006), os livros de atas costumam ter suas folhas numeradas
tipograficamente e rubricadas por quem redigiu seu termo de abertura. Nes-
tes devem ser evitadas rasuras e espaços em branco. Caso haja erro durante
Registros entre escola e família 13

sua escrituração, podemos utilizar a expressão “digo” e reescrever o trecho


novamente. Ao final da reunião, faz-se a leitura da ata e, sendo necessário
realizar acréscimos ao texto, opta-se pela expressão “em tempo” e registram-se
os fatos e dados faltantes. Após isso, todos os presentes assinam o documento.
Veja na Figura 1 um modelo de ata.

Figura 1. Modelo de ata de conselho de classe.


Fonte: Distrito Federal (2018, p. 71).

Analisando a Figura 1, destacamos a importância da contextualização


do registro e, principalmente, da descrição detalhada das deliberações que
foram realizadas na devida reunião. Com essas informações, serão tomadas
as decisões futuras que envolvem a trajetória dos estudantes. A assinatura
dos pais participantes no respectivo documento legitima as ações e reforça a
gestão democrática na escola.
Como podemos aprender ao longo deste capítulo, a aproximação da família
com a escola é essencial e deve ocorrer ao longo do percurso escolar dos estu-
dantes. Para isso, é imprescindível, principalmente para a gestão democrática
das escolas públicas, que exista uma atitude de pareceria entre as famílias, a
gestão da escola e os professores, para o desenvolvimento pleno dos estudantes.
Desse modo, facilitando a comunicação e promovendo instrumentos que dão
suporte a tomada de decisões, os registros desses encontros entre família e
escola são ainda mais importantes, sejam eles formais ou informais.
14 Registros entre escola e família

Hoje há muitos aplicativos de celular que visam facilitar a comunicação da escola com
as famílias, substituindo as agendas escolares impressas, como o ClassApp, o Remind
e o Escola em movimento.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 26 mar. 2020.
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UEPG, 2007. Caderno Pedagógico – PDE/SEED/PR, destinado a subsidiar as reflexões
docoletivo escolar sobre a relação escola-família-educando Disponível em: http://www.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/466-2.pdf. Acesso em: 26 mar. 2020.
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estudo na área da educação infantil. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
E PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 24., 2001, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: ANPEd,
2001. Disponível em: http://24reuniao.anped.org.br/T0731755403999.doc GT 7. Acesso
em: 26 mar. 2020.

Leituras recomendadas
CLASSAPP. c2020. Disponível em: https://www.classapp.com.br/. Acesso em: 26 mar.
2020.
ESCOLA em Movimento. [201-]. Disponível em: https://www.escolaemmovimento.
com.br/. Acesso em: 26 mar. 2020.
REMIND. [201-]. Disponível em: https://www.remind.com/. Acesso em: 26 mar. 2020.
16 Registros entre escola e família

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

Um dos fatores mais sérios e recorrentes que compõem os registros realizados nas escolas com a
participação das famílias diz respeito
aos conflitos que surgem no cotidiano escolar entre os estudantes. Dessa forma, situações que
envolvem violência e bullying exigem procedimentos mais formais e que devem ser
cuidadosamente analisados e registrados para servirem como prova do fato ocorrido, caso
necessário.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer aspectos relacionados


à mediação de conflitos nas escolas e seus devidos registros.

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EXERCÍCIOS

1) “Organizar o trabalho na escola, abrindo espaços para a participação das famílias,


não é apenas uma reestruturação da forma de trabalho, mas uma mudança de
paradigma na vigência da escola, das relações
de poder e distribuição de tarefas, trata-se realmente de reinventar a escola, numa
perspectiva de corresponsabilidade, de participação efetiva, não apenas no fazer, mas
no processo de refletir e decidir
o que e como fazer.” (SANTOS, 2007. p.37)

A partir dessa citação, pode-se afirmar que:

A) as escolas devem promover uma parceria real com as famílias, na qual os registros sirvam
também para uma participação em nível de coautoria da gestão.

B) ao modificarem-se os modelos pelos quais a escola vem se estruturando ao longo das


últimas décadas, é possível agravar as situações e registros de indisciplina.
C) em relação à distribuição de tarefas e relações de poder existentes na escola, mesmo nos
registros da gestão democrática, fica claro que são os gestores que mandam.

D) os espaços de participação e contribuição das famílias e elaboração de seus devidos


registros, por si sós, já dão conta de corresponsabilizar e comprometer a todos.

E) o que e como fazer as coisas são aspectos inerentes à equipe gestora da escola, que deve
informar aos pais em reunião e, para isso, registrar em ata específica.

2) Uma relação democrática na escola é construída com base nas interações entre os
diversos atores da comunidade escolar, destacando-se os estudantes e seus
responsáveis. Nessas trocas realizadas no cotidiano da escola, é produzida uma série
de registros com as mais diversas finalidades. Sobre os registros escolares realizados
entre a escola e as famílias, analise as seguintes asserções e a relação proposta entre
elas:

I. Os registros realizados entre a escola e a família cumprem com a importante


finalidade de promover a gestão democrática da escola pública ao mesmo tempo em
que focalizam no desenvolvimento dos estudantes.

