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Artigo original

A Mentalidade Extremista Militante e a

Avaliação da Radicalização no
População geral
Lazar Stankov, 1,2 Goran 3 3
Gerard Saucier, 4 Borislav Radoviÿ,
3
Kneževiÿ e Biljana Milovanoviÿ
1
Escola de Psicologia, Universidade de Sydney, Austrália
2Departamento de Psicologia, University of Southern Queensland, Toowoomba, Austrália
3Departamento de Psicologia, Universidade de Belgrado, Sérvia
4Departamento de Psicologia, Universidade de Oregon, Eugene, OR, EUA

Resumo: Este artigo apresenta novos dados e revisa as evidências disponíveis que apontam para a existência de três ingredientes principais da
mentalidade militante extremista (MEM). Três métodos diferentes de desenvolvimento de itens identificaram fatores que rotulamos de Negligência, Rancor e Descul
Em outras palavras, existem em nosso meio pessoas perversas que estão mais preparadas do que outras para aceitar, aprovar ou mesmo defender
o uso da violência. Quando essas pessoas sentem rancor, por verem alguém como ameaçador para si mesmas (ou para os membros do grupo a
que pertencem) ou pensam que o mundo não é um lugar hospitaleiro para se viver, elas podem recorrer à violência. Muitas vezes, essa violência
vem acompanhada de uma desculpa ou justificativa que se refere a uma autoridade superior ou a um princípio “nobre” como a religiosidade ou o
utopismo. Embora todos os três ingredientes possam estar abertos à intervenção, o Rancor pode ser o mais receptivo. Políticas sociais
relacionadas à imigração e procedimentos para lidar com a contracultura de protesto podem ser eficazes na redução do MEM. O mais importante, no entanto, é a ne
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Palavras-chave: maldade, rancor, desculpa, pró-violência, mundo vil, utopismo

Em nosso trabalho, o termo Militant Extremist Mindset (MEM)
refere-se a um conjunto de crenças, sentimentos, pensamentos
e motivações que tendem a ser mobilizados sob condições
facilitadoras e podem levar a um comportamento violento
(Stankov, Saucier, & Kneževiÿ, 2010). Neste artigo, elaboramos
as evidências empíricas que sugerem que os ingredientes dessa
mentalidade estão, até certo ponto, presentes em todos os seres
humanos, que diferem de outras construções psicológicas
conhecidas e que podem levar à violência em certos indivíduos.
Quais são os aspectos psicológicos desse comportamento
negativo e socialmente prejudicial?
A resposta a esta questão acaba por ser relativamente
simples, certamente mais simples do que imaginávamos no
início do trabalho que será descrito a seguir (Stankov, Higgins,
Saucier, & Kneževiÿ, 2010; Stankov, Saucier, et al., 2010 ).
Argumentamos que as evidências atualmente disponíveis
apontam para a existência de três ingredientes principais do
MEM: maldade, rancor e desculpa. Em outras palavras, existem
em nosso meio pessoas perversas que estão mais preparadas
do que a maioria para aceitar, aprovar ou mesmo defender o uso
da violência. Quando tais pessoas sentem rancor - por verem uma pessoa ou grupo como ameaçador
a si mesmos (ou a membros do grupo ao qual pertencem) ou
pensam que o mundo não é um lugar hospitaleiro para se viver
– podem recorrer à violência. Essa violência costuma vir
acompanhada de uma desculpa ou justificativa que faz referência
a uma autoridade superior ou a um princípio “nobre” . Os três
termos são deliberadamente coloquiais. Eles capturam a
interpretação de fatores um tanto diferentes, mas conceitualmente
relacionados, que emergem de pesquisas empíricas. Aqueles
com pontuação alta nas construções de ingredientes do MEM
podem entrar em ação sob condições favoráveis. Não
argumentamos que essas características pessoais são mais
importantes do que as influências situacionais/sociais na
formação do extremismo militante, mas argumentamos que –
todas as outras coisas sendo iguais – aqueles com pontuação
alta nas medidas MEM são mais propensos a usar a violência como meio de a
Uma conta alternativa que parece ser favorecida por alguns
especialistas concentra-se em possíveis vulnerabilidades e
propensões a ideologias extremistas e terrorismo. Em uma parte
posterior deste artigo, comentamos a relação entre nossos
achados e o modelo proposto por Borum (2011, 2014, 2015).

Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98 Editora Hogrefe 2018

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L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population
Fundo
Como acreditamos que os ingredientes do extremismo
militante estão presentes em todos nós em graus variados,
nossas evidências são baseadas principalmente em dados
de estudantes universitários, não de terroristas ou fanáticos.
Os itens do MEM foram construídos usando três metodologias
diferentes: (a) Análises linguísticas. Stankov, Higgins, e
outros. (2010) descrevem os procedimentos de construção
dos itens e apresentam os dados com base em um
levantamento linguístico. (b) Análises conceituais de textos
terroristas. Saucier, Akers, Miller, Stankov e Kneževiÿ
(2009) descrevem em detalhes consideráveis o
procedimento de construção de itens com base nessa
abordagem. (c) Análise conceitual de textos terroristas,
semelhante à abordagem de Saucier et al. (2009), mas
complementado por fontes literárias e psicológicas sobre o
comportamento dos terroristas .
Foi realizado um estudo piloto com um grupo de participantes
que responderam a cerca de 400 itens. Algumas de suas
descobertas – aquelas baseadas em (a) e (b) – foram relatadas
em Stankov, Higgins, et al. (2010) e Stankov, Saucier, et al.
(2010). Este artigo apresenta descobertas não relatadas
anteriormente com base em análises conceituais de textos
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terroristas, suplementadas com fontes literárias e psicológicas.
Após o trabalho piloto, as escalas MEM também foram
usadas em estudos de síndrome conservadora (Stankov,
2016a, 2016b, 2017; Stankov & Lee, 2016a, 2016b). Para nós,
a descoberta mais notável foi a concordância entre as
pesquisas e as três abordagens para construção de itens ao
apontar maldade, rancor e desculpa como os ingredientes
do extremismo militante, mas com variações que destacam
a essência do MEM. Elaboramos este ponto a seguir.
Itens MEM derivados de terroristas
Textos complementados com
fontes literárias e psicológicas
Nossa abordagem para o desenvolvimento de itens foi uma
combinação de fontes primárias (textos produzidos por
grupos extremistas/terroristas) e fontes secundárias (relatos
psicológicos, históricos e literários do comportamento de
extremistas). Os textos extremistas foram baixados
diretamente de sites da Internet e indiretamente de
documentos e reportagens de jornalistas e outras fontes. Ao
definir os grupos terroristas e adquirir material escrito,
contamos com a mesma estratégia descrita em Stankov,
Higgins, et al. (2010). Isso foi complementado pela análise de
incluindo
relatos históricos e documentos sobre grupos terroristas proeminentes, literatura anarquista, literatura
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fontes (por exemplo, os escritos de Dostoiévski e Marquês
de Sade), as ideias de Emile Durkheim sobre “suicídio
altruísta”, relatórios sobre terrorismo em publicações
acadêmicas e escritos em psicologia forense relacionados
às crenças morais de criminosos encarcerados. Cada
membro da equipa de Belgrado (Kneževiÿ, Radoviÿ,
Milovanoviÿ) foi convidado a sugerir um tema baseado nas
fontes que tinha explorado. Um tema foi incluído na lista se
houvesse consenso sobre sua importância. Um tema foi considerado releva
idiossincrática a um único grupo extremista/terrorista.
Destas fontes foram extraídos os seguintes 20 temas: 1.
Maquiavelismo Sacral (crença na existência de um objetivo
supremo que justifica tirar a vida humana); 2. Puritanismo
(crença de que o mundo é um lugar corrupto, excessivamente
materialista e licencioso); 3. Disposição para o auto-
sacrifício (disposição para dar a vida por um objetivo maior);
4. Maniqueísmo (ou/ou atitude; cosmovisão preto e branco;
crença na existência de um conflito irreconciliável entre
o bem e o mal); 5. Crença na vida e recompensa após a
morte (crença na vida após a morte e expectativa de
recompensa futura para aqueles que morrem por uma
causa); 6. Anticapitalismo, antimodernismo,
antidemocratismo (livre mercado, movimentos de direitos
humanos, pluralismo político, liberdade de expressão e
outras instituições de sociedade aberta vistas como um
caminho para o caos, blasfêmia e escravidão); 7. Desejo
de ser reconhecido pelos outros (desejo de escapar do
anonimato e de ser reconhecido pelos outros através da
realização de atos espetaculares);
8. O sentimento de anomia (uma convicção no declínio e
colapso da ordem social que é seguido por sentimentos
pessoais de alienação e inadequação); 9. Antirracionalismo
e anti-hedonismo (rejeição da cosmovisão baseada em
evidências científicas, argumentos racionais e hedonismo
cultivado); 10. Intolerância de pontos de vista divergentes
(rejeição tacanha e fanática de pontos de vista divergentes,
seguida por uma reação excessivamente agressiva aos
que defendem tais pontos de vista); 11. Sentimentos de
repressão e injustiça (convicção de que o próprio grupo
sofreu grave injustiça);
12. A vingança e a necessidade de corrigir a injustiça
(convicção de que a injustiça infligida ao próprio grupo é
tão extensa que merece reparação e uma vingança
igualmente extensa e destrutiva); 13. O sentimento de
que seu grupo é especial (avaliação acrítica e idealização do
grupo ao qual pertence); 14. Propensão para agir em vez
de pensar e deliberar (forte preferência por ação em vez de
deliberação, planejamento e consideração ponderada);
15. Hostilidade contra pessoas moderadas e meios
moderados (percepção daqueles que defendem meios
moderados e pacíficos para alcançar objetivos políticos -
Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98
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90 L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population

parlamentares – como inimigos e traidores merecedores

Análises estatísticas/psicométricas
de retaliação); 16. Cinismo sobre a ética tradicional
(respeito pela moralidade tradicional interpretada como Nesta seção, descrevemos as etapas usadas para o
racionalização da covardia, disposição para aceitar a desenvolvimento da escala. O objetivo dessas análises era
injustiça e disposição para se submeter a autoridades examinar as relações entre os itens e reduzir o conjunto total
políticas manipuladoras); 17. Incapacidade de descentrar de 121 itens a um conjunto menor que capturasse a quantidade
(dificuldade de se colocar no lugar do outro , ou seja, de se máxima de variância comum. As análises descritas abaixo
colocar na perspectiva de outro grupo ); 18. Desvalorização foram realizadas no conjunto de dados sérvios, americanos e
do inimigo (depreciando os inimigos como criaturas bestiais, australianos combinados envolvendo 452 participantes. As
perigosas e malignas); 19. Quiliasmo (milenarismo) (crença etapas foram as seguintes:
na possibilidade de criar utopia ou paraíso neste mundo ou na uma. Realizamos análises fatoriais exploratórias de máxima
vida após a morte); 20. Eliminação das diferenças entre verossimilhança no nível de 121 itens. Vinte e dois
inimigos (tendência de minimizar diferenças entre inimigos, autovalores foram maiores que 1 e o teste scree sugeriu 13 fatores.
ou seja, entre soldados e civis, políticos e cidadãos comuns, Comunalidades com base na solução de 13 fatores foram
adultos e crianças, homens e mulheres). examinadas e dois critérios foram usados para eliminar
itens das análises subsequentes: (1) variáveis com baixas
comunalidades; (2) variáveis que definiram fatores singleto
ou dupleto nas soluções rotacionadas. Esse processo
Várias declarações adequadas para uso com a escala Likert
deixou 51 itens no pool de itens. O procedimento foi
foram geradas para capturar cada tema. Um total de 121 itens repetido várias vezes para produzir um pool final de 36
foi produzido usando essa abordagem (consulte a Tabela 1 itens.
para exemplos de itens). Cada afirmação foi acompanhada por b. Realizamos análises fatoriais exploratórias em parcelas de
cinco alternativas: 1 = Discordo totalmente e totalmente; 2 = itens definidos pelos 20 temas. Isso produziu uma solução
Discordo moderadamente ou quase; 3 = Nem concorda nem de três fatores interpretável.
discorda; 4 = Concordo moderadamente ou totalmente; 5 = Concordo totalmente
c. Em seguida,e usamos
totalmente.
soluções de itens e parcelas para
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selecionar oito itens com as cargas mais altas em cada um
dos três fatores e formar uma escala MEM de 24 itens.
A matriz de padrão de fator rotacionado PROMAX com
participantes base na extração de máxima verossimilhança, juntamente
com as médias e desvios padrão para os 24 selecionados
Os participantes (N = 452) vieram de três países: Sérvia (N = itens, é apresentado na Tabela 1.
297), Austrália (N = 52) e Estados Unidos (N = 103).
A pesquisa foi traduzida e retrotraduzida para o idioma sérvio Nas seções a seguir, comparamos o padrão de cargas relatado
antes de ser usada naquele país. A composição das três na Tabela 1 com os achados publicados em Stankov, Higgins
amostras diferiu em relação ao gênero, com 42% de mulheres et al. (2010) e Stankov, Saucier, et al. (2010). Os fatores na
na amostra sérvia e 58% nas amostras australiana e americana. Tabela 1 são rotulados Proviolence, Vile world e Utopianism.
As amostras também diferiam em idade e, conseqüentemente, Desenvolvemos essa interpretação a seguir.
em sua formação educacional. A amostra sérvia consistia em
alunos do último ano do ensino médio. A média de idade foi
de 17,68 anos (DP = 0,58). A amostra australiana consistia em
candidatos a empregos iniciantes que haviam concluído o
ensino médio e estavam procurando emprego. A idade média
desta amostra foi de 18,53 anos (DP = 0,72). A amostra dos Interpretação mais ampla do
EUA consistiu de estudantes da Universidade de Oregon cuja Ingredientes do Militant
idade média foi de 20,19 anos (DP = 3,57). Stankov, Higgins, e
Mentalidade Extremista
outros. (2010) relataram diferenças significativas entre as três
amostras, com os sérvios tendo as pontuações mais altas nos
maldade
fatores Oeste (ou Rancor) e Deus (ou Desculpa) e os
australianos tendo as pontuações mais altas nos processos Em Stankov, Higgins, et al. (2010), a maldade é capturada pelo
de ingredientes de Guerra (ou Sordidez) do MEM. Podemos fator denominado “Guerra: justificação de atos violentos”. Os
acrescentar que o controle por idade reduziu, mas não eliminou oito itens que definem esse fator contêm palavras relacionadas
essas diferenças entre os países. à violência, como guerra ou luta armada, terror e matança. Os
participantes foram solicitados a indicar até que ponto

Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98 Editora Hogrefe 2018

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L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population 91

Tabela 1. Estatísticas de itens e matriz de padrão de fator (verossimilhança máxima seguida de rotação PROMAX) de 24 declarações medindo maldade (violência pró),
rancor (mundo vil) e desculpa (utopismo) com base em N = 458

Pró Tal
M SD violência utopismo mundial

1. Os filhos de nosso inimigo são como escorpiões; eles precisam ser esmagados antes de crescerem 1,87 1.23 0,760

pra cima.*

2. Se a violência não resolve os problemas, é porque ela não foi suficiente.* 1,99 1.20 0,758

3. Compromisso é apenas outra palavra para covardia. 2.17 1.20 0,677

4. Nossos sofrimentos imensuráveis exigem uma vingança impiedosa. 2.36 1.23 .630

5. Francamente, sinto vontade de cortar a cabeça daqueles que discordam de mim em 1,93 1.26 .620
assuntos importantes.
6. Aqueles que defendem a mudança pacífica são os piores inimigos da mudança social.* 7. 2.62 1.26 .614

Nenhum sacrifício de vidas humanas é demais se puder levar a uma vida melhor e mais justa. 2.48 1.24 .546

8. Todos os nossos inimigos devem ser tratados da mesma forma, sejam homens ou mulheres, 2.47 1.31 .510
crianças ou adultos, armados ou desarmados.
9. A sociedade atual sofre de uma crise de valores, ganância e corrupção. 3,85 1.04 .438 0,837

10. É difícil se comportar de maneira relaxada e despreocupada neste ambiente sem alma e competitivo. 3.20 1.33 0,684
mundo.
11. O mal reencarnou no culto dos mercados e no domínio das multinacionais 3.05 1.13 0,682

empresas.*
12. Nosso povo está em perigo, todos estão tentando nos dividir e nos machucar. 3.09 1.39 .632

13. Aqueles que falam sobre liberdade e democracia estão realmente defendendo a promiscuidade 2,94 1.24 .616
e pecado.
14. Na realidade, a liberdade política é simplesmente um convite para provocar o caos e a 2,93 1.21 0,581
distúrbios.
15. A maioria das pessoas são como animais: sua única preocupação é satisfazer suas barrigas e suas 3,50 1.31 .576
luxúria.

16. Contos de fadas sobre princípios morais são usados pelos poderosos para tiranizar os fracos 3.07 1.18 .514
e impotente.
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17. Um dia todas as pessoas neste mundo estarão unidas na verdade. 2,89 1.12 0,742

18. Acredito que um novo tipo de ser humano, livre de ganância e egoísmo, será criado 2.73 1.27 0,681

um dia.
19. Um dia, um mundo justo, livre de exploração e ditadura, será criado. 2.69 1.18 .676

20. Existe um grupo de pessoas cujas ideias intransigentes e ações corajosas tornam minha vida 3.08 1.15 .463
significativa e digna de ser vivida.
21. Admiro aqueles que sacrificam suas vidas pela luta pela verdade e pela justiça. 3.49 1.21 .453

22. O vínculo inquebrável entre os membros do meu grupo é selado pelo nobre 2,90 1.01 .449
objetivos que estamos tentando alcançar.
23. Meu povo está destinado a realizar coisas importantes. 3.05 1.05 .421

24. A verdadeira vida começa depois da vida da pessoa na terra. 2.71 1.25 .420

Intercorrelações de fatores

Componente 1 23

1 1.000

2 0,371 1.000

3 0,236 0,023 1.000

Notas. Uma escala Likert de 5 pontos foi usada para avaliar concordância forte (5) e discordância forte (1) com as afirmações. Os asteriscos indicam itens que
também foram usados em Stankov, Saucier et al. (2010) estudo.

com as quais concordavam ou discordavam de afirmações
como “Matar é justificado quando é um ato de vingança”;
“Devemos responder ao terror com terror, se os inimigos
matam nossos filhos, devemos matar os deles”; “A luta armada
é a única forma de a juventude se redimir”; e “A guerra é o
princípio da salvação”. Três das oito afirmações em Stankov,
Saucier, et al. (2010) 1 que carrega no
Os fatores “pró-violência” são idênticos aos usados em Stankov,
Higgins et al. (2010) que carregam no fator “Guerra” . As outras
falas foram “Se a violência não resolve os problemas é porque
não deu ”; “A única maneira de ensinar uma lição aos nossos
inimigos é ameaçar suas vidas e fazê-los sofrer”; “Os filhos de
nosso inimigo são como escorpiões e precisam ser esmagados
antes de crescerem.

