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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 00015487620125020481 A28, Relator: DAVI

____ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE CIDADE– FURTADO MEIRELLES, Data de Julgamento:


ESTADO 03/04/2014, 14ª TURMA, Data de Publicação:
11/04/2014)
 … (nome completo em negrito da parte), … (nacionalidade), … (estado
civil), … (profissão), portador do CPF/MF nº …, com Documento de VÍNCULO DE EMPREGATÍCIO X
Identidade de n° …, residente e domiciliado na Rua …, n. …, … (bairro), CONTRATO DE EMPREITADA. NÃO
CEP: …, … (Município – UF), vem respeitosamente perante a Vossa DEMONSTRAÇÃO PELO REÚ DA
Excelência propor: MODALIDADE PRESTAÇÃO DE
TRABALHO ALEGADA EM DEFESA.
AÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PREVALÊNCIA DA PRESUNÇÃO
FIRMADA EM FAVOR DO
TRABALHADOR. Ao contrário do que alega o
em face de … (nome em negrito da parte), … (indicar se é pessoa física
recorrente, e como restou esclarecido na
ou jurídica), com CPF/CNPJ de n. …, com sede na Rua …, n. …, …
sentença, ao ter ele reconhecido que o autor
(bairro), CEP: …, … (Município– UF), pelas razões de fato e de direito que
laborou em seu favor, cabia-lhe o ônus de
passa a aduzir e no final requer.:
demonstrar que o trabalho se deu na
modalidade de empreitada, como afirmado na
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA defesa. Assim, ante a presunção estabelecida
em favor do autor acerca da existência do
Cumpre salientar que o reclamante não possui condições financeiras de vínculo empregatício, a prova a ser produzida
arcar com custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo ao seu pelo réu em sentido contrário deveria se
próprio sustento e de sua família, requerendo desde já os benefícios da mostrar indene de dúvidas, de forma a
justiça gratuita, nos termos do artigo 4º da Lei 1.060/50, com redação convencer o julgador de que os fatos se deram
introduzida pela Lei 7.510/86. de modo diverso do afirmado na inicial. O
depoimento da testemunha indicada pelo réu,
DOS FATOS em confronto com o depoimento de sua
preposta, demonstra a existência de
O reclamante trabalhou clandestinamente para a reclamada de 15 de contradições, pelo que nele não se verifica a
fevereiro de 2015 até 14 de dezembro de 2016, na função de densidade necessária ao convencimento de que
pizzaiolo, recebendo a título de remuneração a quantia de R$1.000,00, e a relação de trabalho havida entre as partes se
possuía carga horária de 08 horas diárias, de terça a segunda feira quando deu na forma alardeada pelo recorrente. Recuso
foi demitido de seu trabalho sem justo motivo. não provido. DEDUÇÃO DO VALOR
INCONTROVERSO PAGO EM AUDIÊNCIA.
Constatado que na ata de audiência de fl. 44/49
Ocorre que os desrespeito a seus direitos não se deu apenas pela não
há registro de que o réu pagou ao autor
assinatura de sua CTPS, acontecendo várias vezes no decorrer de seu labor,
importância a título de verbas incontroversas,
como será demonstrado a seguir.
em relação a qual não foi autorizada a dedução
do montante apurado a título de condenação, a
Como já citado, o reclamante possuía a função de pizzaiolo, possuindo a sentença é reformada para determinar a
obrigação obvia de trabalhar em frente ao forno, sob temperaturas elevadas, retificação dos cálculos com sua dedução.
e mesmo exposto a essas condições de trabalho, nunca veio a receber Recurso provido. PAGAMENTO DE FÉRIAS
adicional de insalubridade. EM DOBRO DO PERÍODO AQUISITIVO
2003/2004. Ao contrário do que alega o réu,
Neste interim, para agravar a situação, o reclamante não recebeu o seu 13º não se verifica da sentença a determinação para
salário de 2016, bem como teve um mês de salário suprimido (novembro de pagamento de férias em dobro relativas a
2016), momento em que tirou férias em outubro, recebendo apenas os período abarcado pela prescrição pronunciada.
R$1.300,00 (mil e trezentos reais), e quando foi receber no mês seguinte o No particular, o período aquisitivo mais
reclamado não o pagou, e ao questioná-lo, o mesmo afirmou que não longínquo, cujo pagamento foi determinado,
recebeu o seu salário porque nas férias o reclamante não trabalhou. diz respeito aos anos 2003/2004, em relação ao
qual o período concessivo perdurou de
Sendo justamente após reclamar dessas situações que o reclamado o 19.07.2004 a 19.07.2005 (art. 134 da CLT), que
demitiu sem justo motivo, sem direito a aviso prévio trabalhado, tampouco não se encontra alcançado pela prescrição.
pago, e até a presente data não pagou nada a título de verbas rescisórias. Recurso não provido. INDENIZAÇÃO DO
PIS. Reconhecida a existência de vínculo
empregatício entre as partes em período
Vale ressaltar que como o funcionário laborava de forma clandestina, não
mínimo necessário ao recebimento do benefício
teve nenhum depósito do FGTS e contribuição ao INSS realizados, e que
em tela, além da presença dos demais requisitos
tentou conciliação por três vezes nas vias extrajudiciais, entretanto o
legais para tanto, a sentença é mantida. Recurso
reclamado informou que procurasse a justiça para pôr fim à situação.
não provido. (TRT-23 – RO:
534201009623004 MT 00534.2010.096.23.00-
Tendo em vista os argumentos jurídicos a seguir apresentados, interpõe-se a 4, Relator: DESEMBARGADOR JOÃO
presente Reclamação Trabalhista no intuito de serem satisfeitos todos os CARLOS, Data de Julgamento: 09/02/2011, 2ª
direitos da Reclamante. Turma, Data de Publicação: 10/02/2011)

