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DAS SANÇÕES

ADMINISTRATIVAS,
REVOGAÇÃO E
ANULAÇÃO
Aula 08
Regime sancionatório do pregão
Problemas típicos do pregão e questões
polêmicas
Questões polêmicas e desconsideração
da personalidade jurídica
CURSO PREMIUM ONLINE

PREGÃO ELETRÔNICO
TEÓRICO E PRÁTICO
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PROF. RONNY CHARLES
Advogado da União (AGU). Membro da Câmara Nacional de Uniformização da
CGU/AGU. Membro da Câmara de licitações da Consultoria Geral da União (AGU).
Doutorando em Direito do Estado e Regulação (UFPE). Mestre em Direito Econômico
(UFPB). Pós-graduado em Direito tributário (IDP). Pós-graduado em Ciências Jurídicas
(UNP). Autor de diversos livros jurídicos, entre eles:
Leis de licitações públicas comentadas (11ª edição. Ed. JusPodivm)
Improbidade Administrativa (4ª edição. JusPodivm)
Terceiro Setor: entre a liberdade e o controle (Ed. JusPodivm)
Direito Administrativo (Co-autoria. 10ª edição. Ed. JusPodivm)
Regime Diferenciado de Contratações – RDC (2ª edição. Co-autoria. Ed. JusPodivm)
Direito provisório e a emergência do coronavírus (Co-autoria. Ed. Fórum)
Licitações e contratos nas empresas estatais (2ª edição. Co-autoria. Ed. JusPodivm)
MÓDULO 4 – Sanções administrativas
AULA 08.

1. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

O regramento sobre o sancionamento administrativo, disposto pela Lei nº 8.666/93, manteve-


se assemelhado ao que outrora fora disposto pelo Decreto-Lei 2.300/86. Já naquele diploma, a
advertência, multa, suspensão temporária e declaração de inidoneidade eram apresentadas
como as sanções aplicáveis às situações de inexecução total ou parcial do contrato.
Esse regramento, mantido pelo estatuto de licitações, caracteriza-se por uma falta de
tipicidade específica, inexistindo minuciosa descrição legal do fato indicado para a imputação
da respectiva sanção.
Com a aprovação da Lei nº 10.520/02 e a consagração da modalidade pregão, em sua forma
presencial ou eletrônica, criou-se um novo paradigma para a aplicação das sanções
administrativas no seio das licitações e contratações públicas.
NUANCES DAS SANÇÔES
• Dever-poder do agente público
• Caráter repressivo / pedagógico
• Consequência de um processo

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2. SANÇÕES NO PREGÃO
Art. 7º. Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta,
não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação
falsa exigida para o certame, ensejar o retardamento da execução de seu
objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do
contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará
impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de
cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4º desta
Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
edital e no contrato e das demais cominações legais.
Com a aprovação da Lei nº 10.520/02, estabeleceu-se um novo paradigma para a aplicação das
sanções administrativas no seio das licitações e contratações públicas. A leitura atenta de seu
artigo 7º demonstra uma pluralidade de atos ilícitos indicados como passíveis de sancionamento
e a relativização do sujeito passivo, que passa a abranger não apenas o contratado, mas “quem”
praticar algum daqueles ilícitos estabelecidos pelo legislador.
Necessário perceber que, diferentemente do disposto pelo artigo 87 da Lei nº 8.666/93, na Lei
do Pregão o sancionamento é admissível em razão de atos ilícitos praticados tanto no certame
licitatório como no transcorrer da execução contratual.

Modelo mais “gerencial”