1
Este estudo foi baseado nos itens derivados de todas as três abordagens para o design do item.

Editora Hogrefe 2018 Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98

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92 L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population
pra cima"; e “Aqueles que afirmam ser contra o uso de
qualquer forma de força estão a caminho de se tornarem escravos”.
Em relação aos presentes achados, na Tabela 1, o primeiro
fator também é rotulado como “Pró-violência” e também
possui três itens (aqueles marcados com asteriscos) que
estavam presentes em Stankov, Saucier, et al. (2010). Os
outros cinco itens incluem apelos por: vingança impiedosa,
tratos violentos com aqueles que discordam de suas
opiniões, sacrifício por uma vida melhor e mais justa,
tratamento igualitário para todos os inimigos,
independentemente de sexo ou idade, e a alegação de que o
compromisso é equivalente a covardia. Os temas que
caracterizam esse fator foram: desvalorização do inimigo
(por exemplo, “Os filhos de nosso inimigo são como
escorpiões; eles precisam ser esmagados antes de
crescerem ”), hostilidade contra pessoas moderadas e meios
moderados (por exemplo, “Se a violência não resolver
problemas, é porque não havia o suficiente ”), intolerância a
opiniões divergentes ( ex . sacrifício de vidas humanas é
demais se puder levar a uma vida melhor e mais justa”),
Vingança e necessidade de corrigir injustiças (ex.: “Nossos
sofrimentos imensuráveis exigem uma vingança impiedosa”),
e Eliminação das diferenças entre inimigos (por exemplo,
“Todos os nossos inimigos devem ser tratados da mesma
forma, sejam eles homens ou mulheres, crianças ou adultos, armados
Os fatores “Guerra” e “Pró-violência” identificados em
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nossos estudos são conceitualmente idênticos no sentido
mencionado acima – ou seja, ambos indicam a aceitação,
necessidade, justificativa e até defesa da violência no trato
com os inimigos. Acreditamos que a alta reputação nesse
fator não se restringe àqueles propensos a cometer atos
terroristas. A subpopulação de criminosos também tem uma
posição elevada neste fator (Meÿedoviÿ & Kneževiÿ, 2018).
Em geral, as pessoas não endossam declarações que
capturam maldade. Isso fica evidente pelas médias
apresentadas na primeira coluna da Tabela 1. As médias
para os 8 primeiros itens da Tabela 1 estão em torno de 2,
indicando uma tendência a discordar na média.
Rancor
Os fatores de rancor diferem em especificidade. Em Stankov,
Higgins, et al. (2010), esse fator é um tanto restrito e é
rotulado como “Ocidente: pecados das nações ocidentais”.
Todos os itens com cargas salientes neste fator mencionam
o Ocidente. Dois temas percorrem esses itens. Primeiro, o
Ocidente é visto como um agressor que cometeu violência
contra outros países do mundo, o que implica que a vingança
contra o Ocidente é aceitável. Assim, afirma-se que: os
países ocidentais vieram com suas frotas e cães raivosos e
se estabeleceram nas terras de outras pessoas; o Ocidente continua
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manter o mundo islâmico sob seu controle para que possa
extrair suas riquezas e recursos e mantê-lo como um
mercado para produtos de consumo; o terrorismo na forma
de tortura e execução sem julgamento é praticado diariamente
por muitos países ocidentais; e o Ocidente usa ciência e
tecnologia avançadas não para o bem-estar da humanidade,
mas para desenvolver armas com a capacidade de destruir
a Terra dez vezes mais. Em segundo lugar, o Ocidente é
visto como moralmente podre e os itens podem ser
interpretados como tentativas de demonizar o inimigo. As
declarações incluem alegações de que: o Ocidente está
degradado pela ausência de valores dignos, sua epidemia
de AIDS e seu vício em álcool e drogas; a salvação do
Ocidente só virá quando ele se retirar da terra alheia e deixar
de apoiar líderes corruptos; Os líderes ocidentais forçaram
seu povo a acreditar que o Islã é o câncer do mundo que
deve ser eliminado e, portanto, o Ocidente tem um ódio
indescritível pelo Islã.
Em Stankov, Saucier, et al. (2010) este fator Rancor não
se limita ao Ocidente; antes, reflete a insatisfação geral com
as condições do mundo de hoje. É rotulado como "Mundo
Vil". Esse fator tem cargas de seis afirmações, todas
indicando que há algo seriamente errado com o mundo em
que vivemos. A carga mais alta vem da afirmação de que o
mundo ouatual
desarmados”).
é vil e miserável.
Outras declarações afirmam que: O mundo caminha para a
destruição e a raça humana enfrenta uma calamidade; os
governos modernos ultrapassaram os limites morais e não
têm mais o direito de governar; o mal reencarnou no culto
dos mercados e no domínio das empresas multinacionais; e
nosso povo está em perigo, pois todos estão tentando nos
dividir e nos machucar.
Em relação aos presentes achados, o segundo fator da
Tabela 1 também é denominado “Mundo Vil” e um de seus
itens (Item 11) também está presente em Stankov, Saucier, et al. (2010).
Na Tabela 1, porém, a vileza do mundo está relacionada a
aspectos da natureza humana, não a alguma característica
geral do mundo em que vivemos. Assim, o mundo é vil por
causa da competitividade, crise de valores, ganância e
corrupção; porque outros estão tentando dividir e ferir nosso
povo; e porque as pessoas se comportam como animais no
sentido de serem egoístas e lascivas. Há também outro
conjunto de razões que surgem das preocupações sobre os
motivos dos que estão no poder. São as afirmações de que
os poderosos inventam princípios morais para tiranizar a
população, e que promover a liberdade política é o mesmo
que defender a promiscuidade e o pecado e representa um
convite para causar o caos na sociedade.
Conceitualmente, os fatores “Ocidente” e os dois “Mundo
Vil” não são tão próximos quanto os dois fatores de “Sorteza”.
Embora todos os itens reflitam um “Rancor”, o “Ocidente” é
estreito e específico ao atribuir a culpa, enquanto os fatores
do “Mundo
Vil” são mais gerais. O fator identificado aqui
agressivamente
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e em Stankov, Saucier, et al. (2010) reflete um olhar sombrio sobre
o futuro da humanidade. Os temas representativos do fator foram:
Puritanismo (ex: “A maioria das pessoas são como animais: sua
única preocupação é satisfazer seus estômagos e sua luxúria”),
Sentimentos de anomia (ex: “A sociedade atual sofre uma crise de
valores, ganância e corrupção”), Anticapitalismo, antimodernismo,
antidemocratismo (por exemplo, “O mal foi reencarnado no culto
dos mercados e no domínio das empresas multinacionais”) e
Cinismo em relação à ética tradicional (“Contos de fadas sobre
princípios morais são usados pelos poderosos tiranizar os fracos
e impotentes”). Novamente, uma característica comum de todos os
três fatores identificados em nossos estudos é um ressentimento
que pode motivar algumas pessoas a agir.
Embora no momento não tenhamos dados de apoio
suficientemente fortes, conjecturamos que as correlações de West
com construtos relacionados podem variar de país para país. Por
exemplo, enquanto West (Rancor) pode se correlacionar
negativamente com as escalas War (Nastiness) e God (Desculpe)
nos EUA, sua correlação com essas duas escalas pode ser positiva
em alguns outros, digamos, países não ocidentais. O(s) fator(es)
do Mundo Vil (Rancor) provavelmente será(ão) o(s) mesmo(s) em
todos os países. Consistente com os resultados de nossos outros
estudos, as médias dos itens Rancor estão em torno de 3 em uma
escala Likert de 5 pontos. Para os oito itens da Tabela 1, a média é
3,20 – ou seja, próxima do ponto neutro.
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Desculpa
O fator Desculpa também assume diferentes formas em nossos estudos.invoquem diferentes fontes de autoridade moral – como Deus ou
Todas as suas formas representam justificativas nas próprias
mentes das pessoas para as coisas nojentas e violentas que elas tendempermeia todas essas fontes é uma justificativa ou desculpa para
Os itens classificados sob a rubrica Desculpa trazem à tona
princípios morais superiores e, portanto, implicam em nobres
motivações por trás de tais atos. Em Stankov, Higgins, et al. (2010),
o fator Desculpa é rotulado como “Deus: em nome de Deus”. Os
exemplos são declarações de que: alguém deseja ir para a guerra
por causa de Deus; somente o próprio Deus é o verdadeiro Deus;
deve-se entrar no campo de batalha sem medo, depositando total
confiança em Deus; os que crêem lutam pela causa de Deus, e os
que rejeitam a fé lutam pela causa do mal; nossas mulheres devem
encorajar seus irmãos a lutar pela causa justa estabelecida por
Deus; meu povo está ciente de nosso compromisso com Deus e
pode confiar em mim e em meus irmãos para guiá-los no caminho
certo; e, o dever mais premente além da fé em Deus é repelir o
inimigo agressor.
Em Stankov, Saucier, et al. (2010), o fator é denominado “Poder
Divino”. Os itens que carregam esse fator incluem afirmações de
que: aqueles que obedecem ao céu receberão belas recompensas;
todo sofrimento nesta vida é pequeno em comparação com os
prazeres eternos que alguém receberá após a morte; o martírio é
um ato de um verdadeiro crente na causa, não um ato de terrorismo;
apenas um idiota entraria em uma situação desafiadora esperando
ajuda de um poder divino (reverso
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93
codificado); e, em um momento crítico, um poder divino intervirá
para ajudar nosso povo.
Em relação aos presentes achados, na Tabela 1 , o terceiro fator
é denominado “utopismo”. Três dos oito itens refletem a crença de
que uma vida melhor será criada no futuro, quando as pessoas
estiverem unidas na verdade e haverá um novo tipo de ser humano,
livre de ganância e egoísmo, para que um mundo justo e sem
exploração tornar-se uma realidade.
Além disso, há uma crença de que a vida real começa após a morte
e uma valorização de atos de sacrifício em uma batalha intransigente
pela verdade e justiça. Por fim, acredita-se em um forte vínculo
entre os membros do próprio grupo, destinado a realizar coisas
importantes. Como esse fator não se restringe à religiosidade, o
utopismo pode acomodar grupos MEM de orientação ateia.
Os temas dominantes aqui foram: Quiliasmo (por exemplo, “eu
acredito que um novo tipo de humano, livre de ganância e egoísmo,
será criado um dia”); o sentimento de que o grupo é especial (por
exemplo, “Existe um grupo de pessoas cujas ideias intransigentes
e ações corajosas tornam minha própria vida significativa e digna
de ser vivida”); e prontidão para o auto-sacrifício (por exemplo:
“Tenho pavor daqueles que sacrificam suas vidas pela luta pela
verdade e pela justiça”). O tema crença na vida e recompensa após
a morte, que foi representado pelo item “A vida real começa após a
vida na terra”, apresenta a menor carga desse fator na Tabela 1.
Os três fatores de desculpa são conceitualmente diferentes,
mais do que os fatores de maldade e rancor. No entanto, embora
algum tipo de poder divino ou ideais utópicos – o fio comum que
a tolerar.
ações drásticas. Isso não significa que a origem dessa característica
mental esteja na necessidade de justificar ações moralmente
questionáveis, mas parece que a reivindicação de princípios morais
mais elevados que derivam do poder espiritual ou de um objetivo
idealista de criar um mundo melhor tem o potencial de fazer ações
pró-violência parecerem mais aceitáveis. De qualquer forma, a
riqueza de evidências empíricas que analisamos sugere que a
atração por projetos utópicos baseados em idealizações excessivas
constitui um dos ingredientes centrais da mentalidade militante
extremista.