DO DIREITO Passando agora discorrer acerca do mérito, o reclamante foi contratado pela
reclamada para exercer a função de Pizzaiolo, no mês de fevereiro de 2015,
DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO quando em dezembro de 2016 foi demitido sem justa causa.

Não é a primeira nem a última vez em que empresas se utilizam Destaque-se que, como o contrato entre as partes
de trabalhadores clandestinos para suprimir os direitos trabalhistas de seus era clandestino, o Reclamante jamais teve sua CTPS assinada pela
empregados, ocorre que a jurisprudência pátria já tem um demasiado acervo Reclamada, tampouco teve seus direitos trabalhistas respeitado, vindo por
de como devem ser tratados tais relações, senão vejamos: meio dessa buscar ser ressarcido ao que lhe foi ilicitamente usurpado.

Contrato de empreitada. Autonomia não No art. 3º da CLT, o legislador trouxe o conceito de empregado


comprovada. Reconhecimento de vínculo estabelecendo todos os requisitos necessários para que um indivíduo seja
empregatício. No Direito do Trabalho impera a reconhecido como empregado:
presunção de que toda a prestação de serviços é
de natureza subordinada, salvo robusta prova Art. 3º – Considera-se empregada toda pessoa
em contrário. Recurso Ordinário do reclamante física que prestar serviços de natureza não
provido. (TRT-2 – RO: eventual a empregador, sob a dependência deste
00015487620125020481 SP e mediante salário.
Dessa forma, para ser considerado, é necessário que todos os requisitos aplicação de seus reflexos em todas as verbas a que faz jus pela demissão
trazidos pela legislação estejam preenchidos cumulativamente. sem justa causa.

