Você está na página 1de 1

Ao analisar o poema “Psicologia de um vencido”, nota-se que o escritor demonstra apego ao

formal e o referido texto poético é apresentado em forma de soneto, visto que seus versos são
organizados em dois quartetos e dois tercetos. Em relação às rimas pode-se mencionar que
tratam-se de rimas soantes, pobres e interpoladas.

É valido relembrar que sobre o gênero lírico, esclarece o Doutor em Letras João Carlos Dias
Furtado , “os aspectos fundamentais que o compõem, como o eu lírico e a tradição de
apresentar sentimentos, sua emoção, uma reflexão sobre o “eu””. Assim nota-se que Augusto
dos Anjos recorreu a tais aspectos para definir o “eu”, através de uma linguagem
extremamente original e rebuscada, misturando o popular com o erudito, incluindo vocábulos
científicos, como por exemplo carbono e amoníaco, além de ser carregada de melancolia e
pessimismo. Para Ferreira Gullar “Augusto se alimenta da podridão, dos vermes, da noite, do
luto, do carvão, dos signos zodiacais, da superstição (…) O mortos de Augusto apodrecem e
fedem”.

No que tange a construção e desenvolvimento do tema do poema, pode-se interpretar que o


autor inicia apresentando-se como descendente de elementos naturais, como carbono e
amoníaco, se autonomeando como monstro, de uma forma paradoxal, visto que usa da
antítese escuridão/rutilância e diz que sofre desde quando ainda não havia nascido com a
crença astrológica que as pessoas tem sobre os signos do zodíaco e suas previsões. Logo após
na segunda estrofe, declara-se como excessivamente preocupado com seu estado de saúde,
demonstrando dor e sofrimento. Em seguida traz a conclusão no par de tercetos, nos quais fala
sobre um verme que a vida quer destruir, que além do sentido literal, pode dar lugar a algum
inimigo do autor ou alguma situação adversa. O texto se encerra com o tema morte e o vazio
que esta traz, restando apenas o pó e a falta de vida neste.

Você também pode gostar