Novamente, de acordo com os resultados de nossos outros
estudos, as médias aritméticas dos itens do Rancor estão em torno
de 3 em uma escala Likert de 5 pontos. Para os oito itens da Tabela
1, a média de idade é de 2,93 – ou seja, próximo ao ponto neutro da escala.
Correlatos do MEM: evidências
de validade e o que há de novo?
Uma questão importante em estudos multivariados de diferenças
individuais é a validade convergente e discriminante de uma
Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98
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94 L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population
nova medida. As escalas MEM têm correlações significativas
com medidas conceitualmente relacionadas? Eles medem
constructos já bem estabelecidos na psicologia? Essa rede
nomológica de construtos relacionados inclui variáveis
demográficas. No presente estudo não relatamos as
correlações com variáveis que possam estar relacionadas
aos três fatores do MEM, mas esse tipo de evidência foi
fornecida em estudos publicados anteriormente. Stankov,
Saucier, e outros. (2010) relataram que não houve diferenças
de gênero no fator Rancor (Mundo Vil), mas que os homens
endossaram itens de Negritude (Pró-violência) mais fortemente
do que as mulheres, enquanto o oposto foi verdadeiro para o
fator Desculpa (Poder Divino). Isso, é claro, está de acordo
com as expectativas.
Stankov, Saucier, e outros. (2010) também relataram
correlações entre os processos de ingredientes do MEM e
uma série de outras escalas, incluindo medidas de
personalidade, atitudes sociais, valores e normas sociais. O
principal resultado foi que a escala Desculpa (Poder Divino)
se correlaciona altamente (0,75) com medidas de religiosidade.
Embora não tenhamos evidências empíricas para isso no
momento, esperamos que os componentes “Deus” e
“utopismo” de Excuse mostrem correlações de tamanho
semelhantes. Meÿedoviÿ e Petroviÿ (2016) relataram que uma
medida de conservadorismo teve correlação significativa com a medida de Poder
As outras duas escalas de MEM também têm correlações
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significativas significativas com construtos relacionados. Em
particular, Meÿedoviÿ e Petroviÿ (2016) relataram que as
medidas do Ethos do Conflito desenvolvidas por Bar-Tal,
Sharvit, Halperin e Zafran (2012) tiveram correlações
significativas com as medidas do Mundo Vil e Pró-violência. o ethos
de Conflito é avaliado com oito subescalas. Um exemplo da
versão sérvia da subescala “Vitimização” do Ethos do Conflito
diz: “Durante o conflito entre sérvios e albaneses em Kosovo,
os sérvios eram geralmente vítimas da agressão albanesa.”
Um estudo recente de Meÿedoviÿ e Kneževiÿ (2018) descobriu
que o fator de violência profissional estava relacionado ao
sadismo e à psicopatia.
Eles também relataram que a psicopatia estava relacionada
ao Mundo Vil/Rancor, enquanto a desintegração/esquizotipia
estava relacionada tanto ao Mundo Vil/Rancor quanto ao
Utopismo/Poder Divino.
Deve-se notar que as medidas MEM têm correlações
significativas com alguns dos construtos psicológicos bem
estabelecidos, mas essas correlações não são altas o
suficiente para sugerir uma sobreposição que questionaria a
singularidade do MEM. Assim, em alguns de nossos trabalhos,
o fator Negritude (Pró-violência) tem a correlação mais alta
(0,45) com o betaísmo de Saucier (2000) (interesse próprio
absoluto e rejeição do politicamente correto), enquanto o fator
2
Índice anterior do estado falido, veja http://www.fundforpeace.org
Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98
A escala de rancor (mundo vil) tem as correlações mais altas
com medidas de desintegração/esquizotipia (0,32) e cinismo
social (0,30).
Uma questão relacionada é a sobreposição entre as três
escalas do MEM. Como pode ser visto na Tabela 1, as
correlações variam entre 0,02 e 0,37, indicando uma pequena
quantidade de sobreposição. Um fator MEM geral, se existir,
provavelmente será fraco. Assim, a expressão do MEM pode
depender de classificações elevadas em todos os três fatores.
É evidente que, entre os três processos de ingredientes
do MEM, o fator Rancor (mundo ocidental ou vil) é o menos
semelhante ao que outros instrumentos psicológicos bem
estabelecidos capturam. Isso é compreensível – os psicólogos
estão tentando identificar os processos (características)
subjacentes ao comportamento, enquanto o Rancor parece
ser mais específico do tempo e da situação. Acreditamos que
o rancor é importante, no entanto, porque fornece motivação
para manter pontos de vista militantes. O rancor também é
importante porque pode estar aberto à intervenção social em
maior medida do que a maldade ou a desculpa. Essa crença é baseada na
evidência de que Grudge é mais responsivo a circunstâncias
macrossociais do que os outros dois. Especificamente,
Stankov, Saucier, et al. (2010) mostraram que o Rancor
(Mundo Vil) é o único fator que tem correlação com o Índice
de Estado Divino
Frágil2 do MEM.
(ambos medidos objetivamente e percebidos
pelos respondentes). Por estar ligado a essas características
macrossociais flutuantes, há maior probabilidade de que o
Rancor, ao contrário dos outros dois fatores, possa ser
influenciado por mudanças nessas características.
Obviamente, evidências experimentais mais diretas são
necessárias para substanciar essa afirmação.
Uma questão adicional precisa ser abordada aqui.
Os fatores MEM indicam apenas aceitação ou crença de que
a violência é justificada (para vingança ou para derrotar um
inimigo) ou implicam envolvimento real nesse tipo de
comportamento violento? A nosso ver, os fatores MEM
refletem não apenas disposições atitudinais, mas também
tendências comportamentais. Esta afirmação é baseada em
meta-análises relatadas por Kraus (1995) e Glasman e
Albarracín (2006) mostrando que medidas de atitudes/valores
predizem critérios comportamentais não pior do que escalas
de personalidade que são conhecidas por avaliar tendências
comportamentais (Conelly & Ones, 2010). . Em sua meta-
análise, Kraus (1995), por exemplo, relatou uma correlação de
0,38 entre atitudes (disposições sem qualquer referência ao
comportamento) e comportamento futuro. Consistente com
esse entendimento, os resultados obtidos por Meÿedoviÿ e
Kneževiÿ (2018) mostraram que os criminosos condenados
tiveram pontuações significativamente mais altas no fator Pró-
violência/Sorteza do que os não criminosos, mas não tiveram pontuações
Editora Hogrefe 2018
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L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population
Qual versão da escala deve ser usada?
Desnecessário dizer que a resposta a essa pergunta depende
dos objetivos de cada um. Se o objetivo é ter uma medida
verdadeiramente confiável e válida dos três processos de
ingredientes, os itens de todas as três abordagens para o
desenvolvimento da escala – ou seja, os itens da Tabela 1 e de
Stankov, Higgins et al. (2010) e Stankov, Saucier, et al. (2010) –
pode ser utilizado em um único instrumento. Para avaliação do
fator Negritude, qualquer uma das escalas das três abordagens
pode ser empregada isoladamente. Para avaliar o fator rancor,
podem ser usadas as escalas West ou Vile World, dependendo
do foco da pesquisa. Da mesma forma, a medição do fator
Desculpa pode ser limitada à religiosidade, ao Poder Divino ou
ao Utopismo.
MEM e a Avaliação de Risco
por envolvimento em terrorismo
Vemos nossas escalas MEM como uma ferramenta possível
para avaliar aspectos de risco de envolvimento com terrorismo.
Borum (2011, 2014, 2015) forneceu uma taxonomia abrangente
de riscos e fatores de proteção e pode ser útil colocar os
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ingredientes do MEM dentro dessa estrutura. É importante ter
em mente, entretanto, que o ponto de partida para o presente
estudo – assim como a abordagem de Stankov, Higgins, et al.
(2010) e Stankov, Saucier, et al. (2010) – foram longas listas de
temas que foram utilizadas para gerar os itens iniciais.
O MEM é destilado dessas listas e pode ser interpretado como
representando o conjunto “central” de processos psicológicos
relacionados à radicalização.
Borum (2014) organizou seu modelo amplamente em termos
de três tópicos: Vulnerabilidades (percepção de injustiça/
humilhação, necessidade de identidade e necessidade de
pertencimento); Propensões (motivacional, atribucional,
atitudinal e volitiva); e Visão de Mundo (autoritarismo,
apocalipticismo, dogmatismo e fundamentalismo).
Vulnerabilidade: Rancor
As vulnerabilidades podem ser vistas como fatores que indicam
que algumas pessoas têm maior propensão para aumentar o
engajamento do que outras (Horgan, 2005). Em vez de serem
simples causas ligadas à psicopatologia, essas habilidades
vulneráveis podem ser alavancadas como possíveis fontes de
motivação ou como mecanismos para adquirir ou endurecer a
ideologia militante de alguém. Entre os três fatores MEM
identificados em nosso trabalho, apenas um – Rancor – capta o
Eles
componente de vulnerabilidade da percepção de injustiça/humilhação
mencionada acima.informações sobre as diferenças entre
Editora Hogrefe 2018
95
Propensão: pró-violência
Borum (2014) escolheu o termo propensão para se referir a
motivos, ou seja, necessidades, vontades, interesses e desejos
que direcionam as pessoas em uma determinada direção. Eles
são frequentemente classificados usando o esquema push-pull
– ou seja, em termos da estrutura de abordagem/evitação. O
fator MEM do presente estudo – Pró-violência – pertence à
categoria de propensões atitudinais mencionada acima.
Visão de mundo: utopismo e religiosidade
Visão de mundo refere-se ao(s) modo(s) em que damos sentido
e significado ao mundo e nossa experiência nele. O terceiro
fator MEM, utopismo, e seu complemento, religiosidade,
juntamente com os quatro componentes listados acima, captam
o significado de cosmovisão.
Stankov (2017) usou o termo Síndrome Conservadora para
descrever um conjunto de construtos psicológicos que, juntos,
caracterizam o conservadorismo social (em oposição ao fiscal).
Os componentes da Visão Mundial de autoritarismo,
apocalipticismo, dogmatismo, fundamentalismo, religiosidade
e utopia são partes da Síndrome Conservadora, implicando que
a visão geral da vida de um potencial terrorista hoje é
socialmente conservadora.
Obviamente, nossa noção de MEM pode se encaixar na
taxonomia de Borum (2014) . Nossa abordagem, no entanto,
concentrou-se na identificação de um pequeno número de
fatores psicológicos cruciais. Um artigo mais recente do mesmo
autor identifica oito possíveis “clusters” de risco e fatores de
proteção para o terrorismo. Nesta análise, Borum (2015) coloca
as descobertas do MEM de Stankov, Saucier et al. (2010) e as
descobertas de Saucier et al. (2009) no grupo denominado
“Crença/Ideologia”. Embora se presuma que os clusters
forneçam uma imagem mais individualizada e integrada dos
fatores de risco relacionados ao terrorismo, é crucial ter em
mente que, no atual estágio de desenvolvimento, as escalas
MEM não podem ser usadas para identificar indivíduos que
podem correr o risco de radicalização.
Finalidade: A Avaliação de
Radicalização no geral
População
Não obstante as questões de avaliação de risco mencionadas
acima, as medidas do MEM podem ser usadas de maneira
semelhante às pesquisas de opinião pública e podem fazer parte de tais pesqui
A pontuação alta em MEM pode ser interpretada como
significando apoio ao terrorismo, incluindo violência contra o
inimigo e apoio ao martírio e a medidas duras em geral.
podem fornecer
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96 L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population

