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EXPRESSO

NFT: o investimento dos colecionadores


digitais
Camilo Rocha 09 de mar de 2021 (atualizado 23/03/2021 às 11h08)

Ativo financeiro digital é usado para dar lastro a obras de arte virtuais, vídeos e
até tuítes e memes

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FOTO: REPRODUÇÃO

! ITEM DA SÉRIE DE ARTE DIGITIAL CRYPTOPUNKS, VENDIDO COMO NFT

São muitos os itens que têm um valor único: um objeto autografado por um
jogador famoso, um boneco vintage de “Star Wars”, uma obra de arte com
numeração limitada. No mundo físico, itens colecionáveis raros podem
chegar a valores milionários.

Objetos virtuais como vídeos, ilustrações digitais e até tuítes e memes, por
sua vez, ganharam uma opção de investimento para estabelecer essa lógica
de raridade e singularidade do colecionismo. São os NFTs, ou “non fungible
tokens” (tokens não fungíveis), um ativo financeiro digital como o bitcoin e
outras criptomoedas.

Ao contrário do bitcoin ou do dinheiro, o NFT é uma unidade de medida


financeira com valor único, indissociável do objeto. É uma espécie de lastro
que confere autenticidade a algo que pode ser replicado milhões de vezes na
internet.

Assim como as moedas digitais, a legitimidade e a posse de um NFT são


garantidos pelo sistema blockchain, que mantém registrado todo o histórico
de transações.

Segundo uma análise do site Trading Platforms, o apelo dos NFTs se deve ao
fato de que cada um é único e pode ter sua autenticidade comprovada. Com
isso, os NFTs se tornam “lucrativos no campo das obras de arte e dos
colecionáveis”. A adesão de marcas conhecidas e celebridades contribuiu
para aumentar o interesse no formato.

De 1º de fevereiro a 2 de março de 2020, o volume de transações desse tipo


de ativo ultrapassou US$ 419 milhões nos cinco principais sites que
negociam NFTs. Durante o período, uma média diária de aproximadamente
17 mil pessoas negociou NFTs.

Arte digital

Criadores de arte digital foram pioneiros no uso dos NFTs quando


começaram a cadastrar suas obras no formato. Por exemplo, um artista cria
100 cópias numeradas de uma ilustração digital e registra cada uma como
um NFT, atribuindo exclusividade para cada item. O termo “crypto art” vem
sendo usado para obras criadas para esse mercado.

Entre os pioneiros a testar o modelo está o estúdio americano Larva Labs,


que criou a série CryptoPunks, 10 mil desenhos de rostos em baixa
resolução gráfica, gerados por um programa de computador, cada um
diferente do outro.
FOTO: REPRODUÇÃO

! IMAGEM DO VÍDEO DE ARTE DIGITAL "DEATH OF THE OLD", DA CANTORA GRIMES

No OpenSea, site que transaciona NFTs, o item 6.965 da série CryptoPunk


valia na segunda-feira (8) 818 ETH (abreviação de “ether”, principal
criptomoeda usada no universo dos NFTs). Segundo um site de conversão de
moedas digitais, um ETH valia R$ 8.732 na mesma data, o que significa que a
peça digital estava avaliada em mais de R$ 7,1 milhões.

Evidentemente, muitos dos valores são especulativos e dificilmente serão


de fato desembolsados por um comprador. No entanto, vale lembrar que em
fevereiro um comprador anônimo arrematou em um leilão virtual uma
versão exclusiva do meme Nyan Cat por US$ 590 mil.

Gifs, álbuns e o primeiro tuíte

Embora o NFT esteja principalmente associado ao mercado da arte digital,


qualquer item pode entrar no sistema, de um gif animado a um vídeo. Uma
pessoa pagou quase US$ 390 mil por um vídeo de 30 segundos da cantora
Grimes.

Jack Dorsey, fundador do Twitter, vendeu como NFT o primeiro tuíte da


plataforma, postado por ele mesmo na inauguração da rede social, em 21 de
março de 2006. Colocado para leilão no mercado online Valuables, a
postagem foi vendida por US$ 2,9 milhões a um executivo de tecnologia na
Malásia chamado Sina Estavi, que comparou a aquisição a "comprar a Mona
Lisa". Dorsey afirmou que doou o valor para caridade.
FOTO: REPRODUÇÃO

! PÁGINA DO SITE VALUABLES ONDE O PRIMEIRO TUÍTE DA HISTÓRIA FOI COLOCADO À VENDA

A banda Kings of Leon lançou três NFTs de seu novo álbum “When you see
yourself ”. Por US$ 50 cada, o fã pode adquirir uma edição especial do disco,
arte audiovisual exclusiva e acesso vitalício à primeira fila em shows da
banda. Já o DJ americano 3LAU ofereceu uma série de NFTs relacionadas a
seu álbum “Ultraviolet”. O mais valioso dá a oportunidade de gravar uma
faixa com o artista no estúdio e foi vendido a US$ 3,6 milhões.

A NBA, liga de basquete dos EUA, realizou uma ação em que colocou
registros digitais de jogadas de novos talentos como cards virtuais que
poderiam ser comprados, colecionados e trocados por fãs. Cada pacote de
cards custa US$ 29.

Questões práticas

Uma questão óbvia quando se trata de itens digitais é: não bastaria copiar a
imagem, GIF ou vídeo para que ela se torne sua? Por que alguém pagaria
dinheiro, às vezes muito dinheiro, por esse tipo de coisa?

Segundo especialistas, o valor está em possuir um item de uma série


original, com autenticidade digital comprovada. É possível obter uma cópia
de qualquer obra de arte física, mas ninguém discute que possuir um
original ou parte de uma edição limitada é muito mais valioso, lembrou
Shaan Puri, no podcast My First Million, sobre investimentos e novos
negócios.

“Os NFTs ganham valor por seu significado cultural e capital social que vêm
com a posse de trabalhos notáveis como esse”, avaliou Justinas Baltrusaitis,
do site Trading Platforms UK.

Outra dúvida comum diz respeito a como se guarda um item digital. De uma
maneira simples, os itens que uma pessoa adquiriu ficam em uma “carteira
digital” compatível, ou seja, um aplicativo onde podem ser armazenados
outros tipos de instrumentos financeiros como cartões de crédito ou
moedas digitais. Mas existem também molduras e quadros, inclusive com
wi-fi, específicos para obras digitais.

Qualquer um pode criar arte digital e disponibilizar em um dos mercados


virtuais do ramo. Isso não quer dizer que a peça terá valor. Sites como
OpenSea estão lotados de itens que não receberam uma oferta sequer.

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casa dos US$ 50 mil

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