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PRÁTICA 2
QUEDA LIVRE E DETERMINAÇÃO DA ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE
LOCAL

Nesta prática determinaremos o módulo da aceleração da gravidade local através


de diferentes deslocamentos de uma pequena esfera metálica em movimento em queda
livre (onde a força de atrito com a atmosfera é desprezada) em função dos intervalos de
tempo para realizar os diferentes deslocamentos.

I – Introdução
Todo corpo se abandonado de uma certa altura em relação ao solo fica submetido
à força de atração gravitacional. Se o atrito do corpo com a atmosfera ambiente puder ser
desprezado, o corpo realizará um movimento retilíneo uniformemente acelerado, onde a
aceleração do corpo será a aceleração da gravidade local.
Utilizando-se a segunda Lei de Newton, a equação de movimento do corpo
submetido à força da gravidade é dada pela Equação 1.

𝟏
𝐬𝐟 = 𝐬𝐨 + 𝐯𝐨 𝐭 − 𝐠𝐭 𝟐 , (1)
𝟐

onde: sf é posição final do corpo após o tempo t, so é a posição inicial do corpo, vo é a


velocidade inicial do corpo no instante t = 0s e g é o módulo da aceleração da gravidade
local.
No caso de nosso experimento serão medidos: diferentes deslocamentos, Δs =
s − s , e os respectivos intervalos de tempo, Δt, para executar as respectivas quedas
livres. Nosso corpo será abandonado a partir do repouso, ou seja: vo = 0 m/s. Nesta
condição, a Equação 1 pode ser reescrita como apresentada na Equação 2.

𝟏
|𝚫𝐬| = |𝐠|𝚫𝐭 𝟐 (2)
𝟐

Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano


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Segundo a Equação 2, o comportamento dos deslocamentos, Δs, em função dos


intervalos de tempo, Δt, é um ramo de parábola, como apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Comportamento do deslocamento em função do intervalo de tempo para um corpo em


queda livre a partir do repouso.

Fonte: Autora

É importante salientar que o valor da aceleração da gravidade, g, não é constante


em todo o planeta. Ela depende essencialmente da altitude, z (m), e latitude, λ (em graus),
como apresentada na Equação 3.

𝐠𝐩 𝟐𝐳
𝐠 𝐳,𝛌 = 𝛃 (𝟏 + 𝛃𝐬𝐞𝐧𝟐 𝛌) 𝟏 − (3)
𝟏 𝐑
𝟐

Na Equação 3, gp = 9,8062 m/s2 é aceleração da gravidade ao nível do mar e latitude


de 45° (equador terrestre) e é denominada de aceleração da gravidade padrão; β =
5,300x10-3 é um fator numérico que leva em conta a rotação terrestre, em torno de seu
eixo, e o achatamento polar devido a essa rotação, R = 6,371x106 m é o raio da Terra,
suposta esférica, com o mesmo volume do elipsoide de revolução que, nesse caso, melhor
representa a figura terrestre; z (m) é a altitude local e λ (em graus) é a latitude local.

II – Procedimento Experimental
II.1 – Comportamento do Deslocamento em Função do Intervalo de Queda Livre
A Figura 2 apresenta um esquema do arranjo experimental para a determinação
do intervalo de tempo, Δt, para um deslocamento, Δs, de uma pequena esfera metálica em
queda livre.

Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano


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A montagem experimental conta com uma haste metálica onde temos um


eletroímã cuja posição, Δs, com relação ao sensor luminoso (photogate) será variada. O
eletroímã manterá a esfera metálica em repouso até ser acionado. O eletroímã e o sensor
luminoso estão interconectados a um eletrotimer composto por um circuito eletrônico
utilizando Arduino, que será utilizado para registrar o tempo de queda, Δt, para cada
posição relativa do eletroímã até a photogate. Ao desligarmos o eletroímã para a liberação
da esfera metálica a partir do repouso, o circuito eletrônico inicia o registro do intervalo
de tempo. Quando a esfera se choca passa pelo sensor luminoso, o registro de tempo é
finalizado.