subpopulações em um país e entre países. Eles também podem Outro ingrediente – provavelmente igualmente resistente –
ser empregados longitudinalmente como um meio de avaliar do MEM é o Excuse. Isso ocorre em parte porque seu principal
mudanças nos níveis de militância e, em particular, para componente, a Religiosidade, também é uma atitude social e,
fornecer informações sobre os efeitos de eventos políticos e portanto, difícil de modificar. Além disso, o MEM só seria
sociais inesperados, como ataques terroristas e militares ou, problemático entre um número muito pequeno de pessoas
de fato, convulsões sociais de qualquer tipo. com pontuação alta em Religiosidade (ou seja, uma taxa básica
Tais barômetros de pressão social são de particular baixa); não seria razoável investir esforços para modificar o
importância no atual estágio de ascendência do que Marc lado da desculpa do MEM, uma vez que a intervenção teria de
Sageman (2008; comunicação pessoal, 9 de novembro de 2009) ser administrada a muitos, mas os efeitos seriam esperados
chamou de “jihad sem líder”. O cenário para o surgimento apenas entre alguns. De qualquer forma, é improvável que os
dessa forma de violência terrorista é o seguinte. esforços para reduzir a religiosidade na população sejam considerados pos
Primeiro, há indignação moral em eventos locais ou Como apontado acima, o ingrediente Rancor é uma reação
internacionais e desilusão com a eficácia da contracultura de a uma ameaça percebida do lado de fora. Em Stankov, Saucier,
protesto existente. Isso é seguido pela formação de um et al. (2010), foi demonstrado que Mundo Vil/Rancor foi o único
pequeno núcleo ativo auto-selecionado que rejeita a fator que se correlacionou com o índice de Estados Frágeis3
contracultura de protesto existente e é capaz de dedicar tempo (tanto objetivamente quanto percebido pelos respondentes).
e energia para buscar o compromisso com a violência (por Enquanto o componente percebido do Rancor pode ser visto
exemplo, buscando grupos terroristas que possam fornecer como um aspecto interno do indivíduo, a ameaça externa é
treinamento). O grupo persevera apesar dos obstáculos e há algo potencialmente controlável. Isso é o que torna Grudge
uma escalada gradual de atividades suspeitas. Segundo especial. Parece ser apenas parcialmente um estado
Sageman, a jihad sem líder surge de baixo para cima, ou seja, psicológico interno da pessoa; a outra parte – a ameaça
não há recrutamento ativo por grupos terroristas organizados, externa que causa infelicidade ou medo – pode estar aberta à
e o terrorismo do “lobo solitário” predomina. As medidas do intervenção. Evidências empíricas em apoio a essa afirmação
MEM podem ajudar a medir o nível de radicalização da precisarão ser coletadas.
população em geral e, portanto, fornecer informações sobre a
probabilidade de aumento das atividades relacionadas a cada
Especulações sobre a política social
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uma dessas etapas. Borum (2011) também descreve vários

