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Grilagem sob medida

A MP 458 e a política fundiária na Amazônia

Cândido Neto da Cunha 1


Engenheiro Agrônomo
candinho1979@yahoo.com.br
Maurício Torres2
Departamento de Geografia da USP
mautorres@usp.br
Natalia Ribas Guerrero3
Departamento de Geografia da USP
nat.guerrero@gmail.com
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO
A polêmica Medida Provisória 458/2009, “sobre a regularização fundiária das ocupações in-
cidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal”, sancionada na
forma da Lei Ordinária 11.952/2009, surge como legislação montada para, sob o discurso da
promoção da regularização fundiária, concentrar milhões de hectares de terras públicas da Ama-
zônia nas mãos de alguns poucos grileiros e, assim, ratificar a inclinação da legislação brasileira
em favor do latifúndio.
Em nome do consenso em torno da real necessidade de ordenamento fundiário na Amazô-
nia, a MP 458 instituiu parâmetros para a alienação de terras públicas na Amazônia Legal, con-
sagrando a sinistra tradição da legitimação do “fato consumado”: roubam-se terras públicas, com
a mais absoluta tranqüilidade de que tudo será legalizado. Por meio dessa MP, permitiu-se “lega-
lizar” o saque praticado por grileiros de terras públicas nos estados amazônicos.
Sem pretensões analíticas, espera-se aqui um resgate da vereda percorrida por essa MP, bem
como situá-la brevemente em um contexto histórico da grilagem de terras na Amazônia, em es-
pecial no papel que desempenha na conflituosa questão da destinação de terras públicas entre
grileiros e posseiros, entre grandes e pequenos.
Em diversos momentos deste texto, contraporemos o posseiro ao grileiro; o colono ao fazendei-
ro; o camponês ao latifundiário, o “pequeno” ao “grande”. Os primeiros, tomados de maneira mais
ou menos sinonímica entre si, são enquadrados em termos de categoria analítica como “campone-
ses”4. Não cabe aqui adentrar na definição conceitual do campesinato, mas importa ressaltar que, no
contexto em que serão usadas, as expressões camponês e latifundiário adquirem o estatuto de “pala-
vras políticas”, representam mais que um conjunto de pessoas, são tentativas de representar a unidade
de “situações de classe” e, conseqüentemente, a unidade das lutas camponesas.
                                                            
1
Engenheiro agrônomo e servidor público federal.
2
Doutorando junto ao Programa de Geografia Humana – FFLCH/USP.
3
Mestranda junto ao Programa de Geografia Humana – FFLCH/USP, com bolsa pela Fapesp.
4
Para o aprofundamento do conceito aqui adotado, vejam-se, entre outros, WOORTMANN, 1990, 1994 e 2004;
WOORTMANN; WOORTMANN, 2006; TEPICHT, 1970 e 1973; SHANIN, 1972; OLIVEIRA, 2001; MOURA, 1978 e
1988; MARTINS, 1981; CHAYANOV, 1966 e 1974; GARCIA JR., 1983.
Se a definição de campesinato é complexa e subjetiva, para seu sujeito antagônico, a grila-
gem, usamos conceituação intencionalmente ampla e abrangente, formulada pelo próprio Minis-
tério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra): “Genericamente, toda a ação que objetiva a transferência de terras públicas para
o patrimônio de terceiros constitui uma grilagem ou grilo, que tem seu início em escritórios e se
consolida em campo mediante a imissão na posse da terra” (MDA/INCRA, s.d.; 12s).
Apesar de a legislação em questão abranger toda a Amazônia Legal, nossa análise se res-
tringirá à região oeste do Pará, nos limites onde o Incra atua por meio da Superintendência Regi-
onal nº 30 (SR30). Nessa porção de aproximadamente 70 milhões de ha, equivalente a três vezes
o estado de São Paulo, concentram-se nossos dados empíricos que embasam a crítica a seguir.
Apesar dessa quase totalidade constituir terras públicas, ao longo de toda a BR-163 e no Polí-
gono de Altamira, as terras estão todas ocupadas, geralmente por grandes fazendas. A ocupação
camponesa – à qual cabia logicamente a vocação das terras arrecadadas pelo Incra –, apesar de
substantiva, é minoritária comparada às porções griladas. O roubo de terras, de tão comum, banali-
zou-se e, não raro, é tido como ato heróico: a prova de espírito desbravador e bandeirante, do em-
preendedor que desafia as maiores adversidades para levar à selva o progresso e o desenvolvimen-
to.5 Mesmo quando esse “empreendedor” rouba territórios indígenas e de outras populações da
floresta, valendo-se sempre de violência, há quem defenda que, ao expropriar essas populações e
relegá-las ao subemprego, fazem um grande bem, salvando-as de seu modo pré-histórico de mísera
existência e promovendo-as à moderna condição de “empregadas”. Ou seja, ao roubarem-lhes tu-
do, os “empreendedores” da Amazônia estariam desempenhando uma ação “civilizatória”.

