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Enfermagem

em Terapias
Complementares
Material Teórico
Bases Conceituais das Terapias Complementares

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Priscila Luna Lacerda

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Bases Conceituais
das Terapias Complementares

• Introdução;
• Antroposofia;
• Medicina Tradicional Chinesa;
• Medicina Ayurvédica.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer as ciências que deram origem, como bases conceituais, às terapias complementares.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Bases Conceituais das Terapias Complementares

Introdução
As bases conceituais podem ser agrupadas segundo suas origens:

• Antroposofia;
Ocidentais • Homeopatia.

• Medicina Tradicional
Orientais Chinesa (MTC);
• Medicina Ayurvédica.

Figura 1 – Origem das bases conceituais


às terapias integrativas/complementares
Fonte: Adaptado de Lacerda, 2019

Originalmente, os conceitos relacionados à Cultura ocidental são voltados ao fun-


cionamento fisiopatológico como explicação racional para os agravos à saúde, corre-
lacionando os distúrbios ao comprometimento funcional de cada estrutura fisiológica.

Enquanto a Cultura oriental correlaciona os agravos à saúde como respostas do


organismo a todo o contexto em que o indivíduo vive e convive; portanto, pode
ter um aspecto externo que leve ao desequilíbrio de um microssistema, mesmo em
perfeito funcionamento fisiológico do órgão ou estrutura correspondente, manten-
do exames clínicos e laboratoriais em conformidade.

Atualmente, no agitado e complexo cotidiano da vida moderna, cabe ao pro-


fissional da Área da Saúde assistir ao paciente de forma holística, atendendo suas
necessidades como elas se apresentam, independente das causas, ou seja, os sinais
e os sintomas apresentados podem ter origem fisiopatológica ou não.

Contudo, diante do desequilíbrio apresentado, esse indivíduo precisa ser aten-


dido integralmente para ter possibilidades de retomar o equilíbrio e, consequente-
mente, o completo estado de bem-estar.

Antroposofia
A Antroposofia, do grego “conhecimento do ser humano”, introduzida no início do
século XX, pelo austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracterizada como um método de
conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento
obtido pelo Método Científico convencional, bem como sua aplicação em pratica-
mente todas as áreas da vida humana, também denominada “Ciência Espiritual”.

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Teve início em 1910, com ideias de Rudolf Steiner (1861-1925) – filósofo, educa-
dor, artista e esoterista, denominado fundador da Antroposofia.

Dedicou-se à Teoria do Conhecimento para entender os organismos vivos,


diferenciando o homem da Natureza.

Exceto por sua autoconsciência, segundo Rudolf Steiner, o homem é composto


por corpo físico vital associado aos aspectos emocionais e espirituais, diferenciando-o
em três níveis simultâneos:
1. Cósmico-espiritual (individualidade) = Espírito;
2. Psíquico-emocional (personalidade) = Alma;
3. Orgânico-vital (figura humana) = Corpo.

Os três princípios constituintes do homem ou trimembração apresentam-se


da seguinte forma:

Tabela 1
Polo Natureza Ação
Perceptiva
Pensamentos
Cabeça Sensorial
Percepções
(Entrada)
Sentimentos
Ritmica
Tórax Afeto
Coração-Pulmão
Simpatia
Digestão
Abdome/MMSSII Vontades
(Saída)
Fonte: Lacerda, 2019

Segundo a Antroposofia, a divisão elementar do corpo humano é: cabeça, tórax


e abdome/membros, representando aspectos fisiológicos muito bem definidos, como
natureza perceptiva sensorial, rítmica e de saída, respectivamente; aplica-se à natureza
psíquica, apresentando-se como pensar, sentir e agir.

Entretanto, está não é a única divisão abordada pela Antroposofia, pois, ao


comparar o homem à Natureza – exceto por sua autoconsciência, surge um quarto
elemento constituinte, que denominará a quadrimembração do ser humano.