Ampliação dos ilícitos sancionáveis

Simplificação do repertório sancionatório

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Deve-se frisar que a Lei do Pregão criou uma nova espécie de sanção administrativa. Em vez de
se reportar à declaração de inidoneidade e à suspensão temporária, ela estabeleceu que
determinados comportamentos, descritos em seu artigo 7º, gerariam o “impedimento de licitar
e contratar” com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, além do descredenciamento
do SICAF ou dos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV do art.
4º, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato
e das demais cominações legais.
A sanção “impedimento de licitar”, prevista na lei do pregão, tem efeito material semelhante ao
das sanções “suspensão de licitar” e “declaração de inidoneidade”, explicado anteriormente,
embora a sanção “impedimento de licitar” alcance toda a esfera do respectivo ente federativo
(União ou estado ou município ou Distrito Federal), enquanto a “suspensão de licitar” tem
amplitude restrita ao órgão que a aplicou e a “declaração de inidoneidade”, pelo entendimento
doutrinário majoritário, alcança todas as esferas (federal, estadual, municipal e do Distrito
Federal).
Em suma, o efeito material da sanção impedimento de licitar é o de restringir temporariamente
o direito constitucional de uma pessoa (jurídica ou física) em participar de licitações ou mesmo
ser contratada pelo Poder Público (reflexo do aspecto democrático do princípio da
obrigatoriedade de licitar). Não há efeito rescisório, nesta sanção, mas apenas restritivo
(impeditivo).
Outrossim, a aplicação da sanção apenas produz efeito para o futuro (ex nunc), sem interferir
nos contratos já existentes e em andamento. Tal entendimento foi sedimentado pela AGU, em
interessante Orientação Normativa:
Impedimento de licitar e contratar no âmbito da União (art. 7° da Lei n° 10.520,
de 2002) e de declaração de inidoneidade (art. 87, inc. IV, da Lei n° 8.666, de
1993) possuem efeito ex nunc, competindo à administração, diante de contratos
existentes, avaliar a imediata rescisão no caso concreto (Orientação Normativa
nº 49, de 25 de abril de 2014).

Por conta disso, os órgãos públicos não são obrigados a rescindir os contratos já firmados com
uma empresa que foi posteriormente sancionada (por exemplo, por outro órgão da mesma
esfera), embora fiquem impedidos de realizar sua renovação, durante o prazo da sanção.

SANÇÕES
NUANCES
Lei do Pregão

• a)Efeito material
• Multa
• b) Amplitude
• Impedimento de licitar e contratar
• c) Prazo
• Descredenciamento no SICAF ou • d) Sujeito passivo
outro sistemas de cadastramento de
fornecedores • e) Competência

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3. PROBLEMAS TÍPICOS DO PREGÃO

PREÇOS CLASSIFICADO SEM LICITANTE COELHO


INEXEQUÍVEIS HABILITAÇÃO

Vale salientar a importância da aplicação das penalidades na modalidade pregão, sobretudo em


se formato eletrônico.
Pela característica de inversão de fases e a ampliação da competitividade, é possível que
licitantes, sem condições de efetivamente prestar o objeto contratual pretendido, compareçam
à disputa com preços menores que os patamares apresentados por empresas mais sólidas. Estas,
cientes das efetivas condições do negócio em discussão, apresentam propostas exequíveis, de
acordo com a qualidade exigida à contratação almejada, não conseguindo a redução necessária
em relação às propostas de empresas com pouca responsabilidade na boa prestação do objeto
contratual.
Esse ambiente pode dar ensejo a uma contratação que reste frustrada, antes do término da
vigência contratual, pela falta de condições da empresa em cumprir devidamente as exigências
contratuais ou os preços propostos.
Assim, nessa nova sistemática, é importantíssimo que empresas aventureiras sejam
sancionadas, deixando de participar e tumultuar os certames, evitando a frustração das
licitações, pela incapacidade de chegar-se a uma proposta mais baixa, porém exequível.

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4. Questões polêmicas
Há aparente antinomia entre a sanção da Lei do Pregão e as previstas pela Lei nº 8.666/93?
Elas podem ser aplicadas cumuladamente?

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A multa necessita estar prevista no instrumento convocatório para a sua aplicação?

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Há limites ao valor a ser cobrado através da imposição de multa contratual?

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Pendências financeiras ou contratuais podem restringir a participação da empresa em novo


certame?

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Qual a amplitude da sanção “Impedimento de licitar”?

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Qual o agente competente para a aplicação das sanções administrativas, no âmbito das
licitações?

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A aplicação do impedimento de licitar e contratar ocasiona a rescisão de outros contratos da


empresa penalizada junto à Administração que lhe imputou uma penalidade?

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Se o contratado foi apenado com sanção restritiva ao direito de licitar e contratar, é possível
firmar aditivo para alteração do contrato?

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O contratado foi apenado com sanção restritiva ao direito de licitar e contratar, é possível a
prorrogação da vigência de um contrato de serviço contínuo?

