Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Índice
AULA T4 ......................................................................................................................................... 3
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PSICOFISIOLOGIA............................................................ 3
AULA TP4 ..................................................................................................................................... 11
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA PSICOFISIOLOGIA...................................................... 11
AULA T5 ....................................................................................................................................... 19
PRINCÍPIOS DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO ............................ 19
AULA PL3 ..................................................................................................................................... 38
FERRAMENTAS DE INVESTIGAÇÃO EM PSICOFISIOLOGIA ...................................................... 38
AULA T6 ....................................................................................................................................... 44
ATIVIDADE CARDÍACA E ELETRODÉRMICA .............................................................................. 44
AULA T7 ....................................................................................................................................... 61
ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E PUPILAR ........................................................................... 61
AULA PL4 ..................................................................................................................................... 79
ATIVIDADE ELETRODÉRMICA (EDA) ........................................................................................ 79
AULA T8 ....................................................................................................................................... 85
MEDIDAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL............................................................................ 85
AULA PL5 ................................................................................................................................... 104
ELETROMIOGRAFIA (EMG) .................................................................................................... 104
AULA PL6 ................................................................................................................................... 112
ELETROENCEFALOGRAFIA (EEG) ........................................................................................... 112
AULA TP12 ................................................................................................................................. 123
APLICAÇÕES NA PSICOLOGIA CLÍNICA E SOCIAL ................................................................... 123
2
PSICOFISIOLOGIA
AULA T4
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PSICOFISIOLOGIA
O QUE É A PSICOFISIOLOGIA
❖ Raiz etimológica:
• Logia → corpo de conhecimento ou de ciência.
• Psique → processos mentais ou psicológicos.
• Fisis → natureza, origem; tem a qualidade de ser o objeto físico, algo
natural.
PSICOFISIOLOGIA
3
❖ A nossa vida psicológica, a forma como percebemos o mundo, a forma como
pensamos do mundo, as nossas emoções, o nosso comportamento, têm um lado
fisiológico, são fenómenos corporalizados.
❖ Por isso, aquilo que são os processos tradicionalmente tidos como foco na
psicologia, a forma como nos comportamos, a nossa mente, que são, sobretudo os
processos mentais, são abstratos.
❖ Vamos olhar para esses processos comportamentais e psicológicos como tendo
um substrato físico, substrato esse que podemos estudar.
❖ Há uma ligação bidirecional entre a mente e o substrato físico, de forma a que
o que acontece no nosso corpo vai ter um efeito importante e vai dar origem aos
processos mentais.
❖ Os processos mentais vão ter influência no corpo → processo dinâmico e interativo
entre as 2 dimensões.
❖ Falamos quase do corpo todo, mais concretamente do sistema nervoso (cérebro ≠
sistema nervoso).
4
CONTRIBUTOS
❖ Afirmação da psicologia enquanto ciência experimental → validação experimental.
❖ Ferramentas que permitem estudar processos, estados e eventos que são
inconscientes e não podem ser reportados, por exemplo, via introspeção.
5
❖ PSICOFISIOLOGIA SISTÉMICA:
• Organização da disciplina em termos de áreas ou sistemas fisiológicos de
medida (ex.: cardiovascular; cortical; eletrodérmico).
• Visa a compreensão dos sistemas fisiológicos em estudo e dos princípios
bioelétricos que suportam as respostas percetivas (input) e de output
desses sistemas.
• Concentramo-nos de forma separada em cada um dos sistemas e
avaliamos como é que medimos esse sistema.
• Exemplo: como é que a atividade elétrica da nossa pele nos pode dar
informações sobre as nossas emoções? Como é que a atividade cortical
nos pode dar informação sobre processos cognitivos como a visão?
❖ PSICOFISIOLOGIA TEMÁTICA:
• Organização da disciplina em termos de tópicos de investigação e não
sistemas (ex.: (1) psicofisiologia cognitiva; (2) psicofisiologia social; (3)
psicofisiologia do desenvolvimento; (4) psicofisiologia clínica; (5)
psicofisiologia ambiental; (6) psicofisiologia aplicada).
• (1): relação entre o processamento de informação e eventos fisiológicos.
Ex.: como é que a perceção da fala difere da produção da fala?
• (2): Foca-se nos estudos de efeitos cognitivos, emocionais,
comportamentais das relações humanos e a forma como está ligado a
variáveis fisiológicas.
• (3): Estuda mudanças em termos psicofisiológicos so longo do
desenvolvimento.
• (4): Foco nas perturbações.
• (5): Foca-se nas interdependências entre os organismos e os lugares, o
espaço, questões mais a nível contextual.
• (6): Reflete como podemos usar o conhecimento da psicofisiologia para
aplicações clínicas.
USOS
❖ Interesse crescente em aplicações:
• Meio complementar de diagnóstico: podemos utilizar as medidas
psicofisiológicas em diversos contextos, como técnica complementar para
decisões clínicas. Estas medidas são muitas vezes utilizadas no
diagnóstico da epilepsia.
• Monitorização: as medidas psicofisiológicas podem ser utilizadas para nos
darem uma ideia de como é que diferentes quadros clínicos evoluem ao
longo do tempo ou até da eficácia de intervenções clínicas.
• Biofeedback: é uma técnica popular. Termos feedback sobre a
informação biológica. É nos dada informação, em tempo real, do estado do
nosso corpo (velocidade a que o coração está a bater, tensão muscular). A
ideia deste feedback é depois sermos treinados para sermos capazes de
controlar esse sinal, passar por diminuir batimento cardíaco, etc. (técnica
controversa. Por exemplo: em atletas – otimização de performances.
6
HISTÓRIA DA
PSICOFISIOLOGIA
7
inspiraram a aplicação de avanços tecnológicos ao estudo de questões
psicofisiológicas.
❖ Galavani e Volta (ca.1800):
• Nervos e músculos são eletricamente excitáveis (ideia da eletricidade como
transmissor da ação nervosa).
• Fizeram experiências com rãs → verificaram que ao darem um estímulo
elétrico (choque elétrico) numa rã, haveria contração muscular.
• Isto estabeleceu o princípio da bioeletricidade – ideia de que a
eletricidade é uma parte fundamental do funcionamento dos nervos e dos
músculos.
• A nossa atividade cerebral é elétrica em boa parte.
❖ O trabalho que se seguiu ao destes dois autores verificou que os sinais nervosos
têm de facto uma natureza elétrica; estes sinais elétricos viajam através de células
especializadas (os neurónios) e vão despoletar reações químicas que permitem a
comunicação entre neurónios (feita através de neurotransmissores) e estes sinais
elétricos que as nossas células nervosas produzem viajam através dos tecidos
corporais/fluídos e podem ser captados de forma não invasiva à superfície (da
nossa pele).
❖ O contributo destes dois autores foi demonstrar pela primeira vez que variáveis
psicológicas podiam estar associadas a diferenças na atividade elétrica da pele.
❖ Conseguiram encontrar relações entre processos psicológicos e emocionais nos
doentes com histeria.
❖ Feré demonstrou que as alterações na atividade elétrica da pele podiam ter a ver
não só com a questão de estar anestesiado ou não, mas também com a própria
resposta a estimulação sensorial.
8
❖ Einthoven (1904):
• Inventou o primeiro sistema de eletrocardiografia (ECG ou EKG).
• Prémio Nobel da medicina em 1924.
• O seu contributo principal foi a invenção de um sistema que
registava a atividade elétrica produzida no coração à
superfície da pele, de forma não evasiva.
• Há muitas variáveis psicológicas que afetam o nosso
coração (emoções, ansiedade, surpresa, stress crónico).
→ sistema relevante por causa destas variáveis.
EXEMPLOS DE MEDIDAS
❖ Sistema Nervoso Central:
• Eletroencefalografia (EEG)/ Potenciais (ERPs).
• Ressonância Magnética (estrutural e funcional, fMRI).
• Tomografia por Emissão de Positrões (PET).
• Estimulação Magnética Transcraniana (TMS).
10
➔ Atividade muscular – eletromiografia, EMG.
➔ Movimentos oculares (eletro-oculografia).
• Autónomo:
➔ Atividade cardiovascular (frequência cardíaca; pressão sanguínea;
volume sanguíneo); atividade eletrodérmica (ou resposta galvânica da
pele); resposta pupilar; atividade gastrointestinal; atividade sexual.
AULA TP4
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA PSICOFISIOLOGIA
❖ Avaliação cognitiva/comportamental:
• Ex.: tempos de reação, exatidão de respostas.
❖ Auto-relato:
11
• Ex.: questionários.
❖ Em estudos psicofisiológicos:
• Variáveis independentes: psicológicas (ex.: estimulação emocional;
resolução de problemas).
• Variáveis dependentes: fisiológicas (ex.: mudanças no sinal de EEG;
batimentos cardíacos por minuto).
• Variável: qualquer fator, traço ou condição que pode assumir diferentes
valores (variar).
• Variável independente: é controlada/manipulada por nós enquanto
investigadores/experimentadores. Queremos saber que efeitos é que
causa.
• Variável dependente: é a que está a ser testada/medida. É o que nós
vamos observar. É esperado que seja influenciada pela variável
independente.
• Ou seja, nós temos uma causa psicológica, e vamos procurar um efeito a
nível psicofisiológico.
12
METODOLOGIA
❖ Será que ouvir um ruído intenso induz uma reação no sistema nervoso
autónomo que sugere stress psicológico?
• Para responder a esta pergunta temos 6 participantes que são expostos a
5 minutos de um som relativamente pouco intenso, seguido
de um som muito intenso (cenário 1); 6 participantes
expostos a 5 minutos de um som pouco intenso e outros 6
participantes expostos a 5 minutos de um som muito
intenso (cenário 2).
• Comum às 2 experiências: dilatação capilar (variável
dependente) e som pouco intenso e muito intenso (variável
independente). Os resultados mostraram que o ruído intenso influenciou o
tamanho da pupila numa experiência, mas não na outra.
• No cenário 1 → os mesmos participantes passam por diferentes condições
– design intra-sujeitos (porque são os mesmos) ou medidas repetidas
(mesmo sujeito é avaliado 2x).
• No cenário 2 → design inter-sujeito.
• Em relação a medidas fisiológicas, em geral, os designs intra-sujeitos são
mais sensíveis. É mais provável que consigamos obter o efeito que nós
esperamos se virmos o mesmo participante em
diferentes condições do que se virmos participantes
diferentes em diferentes condições.
• A intensidade afeta a reatividade popular no cenário 1
e no 2 já não afeta → conclusões diferentes que têm a
ver com a escolha metodológica.
PLANEAR A INVESTIGAÇÃO
13
❖ Escolher a metodologia em função da questão primária de investigação:
• Implica formular a questão experimental de forma concreta; ter hipóteses
explícitas, específicas e testáveis (noções de hipótese nula – vamos querer
rejeitar – hipótese alternativa – variáveis estão diretamente relacionadas,
se variar é não direcional ou bidirecional – hipótese unidirecional e hipótese
não direcional ou two-tailed).
• Avaliar os meios disponíveis para medida.
• Identificar fatores que poderão “atrapalhar” /confundir a resposta à pergunta
de investigação.
• E aplicar procedimentos estatísticos que respondam à questão de forma
precisa/ objetiva.
• Fatores pragmáticos na escolha da metodologia.
DESIGN EXPERIMENTAL
❖ Medidas repetidas (intra-sujeitos) ou entre sujeitos:
• Intra sujeitos: grupo único exposto a todos os níveis da variável a todas
as condições.
• Entre sujeitos: diferentes níveis da variável/ condições testadas em
participantes diferentes.
• Para a maior parte das medidas psicofisiológicas, as diferenças entre
indivíduos tendem a ser maiores do que as diferenças esperadas entre
condições experimentais → diferença em sensibilidade é o principal
argumento para usar designs intra-sujeitos em investigação psicofisiológica
→ desvantagem dos designs intra-sujeitos
• Dependência (carryover) entre condições.
➔ Como é o mesmo participante pode haver efeito de umas condições
sobre as outras.
• Há situações em que o design intra-sujeitos é impossível, não podemos ter
os mesmos sujeitos em diferentes condições. Por exemplo: doentes com
AVC e pessoas saudáveis, tenho que ter sujeitos diferentes.
❖ Número de participantes:
• A amostra deve ser grande o suficiente para detetar as diferenças que
procuramos (se existirem) → não deve ser significativamente maior.
• Diferenças esperadas pequenas requerem amostras maiores do que
diferenças esperadas grandes.
• Poder: probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando é falsa; determina-
se pelo rádio da diferença de médias esperada como resultado da variável
independente (o efeito) e a variância erro → estimar poder de determinar
amostra.
• A amostra não deve ser pequena nem exageradamente grande.
• Quando os efeitos que queremos avaliar são muito pequenos/subtis
devemos precisar de uma amostra maior; se os efeitos são muito
14
robustos/grandes, provavelmente uma amostra mais pequena será
suficiente para obter resultados claros.
• Quanto maior for o poder da amostra, melhor, significa que temos mais
probabilidade de rejeitar a hipótese nula.
• O poder de uma amostra define-se como um rácio entre o que é a diferença
de médias que nós observamos em resultado da observação e a variância
erro → medida de dispersão, forma como valores individuais diferem.
• Para aumentar o poder podemos, por um lado aumentar o número de
participantes (vai levar a uma diminuição da variância erro) mas também
podemos ter design mais eficiente (técnicas de registo com mais ruído, por
exemplo).
❖ Captação:
• Procedimento de deteção e medição fisiológica varia consoante o sinal a
ser captado, dependendo das características biológicas e elétricas do
mesmo.
• O resultado final do processo é a obtenção de um sinal
fisiológico que se pode descrever em termos da função
voltagem x tempo (podemos ver o gráfico).
• Os sinais fisiológicos podem ser bioelétricos ou físicos.
• Quando são bioelétricos (ex.: atividade neuronal; atividade eletrodérmica;
atividade cardíaca), os sensores que se usam para a captação são
denominados elétrodos.
15
• Elétrodos: discos metálicos pequenos, bons
condutores de eletricidade, que pomos junto
da zona que queremos avaliar e que
permitem captar a atividade elétrica que
ocorreu perto de um determinado local.
• Quando são sinais físicos (ex.: movimento, som temperatura), os sensores
que se usam são denominados transdutores.
• Transdutores: equipamento que tem a função de
converter sinais físicos em sinais elétricos, através
de circuitos eletrónicos.
❖ Modulação:
• Implica a manipulação (remover interferências que possam existir e não
nos interessam; ex.: atividade elétrica do participante por se ter mexido) do
sinal fisiológico depois de captado pelos sensores sob a forma de sinal
elétrico.
• Efetuada através de pré-amplificadores da unidade de
registo. A função é ampliar o sinal, removendo
componentes elétricos que sejam alheios ao sinal de
interesse (ruído, artefactos).
❖ Amplificação:
• Visam aumentar a magnitude do sinal elétrico original, depois
de modulado, até alcançar uma amplitude de saída
suficientemente grande, para ser mais facilmente visível.
• Os sinais fisiológicos variam na sua magnitude → quantidade
de amplificação varia entre sinais.
❖ Registo:
• Sistemas de registo permitem visualizar e armazenar de
forma contínua, tanto o valor elétrico (voltagem) como o
momento temporal do sinal fisiológico. O eixo vertical
representa a voltagem e o horizontal o tempo.
• É aqui que o sinal é convertido de analógico para digital.
LIMITAÇÕES
16
❖ Amostragem dos dados é tipicamente discreta
• Isto verifica-se quer na dimensão temporal, quer espacial.
• Desafio de obter amostras representativas da variável de interesse, no
tempo e no espaço.
17
DIRETAS VS. INDIRETAS
❖ Medidas diretas → eletroencefalografia (capta de forma mais direta a atividade
dos neurónios).
❖ Medidas indiretas → ressonância magnética.
❖ Passos entre o fenómeno fisiológico (“target”, o nosso alvo; ex.: atividade neuronal,
ativação simpática ou parassimpática) e a medida fisiológica que é efetivamente
recolhida (ex.: atividade elétrica no escalpe, maior pressão sanguínea, aumento do
batimento cardíaco, ou maior atividade eletrodérmica).
❖ Estes passos podem introduzir distorções na amplitude, na forma, nas observações
por comparação ao sinal original e temos que compreender que relação e
transformações existem desde o sinal original até ao momento em que o captamos.
❖ RESUMO:
• Em psicofisiologia, as medidas fisiológicas podem ser focadas no sistema
nervoso central ou periférico. Indicadores fisiológicos podem ser
combinados com a avaliação cognitiva/ comportamental e medidas de auto-
relato.
• As variáveis independentes são frequentemente psicológicas e das
dependentes fisiológicas.
18
• Fases de planeamento e design das experiências são criticas, e a obtenção
do sinal fisiológico é um processo sequencial que inclui várias fases.
• Há limitações comuns a muitas medidas fisiológicas (ex.: indiretas e
multideterminadas); as medidas podem ser classificadas em dimensões
como rápidas vs. lentas ou diretas vs. indiretas; importância da
determinação da baseline.
AULA T5
PRINCÍPIOS DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
19
❖ (B) – O sistema nervoso periférico somático é constituído por 2 sistemas de
entradas e saídas, inputs e outputs do sistema nervoso central. Estes 2 sistemas
são:
• Os nervos cranianos.
• Os nervos espinais.
• Genericamente, estes dois tipos de nervos e esta parte do sistema nervoso
periférico somático, é aquilo que possibilita a relação do nosso organismo
com o meio.
• É através destes nervos que a informação sensorial chega da periferia até
ao nosso cérebro e é também através desta divisão somática, destes
nervos, que quando toma a decisão de mexer a mão, que a informação
viaja do meu cérebro até à periferia para o movimento ser executado.
• Por isso, o sistema nervoso somático é a parte do sistema nervoso que
possibilita a chegada de informação da periferia para o sistema nervoso
central e envia a informação do sistema nervoso central para
a periferia.
20
• Dentro da coluna-vertebral e do crânio.
• Espinal medula + cérebro.
• Funções: receção, armazenamento e análise dos sinais sensoriais que
chegam do SNP + emissão de sinais motores.
21
• Mesencéfalo.
• Metencéfalo, com uma estrutura saliente na parte de trás que se chama
cerebelo (cérebro pequeno que temos).
• Mielencéfalo: (cérebro espinal) que é a região mais inferior do tronco
cerebral, que depois já faz a ligação à espinal medula.
ESPINAL
MEDULA
22
❖ A ligação de cada um dos segmentos da espinal medula está associada a cada
uma das partes do corpo onde chega informação sensorial, o que nos permite ter
sensibilidade de toque.
❖ Por sua vez, cada um destes segmentos também envia fibras eferentes que
controlam os músculos, que é o que permite mexer as mãos, por exemplo.