Os quatro elementos constituintes do ser humano, ou Quadrimembração,


apresenta-se da seguinte forma:

Tabela 2
Polo Reino Elemento Órgão
Eu
Humano Fogo Coração
(Espírito)
C. Astral (Alma) Animal Ar Rins
C. Etérico
Vegetal Água Fígado
(Vital)
C. Físico
Mineral Terra Pulmões
(Matéria)
Fonte: Lacerda, 2019

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UNIDADE Bases Conceituais das Terapias Complementares

Nessa divisão, o homem é o que ele é por meio do corpo físico, do corpo etérico
ou vital, do corpo astral (alma) e do Eu (espírito). Ele deve ser visto como homem
sadio a partir desses “membros”.

A relação entre os sistemas muda durante a vida com a idade, alterações psicológicas
e espirituais; transtornos nessas transformações levam ao aparecimento de doenças.

A Antroposofia associa o entendimento do ser humano ao conhecimento da


natureza como aspecto vital à sobrevivência.

Essa filosofia torna-se cada vez mais frequente e relevante à Sociedade mo-
derna, vez que novas formas de pensar nos permitem reconhecer os processos
criativos da Natureza, incorporando ao nosso cotidiano novas ferramentas de
enfrentamento ao “caos da vida moderna”.

Com a crescente globalização, observa-se que pesquisadores e adeptos da Antro-


posofia estão produzindo Material Científico sobre essa Ciência em todo o mundo,
com números bastante expressivos na Alemanha, na Suécia e na Suíça.

Existem trabalhos de pesquisa buscando evidenciar os benefícios do estilo de


vida antroposófico, utilização de medicamentos antroposóficos para agravos espe-
cíficos à saúde, como medo e ansiedade e, ainda, resultados favoráveis à qualidade
do sono frente ao uso desses medicamentos.

Atualmente, é crescente a formação médica antroposófica na Europa e no Brasil.

Homeopatia
O termo Homeopatia, originário do grego, significa homolos = semelhante/
pathos = doença.

Trata-se de uma prática terapêutica desenvolvida pelo médico alemão Samuel


Hahnemann, em 1796, fundamentada pela Lei dos semelhantes, citada pelo Pai da
Medicina – Hipócrates, em 450 a.C.

Hipócrates (Deus/Pai da Medicina) deixou três princípios diretores:


1. Vis medicatrix naturae = Via curativa da natureza;
2. Contraria contraris curantur = Contrários são curados pelos contrários
(Alopatia);
3. Similia similibus curantur = Semelhante cura-se pelo semelhante (Homeopatia).

A função precípua da Homeopatia é auxiliar as forças da Natureza do corpo


para conseguir a harmonia, seguindo a teoria dos semelhantes, os semelhantes se
curam pelos semelhantes, isto é, para tratar um indivíduo que está doente é neces-
sário aplicar um medicamento que apresente (quando experimentado no homem
sadio) os mesmos sintomas que o doente apresenta.

Medicamentos homeopatas, em sua maioria, são oriundos de ervas, porém mui-


tos provêm dos reinos animal e mineral.

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Segundo Hahnemann (apud Sociedade Brasileira de Antroposofia), “Toda subs-
tância capaz de produzir no homem são manifestações mórbidas, pode levar ao
aparecimento de manifestações análogas no homem enfermo”, levando-o à cura
pelo seu próprio organismo.

Conceitos Princípios
Fundamentais Fundamentais
- Unidade do ser humano - Experiência no
(aspecto integral); homem são;
- Há doenças e doentes; - Lei dos semelhantes;
- Energia vital, além - Doses mínimas;
do corpo físico; - Medicamento único
- Exoneração. (similimun.)

