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EMPREENDEDORISMO

Prof. Marcos Ruiz da Silva


AULA 2
Aluno: Rogerio Avila Lopes
Email: rogerio13alopes@gmail.com
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Aluno: Rogerio Avila Lopes

CONVERSA INICIAL

Você aprendeu anteriormente um pouco mais sobre elementos que


compõem a economia do esporte e da atividade física, desde os segmentos da
indústria do esporte, as atividades econômicas do esporte no Brasil, os produtos
esportivos, os negócios e oportunidades e o mercado de trabalho para o
profissional de Educação Física. Na abordagem desses tópicos, vimos algumas
informações básicas que permitem compreender o mercado do esporte em que
os profissionais de Educação Física poderão empreender. Mas o que é
empreendedorismo? O que significa empreender? Que outros conhecimentos
fundamentam essa ação? As respostas serão abordadas nesta aula.

TEMA 1 – CONCEITOS DE EMPREEDEDORISMO

Falar de empreendedorismo é considerar, essencialmente, a criação de


um novo negócio. Embora o termo tenha sido utilizado para outras finalidades
em séculos passados, desde a revolução industrial empreendedorismo está
relacionado à criação de organizações. Esta criação se dá por iniciativa de uma
ou mais pessoas, que são chamadas de empreendedoras.
Dessa forma, o empreendedorismo surge a partir de uma nova ideia
empreendedora, iniciada pela atenção aos problemas, que se formata em
propostas de solução. A visualização de uma solução a partir da criação de um
novo negócio inicia o processo do empreendedorismo. Essa visualização
demanda imaginação e criatividade por parte dos empreendedores, porque
significa não se conformar com a realidade como ela é, buscando modificá-la
(Rocha et al., 2016; Filion, 2000). Tomemos como exemplo a proposta do
“Goleiro de Aluguel”, apresentada anteriormente. O empreendedor identificou
um problema (a dificuldade de encontrar jogadores para a posição de goleiro nas
partidas informais de futebol) e visualizou uma solução (a criação de um serviço
online para conectar goleiros e demais jogadores).
Como não basta ter uma grande ideia, o passo seguinte é implementá-la.
Assim, há a necessidade de identificar de que forma a solução proposta, em
forma de um novo negócio, pode ser implementada. Neste aspecto, os
empreendedores consideram quais são as características que a empresa
precisa ter para oferecer os produtos e serviços que atuarão na solução dos
problemas identificados (Rocha et al., 2016). O “Goleiro de Aluguel” utilizou como

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estratégia o cadastramento de goleiros interessados através da internet, em uma


plataforma que possibilita o contato entre os jogadores. Nessa implementação,
o empreendimento precisa construir o produto em si (a plataforma online), bem
como colocar em prática uma série de ferramentas de gestão e marketing
(promoção, publicidade, gestão de pessoas, gestão financeira e contábil etc.),
para que possa transformar a ideia em realidade.
Em toda situação, criar um novo negócio significa assumir riscos: há a
dedicação de tempo, de recursos financeiros e de expectativas pessoais e
profissionais sobre algo que não se sabe ao certo se será bem-sucedido. Assim,
a disposição para assumir riscos é uma característica comum entre os
empreendedores (Rocha et al., 2016). O “Goleiro de Aluguel” poderia ser apenas
uma boa ideia que não deu certo se a plataforma não tivesse um funcionamento
adequado, se os goleiros não se inscrevessem ou se os jogadores não
conseguissem se conectar com os goleiros em sua região, por exemplo.
A partir das características apresentadas, você deve ter percebido como
a personalidade dos empreendedores é relevante, ao mesmo tempo em que a
criação de um novo negócio pode impactar na solução de problemas. Por essas
razões, o empreendedorismo pode ser analisado em duas grandes vertentes: 1.
relacionado à economia, quando se considera os aspectos relacionados a
inovação, criação de negócios e um novo fluxo financeiro gerado; e 2.
relacionado à psicologia, em que se busca compreender as atitudes e iniciativas
dos empreendedores (Rocha et al., 2016). Ambas as vertentes são relevantes,
porque não podemos separar o negócio da pessoa que o criou. Para fins de
apresentação do conteúdo, nesta aula, daremos sequência à abordagem do
empreendedorismo priorizando a sua compreensão enquanto negócio e
inovação. Veremos com mais detalhes as características do empreendedor
posteriormente.