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A aplicação da suspensão do direito de licitar e contratar, da declaração de inidoneidade ou


do impedimento de licitar e contratar ocasiona o cancelamento do registro do fornecedor na
Ata?

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ANOTAÇÕES
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5. PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR

Abertura de processo administrativo


Apresentação ou não de manifestação (defesa prévia)

Instrução probatória

Parecer jurídico (facultativo)

Decisão administrativa pela Autoridade competente

Publicidade da decisão

Prazo recursal

Decisão administrativa p/ Autoridade superior (recurso)

Publicidade

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É preciso dar oportunidade para que a empresa se manifeste (alegações finais), quando o
pregoeiro ou fiscal se manifestam, após a defesa?

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5.1 Desconsideração da personalidade jurídica

É importante que os administradores estejam sempre atentos aos embustes praticados por
empresários que, tendo em vista inadimplências fiscais ou problemas que causem inabilitação
em certames públicos, abrem formalmente nova pessoa jurídica (muitas vezes, constituída total
ou parcialmente pelos mesmos sócios), a qual, por sua recente criação, resta despida de
impedimentos fiscais e jurídicos que impeçam a participação no certame, não obstante sua
“empresa irmã” continue irregular perante as exigências licitatórias.

Para combater tais ardis, defende-se a utilização da desconsideração da personalidade jurídica,


o que poderia permitir impedimento no certame da suposta “empresa irmã”.

Na verdade, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica admite que a autonomia da


pessoa jurídica seja desconsiderada ou superada, quando há abuso em sua utilização,
permitindo a responsabilização de terceiros, por atos praticados por ela. Esta responsabilização
que desconsidera a pessoa jurídica, ultrapassando-a para atingir (responsabilizar) terceiros
responsáveis pelo abuso em sua utilização, é um instrumento concebido pela doutrina
internacional, já utilizado em diversos ramos jurídicos, no Brasil. Nos Estados Unidos, ela é
denominada “Disregard of legal entity”, em outros países, a denominação adotada é diferente
(por exemplo, na Inglaterra, “lifting the corporate veil”, na Argentina, “teoría de la penetración”,
ou “superamento della personalitá giuridica, na Itália). Independente da denominação, trata-se
de um mecanismo que admite a desconsideração ou desprezo à autonomia da pessoa jurídica,
para que pontuais responsabilizações afetem terceiros, responsáveis pelo abuso de sua
utilização.

O tema envolve discussão que exige uma análise aprofundada, sobretudo em relação à temática
das sociedades no ordenamento pátrio e sua submissão à desconsideração da personalidade
jurídica. Particularmente, entendemos que essa disposição deve ser vista com cautela. A pessoa
jurídica, por conceito legal, tem existência diversa de seus membros, sendo de sua própria
natureza, pelo menos na maioria das modalidades de sociedades praticadas em nosso país, a
separação do patrimônio do ente social daquele pertencente às pessoas físicas que o
compuseram.

A desconsideração da personalidade jurídica deve ser manejada de forma excepcional e nos


limites legais, não se perdendo de vista que a criação dessa instituição busca inspiração na
vocação ao progresso social e econômico, e não no embuste e nas fraudes comerciais,
deturpações provenientes de sua utilização indevida.

O Código Civil brasileiro foi alterado pela Lei nº 13.874/2019, firmando as premissas de que a
pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores, sendo a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas “um instrumento lícito
de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular
empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de
todos”.

Na mesma linha, o texto alterado do Código Civil reforça que o desvio de finalidade justificador
da desconsideração ocorreria quando da“utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza”; assim como a confusão
patrimonial decorreria da ausência de separação de fato entre os patrimônios.
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5.2Principais vícios do processo administrativo sancionador

• Desrespeito ao devido processo legal


• Incongruência lógica entre a conduta e a sanção
• Aplicação por autoridade incompetente
• Desrespeito aos princípios do contraditório e ampla defesa
• Desamparo jurídico para aplicabilidade da sanção

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ANOTAÇÕES
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O mundo é como um
espelho que devolve a
cada pessoa o reflexo de
seus próprios
pensamentos. A maneira
como você encara a vida é
que faz toda diferença.
Luis Fernando Verissimo
Escritor, jornalista, humorista e cronista

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