Figura 2 – Conceitos e princípios fundamentais da Homeopatia


Fonte: Adaptado de Lacerda, 2019

A Homeopatia preocupa-se com as causas que levam o indivíduo ao desequilí-


brio. Assim, precisa conhecê-lo como ser único e integral, entender o seu processo
de saúde-doença, analisar sua condição energética e sua capacidade de exonerar os
fatores que o levaram ao desequilíbrio.

A partir da identificação dos conceitos fundamentais é que atua de forma individu-


alizada para cada um, por meio dos princípios fundamentais, direcionando elementos
originários da Natureza para restabelecer o equilíbrio e restaurar a saúde.

Figura 3 – Medicamento homeopático


Fonte: Getty Images

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Enquanto o tratamento alopático tem como foco a doença, o tratamento homeopá-


tico preocupa-se com o desequilíbrio do organismo, que está originando os sintomas
dessa doença. Assim, oferece, por meio do fármaco homeopático, uma informação
repetitiva ao organismo, com a intenção de recuperar a harmonia, ensinando o corpo
a funcionar corretamente.

Esse tratamento é gradativo e lento e, no início, pode produzir à exacerbação dos


sintomas, conhecida como “piora homeopática”; contudo, esse mecanismo é inten-
cional e produzirá o efeito desejado, que é a eliminação da(s) causa(s) da doença e não
apenas dos seus sintomas.

Medicina Tradicional Chinesa


A expressão Medicina Tradicional Chinesa é atribuída ao Conjunto de Práticas de
Medicina Tradicional usadas na China.

Considerando a vasta diversidade da cultura oriental, existem inúmeras práticas utili-


zadas por eles que não são aceitas e/ou praticadas no Ocidente, por divergência cultural.

Dentre as mais difundidas mundialmente, estão: Acupuntura, Moxabustão, Ventosa,


Microssistemas (Auriculopuntura e Craniopuntura, entre outros), Dietoterapia Chinesa,
Fitoterapia Chinesa, Massagens, como Tui Ná e Do In.

Medicina Chinesa Tradicional

Sensação de Diagnóstico de língua Acupuntura Moxabustão


pulso e palpação

Gua sha (raspagem) Acupressão Banho de ervas Pé tuiná

Tui Ná Ba guan (escavação) Eletroacupuntura Ervas chinesas

Figura 4 – Modalidades da Medicina Tradicional Chinesa


Fonte: Adaptado de Getty Images

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Princípio norteador: a saúde é um estado de equilíbrio e a doença um distúrbio
desse equilíbrio.

Todos os esforços de um profissional oriental são destinados à recuperação do equilíbrio.

A Teoria do Yin Yang é baseada em quatro fundamentos:


• Oposição;
• Interdependência;
• Interconsumo;
• Intertransformação.

Figura 5 – Representação gráfica dos elementos Yin e Yang


Fonte: Getty Images

• Yin: lado direito; parte anterior (ventral); parte palmar; interior do corpo; membros
inferiores; tronco; cheio (sólido); órgãos/meridianos zang: fígado, coração, rim,
pulmão, baço-pâncreas, pericárdio;
• Yang: lado esquerdo; parte posterior (dorsal); parte volar; exterior; membros
superiores; cabeça; oco, vazio (luz); órgãos/meridianos fu: intestino delgado,
intestino grosso, estômago, bexiga, vesícula biliar, tríplice aquecedor (san jiao),
cérebro, útero.

Princípios da Teoria Yin Yang:


• Tudo que estruturalmente é Yin, energeticamente é Yang, e vice-versa;
• Nada é exclusivamente Yin ou Yang;
• Tudo está em constante mutação, nada é neutro.

Aspectos básicos a considerar em um diagnóstico são: observar, ouvir e cheirar,


histórico do paciente, palpar pulso, tórax e abdome, entre outros. Parte-se de uma
visão holística e características emocionais podem ser detalhes importantes para
distinguir desequilíbrios.