❖ Vias aferentes → qualquer via que vem da periferia e que traz informação da
periferia para o nosso sistema nervoso central.
❖ Vias eferentes → qualquer via que sai do nosso sistema nervoso central e que
leva informação para a periferia.
❖ Coluna vertebral → é onde está a espinal medula e categoriza-se em 5 regiões
anatómicas, da base para o topo são: cervical; torácica; lombar; sacro; coxis →
estas 5 regiões correspondem a 31 pares de nervos espinais: 8 cervicais; 12
torácicos; 5 lombares; 5 sacrais; 1 segmento do coxis.
❖ Nós dizemos que eles são pares, porque eles radiam de cada um dos lados da
espinal medula para cada um dos lados corpo.
❖ Os membros inferiores são controlados pelos lombares e sacrais.
❖ Enquanto os membros superiores são controlados pelos nervos cervicais.
❖ São os nervos lombares e sacrais que nos permitem sentir quando alguém nos toca
e o mesmo em relação aos nervos cervicais ao mexermos os braços.
23
• As fibras de cada um dos nervos convergem na entrada, à chegada da
espinal medula, formando uma via de fibras (raiz posterior).
• As fibras eferentes, que vão executar movimentos para a periferia saem
da parte mais anterior da espinal medula, vão enviar informação para os
músculos (estão a azul).
• A esta parte onde há convergência de fibras à saída chamamos de raiz
anterior.
• Além destas entradas e saídas para esta parte central em forma de
borboleta, onde está a matéria cinzenta, vemos nas regiões mais exteriores
da espinal medula, que temos informação a subir e a descer → isto são
tratos de matéria branca feitos de axónios (condutores de informação).
• A informação que sobe é a que permite que a informação vá da espinal
medula até ao cérebro, que vai conduzir esta informação superiormente
para o cérebro, para que tenhamos consciência do toque (por exemplo).
• A informação que desce são fibras descendentes, que trazem informação
central e que depois a enviam para a periferia.
• O comportamento voluntário é determinado a nível cerebral e não a
nível da espinal medula.
• Por outro lado, os comportamentos reflexos/simples que podem depender
apenas da espinal medula (ex.: quando pomos a mão numa superfície
muito quente e a retiramos automaticamente → é reflexo) → aqui a
informação não precisa de chegar ao cérebro.
NERVOS
CRANIANOS
24
❖ 12 pares de nervos cranianos:
• Conduzem informação da periferia para o SNC e vice-versa.
• Olfativo, ótico, oculomotor, troclear, trigémeo, abducente, facial, vestíbulo-
codear, glossofaríngeo, vago, acessório, hipoglosso.
❖ Mais focados na nossa cabeça. Na nossa cabeça também temos sensibilidade e
também executamos movimentos.
❖ Fazem parte do sistema nervoso periférico.
❖ Nesta figura vemos as ligações entre a periferia, cada uma das partes da nossa
face, e a sua ligação através dos 12 nervos cranianos, desde a nossa face até à
parte inferior do cérebro (tronco cerebral).
25
❖ Alguns destes nervos são sensoriais (trazem algum tipo de informação), outros
motores (executam algum tipo de informação), e outros sensoriais e motores
(função dupla).
❖ Nervos cranianos:
• Olfativo: informação de cheiro e é sensorial, sendo que nos traz
informação sobre o cheiro e quando há uma lesão nós podemos ter uma
perda de cheiro.
• Ótico: é também sensorial, associado à visão sendo que quando há uma
lesão pode haver uma perda do sentido de visão.
• Oculomotor: está associado aos movimentos oculares, é um nervo motor,
é o que nos permite executar os movimentos dos olhos, (quando lemos)
controla a pálpebra e a pupila.
• Troclear: está envolvido nos movimentos oculares, mas para outro tipo de
movimentos, permite-nos mover os olhos para cima e para baixo, também
é motor.
• Trigémeo: está associado aos movimentos mastigatórios, assim como à
sensibilidade facial e assim é sensorial e motor. Quando há lesões, isso
leva à perda de sensibilidade na face e a alterações na mastigação.
• Abducente: permite os movimentos laterais dos olhos, é motor.
• Facial: permite os movimentos faciais, fazer as expressões faciais. Está
associado ao paladar (sensorial e motor), salivação e lágrimas. As lesões
podem levar à perda de sabor ou à paralisia facial.
• Vestíbulo-coclear/ auditivo: está associado à audição e também ao
equilíbrio (é sensorial). Lesões podem levar à surdez.
• Glossofaríngeo: está associado ao controlo da língua e da faringe, assim
como ao paladar (é sensorial e motor).
• Vago: controla o coração, regulação dos órgãos internos, como os
intestinos. Controla o movimento da laringe e da faringe. Tem funções
motoras e sensoriais – sensibilidade da faringe, como quando temos
dores de garganta. Uma lesão pode levar a anestesia (perda de
sensibilidade à dor). Esta ligação deste nervo aos órgãos do nosso corpo
faz com que esteja associado ao sistema nervoso autónomo (que regula os
órgãos internos).
• Acessório: motor, que controla os músculos do pescoço.
• Hipoglosso: controla os movimentos da língua e é motor.
❖ Alguns destes nervos cranianos têm funções, sobretudo no sistema nervoso
somático mas também podem ter uma ligação ao sistema nervoso periférico
autónomo.
26
❖ É a segunda divisão do sistema nervoso periférico.
❖ O funcionamento do SNA é automático → não está sob o nosso controlo consciente
mas está sempre a executar funções para o equilíbrio, sobrevivência, adaptação
ao meio.
❖ Mantém-nos vivos e regulados → mantém o nosso coração a bater, pupila dos
olhos ajustada à luz, etc.
❖ É a divisão do sistema nervoso que regula aspetos como o batimento cardíaco, a
digestão, ritmo respiratório, a resposta pupilar, a dicção, a salivação e a ativação
sexual.
❖ O objetivo/função do SNA é promover a homeostasia do organismo, o equilíbrio
do nosso organismo, assim como a sua adaptação ao meio.
❖ Dentro do SNA há duas divisões: divisão simpática (a vermelho na imagem) e
divisão parassimpática (a azul na imagem) → divisões que parecem
contraditórias (funcionam em direção oposta)
DIVISÃO SIMPÁTICA
❖ Forma cadeia de gânglios paralelos à espinal medula (lado esquerdo da figura).
❖ Ativa o corpo para a ação, quando isso é adequado.
• Por exemplo, estimulando o coração a bater mais depressa e inibindo a
digestão, quando estamos mais ativos porque vamos dar uma corrida ou
quando estamos mais stressados.
• A partir do momento em que nos preparamos para correr, o nosso corpo
prepara-se e ajusta-se automaticamente para que sejamos capazes de
executar essa tarefa.
• Essa mobilização de energia é uma função desta divisão simpática do SNA.
27
❖ Resposta “fight-or-flight”, tipo de resposta que nos ajuda a fugir ou a combater
em situação de ameaça.
• Aqui o sangue vai ser dirigido para os músculos esqueléticos (músculos
que permitem o movimento), preparando-nos assim para a ação, assim
como para os pulmões, que vão permitir a oxigenação do sangue (mais
eficiente e mais rápida) para a ação e movimento.
• Esta ativação é feita a nível da espinal medula, a nível torácico e a nível
lombar, mas a ativação não é direta.
• A espinal medula está conectada a uma cadeia paralela (centros de
controlo autonómico), que são conjuntos de células nervosas, como se
fosse um cérebro primitivo, que permite controlar os órgãos internos.
• Esta ativação simpática envolve a secreção de hormonas como a
adrenalina e o cortisol. Por isso se diz que o cortisol é a hormona de stress,
no sentido de ser uma hormona libertada quando estamos numa situação
de elevada vigilância e atividade.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
❖ Lado direito da figura.
❖ Função calmante (conservação de energia) vai acalmar, relaxar o nosso corpo.
❖ Resposta “rest and digest” – descansa e digere, vemos em períodos de repouso.
❖ Características de maior ativação parassimpática: ex.: diminuição do ritmo
cardíaco; maior afluxo de sangue para o trato gastro-intestinal; constrição pupilar;
maior secreção da glândula salivar; constrição dos brônquios; menor pressão
sanguínea.
❖ Esta divisão está mais ativa durante o sono, alimentação, em repouso e durante a
atividade sexual.
❖ Na figura, vemos que uma parte do SNP se liga de forma mais direta, é controlada
pelos nervos espinhais da região sacral, (a nível mais inferior), mas a maior parte
desta divisão é controlada por 3 nervos cranianos (vago, facial, oculomotor) – parte
superior, surgem da parte superior do tronco cerebral.
❖ No parassimpático vai haver uma conexão entre ele e gânglios parassimpáticos já
muito perto dos órgãos alvo.
TRONCO CEREBRAL
❖ É a porção mais inferior do cérebro → o cérebro começa no tronco cerebral, o
tronco cerebral depois entra no crânio e estende-se até às áreas inferiores do
cérebro anterior.
28
❖ As principais regiões são o diencéfalo, o mesencéfalo e o cérebro posterior,
genericamente, o que é um aspeto distintivo do tronco cerebral é que tem muitos
dos núcleos dos nervos cranianos, que vão convergir na parte da base do cérebro,
trazendo informação de diferentes pontos da face e dos órgãos sensoriais, e essa
informação vai partir do tronco cerebral para a periferia.
❖ No tronco cerebral também há outros núcleos que são importantes para funções
regulatórias vitais, por exemplo a medula que é uma parte inferior do tronco
cerebral logo acima da espinal medula (dentro da coluna vertebral), contém núcleos
importantes para a respiração e o funcionamento do sistema cardiovascular,
incluindo a pulsação e a pressão sanguínea.
❖ Pelo tronco cerebral passam fibras nervosas sensoriais que vêm de baixo da
espinal medula, que depois seguem para o cérebro anterior (ganhamos consciência
de uma informação), e também passam fibras motoras que vêm do córtex motor
com instruções para executarmos o movimento.
❖ Podemos então associar o tronco cerebral a funções motoras, através dos
nervos cranianos que executam movimentos e das fibras que descem para a
espinal medula.
❖ Podemos associar também o tronco cerebral a funções sensoriais, através dos
nervos cranianos e das fibras que vêm com informação sensorial da espinal medula
e seguem para a parte superior do cérebro.
❖ E associamos a funções regulatórias, porque o tronco cerebral está muito ligado
ao sistema nervoso autónomo e os núcleos que estão incluídos no tronco cerebral
têm funções regulatórias importantes → são todas funções básicas, primordiais.
HIPOTÁLAMO
❖ É uma das estruturas do tronco cerebral.
❖ Tem funções regulatórias importantes e tem uma ligação importante ao sistema
nervoso autónomo.
❖ É uma estrutura pequenina, a nível do encéfalo, muito próxima do córtex e fica no
topo do tronco cerebral.
❖ Representa 0,3% do peso do nosso cérebro.
❖ 22 núcleos e sistemas de fibras que passam pelo hipotálamo participam em
muitos aspetos do comportamento motivado, incluindo o comportamento sexual,
sono, regulação de temperatura corporal, emoções, movimento e alimentação.
29
❖ Em conjunto com a glândula pituitária controla muitas funções endócrinas; e envia
sinais nervosos para o sistema nervoso autónomo.
❖ Contribui para a homeostase e mobilização do nosso
organismo.
❖ É uma estrutura que avalia o estado do nosso organismo
momento a momento; identifica potenciais desequilíbrios
e necessidades e vai dar ordens, executar alterações,
desencadear ações que permitem responder às
necessidades…
❖ Como é que esta regulação é feita? O hipotálamo tem
efeitos regulatórios através de 2 vias:
• Funções endócrinas: trabalha em conjunto como uma glândula (pituitária
– imagem) que regula a segregação das hormonas, hormonas que têm um
papel importante na regulação das funções corporais.
• Ligação ao bolbo raquidiano (parte inferior do tronco cerebral) e à
espinal medula é onde estão as células ativadoras dos sistemas
autonómicos (simpáticos ou parassimpáticos). Neste sentido, o hipotálamo
tem o papel de ligação ao sistema nervoso autónomo e da ativação das
divisões simpáticas e parassimpáticas.
30
❖ É constituído por 3 estruturas principais: 2 subcorticais, porque estão abaixo
do córtex cerebral (que é a camada mais exterior do nosso cérebro).
❖ Estas duas estruturas subcorticais são os gânglios base e o sistema límbico.
❖ À volta dos gânglios da base e do sistema límbico temos o córtex cerebral.
❖ Os gânglios da base (na imagem) estão localizados por baixo das regiões mais
anteriores, mais frontais do nosso córtex.
❖ Falamos em gânglios da base mas na verdade é mais do que uma estrutura, é um
conjunto de núcleos, conjunto de estruturas que formam um circuito em conjunto
com o córtex.
❖ Os núcleos que incluímos nos gânglios da base são o potâmea, o núcleo caudado
e o globus pálido.
❖ As funções do núcleo da base estão relacionadas com o movimento e a
aprendizagem → nível do controlo e coordenação de padrões.
31
❖ A este conjunto de estruturas chama-se sistema límbico porque estão no limbo
entre a parte mais inferior dos hemisférios cerebrais e a parte superior.
TELENCÉFALO: NEOCORTEX
32
❖ A figura acima é um mapa com algumas das principais áreas funcionais do córtex
e com a sua localização.
❖ Áreas funcionais = para que é que elas servem? → interessa a estrutura mas depois
como é que ela se liga à função? E como é que a função se liga ao comportamento?
❖ As áreas sensoriais do nosso córtex (que recebem informação que vem do
sistema nervoso periférico) tendem a estar localizadas mais posteriormente
(mais atrás), enquanto que as áreas motoras e de ação tendem a estar
localizadas mais anteriormente (mais à frente).
❖ No lobo temporal:
• Temos o equivalente mas no domínio auditivo, temos as áreas auditivas
primária e secundária.
• A primária é onde chega em primeira instância ao córtex a informação
auditiva, que depois é enviada para a área auditiva de associação onde o
processamento se vai tornando mais complexo.
• É aqui, junto das áreas primária e secundária, que encontramos a área
Wernicke → área importante para a compreensão da fala, descodificam as
palavras que ouvimos.
❖ No lobo parietal:
• Nós temos o córtex somatosensorial primário, e também o secundário,
que é importante para a sensação somática (consciência quando alguém
nos toca, das posições do nosso corpo, temperatura).
• Viajando anteriormente, anterior ao sulco central, encontramos o córtex
motor primário e o córtex pré-motor.
• O motor é crucial, pois saem as instruções para a espinal medula que nos
permite a execução de movimentos.
• O pré-motor é onde fazemos o planeamento das ações.
❖ No lobo frontal:
• Encontramos a área de Broca → importante para a produção de fala.
• Temos ainda o córtex pré-frontal, que é a parte mais à frente do lobo
frontal, importante para os processos complexos do nosso funcionamento.
• É composto por áreas terciárias ou associativas, são áreas que não têm
funções sensoriais nem motoras, são áreas envolvidas em processos mais
complexos de integração de informação.
33
NEURÓNIOS E
GLIA
NEURÓNIOS
❖ Geram impulsos elétricos e enviam mensagens para outras células → funcionam
como unidade de informação.
❖ Plásticos → podem mudar, funcionando como unidades de memória.
❖ Constituição: dendrites (recebe informação de outras células) e espinhas
dendríticas; axónio (conduz informação até outras células e tem um 1 metro de
comprimento no máximo) e terminal axónico (botão terminal); corpo celular
(alimenta o neurónio); membrana (parede do neurónio).
❖ Sinapse: processo que ocorre entre o terminal axónico de um neurónio e a
superfície da espinha dendrítica do neurónio adjacente.
❖ Temos cerca de 85/86 mil milhões de neurónios no sistema nervoso e estão ligados
entre si de formas muito complexas.
❖ Os neurónios podem ser vistos como unidades de processamento de informação e
como unidades de memória.
34
❖ Enquanto unidade de processamento de informação, os neurónios são impulsos
elétricos – sinal elétrico que vai despoletar mensagens químicas, os chamados
neurotransmissores que permitem a comunicação entre células.
❖ A nível de memória, os nossos neurónios não são estáticos, mudam com a
experiência (permite-nos aprender) e as ligações entre os neurónios também são
moldadas pela experiência.
❖ A nossa aprendizagem não acontece no ar, o nosso cérebro está a mudar com a
aprendizagem.
❖ Fluxo de informação → informação vai das dendrites (que recebem de outros
neurónios) para o corpo celular (onde a informação é integrada), depois vai ser já
o impulso elétrico que vai viajar através do axónio para a telodendrite (onde estão
terminais axónios).
❖ Depois em cada terminal axónico, a informação é enviada para o neurónio
adjacente, através do processo a que chamamos sinapse.
NEURÓNIOS SENSORIAIS
❖ Representados na imagem (a) da figura acima.
❖ Neurónio bipolar: transforma a informação sensorial em atividade nervosa. Consiste
num corpo celular com uma dendrite de um lado e um axónio do outro (e.g., retina).
35
❖ Neurónio somatosensorial (encontramos nos músculos e na pele): projeta de um
recetor sensorial do corpo para a espinal medula. A sua dendrite e axónio estão
ligadas, o que aumenta a velocidade de condução de informação.
INTERNEURÓNIOS
❖ Estão representados na imagem (B) da figura acima.
❖ Ligam a atividade de neurónios sensoriais e motores no SNC (cérebro e espinal
medula).
❖ Há muitos tipos de interneurónios, mas todos têm múltiplas dendrites que se
ramificam extensivamente, e um único axónio (embora se possa ramificar).
❖ Incluem células estreladas, células piramidais, e células de Purkinje (estão no
cerebelo).
NEURÓNIOS MOTORES
❖ Representados na imagem (C) da figura acima.
❖ Localizados no tronco cerebral e espinal medula.
❖ Projetam para os músculos do corpo e da face.
❖ Chamam-se “the final common path” porque todo o comportamento (movimento)
produzido pelo cérebro é produzido através destes neurónios.
GLIA
❖ Células de suporte aos neurónios.
❖ Células epêndimas: revestem os ventrículos
cerebrais (bolsas que temos no cérebro) e
produzem liquido cefalorraquidiano (dá
nutrientes).
❖ Astrócitos: forma estrelada simétrica, têm
função nutritiva e de suporte estrutural para os
neurónios.
❖ Microglia: células mais pequenas, função
defensiva (e.g., infeções).
❖ Oligodendrócitos: responsáveis pela formação
e manutenção das bainhas de mielina (camadas
de gordura que permitem que a informação seja
conduzida de forma mais eficiente) dos axónios
no cérebro e na espinal medula.
❖ Células de Schwann: produzem a mielina que
isola os axónios dos neurónios do sistema
nervoso periférico.
