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Hoje estou aqui para abordar o tema da violência doméstica.

A
violência doméstica é qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial. Embora maioritariamente
em mulheres, poderá ocorrer a homens também.
Como mulher, irei aprofundar-me mais na violência contra as
mulheres.
A violência doméstica é um sistema cíclico e ocorre em três fases.
A primeira fase é o momento do aumento em que as tensões
acumuladas criam um ambiente de perigo iminente. O agressor
mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter
acessos de raiva o que provoca medo na vítima. A segunda fase é
o momento do ataque em que o agressor explode e maltrata a
vítima. Aqui a tensão materializa -se em violência, seja física ou
psicológica. A terceira fase é o momento da reconciliação, em que o
agressor mostra arrependimento, desculpa-se pelas agressões e
envolve a vítima com carinho e atenção, manipulando a vítima no
sentido de a culpabilizar, a demover para não denunciar o crime,
que irá ficar tudo bem, fazendo com a vítima se culpabilize e não
apresente a denuncia. A este período, relativamente calmo, segue-
se um novo período de tensão e rapidamente todo o ciclo se repete.
Existem diversos mitos em relação à violência doméstica como por
exemplo: “É fácil identificar o tipo de mulher que sofre violência
doméstica." Não existe um perfil específico de quem sofre violência
doméstica. Qualquer mulher, em algum período de sua vida, poderá
ser vítima deste tipo de violência.
"A violência doméstica só acontece em famílias de baixa
rendimento e pouca instrução." A violência doméstica é um
fenômeno que não distingue classe social, raça, etnia, religião,
idade e grau de escolaridade. Todos os dias, somos impactados por
notícias de mulheres que foram assassinadas por companheiros ou
ex-parceiros. Na maioria destes casos, elas já teriam sofrido
diversos tipos de violência por algum tempo, mas a situação só
chega ao conhecimento de outras pessoas quando as agressões
crescem a ponto de originar o termo feminicídio (assassinato ou
homicídios contras as mulheres). Grande parte dos feminicídios
ocorre na fase em que as mulheres estão a separar-se doa
agressores. Algumas vítimas, após passarem por inúmeros tipos de
violência, desenvolvem uma sensação de isolamento, sentindo-se
impotentes para reagir e quebrar o ciclo da violência e sair desta
situação.
"É melhor continuar na relação, mesmo sofrendo agressões, do que
se separar e criar o filho sem o pai." Muitas mulheres acreditam que
suportar as agressões e continuar no relacionamento é uma forma
de proteger os filhos. No entanto, eles vivenciam e sofrem a
violência com a mãe. Isto pode ter consequências na saúde e no
desenvolvimento das crianças, pois elas correm o risco não só de
se tornarem vítimas da violência, mas também de reproduzirem os
atos violentos dos agressores.
As pessoas passam tanto tempo a interrogar-se por que motivo as
mulheres não deixam os maridos. Onde estão as pessoas que se
questionam por que razão os homens são abusivos e violentos?
Não seria apenas a eles que a culpa devia ser imputada?»
«Só porque alguém nos magoa, não quer dizer que se possa
simplesmente parar de amar essa pessoa. Não são as ações da
pessoa que magoam mais. É o amor que se sente. Se não
houvesse qualquer ligação amorosa presente na ação praticada, a
dor seria um pouco mais fácil de aguentar.»
A Guarda Nacional Republicana (GNR) registou até 30 de setembro
11.176 crimes de violência doméstica e efetuou 1.167 detenções na
sua área de responsabilidade, segundo um balanço provisório. Em
comunicado para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da
Violência contra as Mulheres, a GNR refere também que durante o
ano 2021, a GNR contabilizou 12.755 crimes de violência doméstica
e deteve 1.172 pessoas.
O Presidente da República considera que os números da violência
doméstica em Portugal "são hoje gritantes, assim como a ainda
contínua desigualdade", e pede a todos que combatam a violência
contra as mulheres nas suas múltiplas formas. Marcelo Rebelo de
Sousa faz este apelo numa mensagem publicada no sítio oficial da
Presidência da República na Internet para assinalar o Dia
Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Segundo o chefe de Estado, esta data convoca "à ação de todos os
portugueses e portuguesas para que, de forma efetiva e
permanente, sejam erradicadas todas as formas de agressão contra
as mulheres"
"O papel insubstituível e extraordinário das mulheres na sociedade
portuguesa, conquistado por mérito próprio, obriga cada um de nós
a agir, a denunciar e a impedir toda e qualquer forma de violência
contra as mulheres no nosso país", afirma.

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