2. SIMPLIFICAR PARA SAQUEAR

2.1 Caos fundiário no Oeste do Pará


No Oeste do Pará, a federalização de terras foi seguida das ações discriminatórias, arrecada-
ção e de registro de terras pela e para a União, nos termos da Lei n° 6.383/76. Por meio desse
instrumento legal, a figura do “ocupante de terras públicas” é reafirmada como aquele que torna
a terra produtiva com o seu trabalho e da sua família, que exerce morada permanente, a cultura
efetiva. Para essas situações, a Lei 6.383/76 determinou ao Incra a “legitimação de posse”, asse-
gurada a preferência para a aquisição da área até 100 ha.
Esse dispositivo legal não foi impedimento para que outros grupos buscassem se apropriar
de largas extensões de terras, almejando legitimação por meio de processos de “regularização
fundiária” instaurados junto ao Incra. O procedimento repetia a receita já usada no Mato Grosso
para a grilagem de terras: a apropriação (una) era fracionada em “n” processos de lotes não mai-
ores que 2.500 ha, o limite constitucional, e para cada um dos lotes abria-se um processo inde-
pendente no Incra, tendo cada um um “laranja” diferente como requerente. Esses vários “testas
de ferro”, na prática e muito proximamente, encobriam um só grande grileiro. Não raro, a falsi-
dade ideológica praticada era pouco ou nada encoberta, como, por exemplo, nos casos em que
muitos dos “laranjas” que figuravam como interessados em lotes contíguos tinham o mesmo
procurador (OLIVEIRA, 2005; MORENO, 1993).
                                                            
5
Para uma crítica à heroicização do expropriador e sua auto-proclamação como “pioneiro” empreendedor,
veja-se, entre outros títulos do autor, MARTINS, 1997.
Tais processos, além de deflagrar uma corrida pela apropriação ilegal de vastas glebas, cria-
ram um mercado negro de venda ilegal por meio de protocolos de processos no Incra. A situação
foi percebida pelo Ministério Público Federal (Procuradoria da República em Santa,rém) que
impetrou uma Ação Civil Pública (ACP)6 com alegações que retratavam bem a situação dos ar-
redores de Santarém que, por sua vez, reproduziam o que acontecia em todo o Oeste do estado:
O que salta gritante, aos olhos das comunidades, que pouco podem fazer ante o poder econômico e
ameaçador de capangas de grupos armados, e mesmo aos olhos do poder público, quase estático, a
área está sendo literalmente loteada entre alguns latifundiários, que se utilizam de “laranjas” para re-
gularizarem suas pretensões, com grande degradação ambiental e em total às leis agrárias. Tal situa-
ção põe por terra a política agrária para a região. (MPF, 2004)

À margem da lei, mas contando com a cumplicidade de muitos “homens da lei”, houve um
aquecimento do mercado imobiliário em toda a região da BR-163. O anúncio do asfaltamento da
rodovia e uma alta recorde nas commodities da soja alimentavam o aquecimento do mercado de
terras griladas e ecoavam em números nunca vistos do vertiginoso desmatamento da região.
O roubo de terras públicas, de tão comum, chega ao ponto de veicular publicamente seus
procedimentos – então ilegais – ao oferecer a área grilada para venda, conforme anúncios coleta-
dos em MPF (2004).

Figuras 1 e 2: Anúncios de áreas públicas griladas à venda no oeste do Pará. Fonte: MPF, 2004.

A explosão da grilagem no Oeste do Pará tem, no assassinato de Dorothy Stang, um dos e-


xemplos da virulência da intensificação dessa prática, ao mesmo tempo em que coloca em evi-
dência a vista grossa do Estado, quando não sua conivência, diante desse processo.
2.2 Grilagem, desmatamento, violência e a encenação de uma reação

No fim dos anos 1990 e no início do novo milênio, o MDA e o Incra anunciam a grilagem
de terras como o principal problema fundiário da Amazônia (Incra/MDA, s.d.). Tal constatação,
ainda que tema recorrente7, foi fruto da pressão interna de movimentos socio-territoriais para

