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APRESENTAÇÃO
A comunicação entre escola e família, além de uma condição legal, presente na Constituição
Federal de 1988 e reforçada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei n.o 9.394/96),
é fundamental para que pais ou responsáveis possam estabelecer uma relação de parceria com a
gestão da escola e com os professores para a potencialização de seus filhos ao longo de sua
trajetória escolar. Para que isso ocorra, a comunicação deve ser eficiente e realizada tanto de
maneira oral quanto escrita. Quando escrita, os registros cumprem finalidades que vão desde
elogios e reconhecimentos em cadernos e agendas até situações relacionadas a indisciplina
escrituradas em livros específicos. Os registros, além de informarem e descreverem fatos,
legitimam as decisões e providências a serem tomadas, posicionando estudantes, pais e a própria
escola em relação ao futuro.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os múltiplos registros realizados na
comunicação entre a escola e as famílias de seus alunos, bem como conhecer suas finalidades,
temas e formatos mais utilizados e aspectos específicos de sua escrituração.
Bons estudos.
DESAFIO
Ao longo da trajetória escolar dos alunos, a participação das famílias deve ser estimulada
constantemente, pois colabora com os professores no desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem junto aos estudantes e com a gestão da escola como um todo.
Suponha que você é especialista em Gestão Escolar e coordenador pedagógico em uma escola
pública municipal
de Ensino Fundamental, com cerca de mil alunos, situada em
bairro de classe média.
b) Temas possíveis desses registros que estabelecem a comunicação entre a escola e as famílias
de seus alunos.
INFOGRÁFICO
Escola e família são duas instituições sociais de grande importância para a formação de crianças
e jovens. Por isso, devem trabalhar juntas, em parceria — o que pode ser feito a partir da
aproximação dos pais com as rotinas escolares. Essa parceria, além de cumprir com as
finalidades legais, promove a cidadania e a gestão democrática nas escolas públicas e deve
pautar-se por processos comunicativos eficientes, normalmente mediados pelos mais variados
registros produzidos pela escola.
No capítulo Registros entre escola e família, da obra Gestão de documentos e registro escolar,
base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a importância dessa
comunicação entre a escola e as famílias dos estudantes, conhecendo os múltiplos formatos de
registros, suas respectivas finalidades e os temas mais recorrentes no cotidiano das escolas.
Boa leitura.
GESTÃO DE
DOCUMENTOS
E REGISTRO
ESCOLAR
Introdução
A participação das famílias na escola é fundamental para que possam
acompanhar o desenvolvimento dos estudantes ao longo de sua trajetória
escolar, estabelecendo uma relação de parceria com a gestão da institui-
ção de ensino. A comunicação é uma ferramenta básica e importante, que
deve ser bem utilizada para promover essa aproximação tão necessária
e benéfica para o andamento dos processos de ensino e aprendizagem
cotidianos da escola.
É muito importante registrar essa comunicação entre famílias e ins-
tituição de ensino. Isso possibilita que os pais estejam cientes do que
ocorre na escola. Entre tantas finalidades, essa comunicação auxilia desde
o reconhecimento e o mérito de atitudes positivas do estudante até a
resolução de conflitos e problemas com indisciplina.
Os registros possuem aspectos formais, que devem ser conhecidos e
respeitados. Isso porque, além de descrever os fatos ocorridos, também
legitimam ações futuras a serem tomadas por parte dos estudantes, da
família e da própria escola.
Neste capítulo, você vai estudar a comunicação entre escola e família,
efetivada por diversos tipos de registros. Para isso, você vai conferir a
importância desse registro, para que serve, que assuntos podem ser
abordados e como colocá-lo em prática. Além disso, vai conhecer a
variedade de formatos que esses registros costumam apresentar.
2 Registros entre escola e família
Ainda que nem sempre os registros realizados entre escola e família tenham
um caráter mais formal, existem situações previstas em lei que devem ser
formalizadas. É o que ocorre, por exemplo, ao serem eleitos os pais repre-
sentantes que irão compor o conselho escolar ou equivalente, a associação de
pais e mestres, ou mesmo os registros de frequência de plenárias de discussão
sobre o projeto político pedagógico das escolas.
