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Cadernos PDE
I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UTILIZANDO A LITERATURA PARA ENSINAR MATEMÁTICA
COMO METODOLOGIA DE ENSINO DE CONTEÚDOS DO
SEXTO ANO
Rejane Maria Savegnago1
Sérgio Flávio Schmitz2
RESUMO: Este artigo aborda o que consideramos uma nova metodologia, ou seja, aliar o
ensino de Matemática com a Literatura, repensando práticas enraizadas na pedagogia
tradicional. Neste sentido o presente artigo tem como objetivo analisar algumas possibilidades
de utilização da Literatura para o ensino-aprendizagem da Matemática, esperando ainda
despertar o hábito de leitura dos estudantes dos sextos anos do Ensino Fundamental. Partindo
de um estudo bibliográfico, buscamos explorar a possibilidade de utilização da Literatura para o
ensino da Matemática como uma metodologia que pode ser utilizada no dia a dia da sala de
aula. Destacamos que se bem planejadas as aulas aplicadas durante o processo de
implementação mostraram-se proveitosas e geraram grande interesse e participação dos
alunos. Consideramos também que a Literatura é uma das ferramentas que podem
proporcionar aos alunos a leitura e a compreensão de mundo tão necessária na atualidade.
Palavras-chave: Matemática. Literatura. Leitura.
1. INTRODUÇÃO
No dia a dia de sala de aula percebemos a dificuldade em despertar o
interesse dos alunos para com a disciplina de matemática, no entanto o
desinteresse parece ser generalizado, atingindo não somente a disciplina de
matemática, mas as outras disciplinas também. Torna-se então necessária a
busca por novos encaminhamentos metodológicos para provocar no aluno
esse interesse.
Portanto, repensar as práticas pedagógicas enraizadas na nossa
formação e tentar executar um diferente ensino da Matemática é uma das
ações propostas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do
Estado do Paraná, que proporciona aos professores da rede estadual a
oportunidade de buscar subsídios teórico-metodológicos para fundamentar
melhor suas práticas pedagógicas com o auxílio dos professores das
Instituições de Ensino Superior – IES parceiras do programa.
A Literatura Infanto-Juvenil aparece como um possível caminho para a
apresentação das noções matemáticas presentes no dia-a-dia da criança de
1
Professora do Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho – Ensino Fundamental e Médio,
rejanemariasavegnago@hotmail.com.
2
Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de
Cascavel, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, profsergiof@gmail.com.
uma forma contextualizada e principalmente diferente, pois, como destacam as
autoras Smole, Candido e Stancanelli:
(li.te.ra.tu.ra)
1. Liter. Arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão;
2. Teoria ou estudo da composição literária;
3. Conjunto da produção literária de um país, de uma época etc.
(literatura francesa);
4. Conjunto das obras que tratam de determinado tema;
BIBLIOGRAFIA: "É ao patriarca da literatura médica no Brasil, o Dr.
João Ferreira da Rosa" (Gilberto Freyre, Casa grande e senzala);
5. Fig. Os escritores, os poetas de uma sociedade, país etc.;
6. O conjunto dos conhecimentos sobre obras e autores literários;
disciplina, matéria, curso sobre esses conhecimentos: Passou com
ótima nota em literatura;
7. Fig. A carreira ou a profissão, o ofício das letras;
8. Pop. Pej. Irrealidade, inverdade, ficção;
9. As instruções, ger. em folheto, que acompanham certo produto
[F.: Do lat. litteratura, ae.] (AULETE DIGITAL, 2014).
Portanto, a criança deve ser iniciada na Literatura desde bebê, pois, ela
vive uma realidade só sua, por meio das histórias contadas, poesias, músicas,
parlendas, gibis, livros de literatura infantil, manuseio de livros e álbuns de
fotografias dentre outros materiais. No contato com os livros, particularmente
com o livro infantil, é que se pode influenciar na vida da criança. O livro traz o
conhecimento do mundo, do homem, das coisas da natureza, dos animais,
dentre tantas outras possibilidades.
A narrativa oral inicia a criança na palavra, nos sons, no ritmo, nos
símbolos, na memória; despertando a sensibilidade, levando a criança ao
mundo da imaginação. Quando a criança começar de fato a aprender a ler,
reconhecendo os signos da língua materna, inicia-se o processo de
socialização e de racionalização da realidade, despertando-a para os desafios
e questionamentos de qualquer natureza.
Nelly Novaes Coelho, pesquisadora e autora de livros sobre Literatura
Infanto-Juvenil afirma:
[...] para que o convívio do leitor com a literatura resulte efetivo, nessa
aventura espiritual que é a leitura, muitos são os fatores em jogo.