Figura 2 – Montagem experimental para o movimento de queda livre e determinação da aceleração


da gravidade local.

Fonte: Tiago Gomes da Silva

a) Ajuste a posição do eletroímã na barra metálica para um deslocamento, Δs1 = 1m,


utilizando uma trena. Registre a incerteza na medida do deslocamento.
b) Fixe a esfera metálica no eletroímã.
c) Acione o sistema para liberar a esfera metálica e iniciar o registro do intervalo de
tempo, Δt1.

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d) Quando a esfera metálica passar pelo sensor luminoso, registre o valor do intervalo de
tempo, Δt1 e sua respectiva unidade.
e) Para um dado deslocamento, Δsi, repita o procedimento de coleta de intervalo de
tempo, Δti, 5 vezes. Registre os valores na Tabela 1.
f) Para os 5 valores de Δti, determine o valor médio do intervalo de tempo, Δtm, e seu
respectivo desvio padrão da média, σΔtm. Registre os valores na Tabela 1.
g) Ajuste novamente o eletroímã, para uma posição Δs2 = 0,9 m e repita o procedimento
para as coletas dos valores de Δt2.
h) Repita os procedimentos de ajuste de deslocamento, Δsi, de forma a reduzir seu valor
em intervalos de 0,1 m até Δsn = 0,1 m. Registre os valores e respectivas unidades na
Tabela 1.
i) A partir do dados da Tabela 1, construa um gráfico em escala linear dos deslocamentos,
Δs1 (m, eixo y) e seus respectivos desvios padrão da média em função dos intervalos
de tempo médio e respectivos desvios padrão da média, Δt ± σ ̅ . O gráfico deve
apresentar as barras de desvio padrão da média.
j) Utilizando um editor de gráfico científico, faça um ajuste estatístico, para um
polinômio de grau 2, que corresponde a Equação 2.
k) Registre a equação da melhor curva para o ajuste polinomial obtido no Item II.1.j.
l) A partir da equação da melhor curva de ajuste, determine o valor da aceleração da
gravidade local, gexp, e desvio padrão com a respectiva unidade. Compare o valor obtido
com o valor teórico da aceleração da gravidade local previsto para a cidade de Campo
Grande-MS, gteo = 9,78 m/s2.
A comparação deve ser feita em função da variação porcentual dada por:

. 100%. Se a variação porcentual for menor igual a 5%, dizemos que os

valores são compatíveis dentro das incertezas experimentais.

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Tabela 1 – Deslocamentos e respectivos intervalos de tempo para uma esfera metálica em queda
livre.
Medida Δs ± 𝛔𝚫𝐬 (m) Δtm1(s) 𝚫𝐭 𝐦 ± 𝛔𝚫𝐭̅𝐦

(s)
1 Δt11 =
Δt12 =
Δt13 =
Δt14 =
Δt15 =

2 Δt21 =
Δt22 =
Δt23 =
Δt24 =
Δt25 =

3 Δt31 =
Δt32 =
Δt33 =
Δt34 =
Δt35 =

n Δtn1 =
Δtn2 =
Δtn3 =
Δtn4 =
Δtn5 =

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II.2 – Determinação da Aceleração da Gravidade Local em Função da Latitude e


Altitude Local.
Para a cidade de Campo Grande –MS é a latitude é z = 592 m e a latitude é λ = 20°
28´ 53´´, utilize a Equação 3 para determinar a aceleração da gravidade local prevista.
Obs.: Para realizar os cálculos corretamente, não esqueça de converter os minutos
(1° = 60´) e segundos (1° = 3600´´) do valor da latitude local em grau.
Compare o valor obtido (com 2 casas decimais) com o valor obtido no Item II.1.l.
discuta seus resultados. A comparação deve ser feita em função da seguinte porcentagem:

. 100%. Se o valor da percentagem for menor ou igual a 5%, dizemos

que os valores são compatíveis dentro das incertezas experimentais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1) Wilson Lopes, VARIAÇÃO DA ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE COM A LATITUDE E
ALTITUDE, Cad. Bras. Ens. Fís., v. 25, n. 3: p. 561-568, dez. 2008.

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