Falando em gênero literário temos um texto dramatúrgico, porém com uma linguagem totalmente épica onde as situações não são narradas de modo explicito aos espectadores por meio das falas dos personagens ou de suas ações; tudo é construído de modo poético e performático; imagético: enquanto algo é mostrado há uma fala de um personagem que indireta, ou diretamente para os mais inteirados dos assuntos de que o texto trata, fomenta o que está sedo mostrado, seja por ações dos demais personagens ou pelas projeções. O fato de o texto ser direcionado o tempo todo para os espectadores torna o espetáculo mais interessante, por inserir, o tempo todo, espectador na realidade daquela ação dramática. E como ator, diria que é também um desafio ser tirado dessa zona de conforto que é o dialogo dramático; a inexistência da famosa quarta parede. Estar em cena e jogar o tempo todo com o espectador, apresentar, para ele, que diferente do colega de cena, não conhece o texto, não conhece o meu personagem e ainda está a conhecer o enredo do espetáculo... representar com verdade para essa pessoa, para que ela entenda e seja tocada pelo que está sendo transmitido. Sou suspeito a falar de qualquer obra sua, pois desde que assisti à peça “ O desvio do peixe no fluxo contínuo do aquário”, virei seu fã e do grupo. Naquele dia falei pra mim mesmo “ainda vou trabalhar com esses caras” (rsrsrs) Realizei isso em “Neverland” e tive uma aula de interpretação quando você nos orientou (o coro de homens-fera) a só ficarmos parados em cena trabalhando a ação interna; a vontade de possuir, de devorar, a “manga” da Nathalia. Que orgulho que senti nesse trabalho. Me emociono ao lembrar da grandiosidade desse espetáculo e dos monstros com os quais tive a oportunidade de interagir, trabalhar e aprender, principalmente aprender. Ler algo produzido por uma mente tão brilhante e fervorosa quanto a sua; mente que não cessa em apresentar, expor, explicitar, esfregar na nossa cara àquilo, que na maioria das vezes optamos por não querer enxergar é um prazer que não dá para mensurar, não tem tamanho e será sempre assim. Você compartilha ideias nas suas obras, sem impor a quem lê ou assiste a elas uma única forma de interpretação; uma única forma de entendimento... tem um tom de “A verdade é essa. Acredite você ou não”. Será que estou me fazendo entender? Espero que sim (rs). O inicio do meu texto deve estar parecendo uma resenha feita por um aluno, explicando coisas que com certeza você já sabe a respeito do seu próprio texto. Sou ainda um aprendiz perto da sua experiência, então não tem problema meu texto estar do modo como está. Se me equivoquei ou errei em algum apontamento peço que me diga. Aprender com o Grande Evill Rebouças é um privilégio. Obrigado pelo carinho que sempre demonstrou, pelos ensinamentos que mudaram minha perspectiva artística e pelo pronto atendimento sempre que recorri a você em busca de orientação ou indicações de leituras.
PS: Se um dia for montar esse texto. Me chama pelo amor de Deus (rs) Um abraço, amigo.