Durante todo o período em que o Reclamante prestou serviços para a DO MÊS SUPRIMIDO


Reclamada, estiveram presentes todas as características do vínculo de
emprego, quais seja a pessoalidade, onerosidade, subordinação e não No mês em que tiraria férias o reclamante apenas recebeu o seu salário de
eventualidade. outubro com o adicional de 1/3 constitucional totalizando a quantia
de R$1.300,00 (mil e trezentos reais), e ao retornar ao serviço, o seu patrão
Devendo o reclamante se reportar ao reclamado, não podendo ser suprimiu o pagamento do mês de novembro, dizendo que se ele não
substituído (pessoalidade), conforme documento anexado aos autos, recebia trabalhou, não receberia nada.
a quantia de R$1.000,00 (mil reais) mensais (onerosidade), tinha que
obedecer a um superior hierárquico (subordinação), e tinha horário a Desta feita vem por meio deste requerer a vossa Excelência o pagamento de
cumprir diariamente, tendo dias fixos de trabalhos, carga horária típica de seu salário de novembro de 2016, que fora usurpado pelo reclamado.
um funcionário qualquer (não eventualidade)
DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
Em suma, o reclamante cumpria jornada de trabalho delimitada pelo
empregador, além do que trabalhava diariamente, exclusivamente para a
Tendo em vista a inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de
Reclamada, não podendo ser substituído, e mediante ânimo subjetivo de
trabalho, surge para o Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado,
perceber uma contraprestação mensal.
prorrogado o término do contrato para o mês de janeiro de 2017, uma vez
que o § 1ºdo art. 487, da CLT, estabelece que a não concessão de aviso
Conforme se pode observar pelo documento anexados à presente inicial, o prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos salários do respectivo
vínculo empregatício existente entre a Reclamada e a Reclamante é período, integrando-se ao seu tempo de serviço para todos os fins legais.
inegável, tendo em vista que esta laborava de forma subordinada, pessoal,
onerosa e não eventual.
Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado, corresponde a
mais 30 dias de tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13º
Dessa forma, requer que seja reconhecido o vínculo empregatício, para que salário, FGTS + 40%, haja vista o reclamante ter laborado por nove anos
a reclamada proceda à anotação da CTPS da reclamante, surtindo todos os para a reclamada, sendo demitido sem justo motivo.
efeitos legais, como pagamento referente a todas as verbas rescisórias e
indenizatórias, advindas da rescisão do contrato de trabalho sem justa
O reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado.
causa, bem como a liberação das guias de seguro desemprego ou
pagamento de indenização correspondente, sem mencionar a compensação
de todos os encargos trabalhistas e sócias já vencidos, os quais o reclamante DO 13º SALÁRIO VENCIDOS
possuía o direito durante o seu labor.
As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salário será
DA INSALUBRIDADE pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração
igual ou superior a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para
efeitos do cálculo do 13º salário.
Como já tratado, o reclamante laborava para a reclamada sob a função de
pizzaiolo, exigindo assim sua permanência constante na cozinha, se
expondo a temperaturas elevadas, nunca recebendo para tanto seu adicional Como o reclamante não recebeu 13º salário de 2016, este tem o direito
de insalubridade, conforme previsto na CLT, que traz em seus arts. 189 e reaver os valores vencidos, haja vista laborou até o dia 14 de janeiro de
192 o seguinte: 2017 (tempo de serviço + aviso prévio).

Art. 189 – Serão consideradas atividades ou DO FGTS + MULTA DE 40%


operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia
exponham os empregados a agentes nocivos à 7 de cada mês na conta vinculada do empregado a importância
saúde, acima dos limites de tolerância fixados correspondente a 8% de sua remuneração devida no mês anterior.
em razão da natureza e da intensidade do
agente e do tempo de exposição aos seus Sendo assim, Vossa Exa. Deverá condenar a Reclamada a efetuar os
efeitos. depósitos correspondentes todo o período da relação de emprego desde seu
início até o final, tendo em vista que a CTPS da Reclamante não foi sequer
Art. 192 – O exercício de trabalho em assinada.
condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Além disso, por conta da rescisão injusta do contrato de trabalho, deverá ser
Trabalho, assegura a percepção de adicional paga uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de
respectivamente de 40% (quarenta por cento), FGTS, de acordo com § 1º do art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.
20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do
salário-mínimo da região, segundo se MULTA DO ART. 477 DA CLT
classifiquem nos graus máximo, médio e
mínimo.
No prazo estabelecido no art. 477, § 6º, da CLT, nada foi pago
ao Reclamante pelo que se impõe o pagamento de uma multa equivalente a
Neste interim em seu artigo 190 a CLT determina que o MTE seria o um mês de salário revertida em favor da Reclamante, conforme § 8º do
responsável para determinar normas e critérios para determinar a existência mesmo art.
do direito ou não à insalubridade.
MULTA DO ART. 467 DA CLT
No caso em tela, o MTE determinou, em seu NR 15, mais precisamente no
seu anexo nº 3, que especifica os “Limites de tolerância para exposição ao
A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as
calor”, que para trabalhos contínuos de natureza leve, como o realizado
verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme
pelo reclamante, a exposição limite de calor seria de até 30º C, passando
art. 467 da CLT, transcrito a seguir:
disso ele teria o direito ao adicional.