Esses atos de registro acabam por legitimar o modelo de gestão demo-
crática nas escolas. Ao analisar os discursos de políticas públicas e iniciativas
privadas do terceiro setor, que realizam um chamamento para que a família
participe da escola, Klaus (2004, p. 133) afirma que
As escolas em que existe uma participação mais efetiva dos pais como
parceiros na gestão costumam apresentar resultados mais satisfatórios em
relação aos objetivos educacionais propostos pelas escolas, pois os pais en-
tendem seu compromisso e sentem-se reconhecidos e valorizados em suas
iniciativas de contribuir.
Além disso, os registros realizados na escola, independentemente do fato
que os tenha motivado, servem para consolidar a memória organizacional da
escola, uma vez que ficarão eternizados na história da instituição de ensino,
compondo seus documentos oficiais e livros de registros próprios. Esses
registros poderão, inclusive, ser utilizados para pesquisas de caráter histórico
4 Registros entre escola e família
Por isso, independentemente do motivo que faça com que os pais ou res-
ponsáveis estejam presentes na escola, esses princípios devem ser observados,
pois traduzem a identidade da instituição de ensino e reforçam seu significado
na vida das famílias.
[…] está distante do protótipo pai+mãe+filhos biológicos. São cada vez mais
comuns as famílias que passaram por uma separação ou divórcio, as mo-
noparentais, as adotivas, as crianças criadas por parentes, os pais ou mães
homossexuais, etc.”. (PANIAGUA; PALACIOS, 2007, p. 212).
destaques do estudante;
reconhecimento;
questões pedagógicas;
mediação de conflitos;
indisciplina;
violência/bullying;
questões administrativas.
bilhetes e até mesmo nas mensagens digitais trocadas atualmente entre pro-
fessores e pais de estudantes. Quando o aluno se destaca na turma por algum
motivo, o professor pode registrar no caderno do aluno, em seu portfólio ou na
agenda da escola, como forma de premiar o comportamento desse estudante
e dar a conhecer a seus pais o seu desempenho superior. Outras questões pe-
dagógicas que exigem o apoio dos pais para a melhoria do rendimento escolar
podem ser reforçadas em convites informais ou em convocações oficiais feitas
pelos gestores da escola.
Um aspecto que tem gerado muitas aproximações entre as famílias e a
escola é a mediação de conflitos entre os alunos. Esse papel, normalmente,
é desempenhado pelo orientador escolar, mas, em alguns casos, envolve a
presença de mais de uma família na escola, dependendo do nível do conflito
apresentado. Grispun (2005, p. 93) destaca que “[…] a Orientação Educacional
deve ser vista como a área que pode caminhar junto com todos que buscam
uma educação de melhor qualidade e, se possível, numa dimensão mais ampla
de um mundo melhor”.
Baseadas nesse princípio que deve nortear as atividades de mediação de
conflitos, todas as intervenções da orientação escolar devem caminhar na
busca de uma solução para o fato em si, e não de culpabilização dos estudantes
envolvidos. Galano (1999, p. 111) esclarece que “[…] quando o conflito é visto
como um problema a ser solucionado pelas partes e não criado pela outra parte
permite-se potencializar os recursos, as habilidades das pessoas para encontrar
caminhos mais satisfatórios”. Essa deve ser a atitude da mediação de conflitos
na escola entre os estudantes e suas famílias. Neste caso, costuma-se registrar
no livro de ocorrências da instituição de ensino.
A indisciplina, muitas vezes, produz entre os estudantes, professores e
demais membros da comunidade escolar cenas de violência e atitudes como
o bullying, que precisam ser administradas junto com os pais ou responsáveis.
Essas situações devem ser registradas no livro de ocorrências da escola, com
a descrição detalhada, as medidas que devem ser postas em prática pelos estu-
dantes e familiares e a assinatura dos responsáveis. Caso as situações voltem
a ocorrer, os responsáveis são novamente chamados, faz-se novo registro e
podem ser tomadas as providências que constam no regimento escolar, que
vão de suspensão disciplinar até, em casos extremos, expulsão.