36
NEURÓNIOS – ATIVIDADE ELÉTRICA
❖ Há diferenças na concentração de iões dentro e fora da célula, diferenças essas
que criam uma carga elétrica na membrana celular.
❖ Há canais (portões) na membrana que permitem que os iões a atravessem e assim
a carga elétrica muda.
❖ A carga elétrica consegue viajar pela superfície da membrana.
❖ Potencial de repouso: quando o neurónio está em repouso, fluído intracelular (da
parte de dentro do neurónio) tem uma carga negativa em relação ao fluído fora da
célula. A diferença de carga é de cerca de 70 milivolts, mV (pode variar).
❖ Potencial de ação:
• Cada potencial de ação é um evento discreto/único.
• Não há fortes ou fracos.
• Ou acontece ou não acontece.
• É despoletado quando há uma despolarização da membrana da célula para
cerca de -50 mV (potencial limiar, estímulo limiar).
• A voltagem relativa da membrana despolariza abruptamente até que a
carga dentro da membrana seja até +30 mV.
• Depois, de forma rápida, o potencial da membrana inverte-se novamente,
tornando-se ligeiramente hiperpolarizado.
• Após a inversão, a membrana regressa gradualmente ao potencial de
repouso (-70 mV).
37
AULA PL3
FERRAMENTAS DE INVESTIGAÇÃO EM PSICOFISIOLOGIA
38
➔ Implica o tempo de recolha → recolher dados fisiológicos demora
algum tempo, pois nas recolhas fisiológicas temos que acompanhar um
participante de cada vez do inicio ao fim. No tempo de recolha devemos
ainda incluir o tempo de preparação do laboratório e participante e as
arrumações.
MEDIDAS
❖ ELETROENCEFALOGRAMA (EEG):
• Medida do sistema nervoso central.
• Regista, em tempo real, os potenciais elétricos produzidos pelo cérebro de
forma espontânea, em repouso ou perante um estímulo (potenciais
evocados).
• Potenciais evocados: respostas elétricas a estímulos de
interesse.
• Os sinais são recolhidos através destes elétrodos específicos
distribuídos no capacete que cobre todo o escalpe e os dois
hemisférios.
• Vantagem: os sinais que recolhemos estão a ocorrer naquele
preciso momento.
39
❖ ATIVIDADE RESPIRATÓRIA (RSP):
• Medida do sistema nervoso periférico somático.
• Para recolher esta medida utilizamos este sensor (imagem) que se coloca
à volta do tórax ou do abdómen e que permite medir a extensão abdominal
ou torácica durante a respiração.
• Isto permite verificar se há alterações nos padrões
respiratórios perante determinados estímulos.
• A respiração está muito ligada aos estados
psicológicos, ao ponto que é possível verificar
estados emocionais através de padrões
respiratórios.
❖ ELETROCARDIOGRAMA (ECG/EKG):
• Medida do sistema nervoso periférico autónomo.
• Deteta sinais elétricos associados ao funcionamento cardíaco.
• Mede a atividade cardiovascular.
• Pode ser indicador de ativação emocional e no contexto de
psicofisiologia há estas 3 medidas de grande interesse: a
frequência cardíaca (batimentos por minuto); a pressão arterial
(mede a pressão do sangue nas artérias); e a variabilidade
cardíaca (calcula a variação dos intervalos de tempo entre batimentos
cardíacos)
• Tem sido utilizada como indicador de desequilíbrios no sistema nervoso
autónomo.
40
• Assim, o procedimento e recolha destes dados consiste em colocar estes
dois elétrodos em dois dedos e fazer passar uma corrente elétrica entre os
dois.
• A facilidade com que esta corrente elétrica viaja de um elétrodo para o outro
é então determinada pela humidade da pele.
• Maior condutividade indica maior ativação do sistema nervoso
autónomo simpático – por exemplo quando há ativação emocional.
❖ EYE TRACKING:
• Tecnologia do sistema nervoso periférico.
• Permite detetar os movimentos dos olhos (e aqui
falamos do SNP somático), mas também mudanças no
diâmetro da pupila (e aqui falamos de mudanças no SNP
autónomo).
• O movimento dos olhos está associado à atenção e a
dilatação da pupila está relacionada com o arousal ou
ativação.
• Recorrendo a este método, podemos por exemplo, expor os participantes
a um estimulo, por exemplo uma face sorridente em contexto de uma tarefa
de reconhecimento de emoções → o objetivo é ver para
onde olha primeiro, para onde olha mais tempo, etc.
• Através da dilatação pupilar podemos ver se algum dos
estímulos criou ativação emocional e se esta ativação
ajudou a reconhecer emoções.
• Esta técnica tem muitas aplicações não só na psicologia,
mas também no marketing.
41
PREPARAÇÃO DO LABORATÓRIO
❖ Cuidados genéricos:
• Chegar cedo – porque haverá um conjunto de procedimentos para efetuar
antes do participante chegar.
• Preparar o contexto experimental (verificar ligações de hardware, preparar
os elétrodos, desligar telemóveis, preparar o software, criar pasta para
registo dos dados).
• Lavar sempre as mãos antes de preparar um participante).
• Usar luvas de latex.
• Diminuir o ruído elétrico → tanto os que se originam no ambiente (cabos de
alimentação, luzes, transformadores, televisões, monitores, telemóveis;
remover joias ou outros objetos metálicos); como os que se originam no
participante (evitar movimento excessivo externo em algumas medidas
porque pode gerar registos artificiais de respostas; mexer nos elétrodos;
espirrar, tossir, movimentos profundos respiratórios, falar).
➔ Imagem abaixo mostra um exemplo de ruído, e temos um artefacto que
são sinais não relacionados com variáveis de interesse.
❖ Um dos problemas com o EEG é que os sinais elétricos produzidos pela atividade
muscular são muito mais fortes que os sinais elétricos produzidos pelo cérebro e
por isso temos que estar constantemente a corrigir estes artefactos que vão surgir.
EQUIPAMENTOS
❖ BIOPAC-MP 150:
• Equipamento mais importante.
• Permite a recolha de quase todas as medidas fisiológicas de que falámos.
• Vantagens: reduz o tempo de aprendizagem caso queiramos trabalhar
com medidas diferentes, e permite recolher várias medidas em simultâneo
no mesmo sistema.
• Este sistema é constituído por várias partes:
➔ O módulo central que funciona como uma estação de aquisição
de dados.
42
➔ O módulo de amplificadores de sinal que amplificam os sinais
fisiológicos e o ruído e é através deles que vamos recolher as
medidas de interesse.
➔ O software de análise – acqknowledge – que regista e nos mostra
graficamente em tempo real as medidas que estamos a
recolher.
➔ Conjunto de elétrodos que se colocam em contacto com o
corpo e possibilitam a recolha do sinal, cada medida exige um
elétrodo especifico.
• Os módulos amplificadores, amplificam os sinais biológicos que
queremos recolher que são muito ténues e cada um deles é
especializado na aquisição de um tipo de sinal ou seja numa medida
fisiológica. Na imagem vemos a especificidade de cada módulo.
• Com o software conseguimos visualizar uma representação
gráfica do sinal que estamos a recolher em tempo real e
podemos ainda armazenar e analisar os dados recolhidos.
• Os elétrodos são objetos sensíveis à atividade elétrica e
outros sinais biológicos e que os captam diretamente no
corpo dos participantes.
• Tudo montado fica como na imagem: temos os elétrodos que recebem o
sinal do participante e enviam-no para o módulo amplificador, que por sua
vez envia o sinal para o módulo central de onde ele segue para o software.
❖ SOFTWARE E-PRIME:
• Utilizado por exemplo na tarefa de stroop.
• Podemos de desenvolver tarefas de reconhecimento de emoções.
• Utilização de estímulos e recolha de medidas psicofisiológicas.
43
AULA T6
ATIVIDADE CARDÍACA E ELETRODÉRMICA
ATIVIDADE
CARDÍACA
❖ Quando falamos em medir a atividade cardíaca, aquilo que nós estamos a falar é,
em medir o sistema mais abrangente em que a atividade cardíaca se insere, que
é o sistema cardiovascular.
44
❖ O sistema cardiovascular, é um sistema essencial à vida e é um
dos focos centrais da investigação psicofisiológica, e é um dos
sistemas que tem sido mais estudado nesta disciplina.
❖ Há várias razões para o interesse no sistema cardiovascular na
psicofisiologia:
• Temos a ideia do senso comum, que faz sentido focar
neste sistema porque as emoções afetam aspetos da nossa atividade
cardíaca → a ansiedade, por exemplo, é uma variável emocional e está
associada a uma maior ativação cardíaca.
• Razão prática para o nosso interesse no sistema cardiovascular, porque
alguns dos parâmetros deste sistema (e.g., ritmo cardíaco, pressão
sanguínea) são fáceis de medir e quantificar hoje em dia, e por isso são
parâmetros que nós podemos obter de forma simples em laboratório.
• Alem disso, o sistema cardiovascular é um sistema fisiológico rico, que tem
múltiplos subsistemas regulatórios → sistemas regulatórios estes que são
controlados por aspetos do sistema nervoso central e do sistema nervoso
periférico autónomo, o que significa que o sistema
cardiovascular é altamente sensível a processos
neurocomportamentais, a processos que
dependem do sistema nervoso central e do sistema
nervoso autónomo → aquilo que acontece a nível
autónomo e a nível central vai afetar o nosso
sistema cardiovascular e por isso interessa-nos
avaliar.
• Como se trata de um sistema que é muito complexo, é um sistema que ao
mesmo tempo está suscetível a várias perturbações e doenças, e muitas
das perturbações cardiovasculares podem ser afetadas por variáveis
psicológicas como o stress (ou a raiva, depressão, etc.) → isto faz com que
esse sistema também seja importante, não só para a psicofisiologia mas
também para a medicina psicossomática.
➔ Aquilo que parece haver de comum nas variáveis psicológicas que
afetam a saúde cardiovascular é a afetividade negativa.
➔ O bem-estar positivo, pode ser protetor da saúde cardiovascular.
❖ Aqui o que importa salientar é a relação próxima entre variáveis psicológicas
comportamentais e o sistema cardiovascular, quer em contexto de saúde, quer em
situação intensa.
❖ As perturbações psicológicas podem causar danos permanentes no nosso sistema
cardiovascular. Existem alterações cardiovasculares que são dinâmicas no dia-a-
dia; mas se tivermos afetividade negativa ao longo do tempo de uma forma muito
continuada, as consequências negativas dessas variáveis psicológicas podem ser
mais permanentes.
ANATOMIA E FISIOLOGIA
❖ Enquanto psicólogos não estamos interessados nas questões anatómicas cardio.
45
❖ O sistema cardiovascular é formado por:
• Coração: podemos dizer metaforicamente que é uma bomba do sistema
cardiovascular, que vai bombear o sangue, e por isso é um elemento
central deste sistema.
• Sistema de vasos sanguíneos: sistema de distribuição que leva o sangue
às diferentes partes do corpo.
• Sangue.
❖ No seu conjunto, o coração e os vasos sanguíneos vão assegurar que o sangue
chega a todos os tecidos do corpo, asseguram a circulação do sangue, e isto é
crucial à vida porque é assim que os nutrientes, o oxigénio, hormonas e células
sanguíneas (glóbulos brancos e glóbulos vermelhos) chegam aos diferentes
tecidos do corpo e permitem que eles continuem a funcionar → vão garantir assim
o funcionamento dos vários tecidos dando-lhes energia para funcionarem,
permitindo combater doenças, estabilizar a temperatura e o ph, ou seja, manter a
homeostase e o equilíbrio do organismo.
❖ Por sua vez o sangue também traz resíduos metabólicos das células para serem
posteriormente excretados do nosso corpo.
❖ O coração vai garantir o fluxo consistente de sangue oxigenado (sangue com
oxigénio) ao enviar o sangue para os pulmões para ser oxigenado (circulação
pulmonar) e depois para o resto do corpo (circulação sistémica).
❖ Circuito (do ponto de vista fisiológico):
• O sangue desoxigenado, vai regressar ao coração
pelas veias.
• Entra no coração pela veia cava, superior e inferior.
• Vai para a auricola direita, passa para o ventrículo
direito.
• Daí vai ser bombeado para os pulmões, onde vai
ser reoxigenado.
• O sangue já oxigenado vai regressar dos pulmões
para o coração pela auricola esquerda.
• Passa para o ventrículo esquerdo.
• E daqui vai ser bombeado pela artéria aorta, e onde
o sangue oxigenado vai ser disseminado para o
resto do corpo.
46
despolarização muito rápida ao longo do coração, que vai da parte superior para a
parte inferior em termos elétricos, ou seja,
vai numa direção fustral caudal, superior e
inferior, e é esta despolarização que vai
fazer com que haja uma ação de
bombeamento, que vai provocar a
contração do coração.
❖ As aurículas e os ventrículos estão
eletricamente conectados, funcionam de
forma integral, e é isto que faz com que
haja uma contração ventricular logo a
seguir a haver uma contração auricular.
❖ Primeiro existe uma contração das aurículas, que empurra o sangue para os
ventrículos, e logo a seguir existe uma contração dos ventrículos que empurra o
sangue para os pulmões ou para fora do corpo.
❖ O que despoleta esta ação elétrica do coração? Onde é que tem origem?
• Aquilo que acontece é que há uma
despolarização de dois nódulos de tecido
eletricamente ativo, que são os nódulos
sino auricular e auriculoventricular:
➔ Sino auricular: é um nódulo que está
localizado na aurícula direita, e é o
pacemaker natural do coração (é o
pacemaker porque controla o ritmo
cardíaco).
• Depois, a onda de despolarização é conduzida através das fibras que estão
a vermelho na imagem, para os ventrículos onde vai dar a sua contração.
47
CICLO CARDÍACO
❖ O funcionamento cardiovascular ocorre por ciclos que estão associados aos
batimentos cardíacos.
❖ Ciclo cardíaco: eventos que ocorrem no coração, em termos do volume e da
pressão sanguínea, entre um batimento cardíaco e o seguinte.
❖ O ciclo cardíaco é composto por duas épocas principais:
• Diástole: durante a qual o coração não bombeia nem contrai; o coração
durante a diástole está a encher-se de sangue, está em relaxamento (na
imagem podemos ver o volume do sangue a aumentar).
→ fase de relaxamento.
• Sístole: durante a qual o coração vai contrair para
bombear o sangue, em que existe uma pressão
sanguínea no coração, porque o músculo está aa
contrair, e vai haver uma diminuição no volume de
sangue porque o sangue vai estar a sair do coração. →
fase de contração.
48
❖ Na imagem vemos a pressão a aumentar durante esta fase de contração
ventricular.
❖ Depois de haver esta contração ventricular, à medida que a pressão desce (e a
pressão vai descer quando o sangue sair), estas mesmas válvulas, aurículo
ventriculares, voltam a abrir e os ventrículos vão encher-se de novo e continuamos
nesta dinâmica continuamente.
❖ Pico de pressão ventricular – aquilo que acontece é que o inicio da contração
ventricular leva a um aumento grande da pressão nos ventrículos, mais de 100mm
de mercúrio (unidade de pressão que vemos no gráfico); quando esta pressão nos
ventrículos é maior do que a pressão na artéria aorta (principal artéria que vai do
sangue para o resto do corpo) a válvula da aorta abre, e é isso que faz com que o
sangue consiga sair do coração para a circulação sistémica, e depois há logo uma
diminuição grande da pressão e uma diminuição grande do volume do sangue nos
ventrículos.
❖ Mais tarde, na fase da contração ventricular, os ventrículos repolarizam, há um
novo equilíbrio dos ventrículos, algo que nós vemos no traçado eletrocardiograma
como a onda “T”, que é a fase de relaxamento dos músculos, eles expandem
novamente e começam a receber o sangue dando inicio a uma nova diástole.
❖ Resumindo:
• Diástole: fase de relaxamento; coração distende-se para receber o
sangue.
• Sístole: fase de contração; coração bombeia o sangue.
• Registo da atividade cardíaca (ECG):
➔ Onda P: onda de despolarização que passa pelo músculo auricular
(prévia à contração da aurícula).
➔ Complexo QRS: correntes que atravessam os ventrículos prévias à
contração ventricular e repolarização das aurículas (marca o início da
sístole).
➔ Onda T: repolarização dos ventrículos (marca o início da diástole).
49
CONTROLO
❖ O que é que determina o ciclo cardíaco? Como é que ele é controlado?
❖ As características do ciclo cardíaco são reguladas por dois tipos de fatores:
• Alguns destes fatores são locais, são intrínsecos ao
próprio coração, são os mecanismos que nós chamamos
internos, intrínsecos, ou autorregulatórios.
• Mas há outros que são extrínsecos, que estão
relacionados com o sistema nervoso autónomo e
hormonal. Naturalmente, estes são aqueles que nos
interessam.
❖ A nossa atividade cardíaca é flexível e varia para responder às necessidades das
células do corpo em termos de oxigénio e nutrientes, necessidades estas que
variam muito consoante as nossas condições.
❖ MECANISMOS INTRÍNSECOS:
• São os mecanismos do próprio coração.
• O ritmo cardíaco espontâneo é automaticamente regulado por células
especializadas no coração que geram e difundem o sinal elétrico.
• O nódulo sinoauricular tem um papel crucial como pacemaker do coração
(localizado na aurícula direita) → nódulo que ritmicamente e
espontaneamente vai produzir um impulso elétrico de x em x tempo, e é
aquilo que faz com que o nosso coração vá batendo de forma automática.
• Quando estamos em repouso, o nosso SNAP está
constantemente a inibir o nódulo sinoauricular, de
maneira a que a sua tendência espontânea para
produzir 100 a 120 batimentos por minuto desça, e faça
com que só produzamos 70 por minuto.
• O nódulo sinoauricular é um dos mecanismos
intrínsecos de regulação da atividade cardíaca.
• Outro mecanismo que é importante para o controlo e regulação do fluxo
sanguíneo é o Mecanismo Frank-Starling: que é um mecanismo
adaptativo que produz efeitos compensatórios.
• O que acontece é que quando, por exemplo, num batimento cardíaco entra
muito sangue no coração pelas veias, e sai relativamente menos pelas
artérias, no batimento seguinte vamos ter que compensar → o coração vai
ter de contrair mais vigorosamente para aumentar o volume de sangue a
sair.
• Aquilo que acontece é que há recetores no tecido cardíaco, que são
sensíveis há distensão do coração, o coração vai ter de distender mais para
acomodar o maior volume de sangue; e estes recetores ao detetarem que
houve uma distensão maior, que existe um maior volume de sangue, vão
fazer com que haja uma contração mais forte no batimento seguinte para
haver uma compensação.