                                                            
6
A ACP tinha como réus Incra, Ibama e Banco da Amazônia e pedia a suspensão de processos administrativos
de regularização fundiária de áreas da Gleba Pacoval, Curuá-Uma, Assentamento Corta-Corda superiores a 100
ha entre outros.
7
No Congresso Nacional foram realizadas nos últimos anos várias Comissões Parlamentares de Inquérito
(CPIs) para investigar a grilagem de terras no Brasil. Em 1977, ocorreu na Câmara dos Deputados a “CPI do
Sistema Fundiário”, que apontou a grilagem na Amazônia como “a maior do mundo” e um “efeito bumeran-
gue” da colonização e curiosamente sugeriu, entre outras medidas, a “transformação do Incra em órgão pro-
motor da reforma agrária, deixando de ser seu obstáculo, como ocorre atualmente” (CRUZ, 2007); em 30 de
agosto 2001 a “ CPI da Ocupação de Terras Públicas na Amazônia” ou “CPI da Grilagem” na Câmara dos
Deputados apontou que a grilagem visa a revenda de terras, a obtenção de financiamentos bancários, a explora-
ção madeireira, o pagamento de dívidas públicas e a indenização em ações desapropriatórias (MELO, 2006,
45s); em 18 de março de 2010, a Câmara dos Deputados cria a CPI que investigará a situação fundiária e o uso
ilegal da terra na Amazônia (AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS, 2010).
obtenção de terras para a reforma agrária, e, externamente, de organismos multilaterais e organi-
zações ambientalistas nacionais e internacionais por maior rigor no combate ao desmatamento na
região amazônica.
Medidas administrativas, legislativas e judiciais sinalizavam que o Estado adotaria uma po-
lítica para retornar ao patrimônio público suas terras griladas ou ilegalmente ocupadas.
Nessa toada, Incra e MDA publicam O Livro Branco da Grilagem de Terras, trazendo casos
emblemáticos de como se processam fraudes fundiárias. E, com base nesse levantamento, o Incra
solicitou às Corregedorias de Justiça Estaduais a fiscalização de 39 cartórios na Amazônia Legal.
Nessa publicação, chama atenção o texto introdutório, no qual o Estado mostra-se atento à
detenção de terras públicas por particulares e dispõe-se a providências:
O Incra está também revendo seus próprios trabalhos. Nos anos 70, por exemplo, a pretexto
de promover a ocupação da Amazônia, o governo militar licitou 2.753 lotes de 500 a três
mil hectares cada. As empresas ou pessoas físicas vencedoras da licitação receberam lotes
mediante a assinatura de Contrato de Alienação de Terras Públicas que previa, como con-
traparte, uma série de compromissos (implantação de projetos agropecuários, por exemplo)
que, na maioria das vezes, não foram cumpridos. O que se observou nos anos subseqüentes,
foi a concentração das propriedades e a grilagem de terras públicas em áreas adjacen-
tes às licitadas (MDA/INCRA, 1999; 10s, grifos nossos).
O cerco à grilagem continua dando mostras de que – ainda que apenas “no papel” – vai se
fechando. Por recomendação do Tribunal de Contas da União, anunciou-se em 2001 a criação do
Sistema Público de Registro de Imóveis que deveria gerenciar o Cadastro Nacional de Imóveis
Rurais (CNIR). Ainda em 2001, a Lei 10.267 determina com rigidez que todos os proprietários
acima de quatro módulos fiscais deveriam georreferenciar seus imóveis, devendo o mapa georre-
ferenciado do imóvel ser apresentado nos recadastramentos promovidos pelo Incra.8
Entre 1999 e 2001, houve esforço na investigação de registros de imóveis e títulos emitidos
em municípios onde foram registrados maiores indícios de fraudes. Áreas acima de 10 mil ha e
entre cinco e 10 mil ha deveriam ser recadastradas9.
Em 2004, a Operação Faroeste10, deflagrada pela Polícia Federal no Oeste paraense, revela
que o modo operante da grilagem não se restringia mais ao roteiro de falsificação de títulos ou de
registro nos cartórios. No Oeste do Pará e na Amazônia como um todo, grileiros se articulam
com imobiliárias, empresas de topografia, escritórios de advocacia e funcionários corruptos de
órgãos públicos para produzir uma sofisticada rede criminosa que usa de imagens de satélites,
levantamentos de solos, “laranjas” e procuradores para se apropriar de vastas extensões de terras
públicas para o mercado, produção de soja e extração madeireira. Para tanto, o verniz de legali-
dade consistia em processos de “regularização fundiária” abertos no Incra e no Instituto de Ter-
ras do Estado do Pará, na inserção de dados falsos no Cadastro de Imóveis do Incra e a emissão
de um documento chamado “Certidão de Posse”, que serviria para aprovação de Planos de Ma-
nejo Florestal no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
                                                            