8 Registros entre escola e família
Um dos grandes motivos que hoje faz com que as famílias tenham que estreitar sua
relação com a escola são os casos de bullying entre os estudantes. Calbo et al. (2009,
p. 74) definem o termo como uma “[…] exposição repetida a ações propositais que
ferem ou prejudicam o indivíduo, caracterizando-se, principalmente, pela disparidade
de poder entre os pares, de modo que uma pessoa é dominada por outra”. Por isso, é
urgente e necessário que a vítima seja amparada pela escola e seus pais. Além disso,
os responsáveis pelo agressor devem ser acionados. Esse procedimento é formalizado
no registro de ata do livro de ocorrências.
Muitas situações podem demandar a presença dos pais na escola para tratar de assuntos
inerentes ao percurso escolar de seus filhos e essas situações nem sempre estão
relacionadas a indisciplina ou conflitos. Por exemplo, um estudante é chamado para
fazer uma prova que vai promovê-lo a outra turma mais avançada, porque apresentou
potencial durante as aulas. Nesse caso, a família é convocada para que manifeste seu
interesse sobre o assunto. Caso exista anuência da família, seguem-se os trâmites
convencionais, submetendo o aluno em condição de avanço de estudos ao conselho
de classe e escriturando-se os devidos registros em ata e atualizadas as informações
na secretaria da escola.
Além disso, esse envolvimento das famílias com a escola faz parte do
seu compromisso legal com a educação, conforme consta no Art. 205 da
Constituição Federal de 1988 e é devidamente reforçado no Art. 2º da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96): “A educação,
dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (BRASIL, [2019]b). A educação escolar é, portanto, dever
também da família e do Estado, bem como de toda a sociedade no conceito
de cidadania.
A Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências, traz em seu Art. 129, inciso
V, que os pais ou responsáveis têm a “[…] obrigação de matricular o filho ou
pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar” (BRASIL,
[2019]a). Ou seja, além de potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento
estudantil de seus filhos, os pais cumprem com sua determinação legal perti-
nente a sua educação estando próximos da escola, participando e contribuindo
nas suas ações cotidianas.
É necessário que os responsáveis pelos estudantes tomem consciência da
necessidade da sua efetiva participação na trajetória escolar de seus filhos,
apropriando-se de seu compromisso de cidadania e contribuindo com as práticas
escolares, ocupando os espaços democráticos nos órgãos colegiados, como
o conselho de classe, o conselho escolar, as associações de pais e mestres e
outros equivalentes.
Da mesma forma, as escolas, ao procurar uma aproximação mais eficiente
com as famílias, por meio de estratégias de comunicação formais e informais,
modificam as formas de entender a interdependência entre o meio familiar e
a escola. Nesse sentido, Santos (2007, p. 37), destaca que:
Como podemos perceber, mesmo nos bilhetes nos cadernos dos alunos ou
nas suas agendas escolares, existe uma estrutura formal de comunicação, que
apresenta, no mínimo, os seguintes elementos: destinatário (normalmente o
nome da mãe da criança, mas também fazem referência aos pais ou respon-
sáveis), texto principal (descrição ou informação sucinta a respeito do fato
que motivou a escrita do bilhete, uma ação a ser executada) e um fechamento
formal por parte da professora.
Dedeschi (2011, p. 233) considera que os bilhetes realizados pelos profes-
sores aos pais ou responsáveis deve ter um caráter construtivista e afirma que:
A relação entre escola e família deve ser de parceria. Aquele que participa
do seu processo de formação, o estudante, deve ser o protagonista e estar a
par de seus direitos, deveres, compromissos e responsabilidades no processo
de ensino e aprendizagem.