50
• Este é um mecanismo de regulação que permite que o output (saídas do
coração) cardíaco se sincronize com o input venoso, com a entrada de
sangue no coração.
• Estes mecanismos estão em constante interação, e vão trabalhar de forma
integrada com os mecanismos de regulação extrínseca.
❖ MECANISMO EXTRÍNSECOS:
• Estes sistemas de regulação extrínseca, incluem o sistema nervoso
autónomo e o sistema nervoso central.
• Sistema nervoso autónomo:
➔ Quer a divisão simpática, quer a divisão parassimpática do sistema
nervoso autónomo, podem influenciar o sistema cardiovascular, sendo
que a sua influência é tipicamente em direções opostas.
➔ É importante saber que o coração pode estar sob influência simpática e
parassimpática, porque há medidas, que refletem sobretudo apenas um
dos lados do sistema nervoso autónomo.
51
➔ Também é importante para a regulação da atividade cardíaca.
➔ E este controlo a nível mais central, inclui quer aspetos mais simples
(que funcionam de uma forma reflexa e automática) quer aspetos
neurocomportamentais mais complexos e flexíveis.
➔ Reflexos do tronco cerebral:
▪ Um dos reflexos cardíacos com coordenação central melhor
conhecidos é o reflexo dos barorrecetores.
▪ Os barorrecetores são neurónios
especializados, neurónios sensoriais que estão
localizados nos vasos sanguíneos e que
funcionam como sensores → são sensores que
monitorizam nos vasos sanguíneos mudanças
na pressão sanguínea, vão comunicar essa
informação ao cérebro, e essa comunicação é
feita a uma região do bolbo raquidiano (região
da parte de baixo do tronco cerebral), e depois
em função dessa informação que chega a esta
parte do tronco cerebral, vão ser
implementadas ações para corrigir estas
mudanças de forma a promover a homeostase
e o equilíbrio do organismo.
▪ Esta informação gera respostas regulatórias através do sistema
nervoso autónomo (levando a mudanças no ritmo cardíaco e na
pressão sanguínea).
▪ Por exemplo: se os barorrecetores comunicam ao tronco cerebral
que houve um aumento da pressão sanguínea, isto vai fazer com
que haja um aumento do controlo parassimpático, uma diminuição
do simpático, de forma a diminuir o ritmo cardíaco e a diminuir a
pressão sanguínea → isto é tudo feito a nível reflexo automático,
sendo o objetivo manter a pressão sanguínea a níveis constantes.
52
sanguínea e do ritmo) podem controlar a regulação dinâmica
autónoma.
▪ Estes processos de que estamos a falar aqui, a nível de áreas
cerebrais mais superiores, são processos mais flexíveis, processos
mais complexos, mais variáveis do que os reflexos.
▪ Há múltiplas vias através das quais este controlo mais superior pode
acontecer → por exemplo: estruturas como o hipotálamo, a
amígdala, ou o córtex pré-frontal, podem projetar diretamente para
os reflexos do tronco cerebral e assim modulá-los; ou podem projetar
para os núcleos do sistema nervoso autónomo e assim modular
diretamente a atividade do sistema nervoso autónomo.
▪ O que se passa do ponto de vista neuro comportamental, tem
múltiplas formas de afetar a atividade cardíaca, e é isto que do ponto
de vista neurobiológico explica as associações que vimos entre
variáveis neurocomportamentais psicológicas e variáveis
cardiovasculares.
MEDIDAS PSICOFISIOLÓGICAS
❖ Eletrocardiograma (ECG):
• Ritmo/ frequência cardíaca: número de batimentos por minuto,
determinado com base no tempo (em ms) entre dois picos R (pico mais
visível no traçado) consecutivos no ECG.
• Variabilidade cardíaca: múltiplas medidas, e.g., variação nos intervalos de
tempo entre batimentos cardíacos.
➔ Maior variabilidade cardíaca/ maior variação nos intervalos de tempo
entre batimentos cardíacos é considerada como algo positivo, porque
significa que o nosso sistema nervoso autónomo e o nosso coração
estão a funcionar de uma forma mais flexível e dinâmica para responder
às exigências do meio num certo momento.
➔ Maior variabilidade cardíaca é algo bom pois significa um coração mais
saudável.
❖ Pressão sanguínea:
• Pressão do sangue nas paredes dos vasos
sanguíneos (em geral referimo-nos a tensão arterial,
medida em mmHg).
• É facilmente medida utilizando equipamentos não
invasivos.
• Pressão arterial – pressão do sangue nas artérias
durante a circulação sistémica e que medimos em milímetros de mercúrio
(mmHg).
• Em termos psicológicos, nós sabemos que quando exprimimos as nossas
emoções de forma explicita, isso pode fazer com que haja uma redução
das respostas fisiológicas a este nível, o que reduz a pressão sanguínea.
53
• O comportamento emocional expressivo está associado a uma menor
pressão sanguínea, e pelo contrário, se tentarmos suprimir as nossas
emoções, inibimos uma determinada resposta emocional, o que pode levar
a um aumento momentâneo da resposta fisiológica do aumento da pressão
arterial.
SIGNIFICADO PSICOFISIOLÓGICO
❖ Exemplos sobre o que é que a atividade cardíaca pode significar do ponto de vista
psicológico.
54
➔ Nos estímulos negativos há desaceleração
inicial acentuada, mais do que nas positivas.
➔ Por outro lado, nos estímulos positivos, há uma
desaceleração média e depois há uma
aceleração novamente.
➔ A forma da curva no gráfico é distinta para
imagens positivas e negativas.
➔ A atividade cardíaca muda quando vemos
imagens emocionais como também se são positivas ou negativas.
➔ Desaceleração cardíaca como resposta imediata a um estímulo.
ATIVIDADE
ELETRODÉRMICA
55
❖ É uma medida do sistema nervoso autónomo e tem a ver com a pele.
❖ Refere-se à propriedade do nosso corpo que vai causar flutuações
contínuas nas características elétricas da nossa pele e essas
flutuações podem variar em função dos contextos físicos e
emocionais.
❖ Definição: flutuações nas características elétricas da pele; pode variar em resposta
a diferentes contextos físicos ou emocionais.
❖ História: Charles Féré (1888), Ivan Tarchanoff (1890)
❖ Método de Féré:
• Aplicação de uma corrente elétrica entre dois elétrodos colocados na
superfície da pele (podíamos medir diminuições momentâneas na
resistência da pele em resposta a uma variedade de estímulos).
• Regista a resistência da pele (ou o seu recíproco, a condutância) à
passagem desta corrente aplicada externamente → método exosomático;
resposta galvânica da pele; nível de condutância da pele (skin conductance
level, SCL); resposta de condutância da pele (skin conductance response,
SCR).
• O fenómeno básico descoberto por Feré é que a pele se torna
momentaneamente o melhor condutor de eletricidade, e há menor
resistência à passagem de eletricidade quando estamos expostos a
estímulos externos, nomeadamente estímulos emocionais.
❖ Método de Tarchanoff:
• Mudanças no potencial elétrico entre dois elétrodos colocados na superfície
da pele sem aplicação de uma corrente externa → método endosomático;
potencial da pele.
ANATOMIA E FISIOLOGIA
❖ Pele como barreira seletiva – tem função de não permitir a entrada de coisas
estranhas para o nosso corpo e facilitar a passagem de materiais que vêm da
circulação sanguínea para o exterior do corpo.
56
❖ Ajuda à manutenção do equilíbrio de água e da temperatura do corpo →
vasoconstrição/ dilatação e variação na produção de suor. É através da
vasoconstrição e vasodilatação e do suor, que a pele cumpre a sua função de
manter o equilíbrio da água e temperatura do corpo.
❖ É constituída por duas camadas: epiderme (exterior) e derme (interior):
• A epiderme é muito fina (0,4 mm e 2 mm de espessura) e a derme é
formada por um conjuntivo que sustenta a epiderme (tem entre o,5 e 6 mm
de espessura), e ainda garante a elasticidade e resistência da pele.
• Depois temos a hipoderme que é constituída sobretudo por tecido adiposo
que protege contra o frio, e é considerada como não fazendo parte da pele
(subcutânea).
❖ Camada córnea: camada de células mortas que protege os órgãos internos. É a
camada mais exterior da epiderme.
❖ Como é que estas variações são controladas a nível central? Porque é que há
fatores psicológicos que podem interferir em aspetos como o suor?
❖ Glândulas sudoríparas são influenciadas sobretudo pelo sistema nervoso simpático
→ enervação colinérgica (acetilcolina - neurotransmissor) das fibras sudomotoras
da cadeia simpática.
• Verificou-se que quando garantimos que a temperatura do ambiente é
relativamente estável, há uma elevada correlação entre os níveis de
atividade nervosa simpática e a resistência à condução da eletricidade da
pele.
• Garantir que as diferenças que observamos na atividade elétrica da pele
refletem efetivamente variações no sistema nervoso simpático e não
simplesmente questões genéricas mais fisiológicas de temperatura.
58
• Via descendente do córtex premotor e sensoriomotor (gânglios da
base) – controlo mais complexo e é a via mais superior.
• Hipotálamo e sistema límbico: no sistema límbico, há evidência do papel
da amígdala e do hipotálamo (é importante para a regulação da
temperatura).
• Formação reticular no tronco cerebral: via mais inferior.
• Estas 3 vias são as que podem levar a alterações na atividade
eletrodérmica.
REGISTO
❖ Usam-se dois elétrodos, ambos colocados em locais ativos (registo
bipolar).
❖ Tipicamente regista-se a partir da palma das mãos – várias localizações
aceitáveis: (1) superfície volar das falanges mediais, (2) superfície
volar das falanges distais, (3) eminência tenar e hipotenar das
palmas.
❖ Temperatura ambiente e altura do dia em que o sinal é registado devem
ser controlados.
MEDIDAS
❖ Na figura do lado direito temos 2 traçados da atividade eletrodérmica durante 20
segundos de repouso (rest) e depois seguimos para a apresentação de 3 estímulos
discretos (sonoros) → estes dois registos são de participantes diferentes.
❖ Durante o período de “rest” temos o nível de condutância da pele SCL tónico (1º
linha da tabela) e é quando não há a apresentação de estímulos.
59
❖ A nossa pele tem sempre uma determinada propriedade elétrica, se eu colocar
elétrodos consigo avaliar este nível tónico (que varia bastante).
❖ Intervalos típicos são entre 2 e 20.
❖ É típico haver uma tendência descendente na resposta em repouso. Há um
aumento quando aparece um estímulo novo.
❖ Nós também podemos ver respostas na nossa pele sem que apresentemos
estímulos (aqui há respostas não específicas).
❖ As respostas que nos interessam são as que são causadas por nós e causam
respostas específicas.
❖ Vimos isso quando a mudança na condutância é pelo menos 0,01 a 0,05 → há aqui
uma resposta específica ao nosso estímulo. Está mostrada na imagem de baixo (a
resposta específica).
❖ A amplitude é das componentes mais referidas e diz respeito ao aumento que
verificamos na condutância da pele em resposta ao estímulo.
❖ Latência: janela temporal desde o momento em que apresentamos o estímulo e
começamos a ver a resposta eletrodérmica (pode ir de 1 a 3 segundos – resposta
fisiológica lenta).
❖ Rise time (tempo de aumento) que diz respeito ao tempo entre o inicio da resposta
e o pico da mesma.
❖ Existe também uma habituação na resposta eletrodérmica – à medida que nós
vamos repetindo os estímulos vai havendo uma diminuição progressiva de
amplitude e até um desaparecimento da resposta.
SIGNIFICADO PSICOFISIOLÓGICO
❖ Útil para fazer inferências sobre processos variados (há várias propriedades dos
estímulos à qual a atividade elétrica é sensível):
• Novidade/surpresa
60
• Itentividade
• Conteúdo emocional
• Significância
AULA T7
ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E PUPILAR
61
❖ Pertence ao sistema nervoso periférico somático.
❖ O sistema nervoso periférico somático é o que inclui o sistema de entradas e saídas
do sistema nervoso central; é o conjunto de inputs e outputs que possibilitam a
nossa relação com o meio, e que a informação sensorial chegue da periferia até ao
nosso cérebro; e possibilitam ainda que a informação vá do nosso cérebro e que a
possamos executar (os movimentos).
❖ Há um aspeto da atividade pupilar (quando a pupila dilata ou contrai) que ainda faz
parte do sistema nervoso autónomo.
ATIVIDADE
ELETROMIOGRÁFICA
ATIVIDADE MUSCULAR
❖ Quando falamos de eletromiografia, falamos da medição do sistema
musculoesquelético → sistema responsável pelo reportório que temos de
reflexos, quer de ações mais complexas e voluntárias.
❖ Autores já enfatizavam a ideia de que podemos olhar para
padrões subtis de ação muscular como forma de caracterizar o
comportamento humano → ideia de que a atividade muscular nos
pode dar pistas importantes.
❖ Comportamento → atividade muscular.
❖ Padrões subtis (alguns são visíveis a olho nu) de ação muscular
como forma de caracterizar e compreender o comportamento
humano.
❖ A ativação dos músculos está associada à geração de potenciais elétricos.
❖ Du Bois-Reymond (1849): bases elétricas da contração muscular produz atividade
elétrica.
• Este autor deu um contributo importante para esta ideia.
• Estudou as bases elétricas da contração muscular e deu a primeira
evidência, com uma pessoa viva, de que há atividade elétrica dos músculos
quando há contração voluntária.
• No entanto, nesta altura, os procedimentos utilizados para o estudo da
atividade elétrica eram ainda invasivos.
62
• Foi necessário esperar até ao início do século XX para ser possível
desenvolver a tecnologia que nos permite detetar sinais mioelétricos subtis
quando ocorrem de forma espontânea.
❖ Sinais mioelétricos – são também chamados os potenciais da ação motores, são
os impulsos elétricos que vão produzir a contração das fibras musculares do corpo.
ANATOMIA E FISIOLOGIA
❖ Músculo como tecido que gera e transmite força → três tipos: esquelético (40%
do peso corporal), liso e cardíaco.
❖ Tecido muscular estriado: tipo de tecido que constitui o músculo esquelético.
Material hierárquico composto por um número grande de fibras paralelas;
miofibrilas; sarcómero (filamentos de miosina e de actina).
❖ O músculo é um tecido que gera e transmite força, que nos permite manter a
postura, fazer movimentos reflexos e produzir movimentos de forma espontânea e
voluntária.
63
❖ Músculos esqueléticos:
• São aqueles que estão presos ao osso, por tendões (estruturas fibrosas) e
é isso que nos permite efetuar movimentos esqueléticos → permite gerar
força, que vai mover o nosso esqueleto.
• Este sistema é também um sistema sobre o qual nós temos controlo
voluntário, porque há uma parte do nosso corpo que é espontânea e
involuntária e há outra parte que é decidida conscientemente.
❖ Músculo liso:
• está na parede dos órgãos e estruturas como o estômago e intestinos, que
não estão sobre o controlo consciente, ao contrário dos esqueléticos.
❖ Músculo cardíaco:
• É o que está no coração.
❖ Cada músculo estriado é enervado por um único nervo motor → corpos celulares
na espinal medula anterior ou nos nervos
cranianos do tronco cerebral (músculos da
cabeça).
• Os músculos precisam de instrução
nervosa para se moverem.
• Todo o nosso comportamento, toda a
nossa ação dos músculos estriados,
independentemente dos processos
cerebrais que estão envolvidos, resultam
de sinais neurais que viajam por estes
nervos.
64
musculares → corpo celular do neurónio motor, axónio e fibras musculares
unidade motora.
• Cada um destes ramos do axónio vai fazer uma ligação com uma fibra
muscular.
• A esta junção neuromuscular, que é onde a informação passa de
informação nervosa a informação muscular, chamamos placas motoras →
significa que cada neurónio motor enerva várias fibras musculares
separadas dentro do músculo. O neurónio como vai ramificar-se, vai ser
capaz de enervar diferentes fibras musculares e é isto que faz com que as
diferentes fibras musculares contraiam em simultâneo durante a atividade
motora.
• Cada fibra muscular é tipicamente enervada por um neurónio motor.
• Unidade motora: serve para falar destes múltiplos elementos que formam
a unidade funcional que suporta os atos motores, ou seja, os movimentos.
Isto inclui o corpo celular do neurónio motor, e é aqui que a instrução
começa; depois o axónio que vai ao longo do nervo motor; depois as
miofibrilhas axónicas em que o axónio se ramifica e as fibras musculares,
com que estas ramificações do axónio se ligam → elementos necessários
para que o ato motor aconteça.
O que constitui unidade motora do ponto de vista fisiológico.
65
• Este sinal elétrico pode envolver apenas uma atividade motora mas mais
tipicamente temos múltiplas unidades motoras, ou seja, temos muitas fibras
musculares ativas em conjunto.
PROPRIEDADES DO SINAL
❖ Somatório da atividade das ondas de despolarização associadas à ativação de
múltiplas unidades motoras. Captar essas alterações de voltagem ao longo do
tempo.
❖ Frequência entre alguns hertz e cerca de 500 hz; amplitude entre frações de um
microvolt de cerca de 1000 microvolts, e são mais amplas do que os outros sinais.
❖ Sinal de uma região muscular localizada requer particular atenção em termos de
redução de ruído e práticas de recolha, preparação (muito cuidadosa) e colocação
dos elétrodos, pré-amplificação (amplificar as partes do
sinal que nos interessam e remover o que não interessa
→ minimizar (…)) diferencial apropriada do sinal →
minimizar a deteção de sinais bioelétricos irrelevantes e
melhorar a relação sinal-ruído.
MONTAGEM
❖ Elétrodos afixados numa configuração bipolar (mais típica) → são
colocados aos pares, temos 2 elétrodos para cada músculo que
vamos avaliar.
❖ Dois elétrodos ativos (alinhados paralelamente ao longo do eixo
das fibras musculares) e um passivo (terra, colocado sobre o ponto
inócuo).
❖ Diâmetro da superfície de deteção varia: 0,5 cm para troncos e
membros; 0,25 para EMG facial.
❖ Afixação com adesivo, aplicação do gel condutor.
66
• Especificar bem o posicionamento dos elétrodos, garantindo que a
localização dos elétrodos é comparável em todos os participantes, todos os
testes e todos os laboratórios.
• Usamos os elétrodos de superfície, porque não são
invasivos, são mais práticos e confortáveis.
• Foto das faces: ilustra exemplo da localização
recomendada para os principais músculos faciais!
CONSIDERAÇÕES
❖ Respostas podem ser controladas voluntariamente (em particular se o participante
conseguir perceber a hipótese experimental).
❖ Estratégias para minimizar este efeito, exemplo, dar aos participantes hipóteses
alternativas plausíveis, distrair os participantes com outras tarefas, colocar
elétrodos “dummy” / não funcionais noutras áreas do corpo para reduzir a saliência
dos funcionais; avaliar o conhecimento da hipótese no debriefing.