“caminhos” para a radicalização que foram propostos na literatura. Decisões que podem influenciar o rancor
Ingrediente do MEM
É nossa opinião que ambos os fatores de rancor que foram
Ingredientes de MEM e Possíveis identificados em nossos estudos – West and Vile World que é
Áreas de Intervenção devido à podridão moral ou melancolia geral – pode estar
aberto a mudanças por meio de campanhas de mídia e decisões políticas.
Que tipos de intervenção provavelmente serão eficazes para O papel da mídia na criação de vilões e mocinhos é bem
lidar com MEM excessivo? Em primeiro lugar, pode ser útil conhecido, e seria relativamente fácil tomar medidas para
especular sobre a provável maleabilidade dos três ingredientes reduzir a antipatia pelo Ocidente nas populações-alvo.
do MEM. Os dados empíricos, é claro, não estão disponíveis A mídia também pode ser usada para combater as visões e
no momento. percepções apocalípticas da podridão moral predominante. As
Como apontado anteriormente, a maldade é um fator de visões do mundo vil, no entanto, podem beirar o patológico, e
atitude social semelhante ao autoritarismo, dogmatismo e as intervenções clínicas também podem ser consideradas.
maquiavelismo, entre outros. Eles são todos negativos em Dada a estreita relação entre mídia e políticos, e o fato de que
valência e, de fato, de natureza antissocial. Bouchard, Segal, é mais fácil vender más notícias do que boas notícias,
Tellegen, McGue, Keyes e Krueger (2003) relatam que o percebemos que essa sugestão pode ser difícil de implementar.
2
conservadorismo político tem uma estimativa de herdabilidade No entanto, novos canais de comunicação que foram
bastante alta (h = 0,59), o que é consistente com as descobertas fornecidos pelos avanços da tecnologia e pela disseminação
sobre construtos relacionados na literatura. Por exemplo, em das mídias sociais prometem transmitir essa mensagem.
alguns de nossos trabalhos, as atitudes sociais estão alinhadas Embora sejamos um tanto céticos quanto à eficácia de
com as dimensões da personalidade (ver Stankov & Lee, 2008) intervenções voltadas para maldade e desculpa, pode ser útil
que são conhecidas por terem alta hereditariedade. A presença empregar meios de comunicação e educacionais para tentar
modificá-los
de um componente substancial de herdabilidade sugere que será difícil também.
modificar a maldade.