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de


Desta feita, não resta dúvidas da necessidade de se averiguar por meio de
trabalho, havendo controvérsia sobre o
perícia técnica, se o reclamado está mantendo as condições de trabalho do
montante das verbas rescisórias, o empregador
reclamante regular, o que deveras é bastante difícil, dado o grau elevado de
é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
calor emanado de um forno dentro de um ambiente interno, ou está
comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte
suprimindo tal direito à adicional insalubridade do reclamante.
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-
las acrescidas de cinquenta por cento.
Por fim após confirmado o direito ao adicional de insalubridade, que seja
incluído em tudo já percebido pelo reclamante, bem como a incidência da
Dessa forma, protesta a Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas
incontroversas na primeira audiência.
DOS PEDIDOS OAB n° …. – UF

Diante das considerações expostas, requer:

1. Que seja deferido o benefício da assistência


judiciária gratuita, devido à difícil situação
econômica do reclamado, que não possui
condições de custear o processo, sem prejuízo
próprio.

2. A notificação da Reclamada para


comparecer à audiência a ser designada para
querendo apresentar defesa a presente
reclamação e acompanhá-la em todos os seus
termos, sob as penas da lei.

3. Julgar ao final TOTALMENTE


PROCEDENTE a presente Reclamação,
declarando o vínculo empregatício existente
entre as partes, condenando a empresa
Reclamada a:

a) Reconhecer o vínculo empregatício anotando


a CTPS do Reclamante no período de 15 de
fevereiro de 2015 a 14 de janeiro de 2017 na
função de Pizzaiolo;

b) deferir o pedido de perícia técnica para que


seja constatado o ambiente insalubre no qual o
reclamante laborava, para que assim, possa
fazer jus ao seu adicional de insalubridade,
sendo o percentual concedido incluído a todo
período trabalhado, bem como a incidência de
seus reflexos nas verbas rescisórias;

c) Condenação da reclamada ao pagamento do


salário suprimido do mês de novembro de
2016;

d) Pagar o Aviso Prévio


indenizado (30 dias), 13º salário vencido, os
depósitos de FGTS de todo o período acrescido
de multa de 40% à título de indenização;

e) Pagar honorários advocatícios no patamar


de 20% sobre a condenação;

Além disso, condenar a Reclamada ao


pagamento da multa prevista no § 8º, do
art. 477 da CLT, e, em não sendo pagas as
parcelas incontroversas na primeira audiência,
seja aplicada multa do art. 467 da CLT, tudo
acrescido de correção monetária e juros
moratórios.

Requer, ainda, seja a Reclamada condenada ao


pagamento das contribuições previdenciárias
devido em face das verbas acima requeridas,
visto que caso tiverem sido pagas na época
oportuna, não acarretariam a incidência da
contribuição previdenciária.

Protesta provar o alegado por todos os meios no


Direito permitidos, notadamente oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal.

Dá-se à causa o valor de R$40.000,00 (quarenta


mil reais) para efeitos fiscais.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

… (Município – UF), … (dia) de … (mês) de … (ano).

ADVOGADO

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