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Não se diz que turbina é motor. Turbina é parte do motor. Não se diz que "eu vi na televisão
que o passarinho fez ninho dentro da turbina!" Da próxima vez diga que fez o ninho no motor
do avião. Não aumente as estatísticas de pérolas da aviação! Por isso, lembre-se "motor a
reação".
A turbina é a parte de um motor que recebe os gases quentes oriundos da explosão. No jato, a
turbina é a parte quente alimentada pelos gases provenientes da câmara de combustão e o
compressor é a parte fria, que é alimentado pelo ar frio que depois de comprimido, entra na
câmara de combustão, provido de pressão, velocidade e temperaturas elevadas. Isso também
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vale para os carros turbo-alimentados.
É comum a grande imprensa querer dar aula técnica de pilotagem e mecânica/elétrica após
acidentes aeronáuticos e ainda afirmar qual foi a causa do acidente antes mesmo do anúncio
oficial. A pérola da imprensa desta vez foi afirmar, taxativamente, que o reverso funcionava da
seguinte maneira. O motor pára e inverte o seu sentido de rotação. O ar ao invés de entrar pelo
motor, passa a sair! Esta pérola foi ensinada nas tragédias do vôo 402 e 3054. Portanto:
Atenção! Não repitam o que aprenderam com a grande imprensa!
Na verdade, o reversor é uma espécie de freio aerodinâmico. E só funciona com a aeronave
no solo. Ele desvia o ar, que sai do escapamento, para frente e ajuda na frenagem da
aeronave. Durante o vôo normal o ar sai pelo escapamento e empurra a aeronave para frente.
Com o reverso, o ar continua saindo pelo escapamento e é desviado pelas conchas do
reversor para frente, empurrando a aeronave para trás. Desta forma se o avião estiver parado
e o Piloto acionar este dispositivo, o avião dará marcha à ré com toda facilidade! Os Electra
faziam sempre esta manobra quando atrasados para decolagem!
Verdadeira proeza da engenharia, os motores a jato são assustadores. Basta ficar em sua
frente, olhando para sua bocarra...
Podem ser de fluxo axial ou centrífugo, ou uma combinação dos dois.
Atualmente existem motores a reação com potência que ultrapassam a marca de 120.000
libras de empuxo em bancadas de teste. Estes motores equipam o triple-seven da Boeing.
Uma potência tão "discreta" que à grosso modo poderíamos comparar a massa de ar sendo
propelida, como se fossem carretas de 60 toneladas arremessadas, constantemente, pelo fan
do motor.
O que impressiona é justamente esta constância da propulsão, ao contrário dos motores do
ciclo Otto, que possuem os quatro tempos-motor ocorrendo um de cada vez no interior de cada
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cilindro, os motores a reação, do ciclo Brayton, contam com estes quatro estágios ocorrendo
simultaneamente em quatro partes distintas do motor, vamos conhecê-las neste motor-tour.
1º Estágio (Admissão)
O estágio admissão (suck) começa aqui, estamos na entrada de admissão do motor, bem na
parte visível onde sempre os urubus teimam em entrar durante o vôo e acabam virando
picadinho. Neste estágio o ar entra em baixa pressão, sugado pela depressão criada pelas
palhetas ( blades) do compressor e pelo ar de impacto, se aeronave
já estiver em vôo. Vale lembrar que os motores a jato são projetados para que o ar na
admissão tenha direção, velocidade e volume determinados. Se a quantidade não estiver
dentro da margem operacional, o motor não funciona: ou ele apaga por falta de ar, ou apaga
por excesso, neste último caso imaginem uma vela sendo apagada pela força do sopro.
2º Estágio (Compressão)
O estágio da compressão (squeeze) vem em seguida. A massa de ar, obtida na admissão,
chega aos compressores intermediários e em seguida aos compressores de alta pressão.
Como logo denuncia seu nome, este estágio faz com que o ar que vem da admissão em
pressão muito baixa ganhar, a cada etapa da compressão, mais velocidade, caloria e
densidade. Todos estes parâmetros em níveis absurdos de pressão e o entrega pronto para
explodir na câmara de combustão.
3º Estágio (Explosão)
O penúltimo estágio, explosão (bang). É aqui que literalmente as coisas pegam fogo. A massa
de ar, entregue pelos compressores no estágio anterior, chega prontinha para ser misturada
com o combustível (querosene), formando a famosa mistura ar-combustível que pega fogo no
interior da câmara de combustão, que em seu interior atinge com toda facilidade mais de 1300
ºC entregando a massa de gases de combustão para a Turbina.
4º Estágio (Escapamento)
Agora queimada, a mistura ar-combustível, chega transformada em gás propelente até a
Turbina, trocando energia térmica em energia mecânica, girando os discos de turbina,
produzindo energia que faz o 1º, 2º e 3º estágios aconteceram anteriormente ligados em eixos
concêntricos, neste ciclo vicioso "sem fim", até que cesse ou diminua o fornecimento de
combustível. Vencida esta fase o ar flui pelo escapamento (blow), fornecendo a propulsão
necessária para colocar a aeronave em movimento.
Partida
Nos jatos, cada estágio depende um do outro. Assim como nos carros, para ligar o motor a
jato, precisamos de uma forcinha extra, precisamos de um motor de partida um famoso "motor
de arranque" ligado no compressor (2º estágio). Quando a rotação chega em um ponto ideal,
as velas centelham dentro da câmara de combustão (3º estágio) e explodem, levando os gases
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da queima para as turbinas (4º estágio) e, assim o ar é admitido pelo compressor (1º estágio).
Eixos concêntricos
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combustão.
Desta forma: A Pressão imposta nos estágios é: 1º estágio > 2º estágio > 3º estágio > 4º
estágio. Assim, ocorre o fluxo de ar da entrada até a saída do motor.
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