PORQUE

II. Sempre que um registro é efetuado, no entendimento de uma relação de parceria


entre a escola e a família, o principal ator envolvido e que deve ser considerado é o
estudante e seu contexto.

A) A asserção I é uma proposição falsa e a asserção II é uma proposição verdadeira.

B) A asserção I é uma proposição verdadeira e a asserção II é uma proposição falsa.

C) A asserção I é uma proposição falsa e a asserção II é uma proposição verdadeira.

D) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II é uma justificativa correta da asserção I.


E) As asserções I e II são proposições falsas e sem complementação.

3) Existem muitos temas que fazem com que se produzam registros entre a escola e a
família, como: questões pedagógicas, indisciplina, reconhecimento, questões
administrativas, violência ou bullying.

Sobre esses temas, analise as alternativas a seguir e marque aquela que apresenta
uma descrição correta.

A) Fazem parte dos registros de indisciplina os bilhetes e avisos da escola para retirar
materiais como livros e uniformes.

B) Toda vez que, em sala de aula, ocorre alguma manifestação de desobediência do estudante,
gera-se o registro desse bullying.

C) Os registros de reconhecimentos servem para mediar situações de conflitos em que


existam agressão verbal ou física entre os alunos.

D) As questões pedagógicas que envolvem os registros normalmente se referem a aspectos do


rendimento escolar deste aluno em questão.

E) Na existência de violência entre os estudantes, faz-se um registro de indisciplina no


caderno do aluno e pede-se a assinatura dos pais.

4) A comunicação entre as famílias e a escola, essencial para que a gestão da escola


pública brasileira se realize de forma democrática, é citada em várias leis que se
aplicam na área da educação. Analise as leis a seguir e estabeleça a relação correta
com suas descrições:

I. Constituição Federal de 1988

II. ECA (Lei n.o 8.069/90)

III. LDB (Lei n.o 9.394/96)


( ) Protege crianças e adolescentes, imputando aos pais a obrigação de matrícula dos
filhos na escola, acompanhando sua frequência e rendimento.

( ) Estabelece a educação como um direito social público e subjetivo de todos os


cidadãos brasileiros e seus principais objetivos educacionais.

( ) Cita os agentes que têm compromisso com a educação no Brasil: as famílias, o


Estado e a sociedade como um todo.

( ) Reforça o texto constitucional, estabelecendo a educação como dever da família e


do Estado para o alcance dos objetivos educacionais.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta.

A) II, I, I, III.

B) I, II, III, I.

C) III, III, I, II.

D) I, III, II, II.

E) II, I, III, I.

5) Os registros formais da presença dos pais na escola normalmente compõem os


registros realizados em atas próprias, o que ocorre nas reuniões ordinárias da escola
e dos órgãos colegiados que a compõem. Sobre a escrituração das atas na escola,
analise as seguintes asserções:

( ) Os livros de ata possuem termos de abertura e de encerramento e folhas


numeradas tipograficamente.

( ) Ao realizar a escrita da ata, podem ser deixados espaços em branco para


complementação de ideias posteriormente.
( ) Assinam a ata, após sua leitura ao grupo que se encontra reunido, todos os
presentes na assembleia.

( ) Na escrituração de uma ata não podem existir rasuras; neste caso, ao errar,
utiliza-se a expressão “digo” e a reescrita.

( ) Quando se percebe que a ata não registrou algum fato pertinente, em seu final se
escreve “Em tempo” e faz-se a complementação.

Assinale a alternativa que indica corretamente quais são verdadeiras (V) e quais são
falsas (F).

A) F, V, F, V, F.

B) V, V, F, F, V.

C) V, F, V, V, V.

D) F, V, V, F, F.

E) F, V, F, F, V.

NA PRÁTICA

Muitas são as formas como a escola e as famílias dos estudantes


se relacionam ao longo do ano letivo. Essas interações proporcionam que vários tipos de
registros possam ser realizados pelos profissionais da educação. Nesse caso, cabe à gestão da
escola garantir que exista uma comunicação assertiva e eficiente por parte de todos, buscando,
sobretudo, beneficiar os estudantes por meio do diálogo com
as famílias.

Acompanhe, Na Prática, como é feita a capacitação de professores


e equipe gestora visando a aperfeiçoar a comunicação da escola
com as famílias por meio de registros escolares.
SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Os estudos sobre a relação família-escola no Brasil: uma revisão sistemática

Neste artigo, você acompanhará o estado da arte do tema “Relação família-escola” em nosso
país a partir de uma revisão sistemática da literatura.

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Livros de ocorrência: violência e indisciplina em escolas de território vulnerável

Este artigo analisa registros de livros de ocorrências de duas escolas públicas e sua pertinência
para o clima escolar nessas instituições, inseridas em territórios vulneráveis.

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Escola e família: em busca de uma nova relação

Este vídeo apresenta de forma objetiva as vantagens da aproximação entre a família e a escola
na formação das subjetividades dos estudantes.

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