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UNIDADE Bases Conceituais das Terapias Complementares

Medicina Ayurvédica
Origem hindu (1200 a.C.) ayur = vida / veda = conhecimento ou ciência. Portanto,
“Ciência da Vida”.

É uma terapia indiana milenar, que utiliza diversas técnicas para restabelecer o
equilíbrio entre corpo, mente e espírito, como massagem, nutrição, aromaterapia e
fitoterapia, entre outras.

Figura 6 – Medicina Ayurvédica


Fonte: Getty Images

Afirma que existem 3 humores biológicos no nosso corpo, chamados de Doshas:


• Vata: que possui o elemento ar = pessoas alegres, criativas e ansiosas;
• Pitta:no qual o elemento fogo predomina = indivíduos empreendedores e
objetivos;
• Kapha: caracterizado pela água = seres equilibrados e calmos.

Na visão ayurvédica, um excesso ou deficiência dessas características indica um


desequilíbrio no Dosha (humor biológico) correspondente, o que gera alterações
patológicas no corpo físico.

Também distingue 3 atitudes da mente:


• Rajas: energia criadora/movimento;
• Satha: energia protetora/harmonia;
• Tamas: energia passiva/inércia.

Para identificar o dosha de cada um, o médico ayurvédico obtém o máximo de


informações, desde hábitos até o aspecto da língua e a temperatura das mãos do
doente. É a partir da determinação do dosha predominante que surge o tratamento.

A terapia é feita com o uso de vários recursos, contudo, o primeiro é a mudança


na alimentação.

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O diagnóstico se dá por uma visão global, analisando-se exame físico, avaliação
astrológica, exame de urina, suor, escarro e voz do paciente.

O paciente precisa fazer seu papel no processo de cura.

Práticas recomendadas para tratamento do(s) desequilíbrio(s) identificado(s):


• Identifique a emoção;
• Responsabilize-se, expresse-se e a compartilhe;
• Libere-se na prática de atividade física;
• Recompense-se pelo seu esforço;
• Respire pelo nariz profundamente, sempre.

De acordo com a Medicina Ayurvédica, a doença surge no organismo muito


antes do aparecimento dos sintomas no nosso organismo. Os desarranjos surgem e
não são percebidos, portanto, não são tratados e progridem até o estabelecimento
das doenças.

O tratamento tem por objetivo atuar na esfera física e energética de cada indivíduo,
além de ser direcionado individualmente ao seu dosha. Somente respeitando esses
princípios é que será capaz de proporcionar o restabelecimento do equilíbrio orgânico,
proporcionando qualidade de vida ao indivíduo.

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UNIDADE Bases Conceituais das Terapias Complementares

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
PNPIC - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
Visualização do folder digital disponibilizado pelo Ministério da Saúde sobre Homeopatia.
http://bit.ly/2XYgUWJ

 Vídeos
O que é Antroposofia?
https://youtu.be/cWfrRRsxf4U
O que é Medicina Ayurveda?
https://youtu.be/bmCU4cg2T7E

 Leitura
A Medicina Tradicional Chinesa tem base científica?
Leitura parcial do artigo: A Medicina Tradicional Chinesa tem base científica?
http://bit.ly/2Y0QNP1

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Referências
LACERDA, PL. Bases conceituais para terapias complementares/integrativas.
São Paulo, 2019.

LANZ, R. Noções básicas de antroposofia. São Paulo: Antroposófica, 1997.


4.ed. rev. Disponível em: <http://institutorudolfsteiner.org.br/wp-content/uploa-
ds/2016/07/nocoes_basicas_de_antroposofia.pdf>. Acesso em: 23/03/2019.

LIGA de Homeopatia da Unicamp. Disponível em: <https://sites.google.com/


site/ligahomeopatiamedunicamp/o-que-e-homeopatia>. Acesso em: 20/03/2019.

SOCIEDADE Brasileira de Antroposofia. Disponível em: <http://www.sab.org.


br/antrop/>. Acesso em: 22/03/2019.

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