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AO JUÍZO DE DIREITO __ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

SALVADOR-BA

Autos do processo n.__

Ômega Ltda., já devidamente qualificado nos autos do processo de


número supra, que lhe move Humberto Cedraz, também devidamente
qualificado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu
advogado que esta subscreve, com fulcro no artigo 847 da CLT, apresentar
CONTESTAÇÃO à presente ação indenizatória sob rito ordinário, pelos
motivos abaixo expostos:

I – BREVE RESUMO DOS FATOS


Pretende o autor a responsabilização da empresa ré por moléstia
profissional, fundamentado em que é portador de surdez. O réu pleiteia
pagamento de pensão mensal vitalícia no valor equivalente ao salário
anteriormente percebido, a título de compensação pela redução de sua
capacidade laborativa, além da importância não inferior a 500 salários mínimos,
a título de danos morais.
Importante destacar que na empresa ré o autor trabalhou de janeiro a
dezembro de 2003 como auxiliar de escritório, ao passo que, anteriormente,
trabalhou durante 10 anos no aeroporto de Congonhas, junto à pista de pouso
de aviões.

II – DO MÉRITO
A) DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL
A função exercida pelo autor na empresa ré, qual seja, auxiliar de
escritório, não possui qualquer relação com sua surdez. Isso é fácil de notar
pelo fato de o autor ter trabalhado no aeroporto de Congonhas por dez anos,
junto à pista de pouso.
A possibilidade de ter adquirido tal moléstia em decorrência dessa
atividade é evidente, tendo em vista os elevados índices de ruído produzidos
na pista de pouso dos aviões, bem como o fato de que, quando a sua
admissão na empresa ré, seu exame médico admissional constatou redução na
sua capacidade auditiva.
Ademais, insta consignar que a empresa ré é totalmente salubre, o que
inviabiliza a aquisição da moléstia profissional alegada. E, nos termos do artigo
927 do Código Civil, somente aquele que causar dano a outrem é obrigado a
repará-lo, o que não ocorre no caso em questão.
Vale ressaltar que cumpre ao autor demonstrar o dano e o nexo causal
entre a atividade profissional exercida e a alegada surdez, o que não foi
comprovado nos autos.
Em sua atividade na empresa ré, o autor não estava à exposição de
ruído contínuo ou excessivo que pudesse gerar o dano arguido, diferentemente
do que ocorria quando trabalhava na pista de pouso de aviões do aeroporto de
Congonhas.
Desta forma, verificada a inexistência de nexo causal entre qualquer
atitude da ré e o dano alegado, a presente demanda deve ser julgada
improcedente nos termos do artigo 269, I, do Código de Processo Civil.

B) DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA E DOS DANOS MORAIS


Caso Vossa Excelência entenda que a empresa ré é a causadora do
alegado dano sofrido pelo autor, o que não se vislumbra, pelo princípio da
eventualidade necessário se faz defender acerca da pensão vitalícia requerida
no valor equivalente ao salário anteriormente percebido, bem como em relação
aos danos morais.
O autor não perdeu sua capacidade laborativa, tanto que, mesmo com a
redução da capacidade auditiva, trabalhou na empresa ré na condição de
auxiliar de escritório. Assim, totalmente afastada a pensão prevista no artigo
950 do Código Civil.
O valor requerido pelo autor é exorbitante, bem como o tempo de sua
duração. Isto porque o réu requereu pensão vitalícia e em valor equivalente ao
salário anteriormente percebido a título de compensação pela redução de sua
capacidade laborativa, ou seja, o réu não ficou inabilitado para exercer
qualquer trabalho, podendo exercer outras funções e prover meios para seu
sustento.
Ademais, incabível o dano moral, visto que esse só é caracterizado
como o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral intelectual da vítima. E, no
presente caso, não há falar que o autor tenha sofrido qualquer angústia ou
abalo em sua honra subjetiva.
Subsidiariamente, e pelo princípio da eventualidade, ainda que Vossa
Excelência considere que tenha havido dano moral, o mesmo não deve
proceder em tão alto valor, pois desproporcional ao prejuízo alegado, o que
levaria o autor a um enriquecimento sem causa.
Ademais, conforme dispõe o artigo 7º, IV, da Constituição Federal,
incabível a vinculação do salário mínimo para qualquer fim, de tal sorte que a
fixação do valor do dano moral com base no salário mínimo contraria tal
dispositivo constitucional.

IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, é a presente para requerer:

a) seja a demanda julgada improcedente, uma vez que não há nexo


causal entre a moléstia do autor e qualquer atitude da fé;

b) subsidiariamente, em caso de procedência do pedido principal, o que


se admite apenas em atenção ao princípio da eventualidade, seja diminuído o
valor da pensão requerida, bem como afastado o pedido de danos morais, ou,
no caso de seu acolhimento, que lhe seja diminuído o valor;

c) a condenação da autora ao pagamento de custas, despesas


processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa
Excelência.

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,


especialmente documental, pericial e outros que fizerem necessários.

Termos em que, pede deferimento.


Local..., Data...
Advogado..., OAB...

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