TEMA 2 – TIPOS DE ATIVIDADE EMPREENDEDORA

No contexto da sociedade atual, alguns grupos entendem que o


empreendedorismo surge a partir de duas motivações principais: uma delas é a
necessidade e a outra é a oportunidade. O empreendedorismo motivado pela
necessidade está relacionado à necessidade de sobrevivência. Incorpora os
casos de empresas criadas a partir da dificuldade do seu empreendedor
(criador), como desemprego, empregos insatisfatórios e/ou que precisam da
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geração de uma nova renda, e que veem essa possibilidade através da criação
do próprio negócio. Já o empreendedorismo motivado pela oportunidade se
refere à identificação da lacuna de mercado. Profissionais poderiam estar
inseridos no mercado como trabalhadores em outras empresas; identificam uma
nova oportunidade de negócio e se transformam em empreendedores. Ou,
ainda, consideram o trabalho autônomo como primeira opção quando ingressam
no mercado de trabalho (Vale; Corrêa; Reis, 2014). A partir dessas duas razões,
é possível classificar os empreendedores em nove perfis.

Quadro 1 – Os nove perfis de empreendedores, suas características e relação


com a motivação por necessidade ou oportunidade

NECESSIDADE/
PERFIL CARACTERÍSTICA
OPORTUNIDADE
Informal Busca ganhar dinheiro para o imediato Necessidade

Cooperado Sua produção é agregada à de outros trabalhadores Necessidade

Individual Formalizado, mas sem perspectiva de crescimento Necessidade

Franqueado Comanda um negócio criado por outra pessoa Necessidade

Social Busca resolver problemas, gerar emprego e renda Necessidade

Corporativo Cria novos projetos na empresa em que já trabalha Oportunidade


Cria novos projetos na repartição pública na qual
Público Oportunidade
atua
Utiliza experiência e domínio na área para ganhar
Conhecimento Oportunidade
dinheiro
Procuram satisfação pessoal e pensam em grande
Negócio próprio Oportunidade
crescimento
Fonte: Elaborado com base em Zuini, 2014.

Há um grande debate entre pesquisadores da área se essas duas


motivações (oportunidade e necessidade) são centrais para compreender o
empreendedorismo. Apesar do seu uso e sua importância, estudos mais
recentes têm demonstrado que os empreendedores apresentam outras
motivações que vão além dessa dicotomia. Vale, Corrêa e Reis (2014) listaram
quinze motivos que induziram empreendedores à criação de seus negócios, de
acordo com a literatura e com o estudo que realizaram.

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Quadro 2 – Quinze motivos que induzem empreendedores à criação dos seus


negócios

1. Desejo de ter próprio negócio/tornar-se independente


2. Identificação de uma oportunidade de negócio
3. Aumento da renda
4. Facilidade ou possibilidade de usar os conhecimentos/ relacionamentos e contatos na área
5. Presença de tempo disponível
6. Continuidade/Ampliação dos negócios da família
7. Experiência/influência/relacionamentos familiares
8. Convite para participar como sócio da empresa
9. Presença de capital disponível
10. Insatisfação com emprego
11. Influência de outras pessoas
12. Ocupação a membros da família
13. Desemprego
14. Demissão com FGTS
15. Aproveitamento programa de demissão voluntária
Fonte: Elaborado com base em Vale; Corrêa; Reis, 2014, p. 319-320.

