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Ciclo Menstrual

Lucas de Almeida Resende


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Como definir um ciclo normal?

Avaliaremos: Frequência, Duração, Intensidade e Regularidade

Frequência normal: Entre 24 a 38 dias

<24 dias: Frequente


>28 dias: Infrequente
Ausência de ciclo por 60-90 dias: Amenorreia

Duração normal: ≤8 dias

>8 dias: Prolongado


Não existe quantidade mínima

Regularidade normal: Variação de até 9 dias (avaliar em 6 meses a 1 ano)

Diferença entre o maior e o menor ciclo no período

≥10 dias: Irregular

Volume normal: Entre 5 e 80mL (Avaliação subjetiva, ponderar se atrapalha a


paciente)

<5mL: Leve
>80mL: Intenso

Sangramento intermenstrual: Sangramentos não programados

Pode ser aleatório (por ex.: sinusorragia) ou previsível (por ex. sangramento
periovulatório)
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Fisiologia do Ciclo menstrual

- O ciclo se inicia no Hipotálamo, com a secreção pulsátil de GnRH (iniciada na


puberdade).

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- Essa secreção estimula a produção de FSH (hormônio folículo estimulante) e
LH (hormônio luteinizante) na hipófise, que vão agir diretamente nos ovários.

- FSH: no início do ciclo está alto para estimular a formação do folículo


dominante. Esse folículo vai crescendo e aumentando a produção de Inibina B,
que inibe a produção do FSH, porém, o folículo que cresceu é bastante sensível
ao FSH e não necessita de grandes concentrações para crescer. Mesmo com a
queda do FSH (típica do início do ciclo menstrual) ele irá se desenvolver e
produzir cada vez mais Estradiol, até o seu ápice no fim da fase folicular (1ª
metade do ciclo).

- LH: com a concentração máxima de estradiol e inibina B (final da 1ª metade do


ciclo), há o pico de LH e, assim, a ovulação.

- Após a ovulação, inicia-se a fase lútea (devido ao corpo lúteo no ovário, após
a ovulação), que é regada a progesterona (produzida pelo corpo lúteo) e Inibina
A (que impede a nova ascensão de LH).

- Corpo lúteo: produz progesterona (e também estradiol em menor quantidade)


e dura entre 12-14 dias (fazendo da 2ª metade do ciclo menstrual uma fase de
duração fixa). Ele precisa de HCG para sobreviver, se a paciente não engravidar,
não há HCG, o corpo lúteo "morre", os hormônios caem, o endométrio necrosa
e a menstruação acontece.

- Inibinas A e B: Ambas inibem a produção e ação do FSH. Porém a Inibina B faz


isso na 1ª metade do ciclo e a Inibina A na 2ª metade do ciclo.

- Hormônio Antimulleriano (HAM): é um hormônio produzido pelos folículos


primordiais do ovário. Atualmente sabemos que quanto mais folículos
primordiais, maior a reserva ovariana. HAM pode ser dosado e quando > 4 pode
predizer boa reserva ovariana, e quando < 2 pode ser uma baixa reserva
ovariana.

Ciclo endometrial:

- Inicialmente, endométrio fino (<4mm), linear e ecogênico


- Ao final da 1ª metade, torna-se espessado (>7mm) e trilaminar
- Após a ovulação (2ª metade), torna-se secretor: espessado (>7mm),
homogêneo e hiperecogênico

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Referências:
- SPEROFF, Leon. GLASS, Robert H. KASE, Nathan G. Endocrinologia Ginecológica Clínica e. Infertilidade. 5 ed. Manole.
Sao Paulo.

- Munro MG, Critchley HOD, Fraser IS; FIGO Menstrual Disorders Committee. The two FIGO systems for normal and
abnormal uterine bleeding symptoms and classification of causes of abnormal uterine bleeding in the reproductive years:
2018 revisions. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Dec;143(3):393-408.

- Munro MG. Critchlev HOD, Fraser IS. The FIGO systems for nomenclature and classification of causes of abnormal
uterine bleeding in the reproductive years: who need them? Am J Obstet Ginecol. 2012:207:260-5.

- Fraser IS, Critchley HO, Broder M, Munro MG. The FIGO recommendations on terminologies and definitions for normal
and abnormal uterine bleeding. Semin Reprod Med. 2011, Sep;29(5):383-90.

- Moolhuijsen LME, Visser JA. Anti-Müllerian Hormone and Ovarian Reserve: Update on Assessing Ovarian Function. J
Clin Endocrinol Metab. 2020 Nov 1;105(11):3361–73.

- di Clemente N, Racine C, Pierre A, Taieb J. Anti-Müllerian Hormone in Female Reproduction. Endocr Rev. 2021 Nov
16;42(6):753-782.

- Taffe JR, Cain KC, Mitchell ES, Woods NF, Crawford SL, Harlow SD. "Persistence" improves the 60-day amenorrhea
marker of entry to late-stage menopausal transition for women aged 40 to 44 years. Menopause. 2010 Jan-
Feb;17(1):191-3.

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