Já no caso dos registros realizados com a presença dos pais e estudantes,
normalmente feitos nos livros de atas respectivos, como no caso do conselho
escolar, conselho de classe, livro de ocorrências e demais reuniões formais,
costumam ser utilizadas regras de escrituração formais, onde constam os
principais dados de localização espaço-tempo e a descrição detalhada dos fatos,
seguida das respectivas assinaturas dos participantes. Conforme esclarece a
Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná (2006, p. 27):
Por isso, as atas devem ser redigidas sem permitir posteriores modifica-
ções. Conforme salienta o Manual do Secretário Escolar do Estado do Paraná
(PARANÁ, 2006), os livros de atas costumam ter suas folhas numeradas
tipograficamente e rubricadas por quem redigiu seu termo de abertura. Nes-
tes devem ser evitadas rasuras e espaços em branco. Caso haja erro durante
Registros entre escola e família 13
Hoje há muitos aplicativos de celular que visam facilitar a comunicação da escola com
as famílias, substituindo as agendas escolares impressas, como o ClassApp, o Remind
e o Escola em movimento.
Leituras recomendadas
CLASSAPP. c2020. Disponível em: https://www.classapp.com.br/. Acesso em: 26 mar.
2020.
ESCOLA em Movimento. [201-]. Disponível em: https://www.escolaemmovimento.
com.br/. Acesso em: 26 mar. 2020.
REMIND. [201-]. Disponível em: https://www.remind.com/. Acesso em: 26 mar. 2020.
16 Registros entre escola e família
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR
Um dos fatores mais sérios e recorrentes que compõem os registros realizados nas escolas com a
participação das famílias diz respeito
aos conflitos que surgem no cotidiano escolar entre os estudantes. Dessa forma, situações que
envolvem violência e bullying exigem procedimentos mais formais e que devem ser
cuidadosamente analisados e registrados para servirem como prova do fato ocorrido, caso
necessário.
EXERCÍCIOS
A) as escolas devem promover uma parceria real com as famílias, na qual os registros sirvam
também para uma participação em nível de coautoria da gestão.
E) o que e como fazer as coisas são aspectos inerentes à equipe gestora da escola, que deve
informar aos pais em reunião e, para isso, registrar em ata específica.
2) Uma relação democrática na escola é construída com base nas interações entre os
diversos atores da comunidade escolar, destacando-se os estudantes e seus
responsáveis. Nessas trocas realizadas no cotidiano da escola, é produzida uma série
de registros com as mais diversas finalidades. Sobre os registros escolares realizados
entre a escola e as famílias, analise as seguintes asserções e a relação proposta entre
elas:
PORQUE
3) Existem muitos temas que fazem com que se produzam registros entre a escola e a
família, como: questões pedagógicas, indisciplina, reconhecimento, questões
administrativas, violência ou bullying.
Sobre esses temas, analise as alternativas a seguir e marque aquela que apresenta
uma descrição correta.
A) Fazem parte dos registros de indisciplina os bilhetes e avisos da escola para retirar
materiais como livros e uniformes.
B) Toda vez que, em sala de aula, ocorre alguma manifestação de desobediência do estudante,
gera-se o registro desse bullying.
A) II, I, I, III.
B) I, II, III, I.
E) II, I, III, I.
( ) Na escrituração de uma ata não podem existir rasuras; neste caso, ao errar,
utiliza-se a expressão “digo” e a reescrita.
( ) Quando se percebe que a ata não registrou algum fato pertinente, em seu final se
escreve “Em tempo” e faz-se a complementação.
Assinale a alternativa que indica corretamente quais são verdadeiras (V) e quais são
falsas (F).
A) F, V, F, V, F.
B) V, V, F, F, V.
C) V, F, V, V, V.
D) F, V, V, F, F.
E) F, V, F, F, V.
NA PRÁTICA
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste artigo, você acompanhará o estado da arte do tema “Relação família-escola” em nosso
país a partir de uma revisão sistemática da literatura.
Este artigo analisa registros de livros de ocorrências de duas escolas públicas e sua pertinência
para o clima escolar nessas instituições, inseridas em territórios vulneráveis.
Este vídeo apresenta de forma objetiva as vantagens da aproximação entre a família e a escola
na formação das subjetividades dos estudantes.