As diferentes motivações para empreender, de acordo com os autores,


rejeitam a dicotomia necessidade-oportunidade como sendo suficiente para
explicar o empreendedorismo. Mais do que isso, os autores indicam que é
comum que os empreendedores apresentem ou deem importância para dois ou
mais motivos para explicar porque criaram seu negócio. Ao ler essa lista, é
possível que você tenha concordado com mais de uma opção, caso optasse por
abrir um novo negócio ou tomando como referência alguém que empreendeu.
Aproveite esses quinze itens e pergunte para pessoas conhecidas quais foram
os motivos para abrir seu próprio negócio, relacionando com as opções
indicadas. Depois, reflita se a dicotomia necessidade-oportunidade é suficiente
para explicar o empreendedorismo.
Conforme abordado anteriormente, o empreendedorismo é analisado
tanto por elementos psicológicos e comportamentais como pelo negócio
propriamente dito. Assim, no que se refere aos tipos de atividade
empreendedora, vimos as motivações, que são elementos psicológicos. Agora,
quando consideramos os tipos de atividade empreendedora na perspectiva do
negócio, temos os ramos das atividades. De acordo com o Sebrae (2019),
existem três ramos principais e atividades relacionadas, que podem definir de
que forma a atividade empreendedora se dará. A área na qual se quer propor
um negócio fará com que a empresa componha um ramo e uma atividade, que
terá suas especificidades desde a abertura do negócio até sua operação.

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Quadro 3 – Ramos de negócios e atividades relacionadas

RAMO EXPLICAÇÃO ATIVIDADES


Transformação de matéria-prima em Calçado, vestuário, mobiliário,
Indústria
mercadorias metalúrgica, mecânica etc.
Venda das mercadorias aos
Veículos, tecidos, roupas, acessórios
Comércio consumidores (varejo) ou aos
etc.
vendedores (atacado)

Prestação Venda do trabalho dos profissionais Transporte, turismo, saúde,


de serviços e não de uma mercadoria educação, lazer etc.

Fonte: Elaborado com base em Sebrae, 2019b.

Dessa maneira, vemos que a atividade empreendedora pode ser


considerada sobre dois aspectos: quanto à motivação para criação do negócio
(necessidade, oportunidade e outras quinze possíveis razões) e quanto ao ramo
do negócio (indústria, comércio e prestação de serviços). A atuação do
profissional de Educação Física, nas organizações esportivas (conforme visto
anteriormente) geralmente acontece na prestação de serviços. Já as
organizações que utilizam do esporte podem estar na indústria, no comércio e
também na prestação de serviços, dependendo das atividades.

TEMA 3 – BASES LEGAIS

Como o empreendedorismo, com frequência, significa criar uma nova


empresa, precisamos compreender quais são as obrigações burocráticas a
serem cumpridas para oficializar a sua abertura em nosso país. Em média, abrir
uma empresa no Brasil demora 53 dias, então é importante ter isso em mente e
se preparar para evitar problemas que adiem ainda mais o processo. Neste tema,
conheceremos as principais etapas para abertura de uma empresa no Brasil.
Embora estados e municípios apresentem diferenças quanto aos processos, as
etapas para a abertura de uma empresa são as mesmas. Caso você se proponha
a abrir um negócio próprio, é recomendado conhecer as especificidades da sua
região.

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Figura 1 – As oito etapas para abertura de uma empresa

1. Consulta e 2. Registro 4. Inscrição e


3. CNPJ
viabilização legal registro

7. Cadastro
5. Alvará do
8. Aparato na 6. Alvará de
Corpo de
fiscal Previdência funcionamento
Bombeiros
Social
Fonte: Elaborado com base em Sebrae, 2019a.