❖ Uma das características do sistema muscoesquelético é que pode estar sob
controlo voluntário, podemos decidir mexer a cara/ corpo de certa maneira. Quais
as implicações disto para a nossa investigação?
❖ É difícil nós influenciarmos a nossa atividade cerebral de forma voluntária ou a
nossa atividade cardíaca ou atividade da pele, por isso podemos ter alguma
confiança que o sinal psicofisiológico que estamos a captar é um sinal espontâneo,
no caso da eletromiografia facial, a situação é diferente.
❖ Se os participantes quiserem manipular os resultados, basta que mexam os
músculos da face de forma voluntária num determinado sentido.
❖ Quando colocamos elétrodos na cara do participante, ele pode ficar logo mais
consciente de que as expressões faciais vão ser relevantes para o estudo e pode
perceber logo o objetivo do mesmo → pode afetar todas as respostas.
❖ Há estratégias que podemos utilizar para minimizar este efeito, tal como dar
hipóteses alternativas (falar do objetivo de um estudo que não é exatamente aquele
que é o nosso objetivo real), podemos distrai-los com outras tarefas, para não ter
recursos cognitivos disponíveis para estar a pensar nos músculos faiais, podemos
colocar elétrodos “dummy” noutras áreas do corpo para reduzir a saliência daqueles
elétrodos que nos interessam, podemos perguntar no fim se ele sabia o objetivo do
estudo.
❖ Efeitos de audiência: refere-se ao facto de as nossas expressões faciais poderem
ser alteradas quando estamos perante um observador, ou seja, a forma como nos
exprimimos facialmente é influenciada pelos contextos.
❖ Incluir controlos experimentais.
❖ Uma estratégia pode ser que o experimentador saia da sala quando o participante
está a fazer o estudo ou se o experimentador ficar na sala deve-se garantir que é
sempre o mesmo.
SIGNIFICADO PSICOFISIOLÓGICO
Expressões faciais
❖ Respostas EMG a expressões faciais:
67
• Alegres: maior atividade no zigomático maior.
• Zangadas: maior atividade no corrugador do superálio.
• 300-400 ms de exposição suficientes para despoletar estas respostas.
PERCEÇÃO SUBLIMINAR
❖ Exposição inconsciente a caras alegres e zangadas → técnica de backward
masking (30 ms de exposição a caras emocionais, logo seguido da
apresentação/máscara de caras neutras).
❖ Aspetos não verbais das interações sociais ocorrem a nível inconsciente.
68
❖ Dimberg et al., 2000, Psych Science
• Estudos que mostram que estas reações podem acontecer mesmo que não
tenhamos consciência de termos visto uma expressão.
• As nossas respostas faciais são diferentes a diferentes estímulos que nós
não temos consciência de ter observado.
• Isso foi demonstrado pelos autores Dimberg e colaboradores, que usaram
a técnica backward masking para apresentarem expressões faciais aos
participantes sem que estes tivessem consciência de as ter visto.
• Ao fim de 30 ms, a expressão facial era substituída por uma cara neutra; o
participante ficava com a consciência de só ter visto a expressão neutra e
não emocional.
• Ainda assim, quando se mediu a atividade eletromiográfica dos
participantes, verificou-se que ela variava consoante as expressões
emocionais que tinham sido apresentadas.
• No músculo zigomático, havia maior atividade zigomática quando as
expressões eram alegres do que quando eram zangadas, e no músculo
corrugador viu-se o contrário.
• Há aspetos das nossas reações faciais que estão lá, que são quantificáveis
mesmo em resposta a estímulos que não temos a consciência de ter visto.
IMAGÉTICA EMOCIONAL
❖ Raiva, nojo, prazer alegria.
• Podemos ver este sinal não só para estímulos que observamos, não só
para estímulos que não temos consciência, mas também para situações e
69
contextos emocionais em que estamos simplesmente a imaginar a
possibilidade que eles aconteçam.
• Neste estudo, Vrana (autora), tinha um conjunto de frases que descreviam
situações emocionais que podiam estar relacionadas com aqueles 4 pontos
(raiva, nojo, prazer, alegria).
• Pediam aos participantes que lessem essas frases e davam-lhes instruções
para eles imaginarem/criarem imagens mentais do que seria sentirem
aquelas emoções.
• Durante 6 minutos ouviam sons que sinalizavam a altura de criar as
imagens mentais associadas aos diferentes sinais emocionais.
• Verificou-se que a imaginação de diferentes cenários emocionais se
traduzia fisiologicamente em diferentes padrões de atividade
eletromiográfica.
• No músculo levantador do lábio, houve mais atividade durante
pensamentos de nojo e de alegria.
• No músculo corrugador, houve uma associação clara de maior atividade
quando estamos em situações negativas.
• No músculo zigomático, vemos uma ativação quando os sinais/contextos
eram positivos em relação a quando eram negativos.
• Basta criação de imagens mentais para que isso se traduza em
atividade eletromiográfica.
70
❖ Aspetos do FACS correlacionados com o sinal EMG → este não é um sinal direto.
BIOFEEDBACK
❖ Meta-análise: efeitos benéficos de biofeedback com base no EMG na enxaqueca
e cefaleia de tensão.
OUTRAS APLICAÇÕES
71
❖ Quantificar tensão muscular em ergonomia (Kumar e Mital, 1996), exemplo, avaliação do uso
do rato do computador, ou do stress e respostas de dor em pessoas que trabalham em caixas
de supermercado.
❖ Medir de forma precisa o inicio, magnitude e fim das respostas em tarefas de tempo de
reação (Allain et al., 2004).
❖ Discernir os músculos específicos que suportam a postura, marcha, e atos motores
complexos (Trepman et al., 1994).
❖ Amplitude grande de possíveis aplicações da eletromiografia.
ATIVIDADE
PUPILAR
72
❖ Pupila:
• Dentro do olho, a pupila é bastante relevante.
• É uma abertura transparente que vemos no centro do olho (imagem do lado
esquerdo).
• Metaforicamente, funciona como o diafragma de uma máquina fotográfica (que é o
que permite a entrada de luz).
• Esta, está justaposta aa uma estrutura chamada cristalino, está abaixo de uma
estrutura chamada córnea.
• A pupila permite que a luz passe, a luz vai atravessar a superfície do cristalino, o
cristalino é exposto pela pupila (torna-se visível quando a pupila dilata) e depois a
luz é refletida na retina na parte detrás do olho).
• Normalmente, a pupila parece negra, mas é porque o interior do nosso olho é escuro.
• Duas vias de controlo do tamanho da pupila:
➔ Via parassimpática de constrição: quando há uma maior ativação
parassimpática, vai haver uma diminuição do tamanho da pupila devido à sua
constrição através do musculo esfíncter da pupila.
➔ Via simpática da dilatação: quando há maior ativação simpática, vai haver maior
dilatação da pupila.
❖ Diâmetro varia entre 2 a 8 mm – esta amplitude é determinada pela quantidade de luz que
entra no olho e por outros fatores psicológicos e emocionais (alguns).
❖ Íris:
• É a área colorida à volta da pupila e é aqui que temos os músculos que vão controlar
o tamanho da pupila e determinar se ela dilata ou contrai.
• Quando o músculo esfíncter da pupila contrai, vai apertar a parte interior da iris,
levando a pupila a diminuir.
• Quando o músculo dilatador da pupila contrai, vai puxar a parte da iris para fora e
faz com que a pupila dilate.
• Ao tecido branco à volta da iris chamamos esclera, tem a função de proteção do
olho, manter a sua forma e é também aqui que encontramos os músculos
extraoculares, que são aqueles que controlam os movimentos dos olhos.
• O tecido transparente que cobre a iris e a pupila chama-se córnea.
• Dois músculos da iris (que controlam o tamanho da pupila):
➔ Músculos esfíncter da pupila (que a contrai)
➔ Músculo dilatador da pupila (que a dilata)
➔ Estes dois músculos estão associados a duas vias de controlo.
CONTROLO NEURONAL
❖ O esquema apresentado abaixo, é um esquema bastante complexo sobre como
funcionam as duas vias, simpática e parassimpática, em termos neurológicos.
❖ No lado direito, temos a via simpática (b – dilation pathway – dilatação) e do lado
esquerdo temos a via parassimpática (a – constriction pathway – constrição).
73
❖ Lado A – Constriction Pathway:
• É o circuito que nos permite a constrição da pupila.
• A via de constrição é enervada pelo sistema nervoso parassimpático e
tem como consequência a diminuição do tamanho da pupila, e isto
explica porque é que as nossas pupilas vão estar relativamente mais
pequenas quando estamos numa situação de relaxamento ou de repouso
(situações onde há uma dominância parassimpática).
• Esta é uma via subcortical, ou seja, é uma via em que todos os
componentes acontecem abaixo do córtex, é uma via de controlo,
automática de controlo.
• Em primeiro lugar, a luz entra na retina, vai ser enviada pelo nervo ótico,
que é um doa nervos cranianos (número 4), vai ser enviada pelo quiasma
ótico (número 5) e é nesta estrutura, em que o input da retina dos 2 olhos
vai ser combinado e depois vai ser enviado para uma estrutura do corpo
cerebral (já a nível do cérebro) que é a área pré-letal do tronco cerebral
(número 9).
• Desta área do tronco cerebral, a informação vai ser enviada para um núcleo
chamado núcleo Edinger-Westphal, que é o núcleo que faz parte do
sistema nervoso parassimpático (número 8), que tem a função de combinar
informação do campo visual direito e do esquerdo, e daqui, a informação
vai ser enviada através do nervo oculomotor (número 6), vai ser enviada
para o gânglio ciliar (número 3), que é um gânglio parassimpático,
localizado mesmo atrás do olho e daí a informação vai ser enviada pelos
nervos ciliares para o músculo esfíncter da pupila, causando a sua
constrição.
❖ Resumindo:
• Via de constrição:
➔ Enervada pelo sistema nervoso parassimpático.
➔ Área pré-tectal e núcleo Edinger-Westphal.
➔ Nervo oculomotor (III) e gânglio ciliar.
➔ Músculo esfíncter da pupila.
• Via de dilatação:
➔ Enervada pelo sistema nervoso simpático.
➔ Hipotálamo e núcleo coeruleus.
➔ Gânglio cervical superior (perto da espinal medula).
➔ Músculo dilatador da pupila.
PERFIL DE RESPOSTAS
❖ Fatores que fazem com que a pupila aumente ou diminua.
REFLEXO DE LUZ
❖ Adaptação à quantidade de luz.
❖ Resposta pupilar à luz: constrição (pupila diminui) face a luminosidade, e
dilatação (pupila aumenta) no escuro.
❖ Perfil típico: 0 – 0.2 s, período de latência (pupila não responde); 0.2s – 1.5s,
constrição acentuada e rápida; 1.5s – 10s, pupila mantém-se diminuída; 10-30s,
retorno ao tamanho original (lento).
❖ Na imagem abaixo → luz azul ou vermelha, 10s; 20s de ecrã negro.
75
❖ Na figura acima, vemos a ilustração de perfil típico da resposta.
❖ Nesta experiência, há uma exposição de uma luz azul ou vermelha, durante 10
segundos e quando há esta exposição vemos uma diminuição rápida do diâmetro
da pupila (perfil rápido de 0 a 0,2s em que a pupila não responde).
❖ Este gráfico ilustra o reflexo da luz e mostra que este reflexo pode ser também
modulado pelo tipo de luz.
❖ A constrição na luz azul é mais sustentada do que na luz vermelha.
RESPOSTA PSICO-SENSORIAL
❖ Mais interessante do ponto de vista psicológico.
❖ Esta resposta diz respeito ao facto de a pupila dilatar em resposta a estímulos
ativadores/excitantes (“arousing”), processos cognitivos e processos emocionais.
❖ Resposta varia em função do estímulo que a despoleta, e.g., resposta de orientação
– eventos repentinos e inesperados, como um som.
• Podemos ter uma resposta de orientação – é
quando algo repentino ou surpreendente
aparece/acontece.
• Resposta de inicio rápido, dilatação rápida da
pupila com um pico entre 0,5s e 1s depois do
estímulo, mas também uma resposta que
desparece rápido.
76
❖ Resposta varia em função do estímulo que a despoleta, e.g., esforço mental e
arousal (maior esforço ou ativação emocional, maior dilatação) → fenómeno
conhecido desde os anos 60.
❖ Vê-se que quando estamos numa situação de maior esforço mental ou numa
situação de maior emocionalidade, isso é bom para a dilatação.
❖ Nesta figura acima, vemos o perfil de dilatação associado a uma tarefa de memória
de dígitos, em que se pedia aos participantes para memorizarem um conjunto de
dígitos.
❖ A tarefa podia ser mais difícil (com 7 dígitos), intermédia (com 5 dígitos) ou mais
fácil (com 3 dígitos) e vemos que existe uma dilatação em função da dificuldade da
tarefa.
❖ Dilatação maior quando a tarefa é mais difícil; intermédia quando é intermédia; e
menor quando era muito fácil.
❖ Esta é uma resposta que é mais lenta, demora mais tempo a ser observada, pode
demorar alguns segundos, demora mais tempo a que regressemos à base, demora
mais tempo a que o efeito do esforço mental se dilua.
EYE TRACKING
❖ Medição da atividade do olho, incluindo aspetos como a
fixação do olhar (para onde olhamos) e movimentos dos
olhos (chamamos sacadas), quando pestanejamos (eye
blink), duração das fixações, ou o diâmetro da pupila.
❖ Ao equipamento usado chama-se eye tracker.
❖ O aspeto do equipamento pode variar.
❖ Em relação às fixações, aos movimentos dos olhos →
podem ser relevantes para múltiplas áreas de investigação e serem usadas em
estudos de leitura, por exemplo → ao ler um texto, ver quanto tempo demoro a
descodificar uma palavra, quantas vezes volto para trás para compreender melhor.
❖ Há uma série de aplicações associadas não só à pupila, como também às fixações
e movimentos oculares.
❖ Comum à maior parte dos eye trackers: utilizam uma fonte de luz tipicamente
(infravermelhos) dirigida aos olhos, câmara.
❖ Objetivo do infravermelho – iluminar o olho, para facilitar a captação da pupila →
podemos ver isto no esquema.
77
❖ Temos o ecrã, em que o participante terá o seu olhar focado, depois o eye tracker
inclui câmaras, projetores de infravermelhos e uma parte mais computacional (mais
informática/matemática) que vai receber informação da câmara, vai tratá-la,
interpretar esse fluxo de imagens para depois extrair a informação que nos
interessa.
❖ Os projetores projetam os infravermelhos nos olhos, as câmaras vão criar imagens
muito rápidas, em tempo real, e os algoritmos do processamento vão extrair os
detalhes dessa informação para mensurar a posição dos olhos, o ponto de
visualização e o diâmetro da pupila.
❖ Ter cudado a utilizar o eye tracker na quantidade de luz, porque a nossa pupila
dilata não só por fatores emocionais como também há o reflexo de luz. Há
diferentes diâmetros pupilares num sitio claro ou escuro.
SIGNIFICADO PSICOFISIOLÓGICO
❖ Exemplos de aplicação do eye tracker na investigação.
EMOÇÃO
❖ Jogos violentos ou não violentos (15m).
❖ Posterior exposição a imagens de alegadas vitimas de violência (em contextos
positivos, neutros ou negativos).
❖ Menor dilatação pupilar na condição de jogos violentos (para imagens negativas).
78
• Este estudo mostra, utilizando medições do diâmetro da pupila que quando
as pessoas jogam jogos violentos durante um determinado período de
tempo, se forem expostas a imagens de violência a seguir, vão ter uma
menor resposta da pupila a essa violência → pode sugerir que há uma
dessensibilização a menor reatividade que os jogos violentos podem levar
a uma menor sensibilidade à violência.
ESFORÇO COGNITIVO
❖ Tema: perceção de fala em fundo de ruído.
❖ Compreensão de frases em diferentes condições de ruído.
❖ Temos que fazer um esforço cognitivo para perceber o que a pessoa diz.
❖ Aumentos sistemáticos de diferentes aspetos da resposta pupilar (amplitude do
pico, latência e dilatação média) com a diminuição da inteligibilidade fala → maior
esforço cognitivo para otimizar compreensão.
AULA PL4
ATIVIDADE ELETRODÉRMICA (EDA)
INTRODUÇÃO
❖ No teste de polígrafo faz-se uso desta técnica.
❖ A nossa pele revela-nos muita informação sobre a forma como nos sentimos,
quando estamos expostos a estímulos emocionais (imagens, vídeos, etc.), e isto
acontece tanto para estímulos positivos como para estímulos negativos.
❖ Há duas ideias fundamentais de recordar quando falamos de atividade
eletrodérmica:
• A pele funciona como um condutor de eletricidade, embora estejamos a
falar de amplitudes de corrente muito baixas.
79
• Quando se apresentam estímulos emocionais externos a pele torna-se
momentaneamente melhor a conduzir eletricidade. Sempre que há alguma
alteração na nossa ativação emocional, aumentamos a quantidade de suor
produzida e consequentemente a pele vai tornar-se melhor a conduzir a
eletricidade, ou seja, a condutância elétrica da pele aumenta → são estas
alterações a que nós chamamos atividade eletrodérmica.
❖ Quando vemos um estimulo negativo assustamo-nos; as nossas glândulas
sudoríparas vão aumentar a produção de suor; a pele torna-se melhor a conduzir
eletricidade e nós conseguimos medir isso com um aparelho de medição → ideia
principal da medição da atividade eletrodérmica.
❖ Apesar das alterações emocionais serem mais frequentemente estudadas, não são
só estas que provocam variações na atividade eletrodérmica. A EDA é sensível a
outros aspetos do estimulo:
• Se o estimulo é familiar ou novo → estímulos novos chamam mais a
atenção e por isso o aumento da EDA em resposta a esses estímulos tende
a ser maior.
• Se o estimulo envolve trabalho de memoria ou de raciocínio → trabalhos
que requerem maior trabalho de raciocínio envolvem maior ativação
atencional e isso reflete-se na EDA.
❖ Mudanças na condutância elétrica da pele podem refletir ativação do
processamento emocional, motivacional ou atencional.
❖ A produção e secreção de suor e as alterações que daí resultam para a condutância
da pele, são processos inconscientes, são processos que estão exclusivamente
sobre o controlo do sistema nervoso simpático e que acontecem como
consequência de alterações de ativação atencional, motivacional ou emocional.
❖ Enquanto o sistema nervoso parassimpático está responsável por processos
de alteração lenta (digestão), o sistema nervoso simpático representa um
sistema de resposta rápida.