Entre os mais importantes está a necessária adequação dos textos às
diversas etapas do desenvolvimento infantil/juvenil. (COELHO, 2000,
p. 32).
Esta mesma autora, separa essas etapas em estágios, quais sejam: pré-
leitor, separado em duas fases: (primeira infância – de 15/17 meses até 3 anos,
e segunda infância de 2/3 anos até 6/7anos); leitor iniciante (6/7 anos até 8/9
anos); leitor em processo 8/9 anos até 10/11 anos); leitor fluente (10/11 anos
até 12/13 anos) e leitor crítico (a partir de 12/13 anos). A partir deste último
ponto, conhecido também como pré-adolescência, o leitor “vive” a experiência
narrada, aprofundando seu conhecimento de mundo, abstraindo, confrontando
ideias, despertando a consciência crítica e reflexiva do mundo que o rodeia,
pois como já destaca a DCE da disciplina de Língua Portuguesa:
A maior parte da vida social foi mediatizada, de tal modo que, para
um número significativo de estudantes, o contato interpessoal ocorre
por via de computador e celular. Aqueles que não dispõem desses
meios vivem forma cruel de exclusão, porque o cruzamento das
vozes, em grande medida, por aí é que se dá. O livro em geral e a
literatura de modo especial emitem vozes mais sutis e menos
ressonantes em meio à barafunda dos discursos. Essa percepção do
lugar da literatura na sociedade não costuma ser confortante a
nenhum professor. No entanto, manter a consciência ingênua em
relação ao fato ajuda muito pouco. Para promover a leitura, mais
efetivo é atuar com algum conhecimento da forma de sociedade em
que vivemos e onde, persistentes, divulgamos a literatura.
(CADEMARTORI, 2012, p. 121).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolvendo este trabalho, iniciado com o Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola, continuado com a Produção Didático-pedagógica e
finalizado com a Implementação na escola de lotação - Colégio Estadual Olinda
Truffa de Carvalho (Cascavel-PR), nas turmas de sextos anos (A, B e C) do
turno vespertino, e, posteriormente com o Grupo de Trabalho em Rede.
Trabalho que teve o intuito de desenvolver uma proposta de ensino e
aprendizagem relacionando a Literatura e a Matemática, partindo de algumas
obras (livros, poemas, poesias, entre outras) como recurso didático-
metodológico para o ensino de alguns conteúdos de Matemática, pudemos
perceber que:
A Literatura pode sim ser usada como ferramenta para o ensino-
aprendizagem de alguns conceitos matemáticos, pois, amplia a possibilidade
de integração das diferentes dimensões do conhecimento, rompe com a
monotonia, desperta a curiosidade, melhora a oralidade e a capacidade de
argumentação e de estruturação do pensamento, e, sem dúvida aumenta
enormemente a capacidade de interpretação das mais variadas situações,
sejam elas matemáticas ou não;
O uso de textos literários variados (narrativas, poesias, textos
informativos entre outros) com conteúdos matemáticos, despertaram o
interesse dos alunos por outras obras sugeridas;
A leitura dos textos de várias maneiras (em grupo, individual,
meninos/meninas, pela professora, entre outras) propiciou a participação de
todos, além disso, os alunos percebem as palavras diferentes e gostam de
saber seu significado, por isso, o dicionário foi muito utilizado em todas as
aulas.
As aulas diferenciadas chamaram a atenção dos alunos e propiciaram
uma grande participação em todas as atividades;
Comparando com turmas de anos anteriores notamos que os alunos
obtiveram melhor resultado nas avaliações, para os mesmos conteúdos. Isto,
porém, pode ser devido à base adquirida durante o ensino fundamental fase I;
Quando solicitada a criação de poesias, poemas e histórias mais
elaboradas, todos os alunos empenharam-se em realizar a atividade proposta
da melhor forma, surgindo até certa competição de quem ia criar a poesia mais
criativa, o poema mais legal ou a história mais bonita;
Enfim, concluímos que a Literatura e a Matemática podem sim formar
um “par perfeito”, pois a Literatura é uma das ferramentas que pode
proporcionar ao aluno a leitura e a compreensão dos elementos matemáticos
ou não, presentes nos diferentes tipos de textos, e, quanto mais diferentes
esses textos forem, maior será o aproveitamento dos alunos.
5. REFERÊNCIAS
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 1 ed. São
Paulo: Moderna, 2000.
KOZMINSKI, Edson Luiz. As Três Partes. 12 ed. São Paulo: Ática, 2004.
MACHADO, Ana Maria; BAETA, Luisa. Curvo ou reto: olhar secreto. 1 ed. São
Paulo: Global, 2010.
VICENTE, Ana; Pra que server o zero? Ilustração Madalena Matoso. São
Paulo: Mercuryo Jovem, 2007.