A etapa 1 é a consulta dos nomes idênticos ou semelhantes de empresas


já existentes, que será necessário para a etapa seguinte. Também é necessário
consultar a prefeitura da cidade onde a empresa será instalada, para conhecer
os critérios de concessão do alvará de funcionamento.
A etapa 2 acontece na junta comercial estadual ou no cartório de registro
de pessoa jurídica, com a exigência de documentos, o que pode variar conforme
o estado. Geralmente, é preciso apresentar o contrato social da empresa
(interesses das partes, objetivo da empresa e como se dará a sociedade, quando
há) e documentos pessoais dos sócios, quando houver. Com o registro, a
empresa terá seu Número de Identificação do Registro de Empresa (NIRE).
A etapa 3 é o registro da empresa como contribuinte na Receita Federal,
por onde se obtém o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Ele é feito
pela internet, informando documentos e o NIRE. É importante contar com o
suporte de um contador, para verificar qual é o tipo de empresa mais adequado.
Para o CNPJ, é preciso escolher as atividades da empresa (abordadas
anteriormente), sendo sugerido uma atividade principal e no máximo 14
secundárias.
A etapa 4 acontece de forma diferente para empresas de comércio,
indústria e serviços de transporte, que realizam o registro na Secretaria Estadual
da Fazenda, e para empresas de prestação de serviços, que realizam o registro
na Prefeitura Municipal. Em alguns estados, o registro na Junta Comercial (etapa
2) já inclui o registro municipal.
A etapa 5 é feita diretamente com o Corpo de Bombeiros, que verifica as
condições da edificação e áreas com risco de incêndio. Avaliada a situação, será
emitido um Alvará de Prevenção e Proteção contra Incêndio (APPCI).

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A etapa 6 é realizada com a Prefeitura Municipal e é obrigatória para todos


os estabelecimentos. Os procedimentos são específicos conforme o município e
poderá ou não envolver outras secretarias (Saúde, Meio Ambiente,
Planejamento, Obras etc.), de acordo com a natureza da atividade. Por isso, é
fundamental dar atenção a essas exigências já na etapa 1.
A etapa 7 contempla o cadastro na Previdência Social e acontece para
todas as empresas, mesmo antes da contratação de funcionários. Ela acontece
na Agência da Previdência da cidade ou região e demandará, a partir de então,
o pagamento dos tributos necessários.
A etapa 8 acontece novamente na Prefeitura Municipal ou na Secretaria
Estadual da Fazenda, conforme o setor do negócio. É o momento em que são
autorizadas as impressões de notas fiscais e a autenticação de livros fiscais.
Somente após cumprir todas essas oito etapas a empresa pode funcionar de
acordo com a legislação.
A partir do início da operação da empresa, diversos temas da legislação
devem ser considerados: a legislação tributária (basicamente o recolhimento e
pagamento de impostos), a legislação trabalhista (a partir da contratação de
qualquer funcionário) e os direitos do consumidor. As necessidades variam
conforme o município e o estado em que a empresa está instalada, e também
dependem do seu tamanho e das atividades oferecidas.

TEMA 4 – MODELO DE NEGÓCIOS

Durante o processo de abertura de uma empresa, vimos que é importante


definir as atividades que serão realizadas. Imagine que você quer abrir uma
academia de musculação, ginástica, pilates ou treinamento funcional. Assim, é
possível identificar que essas atividades estão relacionadas à seção “R Artes,
cultura, esporte e recreação”, na divisão “93 Atividades esportivas e de
recreação e lazer”, no grupo “93.1 Atividades esportivas” e classe “93.13-1
Atividades de condicionamento físico” (IBGE, 2019).
Essas informações serão relevantes para a etapa 3 de abertura da
empresa, e são fundamentais na compreensão do negócio. Mas além da
atividade fim da empresa, é preciso considerar outros elementos relevantes:
Quem serão os clientes? Qual será o diferencial? Qual será a infraestrutura
necessária? Será preciso realizar parcerias?

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É nesse momento que surge a criação de um modelo de negócios. De


acordo com Bonazzi e Zilber (2014, p. 622), diferentes autores concordam que
“a conceituação de modelo de negócio estrutura-se essencialmente nos
fundamentos da criação e captura de valor por parte da organização”. O termo
valor, nesse contexto, incorpora tanto a noção financeira (valor financeiro)
quanto simbólica (valores sociais, de qualidade, de benefício percebido etc.).
Assim, o modelo de negócio é construído pelas empresas para captar o que a
empresa se propõe, como ela irá construir seu produto, como ela quer ser
percebida e o que é necessário para isso.
De uma forma resumida, o modelo de negócios deve responder nove
questões fundamentais para compreender o que a empresa se propõe a fazer.