❖ Há vários indicadores de ativação do sistema nervoso simpático, como o ritmo
cardíaco, a pressão arterial e a produção de suor e é aqui que se usa a EDA.
80
• Em marketing → avaliar preferências dos investigadores e reações a
anúncios publicitários.
❖ RESUMO:
PREPARAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
❖ Material complementar:
• Computadores para registar os
dados.
• Material de limpeza para limpar as
superfícies e os elétrodos.
• Gel condutor para melhorar o sinal
conduzido pelos elétrodos.
81
❖ Aplicação de elétrodos/ início experiência:
• Colocamos os elétrodos em partes do corpo em que haja maior
concentração de glândulas sudoríparas → geralmente utiliza-se os dedos
da mão não dominante pois normalmente quando se fazem estas tarefas
as pessoas estão a fazer algo no computador ou
assim e para isso precisam da mão dominante →
o mais importante é usar sempre a mesma parte
do corpo com todos os participantes.
• De seguida, limpamos a superfície onde vão ser
colocados → pede-se aos participantes que
lavem as mãos antes de aplicarem.
• Depois aplicamos um gel próprio para elétrodos
para melhorar a conexão → o sinal fica mais estável e é melhor captado.
• Depois colocamos os elétrodos → normalmente usa-se um velcro ou uma
fita adesiva para que fiquem fixos durante a medição.
• Se a pele tiver uma melhor condutividade a corrente elétrica vai conseguir
circular com uma maior facilidade.
• Há artefactos que podem deteriorar a qualidade dos dados, como por
exemplo: movimento, fala, etc.
• Para tentarmos minimizar esse tipo de artefactos indesejáveis, logo no
inicio da experiência podemos pedir aos participantes para seguir um
conjunto de indicações:
➔ Respirar calmamente.
➔ Evitarem ao máximo movimentos de braços e pernas.
➔ Tentarem não falar.
➔ Garantir que a pessoa está sentada confortavelmente.
• Antes de avançarmos convém confirmar os aspetos técnicos: elétrodos
estão bem colocados; todos os cabos estão bem ligados e estáveis; os
equipamentos estão todos ligados; as instruções foram todas corretamente
dadas.
82
RECOLHA DE DADOS
❖ Apresentação de estímulos
• Queremos que os estímulos sejam apresentados o tempo suficiente para
que os participantes os possam processar (pelo menos 5 segundos).
• É importante também que os participantes tenham tempo de recuperar a
baseline depois do estimulo e por isso é preciso criar intervalos entre
estímulos. Se apresentarmos muitos estímulos seguidos o que vai
acontecer é que ficamos com picos de amplitude que não sabemos como
foram originados.
• É importante aleatorizar os estímulos e as condições para evitar efeitos de
habituação e cansaço.
ANÁLISE DE DADOS
❖ EVENT-RELATED SCRs - 4 parâmetros que os caracterizam → estas respostas
podem ser interpretadas como uma medida direta do estado de ativação em relação
ao estímulos e é isto que nos interessa.
• Período de latência – tempo que vai desde a apresentação do estímulo ao
inicio da resposta fásica em si.
83
• Amplitude do pico de resposta – diferença entre a amplitude no inicio e no
pico mais alto de amplitude.
• Período de elevação – tempo desde o
inicio da resposta fásica até ela atingir o
pico.
• Período de recuperação – vai desde o
pico da resposta fásica até ela recuperar
a baseline → difícil de medir porque é
difícil a amplitude voltar aos valores que
tinha antes da resposta fásica; é também
difícil ocorrer um pico elevado.
84
EXERCÍCIO:
CONCLUSÃO:
❖ A EDA permite-nos obter informação relevante sobre a ativação inconsciente ao
nível emocional, atencional, motivacional, quando somos confrontados com
estímulos externos que estimulam essa ativação.
❖ Há informação que não conseguimos recolher tudo através desta técnica, não
conseguimos distinguir com precisão a valência dos estímulos.
AULA T8
MEDIDAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
85
❖ Estamos a falar das medidas que são talvez as mais conhecidas e mais usadas,
que são as medidas que nos permitem olhar para o cérebro, para a estrutura e
função do sistema nervoso central.
ESTUDAR O CÉREBRO
❖ TÉCNICAS DE NEUROIMAGEM:
• Permitem medir/ registar (“tirar fotografias”) a estrutura ou função do
sistema nervoso, de forma direta ou indireta.
• Estas técnicas são fortemente multidisciplinares.
• Usadas em várias disciplinas (e.g., medicina, neurociências, psicologia):
➔ Medicina: para fins de diagnóstico de patologia cerebral, monitorização
de evolução de doenças.
➔ Neurociências: principal caixa de ferramentas deles, para fazer
perguntas sobre o cérebro.
➔ Psicologia: sobretudo nestas áreas da psicologia mais ligadas às
bases biológicas do comportamento como a psicofisiologia.
• Estas técnicas são evolução recente, apareceram ao longo do século XX,
sobretudo ao longo da segunda metade, e do ponto de vista da
investigação só se estabeleceram nos últimos 20 anos → mudanças que
nos permitiram passar, progressivamente, do domínio da imaginação para
o da imagiologia cerebral.
❖ ELEMENTOS HISTÓRICOS:
• WALTER DANDY:
➔ Desenvolveu 2 técnicas: ventriculografia e pneumoencefalografia
➔ O ar era injetado e isso permitia a visualização radiológica (são as
primeiras imagens raio-x – radiografia), que permitia
ver lesões no sistema nervoso ventral através da
diferenciação do sistema ventricular (ventrículos são
aquelas bolsas de líquido cefalorraquidiano que temos
no meio do cérebro). Estas imagens (ver ao lado)
permitiam distinguir os ventrículos do resto do cérebro
e identificar lesões com base nisto.
➔ São técnicas invasivas, no sentido em que
implicavam uma injeção de ar no cérebro.
• EGAS MONIZ:
➔ Desenvolveu a angiografia cerebral → técnica que nos permite ver os
vasos cerebrais; permite-nos ter uma ideia da vasculatura cerebral com
um grande nível de detalhe, e por isso, avaliar lesões a este nível.
86
➔ Registo da atividade elétrica do cérebro em humanos, de forma não
invasiva.
➔ Desenvolvimento da eletroencefalografia (EEG) → inventada por este
autor.
➔ O EEG é uma técnica que nos permite registar a atividade elétrica do
cérebro de uma forma não invasiva, sem abrir o crânio. Desenvolveu
esta técnica que permitia captar esta atividade através de equipamento
colocado no couro cabeludo, que media alterações de voltagem ao
longo do tempo.
➔ Estas alterações de voltagem eram produzidas pela atividade neuronal
subjacente à zona da medição.
➔ As questões apresentadas em cima representam os principais
contributos deste autor.
➔ Este, identificou 2 padrões de atividade cerebral (ondas/ritmos): alfa
(ondas de maior amplitude e mais lentas, ca. 11 cps); e beta (ondas de
menor amplitude, mais irregulares e mais rápidas, ca. 13-30 cps).
➔ Por outras palavras, identificou pela primeira vez que o nosso cérebro
produz 2 tipos de ritmo/onda que refletem estados de consciência
diferentes e que estão presentes em diferentes situações, quer em
pessoas saudáveis ou em pessoas doentes.
➔ Alfa – são geradas na parte posterior do cérebro; ritmo padrão que
observamos quando estamos relaxados. Como já foi referido estas são
ondas de maior amplitude e mais lentas.
➔ Beta – padrão de atividade que se verifica quando estamos mais alerta,
quando estamos atentos, concentrados. Como já foi referido, são ondas
de menor amplitude, mais irregulares e mais rápidas.
➔ Se me pedirem para fazer uma tarefa cognitiva, se estiver concentrada
nessa tarefa, as ondas alfa vão dar origem às ondas beta.
• Neuroimagem funcional:
➔ Foco na função cerebral, muitas vezes para compreender a relação
entre atividade neural e funções cognitivas (brain in action).
➔ Técnicas que nos permitem olhar para a função cerebral, para a
atividade cerebral e como é que a atividade cerebral numa determinada
área pode estar relacionada com uma determinada função cognitiva ou
como é que uma determinada doença pode afetar a atividade numa
determinada área.
87
➔ Dá-nos um “filme” do cérebro em ação à medida que ele está a trabalhar
em tempo real. Ex: tomografia axial computorizada ou a ressonância
magnética (versão funcional).
❖ Vamos ver agora algumas das principais técnicas de neuroimagem que temos
disponíveis (estruturais e funcionais), as características destas, vantagens e
desvantagens e para que é que servem, o que é que elas nos dizem sobre o cérebro
e sobre questões da psicologia.
ELETROENCEFALO
GRAFIA (EEG)
88
elétrodo de registo (o que interessa) e um elétrodo de referência, que podemos
colocar na orelha (por exemplo), onde não é esperado que haja atividade elétrica.
❖ Os elétrodos são colocados em diferentes localizações do couro cabeludo, porque
queremos captar atividade de diferentes regiões do cérebro. Esta localização não
é aleatória, temos um sistema, e o mais utilizado é o sistema internacional 10-20.
❖ Numa situação atípica, numa situação em que estejamos anestesiados, por alguma
razão temos ondas de características ainda diferentes.
❖ Quando o doente está em coma (Imagem F) e se houver situação de morte nós
vimos uma linha contínua, não há atividade elétrica no cérebro.
POTENCIAIS EVOCADOS
❖ Para o estudo dos processos sensoriais e cognitivos em particular, que é o que
interessa tipicamente em psicologia, nós usamos tipicamente uma medida que nós
derivamos do EEG, que se chama Event-related potentials ou Potenciais
evocados.
❖ Estamos a falar de uma resposta elétrica, estamos a falar de atividade elétrica, que
é despoletada/ causada por um evento específico, que manipulamos enquanto
experimentadores.
❖ Alterações evocadas por um estímulo controlado experimentalmente.
90
❖ EVENT-RELATED POTENCIALS (ERPs):
• Mudanças breves no sinal EEG em resposta a um estímulo sensorial
discreto.
• Um ERP (estímulo único) não é fácil de detetar porque o sinal está
misturado com muitos outros sinais de EEG do cérebro → o estímulo é
repetido várias vezes e depois faz-se a média das respostas registadas.
• ERP produz ondas positivas (P) e negativas (N) no período que se segue
ao evento, com uma resolução de ms.
• Se eu apresentar um estímulo visual ao participante, ou auditivo ou pedir-
lhe para fazer uma tarefa cognitiva, ele ao responder a esse estímulo visual,
auditivo ou tarefa, vai estar a evocar uma atividade elétrica do cérebro – é
neste sentido que chamamos um potencial evocado.
• Se quisermos estudar como é que o nosso cérebro responde a expressões
faciais de medo, se utilizarmos apenas uma expressão facial, o mais
provável é que não vejamos nada → o nosso cérebro está sempre a
produzir atividade, há sempre eventos a acontecer, por isso quando
ligamos o sinal do EEG vamos ver uma série de eventos a acontecer no
cérebro. Se só apresentarmos uma imagem de expressão facial de medo,
provavelmente essa imagem não vai ser distinguida do que é a atividade
que já está em curso.
• Para contornar o facto de um evento único se poder perder na atividade
espontânea que está sempre em curso no cérebro é apresentar vários
eventos da mesma condição → pode ser reproduzir o mesmo estímulo ou
por ter vários estímulos do mesmo tipo. À medida que
vamos repetindo o mesmo tipo de estímulo vamos
conseguir, de forma progressiva, discernir aquilo que é
a resposta mais específica àquele estímulo daquilo que
é toda a outra atividade que está em curso. Vê-se este
progresso na imagem ao lado.
• Na primeira resposta temos um estímulo que não é fácil
perceber o que causou em termos de resposta cerebral.
• Na segunda imagem temos depois de 10
apresentações do estímulo e o final começa a ficar mais
estável.
• Na terceira imagem, temos após 50 estímulos (mesmo),
em que o sinal estabiliza ainda mais, já parece que
conseguimos discernir respostas específicas àquele
estímulo.
• Finalmente na quarta imagem, depois de 100 respostas/
estímulos já temos um traçado de EEG de potenciais
evocados.
• Olhamos para o traçado e conseguimos identificar o que são componentes
de EEG, que são marcadores/ alterações de atividade elétrica, específicas
à apresentação de um certo estímulo – resposta elétrica àquele estímulo
particular.
91
• Podemos ter vários componentes num mesmo estímulo, podem ser
positivos (caso a sua voltagem seja positiva) ou negativos.
• No traçado do EEG, o P está sempre para baixo e o N está para cima.
• Utilizamos números para especificar quando estes componentes ocorrem
(exemplo: P1, seria de voltagem positiva, que ocorre aos 100
milissegundos; P2, seria componente de voltagem positiva que ocorre aos
200 milissegundos; o N1 seria negativo, que ocorre aos 100 milissegundos.
• DESVANTAGENS:
➔ As inferências de localização da atividade são imprecisas sendo uma
técnica que nos permite saber com precisão quando é que um
determinado processo aconteceu, não nos permite saber com precisão
onde é que esse processo teve origem , porque estamos a captar o sinal
à superfície do escalpe de atividade que aconteceu a vários centímetros
a baixo no cérebro e o sinal original parte do cérebro, vai ter que viajar
até à superfície, e nesse processo viagem vai-se alterar, atenuar e
quando chega à superfície já não conseguimos localizar com exatidão
de onde é que ele vem → técnica com baixa resolução espacial.
➔ Estamos a captar, com o EEG, sobretudo atividade produzida no córtex,
ou seja, na camada mais exterior do cérebro.
➔ Se o nosso interesse for em estruturas mais profundas (estruturas do
tronco cerebral) o EEG não vai ser a técnica ideal.
➔ O EEG é sobretudo útil quando o nosso foco são processos que
dependem de áreas mais corticais, mais próximas do crânio.
92
• A ideia era perceber se os músicos ouvem de maneira diferente, quando
ouvem estímulos de fala e se o cérebro deles responde de maneira
diferente.
• Investigadoras olham para um aspeto específico da perceção de fala
(entoação – prosódia).
• Usar o EEG para saber se os músicos processam este aspeto da fala de
uma maneira diferente.
• Estímulos usados → frases: normais do ponto de vista da entoação; podiam
conter violações na entoação.
• Objetivo: perceber quando é que músicos e pessoas sem treino musical
detetavam as violações/ alterações. Estímulos é suposto evocarem
resposta elétrica no cérebro.
• Do ponto de vista comportamental, observou-se que os músicos eram
melhores do que os não músicos a detetar estas alterações da entoação,
sobretudo quando eram subtis. Quando eram muito evidentes, os não
músicos também conseguiam detetar.
• Do ponto de vista do EEG: figura A – respostas dos não músicos e figura B
– não músicos.
• Três linhas no gráfico, que correspondem às condições (frases sem
alterações, frases com alterações subtis e frases com alterações mais
acentuadas).
• O resultado principal é que a distinção entre os 3 tipos de frase começa
mais cedo no cérebro dos músicos. Em média, os músicos são 300
milissegundos mais rápidos a detetar que há alguma alteração de tom de
voz.
93
TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTORIZADA
❖ Imagens das diferenças na absorção de raios-X pelos tecidos.
❖ Resolução é suficiente para localizar tumores cerebrais e lesões,
mas não permite, por exemplo, distinguir bem entre matéria cinzenta
e matéria branca → desvantagem.
❖ Imagens estáticas da estrutura do cérebro.
❖ EEG não nos diz nada sobre a estrutura do cérebro, não nos permite
tirar uma fotografia do cérebro – para isso precisamos de técnicas
diferentes (TAC).
❖ A pessoa está deitada numa máquina, onde temos um ponto de raio-X, que vai
formar um círculo dentro de um tubo, o raio-x atravessa a cabeça do participante e
é isto que nos permite formar imagens.
❖ A imagem que obtemos vai depender da magnitude/ da
quantidade de absorção de raio-x pelos diferentes tecidos por
onde o fecho do raio-x vai passar.
❖ O osso e tecidos duros absorvem muito os raios-x porque são
mais densos e, por isso ficam mais claros na imagem. Já o ar e
a água absorvem, muito pouco, porque são menos densos e por
isso ficam mais escuros nas imagens. Os tecidos moles estão
algures no meio → a TAC distingue tecidos duros de moles.
❖ Esta técnica é útil para ver se há um tumor, mas para estudar aspetos mais finos,
mais detalhados da estrutura cerebral, não é a ideal.
94
❖ COMO FUNCIONA ESTA MEDIDA?
• O participante está deitado numa máquina, onde há detetores de radiação.
• Técnica onde injetamos material radioativo no participante – uma porção
de água com moléculas radioativas (introduzida na corrente sanguínea) →
não é perigoso.
• Depois, o computador constrói uma imagem com um código cores → mas
depois fazemos uma reconstrução para efeitos ilustrativos com um código
de cores onde, tipicamente, as cores quentes nos indicam que há um
maior nível de aporte de sangue oxigenado e as azuis que há um
menor.
• O material que se injeta é diferente, consoante o que se quer ver →
vantagem da técnica – ver aspetos diferentes do funcionamento do cérebro.
❖ VANTAGENS DA PET:
• Em termos de resolução espacial (boa) é muito melhor que o EEG, pois
nós conseguimos com a PET localizar, com muito mais precisão em que
regiões do cérebro está a haver mais atividade.
95
• Podemos injetar outro tipo de materiais radioativos, que nos permite
mapear uma amplitude grande de mudanças e condições cerebrais –
técnica flexível → o que nós vemos vai depender da molécula radioativa
que nós injetamos.
❖ DESVANTAGENS DA PET:
• Materiais radioativos são caros.
• Medida indireta da atividade neuronal – estamos a ver aspetos do
metabolismo e não da atividade elétrica diretamente.
• Técnica invasiva – o material não é perigoso, mas tem que ser injetado,
não é confortável.
• No caso das experiências em psicologia – o material radioativo desintegra-
se ao fim de alguns minutos, por isso, as nossas experiências têm que ser
muito curtas (o que não é o ideal, porque podemos não conseguir estudar
o que queremos).
❖ VANTAGEM:
• Permite-nos estudar quer aspetos de anatomia cerebral, quer aspetos da
função cerebral.
• Ao contrário da PET, permite-nos estudar estes aspetos de forma não
invasiva.
• Não há perigo.
96
• A pessoa é colocada numa máquina onde existe um magneto muito forte,
que vai criar um campo magnético nesta área, que vai afetar as moléculas
de água do nosso corpo.
• Afetadas como? → os protões nos átomos de hidrogénio das moléculas de
água, que estão sempre a rodar no seu polo magnético, vão alinhar-se
todos em direção ao campo magnético do scanner. A frequência do
alinhamento depende da força do campo magnético.