3
Consulte http://www.fundforpeace.org

Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98 Editora Hogrefe 2018

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L. Stankov et al., Militant Extremist Mindset and the Assessment of Radicalization in the General Population
Na democracia, é claro, a pessoa é livre para expressar
opiniões, por mais ultrajantes que sejam; são os atos de
violência que são puníveis por lei. Sageman defende o
combate ao que chama de “contracultura de protesto” – a
formação de grupos que rejeitam a sociedade e promovem o
ativismo político – que surge quando as pessoas fazem
transições por meio da migração ou estudam no exterior.
Esse contra-ataque pode ser feito de diversas formas,
inclusive envolvendo-se diretamente em discussões com
membros dos grupos de contracultura de protesto,
monitorando seu desenvolvimento e, eventualmente, usando
métodos policiais se a situação ficar muito tensa. Kruglanski
e Fishman (2006) vão um pouco mais longe, argumentando
que essa oposição precisa ser mapeada para as
especificidades culturais de determinados ativistas do
terrorismo. Por exemplo, extremistas islâmicos defenderam
a eficácia do terrorismo contra o Ocidente invocando a
derrota dos cruzados pelo guerreiro muçulmano Saladino; tais metáforas podem ter
de hoje, também
Em nossa opinião, entretanto, a forma mais eficaz de
reduzir o MEM continua sendo a ênfase nos valores de
diversidade e tolerância. Este princípio deveria ser básico em todos os países. aos revisores pelos comentários perspicazes
Conforme observado por B. Myors (comunicação pessoal,
26 de novembro de 2016) em seus comentários sobre uma
versão anterior deste artigo, o que é realmente necessário é
uma maior promoção e celebração dos benefícios da
modernidade e dos valores iluministas. É preciso enfatizar
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que, como resultado do mundo moderno, menos pessoas
morreram de fome, mais doenças foram curadas e os
padrões de vida e a expectativa de vida aumentaram para
mais pessoas do que de outra forma. Ao mesmo tempo,
precisamos fazer todo o possível para acabar com os crimes
de atrocidade em massa e crimes contra a humanidade de uma vez por todas (Evans, 2008).
Conclusão
As evidências de duas pesquisas e três abordagens para o
desenvolvimento de itens identificam três processos de
ingredientes principais da mentalidade militante extremista:
maldade, rancor e desculpa. Embora Desculpa esteja
relacionado a construções psicológicas existentes de
religiosidade, Negritude e Rancor, em particular, são novos
e não podem ser reduzidos ao que já é conhecido. Eles, no
entanto, têm correlações significativas com construções conceitualmente
As escalas que emergiram de nossas pesquisas podem
ser usadas para detectar a extensão da radicalização na
população em geral, mudanças ao longo do tempo e
mudanças resultantes de distúrbios sociais. Não prevemos
seu uso para fins de criação de perfis psicológicos.
Acreditamos que, entre os três processos ingredientes, o
mais passível de intervenção é a componente Rancor, em
particular a “Ocidente”. A intervenção pode levar a
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forma de decisões políticas que garantiriam a participação
dos imigrantes no processo político do país adotado e seu
tratamento justo por lei. Também importante seria o uso da
mídia para remediar imagens altamente negativas do inimigo
percebido. A intervenção também pode envolver várias
formas de engajar grupos de contracultura de protesto,
ouvindo e debatendo suas preocupações. Esforço deve ser
feito para se afastar de explicações simplistas e banais e
atribuições causais para condições sociais/econômicas
difíceis e injustas. Acima de tudo, a intervenção deve
enfatizar os valores da diversidade e da tolerância.
As próximas etapas deste trabalho envolverão validação
adicional de nossas escalas com pessoas detidas devido ao
seu envolvimento em atividades terroristas, comparações
entre uma gama mais ampla de países e regiões do mundo e
avaliação da sensibilidade das escalas a futuros distúrbios
sociais. Dada a natureza evolutiva do terrorismo no mundo
pouco significado
é provável que novaspara grupos
escalas nãonecessárias
sejam islâmicos (por
paraexemp
capt
Agradecimentos
Agradecemos
sobre uma versão anterior deste artigo.
Referências
Bar-Tal, D., Sharvit, K., Halperin, E., & Zafran, A. (2012). Ethos do
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Journal of Individual Differences (2018), 39(2), 88–98 Editora Hogrefe 2018