Quadro 4 – Nove questões a serem respondidas em um modelo de negócios

1. A sua proposição de valor: o que você oferece que é único no mercado?


2. Os clientes: para quem você vai vender?
3. Suas atividades: qual o produto ou serviço ofertado?
4. Suas parcerias estratégicas: que empresas ajudarão a compor melhor essa oferta?
5. Suas fontes de receita: como você cobra e quais são os drivers¹ de receita?
6. Sua estrutura de custos: quais drivers¹ são geradores de custos?
7. Os recursos: qual a infraestrutura, recursos ou serviços de base?
8. Os canais de comunicação e distribuição: como o produto chega até o cliente?
9. O relacionamento com o cliente: como a empresa se comunica com ele?
¹ Driver é o “fator gerador”, ou seja, os fatores que geram receita e custos.
Fonte: Elaborado com base em Sebrae, 2019b.

Com base na visualização dessas respostas, é possível considerar o que


é relevante para a empresa alcançar seus objetivos e posteriormente traçar as
estratégias para seu funcionamento. Isso quer dizer que o modelo de negócio
permite um direcionamento e um foco nas ações posteriores, de acordo com o
que é reconhecido como valor pela organização.
Essas nove questões compõem o chamado Business Model Canvas, que
é uma ferramenta que auxilia a empresa a construir seu modelo de negócios. Ela
é aplicada pelo empreendedor em conjunto com outras pessoas que fazem parte
da empresa (sócios e funcionários) ou com pessoas externas (potenciais
clientes, parceiros, fornecedores, consultores etc.). Embora existam outras
ferramentas, esta é amplamente utilizada e tida como a mais completa, com
relativa facilidade de aplicação (Bonazzi; Zilber, 2014). Além do seu uso por
empreendedores, essa ferramenta também é utilizada para a organização de
eventos, inclusive para o planejamento de eventos esportivos e recreativos
(Martins, 2018).
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TEMA 5 – INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Quando pensamos em empreendedorismo, pensamos no novo,


principalmente a partir da criação de uma nova empresa. Entretanto, é possível
criar uma nova empresa e oferecer o mesmo serviço – geralmente é o caso dos
empreendedores informais, cooperados e franqueados, conforme vimos no
Quadro 1. Esses tipos de empreendedorismo não podem ser ignorados, mas
não são eles que estão em evidência ou são colocados como referência de
sucesso por aqueles que buscam seguir os passos de empreendedores bem-
sucedidos e transformadores.
Isso porque, quando falamos de empreendedorismo, a noção de novo
também pode ter o sentido de oferecer um produto ou serviço inédito, que seja
único – ainda melhor se for revolucionário. É aqui que a inovação passa a ter
uma parte importante, ainda que não seja fundamental, no empreendedorismo.
A inovação supõe a criação de um produto, serviço, processo, método ou
qualquer outro elemento de uma organização que seja novo ou melhorado de
alguma forma (Bonazzi; Zilber, 2014).
O processo de inovação está baseado em três fases: “invenção (geração
de ideias); inovação (exploração comercial); e difusão (propagação no mercado)”
(Bonazzi; Zilber, 2014, p. 620). Assim, para que uma nova ideia se torne
inovação de fato, é preciso implementá-la e difundi-la, o que demanda aliar
empreendedorismo com gestão na nova organização.
A inovação passou a se tornar um tema muito relevante na sociedade
atual por algumas razões, como as mudanças nas formas de produção
econômica, a competitividade global e os novos arranjos das sociedades, que
também modificaram o mercado de trabalho. Além delas, também é fundamental
considerar o papel da tecnologia.