• Para nós depois conseguirmos ver a imagem, depois dos protões dos
átomos de hidrogénio estarem todos alinhados com o campo magnético,
nós vamos perturbá-los → vamos aplicar pulsos breves de radio frequência
numa direção perpendicular àquela que é a orientação do campo
magnético principal e quando emitimos este pulso de radio frequência , os
protões vão ser perturbados – vai excitar os átomos de hidrogénio que vão
absorver a energia deste pulso, vão afastar-se do alinhamento do campo
magnético principal. Depois nós paramos o pulso e vamos voltar ao
alinhamento com o campo magnético.
• Este regresso ao campo magnético vai acontecer a um ritmo que depende
da localização dos protões e esta diferença de ritmos que vai dar origem
ao contraste de diferentes tipos de tecido.
• Portanto, os portões vão absorver o pulso de radio frequência que lhes é
dado e depois quando esse pulso pára, eles vão reemitir esse sinal e esse
sinal que eles reemitem é que vai depender deste ritmo diferencial a que
eles “regressam à base”.
97
❖ Aplica-se um segundo campo magnético através de sequências de pulso breves de
radio frequência → átomos absorvem a energia do pulso e reemitem um sinal
de radio frequência (ressonância).
❖ Sinal de radio frequência emitido pelos átomos de hidrogénio é captado por uma
antena (receiving coil).
❖ Dependendo da sequência de pulsos usada, o scanner deteta diferentes
propriedades dos tecidos permitindo distingui-los na imagem (por exemplo:
matéria branca e matéria cinzenta no cérebro).
❖ Contraste entre diferentes tecidos é determinado pelo ritmo a que os átomos
excitados voltam ao seu estado de equilíbrio (relaxation time), ritmo que
depende do ambiente/tecido onde os átomos se encontram.
98
• O tamanho do voxel pode variar, podemos ter voxeis mais pequenos e
nesse sentido temos mais voxeis → imagem mais detalhada mas o custo
é que a imagem vai demorar mais tempo a ser adquirida.
100
aumento significativo de matéria cinzenta, numa região em particular
(hipocampo).
➔ Este estudo mostra que fazer este curso aumenta o volume de matéria
cinzenta na estrutura que é importante para a navegação espacial.
➔ Temos aqui um exemplo, utilizando a técnica de VBM e de ressonância
magnética estrutural de como uma experiência molda o nosso cérebro.
101
a atividade cerebral → sinal blood oxygenation level dependent (BOLD) →
conceito central.
• BOLD remete-nos para aquilo que a ressonância magnética está a medir.
• Quando há maior atividade neuronal, os nossos neurónios vão precisar de
oxigénio, que vai ser transportado por sangue oxigenado aos neurónios.
• A ressonância magnética vai tirar partido do facto do sangue oxigenado e
do sangue desoxigenado ter propriedades magnéticas diferentes.
• Hemoglobina é diamagnética quando oxigenada e paramagnética quando
desoxigenada → isto faz com que haja ligeiras diferenças no sinal de
ressonância magnética, quando o sangue é oxigenado por comparação a
quando é desoxigenado → é isso que vamos medir.
• fMRI: do ponto de vista fisiológico falamos do nível de oxigenação do
sangue num certo momento e região.
• É uma medida indireta.
• Isto remete-nos para: a resposta hemodinâmica: altera-se ao longo do
tempo e é um aumento no aporte sanguíneo que se segue a um período
de atividade neuronal → há um período de atividade neuronal e depois
vai haver esta resposta, que vai suprir as necessidades metabólicas dessa
atividade neuronal.
• Características desta resposta: é uma resposta lenta (enquanto atividade
neuronal é muito rápida – milissegundos).
102
também precisamos de condição de controlo – que pode ser o silêncio ou
sons da natureza. Depois vemos a média de respostas, em termos do sinal
BOLD, em que todas as imagens em que apresentamos sons vocais,
vemos a média das que apresentamos sons da natureza ou silêncio,
subtraímos as 2 e dá-nos um mapa, em que vemos as áreas do cérebro
onde há significativamente mais sinais de BOLD, quando as pessoas
ouvem sons vocais.
103
AULA PL5
ELETROMIOGRAFIA (EMG)
INTRODUÇÃO
❖ A nossa pele revela muita informação sobre como nos sentimos quando somos
expostos a estímulos emocionais, e o mesmo se poderia dizer dos músculos,
especialmente os da face.
❖ Se uma pessoa estiver muito feliz, ela dificilmente vai conseguir evitar sorrir, e isso
implica contrair o músculo zigomático maior. Por outro lado, se a pessoa estiver
zangada, é bem possível que ela carregue a sobrancelha e assim contraia o
músculo corrugador de supercilio.
104
❖ Ou seja, nós conseguimos perceber como é que a pessoa se sente, em função da
contração de músculos específicos.
❖ Como já foi referida, a região do sistema nervoso responsável pela atividade
muscular voluntária, é o sistema nervoso somático → resulta da comunicação entre
o cérebro e as fibras musculares do nosso sistema muscoesquelético, através de
impulsos elétricos.
❖ A ideia é que quando nós vemos a imagem de um
gatinho, por exemplo, a informação visual vai ser
rapidamente percebida e interpretada pelo cérebro
como sendo agradável → o cérebro vai
transformar estes pensamentos em impulsos
elétricos que viajam até aos neurónios motores, na
nossa espinal medula, que por sua vez, vão enviar
esses impulsos para diferentes regiões do corpo,
neste caso seria para o músculo zigomático maior.
Quando chega ao músculo, cada fibra nervosa vai
ramificar e enervar várias fibras musculares → conclusão: o
músculo zigomático recebe a informação, contrai, e isso faz com
que nós sorríamos.
❖ Embora os impulsos elétricos sejam muito fracos, se nós
pensarmos que existem muitas fibras a conduzir diferenças de
voltagem na pele que nós vamos conseguir detetar com
elétrodos que colocaríamos à superfície da pele.
❖ Resumidamente, a eletromiografia é uma técnica
psicofisiológica que permite medir a atividade elétrica dos
músculos, por outras palavras, a contração dos músculos provoca mudanças
na voltagem da pele que são detetadas por sensores eletromiográficos.
❖ Quanto mais intensa for a contração muscular e maior o número de músculos
ativados, maior será também a amplitude da voltagem medida, mas mesmo
padrões de ativação muito subtis podem ser medidos com a EMG.
❖ Os sensores de EMG podem ser usados para medir respostas musculares na face,
as mãos, nos dedos … e em resposta a qualquer tipo de estímulo.
❖ EMG FACIAL:
• Uma das aplicações mais comuns desta técnica.
• Como a atividade de certos músculos da face tem
sido associada a expressões emocionais a EMG
facial pode ser usada para avaliar expressões
emocionais → isto pode ser vantajoso para
investigadores que estejam interessados em
estudar as emoções, sem perguntar diretamente
aos participantes que emoção é que reconhecem
no estímulo.
• Como a EMG facial mede o sinal elétrico do
músculo, e não diretamente a contração dos
músculos, uma vantagem desta técnica é ela ser
105
capaz de detetar e medir atividade muscular que pode ser impercetível a
olho nu.
• A EMG facial pode ser distinguida com base na atividade de músculos
faciais específicos. Temos aproximadamente 43 músculos na face, mas os
mais comuns em estudos de avaliação de expressões emocionais são os
representados na foto.
➔ Músculo corrugador do supercilio: está localizado por cima da
sobrancelha e tem sido associado a um olhar carrancudo que pode
representar raiva, desaprovação ou concentração.
O movimento deste músculo varia conforme o
estímulo apresentado, ou seja, se os estímulos
forem mais agressivos ele vai contrair, e com
estímulos mais positivos vai relaxar.
➔ Músculo zigomático maior: músculo do sorriso,
que está localizado na face lateral, abaixo das
maçãs do rosto e está associado ao sorriso. Quando
ele é contraído, vai subir, deduzimos um estado de
humor positivo (alegria ou afeto). Se o músculo
relaxar vamos deduzir um estado de humor negativo
(tristeza, angustia).
➔ Músculo orbicularis oculis: está localizado em
volta dos olhos, e a contração deste músculo está associado às rugas
que nós formamos no canto do olho quando sorrimos. Tal como o
zigomático maior, este músculo está associado a estádios de felicidade,
alegria e satisfação.
• Pode ser importante conciliar a informação de diferentes músculos,
cada músculo por si só não nos diz tudo. Por exemplo, o músculo
zigomático maior é ativado quando sorrimos mas também pode ser ativado
para estímulos negativos → para saber se está associado ao estado de
humor negativo ou positivo, poderíamos ver se ele se ativa em simultâneo
com o corrugador do supercilio (estado negativo), ou com o orbicularis
oculis (positivo).
106
• APLICAÇÕES DA EMG FACIAL:
➔ Investigação em psicologia.
➔ Investigação clinica e psicoterapia – avaliar estados empáticos e
avaliação psicoterapêutica, como forma de identificar casos de atrasos
de desenvolvimento sócio emocional.
➔ Publicidade e marketing – se a pessoa não entende o objetivo de um
anuncio publicitário, isso vai diminuir a eficácia desse mesmo anuncio.
❖ RESUMINDO:
PREPARAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
❖ MATERIAIS:
• Específicos:
➔ Elétrodos: precisamos de 2 elétrodos por cada músculo cuja atividade
nós estamos a analisar, e precisamos de um de referência.
➔ Amplificador: vai amplificar o sinal, transformar o sinal analógico em
digital para nós podermos interpretá-lo e analisá-lo.
➔ Computador: para o experimentador com um software especifico
(acknowledge), e precisamos de um para o participante.
• Complementar:
➔ Álcool e algodão: para limpar as zonas onde vão ser colocados os
elétrodos.
➔ Adesivos: fixar os elétrodos.
➔ Gel: para melhorar a adesão e captação do sinal.
107
❖ APLICAÇÃO DE ELÉTRODOS:
• Vamos colocar 2 elétrodos em cada região muscular cuja atividade nós
queremos medir → utilizamos 2 elétrodos na mesma região porque isso
permite-nos avaliar a diferença de potencial elétrico entre os 2 sensores e
assim obtemos um sinal com melhor
qualidade.
• Usamos ainda um elétrodo numa região de
referência, que normalmente seria a têmpora
ou a testa → isto permite-nos avaliar a
diferença de voltagem entre as regiões
musculares de interesse e a região de
referência, onde não é suposto ver-se
atividade muscular durante a experiência.
• Bijuteria e maquilhagem onde queremos
colocar os elétrodos têm de ser removidas, e depois com álcool e algodão
limpamos as zonas onde queremos pôr os elétrodos.
• Podemos ter que pedir ao participante para contrair os músculos para ver
o local exato onde colocar o elétrodo.
• Primeiro colocam-se os adesivos nos locais
onde vamos colocar os elétrodos, depois
aplica-se gel para elétrodos, e por último fita
adesiva para assegurar.
• Se colocarmos demasiado gel, em elétrodos próximos, podem-se associar
um ao outro e não medir corretamente.
• Os sinais elétricos que são gerados pelos músculos da face e que são
captados pela EMG são muito pequenos, por isso é preciso termos cuidado
em todas as fases de processo de preparação e recolha de dados, para
eliminarmos quaisquer artefactos que possam distorcer o sinal.
• A qualidade de medição vai depender de uma boa preparação, boa limpeza
da pele, e posicionamento adequado dos elétrodos.
❖ CONDIÇÕES AMBIENTAIS:
108
• Temperatura: se a temperatura for muito alta ou muito baixa, pode fazer
com que a pessoa se tenha que vestir ou despir a meio da experiência.
• Luminosidade: a nossa expressão reage a luzes fortes, e a luzes fracas.
• Ruído exterior: se houver ruído o participante tem que fazer esforço para
se concentra, pode-se distrair, ou reagir ao ruído em vez de reagir ao
estímulos.
❖ CHECKLIST:
• Garantir que os elétrodos estão bem colocados, no local certo e que não
perderam aderência, especialmente se os dados parecerem destorcidos.
• Confirmar que todos os cabos estão bem ligados e estáveis.
• Que os equipamentos estão todos ligados (sensores, amplificadores,
computadores).
• Instruções corretamente dadas e compreendidas.
RECOLHA DE DADOS
❖ Temos que confirmar se o sinal está a ser bem captado antes de começar a
experiência em si. Isto de fazer uma avaliação da qualidade de sinal antes do inicio
da experiência é fundamental para garantir a qualidade dos dados que são
recolhidos ao longo da experiência em si.
❖ Há alguns passos a seguir nesta fase inicial: testar a resistência da pele ao sinal
elétrico e inspecionar a linha de base do sinal.
109
para classificarmos o valor – quanto menor for a resistência, melhor o
sinal será captado.
➔ Este passo nem sempre é feito.
• 1. Baseline
➔ Ao contrário do teste de impedância, que não é obrigatório, a avaliação
da qualidade do sinal bruto, da EMG, é essencial e não pode ser
substituído por qualquer outro método.
➔ O sinal captado pelo amplificador, é fraco e sensível e pode ser
facilmente influenciado por artefactos externos. Depois de nós
conectarmos os elétrodos ao amplificador e iniciarmos a captação do
sinal, vamos pedir ao sujeito para relaxar completamente e fazer um
zoom do sinal bruto da EMG de cada um dos elétrodos e inspecionar.
➔ O que é que nós inspecionamos?
▪ O ruído da baseline: quando o músculo está relaxado podemos ver
um sinal mais limpo com menos ruído. Na prática, é impossível
obtermos uma gravação completamente livre de ruído.
▪ Deslocamento da baseline: é possível que a linha de base do sinal
esteja ligeiramente desviado do 0.
▪ Mudanças na baseline: além da linha de base em repouso dever
ter uma amplitude 0, a baseline antes e depois das contrações
musculares também se deve manter na linha de 0 para o sinal ser
classificado de qualidade.
➔ Isto é importante, para não interpretarmos os problemas na deteção do
sinal como sendo resultado de um aumento de atividade muscular
associado aos estímulos que estamos a medir.
PROCESSAMENTO DO SINAL
❖ EMG: O SINAL
• Sabemos que a frequência do sinal de EMG, varia entre 6 e 500, embora a
frequência mais comum seja entre 20 e 150 Hz.
• Como o sinal de EMG é muito pequeno, ele tem de ser amplificado para 50
a 100 mil vezes maior.
• Interferência do ambiente elétrico (50 Hz na Europa).
• O software acknowledge, disponibiliza várias ferramentas para limpar e
analisar os dados.
• Há alguns cuidados que podem ser considerados para diminuirmos a
interferência do ruído durante a experiência: ruído, luminosidade → no
entanto, é impossível eliminarmos todas as fontes de ruído.
110
• Depois dos dados recolhidos, há alguns procedimentos que podemos
adotar para diminuir o ruído e para que o sinal seja mais facilmente
analisável:
➔ 1. Band pass filter: é frequente aplicar-se um filtro nos dados para
eliminarmos sinais com frequências demasiado baixas ou elevadas
para a EMG. Como sabemos que o sinal de EMG varia entre 6 a 500
Hz, nós podemos aplicar um filtro que elimine todo o sinal abaixo de 30
e acima de 500.
➔ 2. Retificação do sinal: invertemos os valores negativos, convertemos
em positivos e ficamos com um sinal mais limpo.
➔ 3. Smoothing: permite suavizar o ruído, aplica-se um filtro ao sinal que
aproxima os valores vizinhos sem alterar a estrutura das curvas de sinal,
ou seja, iria a cada dois pontos juntos, faria uma média, e de um sinal
ruidoso passamos para um sinal mais limpo e mais fácil de analisar.
➔ 4. Normalização: o que se faz é fazermos uma calibração dos dados,
normalizamos o sinal para um valor de referência. Por exemplo,
pedimos à pessoa para contrair ao máximo o músculo de interesse, e
registamos o valor máximo de amplitude durante a contração do
músculo, depois comparamos cada valor do sinal obtido ao longo da
experiência, com o valor máximo da contração.
ANÁLISE DE DADOS
❖ 1. ANÁLISE MANUAL:
• Extraímos medidas como a média, o mínio e o máximo…
• A ideia seria selecionar um espaço de tempo em que o sinal foi captado e
procurar a média da amplitude das respostas.
❖ 2. ANÁLISE AUTOMATIZADA:
• As análises de frequência e poder em que o software divide o sinal em
intervalos de tempo fixo e vai extrair os valores da média e os picos de
frequência para cada intervalo.
❖ 3. FINDING CYCLES:
• Permite-nos identificar os picos de resposta motora para cada elétrodo e
extrair os valores e medidas associadas a esses picos para cada
momento.
❖ EXERCICIO:
111
❖ A EMG permite-nos obter informação muito relevante sobre a ativação de músculos
faciais em resposta a estímulos emocionais, estando sobretudo associada à
deteção da valência emocional.
AULA PL6
ELETROENCEFALOGRAFIA (EEG)
112
o ECoG que fica ao nível das meninges; e eletrocografia que fica ao nível do
escalpe.
❖ Na imagem da esquerda, os neurónios representados são os neurónios piramidais,
e é sobretudo destas células que o sinal de EEG vai captar atividade.
❖ CÉLULAS PIRAMIDAIS:
• Neurónios multipolares porque têm um axónio e muitas dendrites.
• Esta ramificação extensa, permite a receção, transmissão e integração
de uma grande quantidade de informação.
❖ Aqui temos os sistemas utilizados para a colocação das toucas de EEG, é chamado
o sistema internacional 10-20 (19
elétrodos cefálicos), às vezes
modificado para 10-10 (mais de 70
elétrodos cefálicos).
❖ Este 10-20 refletem a percentagem
das distâncias entre pontos de
referência na touca: são esses o
osso que está acima do nariz
chamado nasion, o osso que está
na nuca que o inion, depois ainda
temos o cocuruto que está central e alinhado com as orelhas, e depois as próprias
orelhas.
❖ A partir da medição, que varia ligeiramente de pessoa para pessoa, mas a partir
desta distância, criam-se então estes diferentes colocações de elétrodos na touca.
❖ Cada elétrodo tem uma nomenclatura
especifica: primeiro temos letras que se
referem à localização no escalpe, na linha
central temos o Z e depois temos números
que correspondem ao lado em que se
encontram → os do lado esquerdo são os
impares e vão crescendo a partir do centro
para as extremidades, e do lado direito o
mesmo mas com os números pares.
❖ Para alem destes elétrodos que variam
consoante a literatura, as montagens podem ser ligeiramente diferentes, também
vamos ter que ter dois ou mais elétrodos extra que vão ser a referência e a terra.
113
❖ Resumo:
• Registo pode ser feito com elétrodos no escalpe ou intracraniano, ao nível
das meninges ou ao nível do próprio córtex.
• Os elétrodos são feitos de um material condutor que pode ser cloreto de
prata ou cloreto de ouro e tem uma nomenclatura específica.
