OTS – ORIENTAÇÕES EM TENTATIVAS DE SUICÍDIO CBMCE 2022.

Elaboração e revisão: TC Gledson, TC Edir, TC Landin e MAJ Hugo.

O suicídio é fenômeno plural, multicausal, multifatorial e complexo. Em todos os países,

credos, etnias, camadas sociais encontram-se casos de suicídios. Por ano, cerca de 700
mil pessoas se matam no mundo. O Brasil está entre os 10 países do mundo com maior
quantidade absoluta de suicídios. O suicídio é entendido como o ato de alguém se matar
e a sua interrupção por motivos pessoais ou forças externas será considerado tentativa.
No Ceará, a taxa de suicídio diminuiu no período pandêmico, mas continua preocupante
(WHO, 2014; ABP, 2014; WHO, 2019; IASP, 2021;)

Segundo O’Connor (2021) o suicídio não é explicado somente por questões mentais. A
OMS considera mito o fato de que todo paciente mental é suicida e todo suicida é paciente
mental. Portanto, mais ainda reforçado está que a tentativa de suicídio em lugares públicos
ameaça a ordem e a segurança de várias pessoas e da sociedade, sendo, portanto, fato
social, que pode se expressar de inúmeras formas, a ser atendido pela Segurança Pública
em parceria com demais órgãos estatais legalmente competentes.

Diante disso, o CBMCE elege o Sistema de Comando de Incidentes (SCI) como a

ferramenta de gerenciamento desse tipo de incidente, devendo os bombeiros militares
seguir os princípios elencados no SCI somados aos princípios de atuação específicos para
atendimento a tentativas de suicídio:
1. Preservar vidas

2. Aplicar a lei

3. Ser moral e ético

4. Respeitar diferenças e diversidade

5. Agir proporcionalmente

O CBMCE atuará na intervenção em tentativas de suicídio devendo os bombeiros

interventores priorizarem métodos pacíficos de resolução de incidentes, como a
Intervenção Baseada em Escuta e Diálogo (IBED) e Negociação (que deverão obedecer
aos princípios dessa OTS), bem como devem estar preparados para uma possível
contenção física, no procedimento chamado de “linhas paralelas de ação” (McMain,
Mullins, 2015).

O CBMCE deverá chamar imediatamente a Polícia Militar para realizar atendimento à

vítima com propósito suicida quando ela esteja armada, uma vez que só a PMCE possui
todos os equipamentos de proteção individual e coletiva para esse tipo de tentativa de
suicídio específico (COUTO, OLIVEIRA, SOUSA, 2021).

O Código Penal brasileiro prevê como crime o induzimento, a instigação e ao auxílio ao

suicídio e automutilação de acordo com o art. 122 do CP. O Art. 146, parágrafo 3º, inciso
II do CP dispõe como legal a coação para evitar suicídio.

Os interventores bombeiros militares devem atentar que um dos principais estados

cognitivos de uma pessoa com propósito suicida é a ambivalência, segundo Shneidman
(1985) um estado onde a vítima oscila entre querer morrer e querer viver, porque quer de
fato matar uma dor ou sofrimento e como chega a um ponto de não suportar a situação
tem impulso autodestrutivo pensando que ao se matar destruirá a dor junto, logo se
confrontando com o instinto de sobrevivência.
Dessa forma, uma vítima de suicídio pode parecer calma e em seguida ficar agressiva e
atentar contra si mesma e até mesmo contra equipe de interventores da segurança pública
e populares (Sousa, 2022), portanto não existe ocorrência de tentativa de suicídio simples.

Nessa linha de pensamento, ao ser resgatada, preferencialmente uma vítima de tentativa

de suicídio será levada à hospital, unidade de pronto socorro ou ambulância do SAMU
para condução a esses locais onde equipe de saúde física e mental multidisciplinar fará a
avaliação do caso específico.

O Curso de Atendimento a Tentativas de Suicídio (CATS) CBMCE forma interventores

aptos para este tipo de ocorrência e os bombeiros formados deverão compartilhar
conhecimento com seus pares militares, a fim de massificar os princípios de atuação nessa
área.

Por fim, vale ressaltar que para atender a esse tipo de ocorrência é preciso estar bem física
e mentalmente. Assim, a qualquer sinal de alerta para adoecimento, a ABIPS da SSPDS
está à disposição para atendimento biopsicossocial dos nossos militares e compete ao
efetivo atuar de forma empática para realizar apoio recíproco no seio da tropa,
principalmente por meio da estratégia Guardiões da Vida (SOUSA, PAIXAO; 2022),
igualmente lecionada e praticada por militares do CBMCE.

Fortaleza, XX de fevereiro de 2022.

Ronaldo Roque de Araújo – CEL CG

Mat. XXX – YY
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTO, Márcio Santiago Higashi; OLIVEIRA, Onivan Elias, SOUSA, José Edir
Paixão de. Suicide by COP, Suicídio de policial e suicídio noutra perspectiva.
Editora idea: João Pessoa, 2021.

INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR SUICIDE PREVENTION (IASP). Book of

Abstracts, programme and presenters. 31st World Congress. ISBN 978-1-922361-
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https://www.usda.gov/sites/default/files/documents/ICS100.pdf. Acesso em 03 de
março de 2022.

Mcmains, M. J., Mullins, W. C. Crisis Negotiations: Managing Critical and Hostage

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NUÑES, Diego (ORG.) et al. Psicologia de la Emergencia. Argentina, São Luis: 2020.

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PHTLS - Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Burlington: Jones &

Bartlett Learning, 2020

SOUSA, José Edir Paixão de. Tentativas de suicídios e suicídios em profissionais de

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SOUSA, José Edir Paixão de Sousa. Feminicídio seguido de suicídio praticado por
profissional de segurança pública: análise de ocorrências veiculadas na imprensa
brasileira, entre os anos de 2018 a 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da
Academia Estadual de Segurança Pública do Estado do Ceará. 2021.

SOUSA, José Edir Paixão de Sousa, PAIXÃO, Èvna América de Aquino Leitão. Saúde
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Editora: Iguatu-CE, 2022.
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WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Suicides worldwide in 2019: global

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https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643. Acesso em 25 de fevereiro de
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