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) constituem


instrumento fundamental na relação inovação-empreendedorismo,
favorecendo o acesso a dados e à informação, assim como a criação
de redes que contribuem para a relação interfirmas, estimulando a
emergência de micro e pequenas empresas bem-sucedidas e muitas
com capacidade de atuar globalmente. (Guimarães; Azambuja, 2010,
p. 99)

Além dessas mudanças, que implicam facilidades e desafios para as


organizações, a tecnologia também é parte da rotina de uma parte dos clientes,
que vêm nas tecnologias de informação e comunicação uma forma de conhecer,

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encontrar, adquirir, comparar e avaliar produtos e serviços. Essas possibilidades


têm gerado um aumento em áreas da gestão que precisam da atenção de
empreendedores e gestores, como o marketing de relacionamento e 2.0 (online),
ferramentas que permitem conhecer os clientes atuais e potenciais, bem como
um novo canal de vendas (através da internet).
Ainda, podemos considerar as possibilidades propriamente ditas de
empreender utilizando-se da tecnologia, criando produtos e serviços que
acontecem através dela – o “Goleiro de Aluguel” e “TacticalPad”, já
apresentados, são exemplos disso.
Assim, o empreendedorismo anda lado a lado com a inovação e com a
tecnologia, em uma associação que precisa ser explorada a partir de cada
negócio criado, dentro das especificidades da empresa e de seu público, de
maneira planejada e reconhecendo as suas necessidades. Mais ainda,
precisamos considerar que o processo de empreender e inovar não termina com
a criação da empresa ou do produto e serviço a que ela propõe agregar valor,
mas são buscas e processos constantes para aqueles que buscam se manter e
se diferenciar no mercado.

NA PRÁTICA

O empreendedorismo pode surgir a partir de uma ideia, mas também a


partir de uma demanda. Organizações esportivas podem solicitar a sua equipe
a criação de novos produtos ou serviços, principalmente quando entendem a
importância de inovar, ou quando essa é uma demanda dos clientes. Dessa
forma, quando diretores de um clube solicitam um novo produto (ou serviço) para
associados, também é preciso seguir os passos da criação de um novo negócio.
Isso significa compreender quem são os clientes potenciais, se os clientes
podem ou não ter interesse no novo produto/serviço, planejar o que seria
necessário e o passo-a-passo para a sua implementação. Para saber mais,
assista ao vídeo “Na prática” desta aula.

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FINALIZANDO

Nesta aula, são pontos importantes para serem ressaltados:

1. O empreendedorismo surge a partir de uma nova ideia empreendedora,


iniciada pela atenção aos problemas, que se formata em propostas de
solução através da criação de um novo negócio.
2. A atividade empreendedora pode ser considerada sobre dois aspectos:
quanto à motivação para criação do negócio (necessidade, oportunidade
e outras quinze possíveis razões) e quanto ao ramo do negócio (indústria,
comércio e prestação de serviços).
3. A formalização de uma empresa tem oito etapas fundamentais, que
acontecem conforme a especificidade da atividade e da cidade/estado em
que a organização se instala. Após a abertura, a legislação tributária,
trabalhista e os direitos do consumidor precisam ser considerados.
4. O modelo de negócios considera não somente a atividade fim da empresa,
mas o valor que ela busca criar e capturar. Para isso, é empregada a
ferramenta Business Model Canvas, que responde a nove perguntas-
chave.
5. Inovação (criação de um produto, serviço, processo, método ou qualquer
outro elemento de uma organização que seja novo ou melhorado) e
tecnologia estão relacionadas ao empreendedorismo, em
relacionamentos que precisam ser conhecidos conforme cada proposta
empreendedora.

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REFERÊNCIAS

BONAZZI, F. L. Z.; ZILBER, M. A. Inovação e Modelo de Negócio: um estudo de


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Brasileira de Gestão de Negócios, São Paulo, v. 16, n. 53, p. 616-637, out./dez.
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FILION, L. J. Empreendedorismo e gerenciamento: processos distintos, porém


complementares. Revista de Administração de Empresas, v. 7, n. 3, p. 2-7,
jul./set. 2000.

GUIMARÃES, S. M. K.; AZAMBUJA, L. R. Empreendedorismo high tech no


Brasil: condicionantes econômicos, políticos e culturais. Sociedade e Estado, v.
25, n. 1, p. 93-121, jan./abr. 2010.

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MARTINS, D. J. Q. Planejamento de eventos esportivos e recreativos.


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VALE, G. M. V.; CORRÊA, V. S.; REIS, R. F. Motivações para o


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Email: rogerio13alopes@gmail.com
Aluno: Rogerio Avila Lopes

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