• O sinal elétrico não tem um conceito absoluto, ou seja, não estamos a
captar um valor elétrico absoluto numa dada posição do elétrodo, mas sim
sempre uma diferença de potencial entre, pelo menos, dois pontos
(voltagem), e no caso do EEG, ao longo do tempo.
➔ A – elétrodos ativos – são aqueles que são os nossos locais de
interesse e que estão associados aos pontos da touca.
➔ R – elétrodos de referência – temos um ou mais num local
supostamente neutro, no sentido em que não vai ser um dos nossos
elétrodos de interesse para aa recolha de dados.
➔ G – elétrodo terra – vai-nos fornecer uma voltagem de referência no
amplificador. Isto vai ser importante porque quando nós recolhemos o
sinal elétrico vamos recolher também necessariamente sempre ruído, e
isto vai prejudicar o nosso registo e a qualidade dos nossos dados, e
portanto esta diferença de voltagem vai ser medida como a diferença
entre um elétrodo ativo menos o valor da terra, o que nos vai dar uma
diferença entre o elétrodo ativo e o de referência, mas que nos vai
permitir descartar o tal ruído, naquela subtração anterior.
➔ (A-G) – (R-G) = A-R
• Impedância: medida de resistência ou de impedimento ao fluxo da corrente
elétrica, e quanto maior for a nossa impedância, menor vai ser a amplitude
do sinal, e isto prejudica a qualidade do registo. Geralmente define-se que
a impedância deve estar abaixo dos 10 kohms.
• Também é preciso aplicarmos filtros para remover as tais frequências
elétricas e o ruído que não reflete atividade cognitiva, que é aquilo que
queremos recolher e obter com esta técnica.
➔ high-pass (e.g., < 1Hz); low-pass (e.g., > 50Hz); notch ou da rede
eléctrica (e.g., 50Hz; nem sempre usado; valores variam de país para
país)
• Esta técnica tem uma resolução que temporalmente é muito boa, e é ao
nível do milissegundo, mas espacialmente é má, e é má por várias razões
que é importante ter em conta, para interpretar com cuidado a
espacialidade dos nossos resultados de eletroencefalograma:
➔ Captação superficial – não temos possibilidade de captar sinais
provenientes de zonas mais profundas do córtex, zonas subcorticais.
➔ Os potenciais que captamos não são os potenciais de ação axonais,
mas sim o resultado dos potenciais pós-sináticos nas dendrites.
➔ É matematicamente impossível construirmos o sinal (e.g., correntes
elétricas que se anulam; problema inverso).
➔ Por todos estes motivos, embora já existam formas de ter alguma
certeza na inferência espacial do EEG, de forma geral, não é a técnica
mais adequada para isto.
114
QUE INFORMAÇÃO PODEMOS RECOLHER?
❖ Na figura mais à esquerda temos neuronal spiking que são potenciais de ação
isolados de diferentes neurónios → mostra-nos que quando existem vários
neurónios a disparar potenciais de ação dentro de uma janela temporal, o que
vamos obter é um ritmo de disparo daquele conjunto de neurónios.
❖ Quando tempos estas redes a disparar de forma síncrona, o que vamos ver são
estes local field potential → de disparos neuronais isolados conseguimos extrair
redes.
❖ Depois se várias desses redes de neurónios se sincronizam, o que obtemos são
ritmos cerebrais ou oscilações cerebrais, que é um dos tipos de informação que
podemos avaliar com EEG.
❖ RITMOS CEREBRAIS:
• No fundo, a atividade cerebral traduz-se num padrão de frequências, que
ora se sincronizam, ou se assincronizam.
115
• Estes padrões contínuos de frequência são a linguagem ou código do
cérebro → gerados de forma contínua e espontânea, são flutuações
regulares de atividade elétrica pós-sináptica, e aqui referimo-nos a um
grande conjunto de redes de neurónios.
• Estas flutuações, sendo espontâneas, não estão associadas a eventos
específicos necessariamente, não é necessário acontecer um estimulo x
precedente para desencadear estas flutuações.
• Apesar de não terem origem em eventos específicos, podem ser
modulados os estímulos específicos ou externos ao próprio ritmo.
• Representam então a forma como o cérebro processa informação e o seu
grau de dessincronia.
• Geralmente ritmos de alta frequência traduzem processamentos
cerebrais mais localizados e ritmos de baixa frequência refletem
processamentos alargados entre regiões mais distantes do cérebro.
• Ritmos mais conhecidos:
➔ Delta: baixa frequência, e que pode ser visto no estádio 3 do sono, ou
seja num sono profundo.
➔ Teta: pode ser observado em sono leve, meditação, tarefas de
navegação espacial e outras tarefas de memória.
➔ Alfa: pode ser observado numa experiência de
eletroencefalograma, porque basta pedir ao participante
para fechar os olhos, que aparecem logo ondas alfa muito
evidentes no registo → ritmo associado a uma vigilância
relaxada. Este conseguimos ver a olho nu.
➔ Beta: reflete estados ativos de alerta, de concentração e
também pode estar associado a estados mais
ansiogénicos.
➔ Gama: associado a processos de organização percetual, a tarefas
atencionais e de memória de trabalho.
➔ Apenas conseguimos ver a olho nu o alfa, as restantes só conseguimos
após a aplicação de transformações matemáticas, de frequência ao
sinal bruto, é que conseguimos extrair estas frequências.
• Abaixo temos algumas imagens das imagens captadas com o
eletroencefalograma.
116
• Alterações nos ritmos cerebrais podem traduzir alterações observáveis no
comportamento ou na psicologia da pessoa.
• Na imagem da direita temos ritmos associados a diferentes estádios do
sono.
117
• N1/N100:
➔ É normalmente observado entre os 130 e os 200 milissegundos.
➔ Pode ser influenciado por processos de
atenção seletiva, a amplitude é maior
quando dirigimos a nossa atenção
voluntariamente para o estímulo, enquanto
que se ele aparecer de forma espontânea na
nossa visão periférica, o N100 associado a
esse estímulo mais periférico será menor do
que o N100 associado ao estímulo para qual
estamos a olhar diretamente.
➔ Tem sido interpretado como refletindo processos de discriminação de
características dos estímulos.
• N170:
➔ Defleção negativa, normalmente observada entre 150 e 200 ms.
➔ Amplitude é mais ampla com faces humanas. Quando face humanas
são apresentadas, o que levou à interpretação
deste potencial como sendo sensível ao
processamento de faces.
➔ No entanto, estudos observaram N170 após
apresentação de estímulos como cães e
pássaros e carros, quando participantes
apresentam familiaridade/expertise em relação
a esses objetos. Estas evidências sugerem que
o N170 é sensível à especialização visual.
➔ Não está só associado ao processamento de faces mas sim um
potencial sensível à especialização visual de alguns estímulos.
• ERPs:
➔ Consistem em pequenas alterações de voltagem geradas no cérebro
em resposta a eventos ou a estímulos específicos, e estas alterações
118
estão associadas temporalmente a eventos sensoriais, motores ou
cognitivos.
➔ Podem estar associados a estímulos e nesse caso chamam-se
stimulus-locked, ou associados a resposta, response-locked.
➔ Pensa-se que este registo seja resultado da atividade síncrona de um
grande conjunto de neurónios piramidais que estão espacialmente
alinhados numa determinada região do cérebro, i.e., soma dos
potenciais pós-sinápticos.
➔ A nomenclatura diz respeito à amplitude e à latência, e a amplitude que
recolhemos é muito pequena em comparação com a restante atividade
cerebral.
➔ Não há nenhum potencial evocado que se possa ver no momento
durante o registo elétrico.
EQUIPAMENTO
❖ Compressas: aqui vamos pôr álcool para limpar a testa e as mastoides, pois vamos
colocar aí elétrodos para registar a atividade, e outros para a referência ou a terra.
❖ Gel abrasivo e álcool.
❖ Gel condutor no cor cabeludo.
❖ Toucas – colocar os elétrodos.
❖ Fita métrica: medir a cabeça dos participantes para saber que touca colocar.
❖ Esquema de montagem: pode variar, podemos ter mais ou menos elétrodos.
❖ Elétrodos: neste caso são um conjunto de 32.
❖ Gel condutor.
❖ Seringa e agulha: separar os cabelos no cor cabeludo e colocar lá o gel.
❖ Amplificador Brain Vision: recolher e captar o sinal.
❖ Antes da sessão:
• Importante termos bem definido o esquema de montagem dos elétrodos
(de acordo com a literatura relevante).
• Programar os parâmetros no próprio programa.
119
• Garantir que o equipamento de EEG está sincronizado com o programa no
qual vamos apresentar a experiência, i.e., dos estímulos. Temos que ter a
certeza de que estamos a captar a atividade certa.
• Preparar a sala com todo o material necessário e garantir o bom
funcionamento de todo o equipamento.
• Garantir um bom isolamento acústico e climatérico e bem estar do
participante → aumenta o controlo experimental e reduz a presença de
artefactos.
• Os participantes têm que ler e preencher o consentimento informado.
• Explicação do procedimento e disponibilidade para esclarecimento de
dúvidas.
• Medir a cabeça e escolher tamanho de touca.
• Montar elétrodos na touca.
• Limpar testa, região em torno dos olhos e mastoides com álcool (se
necessário).
• Inserir touca e elétrodos.
• Garantir que a touca está centrada (pontos específicos da cabeça e fita
métrica).
• É essencial que o participante se sinta confortável → ética controlo
experimental e redução de artefactos.
• Colocar gel condutor em cada elétrodo e afastar cabelos do couro cabeludo
com a agulha da seringa se necessário.
• Verificar as impedâncias de cada canal (que deverão ser mantidas baixas,
e.g., < 10 Komhs).
• Garantir que Terra e Referência têm bom sinal.
• Verificar o registo para cada canal e corrigir possíveis fontes de artefacto/
melhorar impedâncias.
• Recomendações para participante:
➔ Manter-se o mais quieto possível e manter pés assentes no chão.
➔ Evitar piscar os olhos.
➔ Evitar tossir, cerrar dentes.
• É útil mostrar o impacto de cada ação (artefacto) no registo EEG!
• Explicar todos os passos da experiência bem como os momentos de pausa.
• Esclarecer qualquer dúvida.
• Iniciar o registo de EEG.
• Iniciar o programa de apresentação de estímulos.
• Monitorizar atentamente o registo: corrigir elétrodos que apresentam
ruído; esclarecer dúvidas que possam surgir; verificar o desempenho do
participante; verificar se o participante se sente fatigado.
120
• Guardar dados num lugar seguro (e.g., disco externo).
• Desligar todo o equipamento.
❖ Análise de dados:
• Inspeção visual dos dados e marcam-se blocos em que vemos que há
demasiado artefactos e demasiado ruído, ou então as zonas que não são
de interesse para nós – tudo o que não é de interesse não temos que
incluir na análise.
• Temos de remover os artefactos oculares com recurso a um filtro (e.g.,
Independent Component Analysis; ICA); movimentos verticais (piscadelas,
blinks) e horizontais (sacadas).
• Aplicamos os filtros low-pass (remover artefactos rápidos/ de alta
frequência, como musculares ou elétricos) e high-pass (remover artefactos
lentos/ de baixa frequência, como sudação ou pulso cardíaco) – ao
aplicarmos isto ficamos com os dados muito mais limpos.
121
• Depois de termos os dados limpos vamos criar épocas para cada condição
(i.e., “fatias” temporais do registo, que serão analisadas de acordo com o
potencial em causa e a literatura relevante)
– e.g., -100 ms a 800 ms (época em que
potencial deverá surgir, no seguimento de
um trigger).
• Ao recolher-mos esta medida podemos
fazer a baseline correction → minimizar
diferenças e variações de amplitude de
sinal → antes da apresentação do estímulo
os potenciais estão bastante afastados, e a baseline correction permite
reduzir esta diferença, faz-se a média, e eles já estão sobrepostos.
• Se nos guiássemos pela imagem A íamos achar
que a diferença nas defleções é significativa, mas
ao corrigirmos a baseline vemos que não é.
• Podemos ainda aplicar mais um algoritmo de
rejeição de artefactos para excluir épocas que
possam ter escapado às limpezas anteriores.
• Depois criamos médias de todas as épocas de
uma mesma condição que nos interessa, para
depois podermos comparar as épocas.
• Depois extraem-se os dados relevantes que serão analisados (e.g., picos,
picos e zonas adjacentes, período mais alargado).
• Depois faz-se a análise estatística.
122
AULA TP12
APLICAÇÕES NA PSICOLOGIA CLÍNICA E SOCIAL
EXEMPLO DE INVESTIGAÇÃO
❖ O’Nions, E., Lima, C. F., Scott, S. K., Roberts, R., McCrory, E., & Viding, E. (2017).
Reduced laughter contagion in boys at risk for psychopathy. Current Biology, 27,
3049-3055.
❖ Aqui o objetivo, em termos da técnica utilizada, foi a ressonância magnética
funcional.
❖ A população estudada foram jovens adolescentes rapazes em risco de psicopatia.
❖ O tópico estudado, foi a forma como estes rapazes, em risco de se tornarem
psicopatas processam pistas sociais positivas (riso).
❖ Ideia: perceber como é que o cérebro de adolescentes com características
particulares em risco de psicopatia, processa informação social positiva, em
particular as gargalhadas de outras pessoas.
GARGALHADAS
123
nosso córtex motor e pré-motor, ou seja, áreas do nosso córtex que usamos se
a ideia for produzir gargalhada, o que significa que a
mera exposição a este estímulo auditivo faz com que o
nosso cérebro se prepare para rir também.
❖ Por todas estas razões que são baseadas em
evidências de pessoas saudáveis, a gargalhada
aparece-nos como um estímulo auditivo, que seria uma
pista social muito forte que nós poderíamos utilizar
como uma ferramenta para estudarmos o que se
passará em situações de afiliação social atípica em
grupos de pessoas, onde o comportamento social está alterado.
PSICOPATIA
124
❖ Quer em adultos com psicopatia quer em adolescentes com traços de frieza
emocional, há já bastante investigação sobre que mecanismos cerebrais é que
podem estar associados à agressão, violência e à forma como eles percebem
emoções negativas.
❖ Nós sabemos muito bem como é que estes adultos e jovens percebem informação
social negativa, porque é isso que está em causa normalmente, o que sabemos
muito menos é como é que percebem emoções sociais positivas, e de que forma é
que isso pode estar associado ao desinteresse que eles têm em relação aos outros.
❖ Investigação estudou como é que os jovens adolescentes em risco de se tornarem
psicopatas processam um sinal social, gargalhada, que é importante para o
estabelecimento de relações.
OBJETIVOS E HIPÓTESES
PARTICIPANTES
125
❖ O recrutamento foi feito através de anúncios de jornais e contacto de escolas, foi
feito um rastreio de larga escala.
❖ Os traços de frieza emocional e a perturbação de conduta, é muito mais comum em
rapazes do que em raparigas, daí serem só rapazes.
❖ Alguns rapazes tiveram que ser excluídos.
TAREFA
126
seria uma questão mais cognitiva de perceberem a intencionalidade das
gargalhadas.
❖ Temos sempre que comparar aquilo que é a nossa condição experimental de
interesse (gargalhadas) com algum tipo de condição controlo – e vai ser este
contraste, esta comparação entre as duas coisas, que nos vai permitir isolar aquilo
que queremos isolar.
❖ Tínhamos uns períodos de silêncio/ repouso, em que eles não estavam a fazer
nada e que era a nossa baseline, de maneira que nós podermos ver qual era a
atividade cerebral em repouso, depois víamos qual era a atividade cerebral quando
eles estavam nas nossas condições de interesse – subtraímos os dois e isso dava-
nos a rede de ativações específicas a ouvir gargalhadas.
❖ Em termos comportamentais, quando saíam da ressonância magnética, ouviam os
estímulos todos outra vez e que avaliassem numa escala de 7 pontos, em relação
a: (1) ‘Quanto é que ouvir este som te faz sentir a emoção e querer partilhá-la?’
(contágio subjetivo); (2) ‘O som reflete uma emoção genuína?’ (discriminação de
autenticidade).
RESULTADOS: fMRI
❖ Em primeiro lugar quiseram olhar para o mapa das ativações cerebrais em resposta
às gargalhadas genuínas em todos os participantes, e na amostra inteira o que se
fez foi subtrair a baseline à condição em que ouviam gargalhadas
genuínas, para se ver em que áreas cerebrais é que há mais
ativação, mais aporte de sangue oxigenado, quando ouvem
gargalhadas a comparar com quando não estão a ouvir nada.
❖ A imagem apresentada é um mapa estatístico das regiões
cerebrais onde o nível de aporte de sangue oxigenado é
significativamente maior quando os participantes ouvem
gargalhadas por comparação a quando estavam em silêncio.
❖ Ativações muito acentuadas em áreas auditivas; mas também vemos ativações em
áreas motoras e áreas pré-frontais mediais. A ativação em áreas motoras pode
refletir o contágio das gargalhadas e a ativação em áreas pré-frontais mediais, elas
estão associadas à teoria da mente, áreas que recrutamos
quando estamos a pensar sobre o que os outros estarão a
pensar.
❖ O que podemos inferir é que os participantes estavam a tentar
inferir p que se estaria a passar na mente das pessoas que
estavam a rir.
❖ Fez-se uma análise das regiões de interesse: em que se olhou
para as áreas motoras e pré-motoras, que são as áreas onde de esperava haver
diferenças.
127
❖ Em duas áreas: os adolescentes com problemas de comportamento e traços de
frieza emocional que estavam em maior risco de virem a desenvolver psicopatia ,
tiveram ativações significativas.
❖ Tal como esperado: nestes rapazes em risco de psicopatia verifica-se uma menor
ativação em regiões cerebrais importantes para a resposta de contágio emocional
à gargalhada.
RESULTADOS: COMPORTAMENTO
RESULTADOS: CONTROLOS
ADICIONAIS
RESULTADOS: COMPORTAMENTO
128
❖ Capacidade preservada de inferir o significado social dos estímulos (autenticidade).
Consistente com evidência prévia de que a teoria da mente está preservada nestes
participantes.
❖ Estudos futuros serão necessários para estabelecer causalidade: se as alterações
neurais e comportamentais nas respostas à gargalhada resultam de um
desenvolvimento social atípico, ou se são alterações independentes da experiência
que contribuem para o desenvolvimento social atípico.
❖ O mesmo padrão também será observado para outras emoções positivas?
❖ Contributo: processamento atípico de pistas sociais positivas (gargalhada) poderá
representar um novo mecanismo que empobrece as relações sociais e potencia
uma trajetória de psicopatia; coloca novas questões em termos de estratégias de
prevenção e intervenção focadas na promoção de laços afiliativos como forma de
reduzir o comportamento antissocial.
129