8
Previsto e obrigatório desde o Estatuto da Terra (Lei 4.504/1964), o cadastramento de imóveis rurais foi mo-
dificado pela Lei nº 5.868/72 e regulamentado pelo Decreto nº 72.106/73, que determinou que o Incra realize, a
cada cinco anos, uma revisão dos cadastros, o chamado recadastramento.
9
Portaria Incra n° 558 de dezembro de 1999 para áreas acima de 10 mil ha e Portaria Incra n° 596 de julho de
2001 para áreas entre cinco e 10 mil ha em municípios com maiores indícios de grilagem.
10
A “Operação Faroeste” foi ação conjunta da Polícia Federal e MPF que desarticulou uma quadrilha especializada
em grilagem de terras públicas no Oeste do Pará. Dos 21 presos, oito eram do Incra, inclusive o superintendente no
estado.
e de empréstimos bancários junto ao Banco da Amazônia. Também era emitido pelo Incra, sob
demanda do interessado, certidão de que havia instaurado, para determinada área, um processo
demandando a alienação da área em favor desse interessado. Essa certidão, que provava apenas a
demanda, acabava por ser negociada como se título fosse.
Sob a repercussão desse escândalo, o Incra e o MDA desferem mais um duro golpe na grila-
gem de terras na Amazônia ao assinarem, no dia 1° de dezembro de 2004, a Portaria Conjunta n°
10. Em toda a Amazônia Legal, o Incra promoveria o recadastramento de todos os imóveis aci-
ma de 100 ha com a exigência de apresentação de planta e memorial descritivo dos imóveis.
Esse recadastramento concentra-se, portanto, nas áreas declaradas como “posse”, onde operavam
os novos esquemas de grilagem. Detectadas irregularidades, tais como inconsistência de dados,
sobreposição com terras públicas federais ou o não atendimento ao processo de recadastramento,
o Incra não deveria emitir o Comprovante do Cadastro do Imóvel Rural (CCIR), inibir o código
do imóvel do SNCR, notificar o interessado e a Procuradoria Regional e abrir processos adminis-
trativos e judiciais de retomada de terras públicas.
A Portaria MDA/Incra nº 10 determinou ainda, em seu artigo 4º, que a partir daquela data “fi-
cam as Superintendências Regionais do Incra de que trata o art. 1º proibidas de expedir declarações
de posse ou instrumentos similares sobre áreas rurais acima de 100 ha, destinados a fazer prova de
ocupação ou exploração agrícola, pecuária ou florestal, para fins de regularização fundiária, plano
de manejo, desmatamento e financiamento por instituições de crédito pública ou privada”.
A Corregedoria de Justiça do Estado do Pará também engrossava o coro de combate à grila-
gem com o Provimento 13, de 21 de junho de 2006, em que determinava o bloqueio dos registros
de terras em cartórios em áreas cujo tamanho excedia o limite constitucional sem autorização do
Senado ou Congresso Nacional, conforme cada época.11
Além de todo esse aparato normativo, a Procuradoria do Incra empenhava-se na instituição
de protocolos para a recuperação de terras públicas griladas. Isso motivou, em outubro de 2006,
a Procuradoria Federal Especializado no Incra e a Procuradoria da República a promoverem o
“1º Seminário de Procuradores da República e de Procuradores Federais do Incra, na Amazônia
Legal”, tendo como tema “Retomada e Destinação de Terra Pública”. No tópico “Justificativa”
do prospecto do evento, o texto firmava posição, afirmando que “posses irregulares são alvos a
serem perseguidos”, e sublinhando que “o foco principal, para o fórum proposto, é buscar ins-
trumentos capazes de retomar as áreas discriminadas e registradas em nome da União para o
patrimônio público e destiná-las à reforma agrária, destacando que o empreendimento deverá
respeitar as limitações do meio ambiente, além da recomposição do patrimônio natural”.
Quem esteve presente ao seminário pôde testemunhar como havia ali a mais autêntica preo-
cupação com a justificativa propagada. Difícil imaginar que, pouco tempo depois, as detenções
de terras focadas pela Procuradoria do Incra (ou ao menos por parte dela) como “posses irregula-
res” e, portanto, “alvos a serem perseguidos” seriam alvo de legislação proposta pelo próprio
MDA voltada justamente à entrega dessas terras ao grande detentor. Pouco tempo depois de a
Procuradoria do Incra (ou ao menos parte dela) promover um seminário com o objetivo de “bus-

                                                            
11
A Constituição de 1934 (art. 130) estabeleceu o limite de 10.000 ha. A Constituição de 1946, pela Emenda
Constitucional nº 10 (art. 6º), reduziu o limite para 3.000 ha, mantido pela Constituição de 1967 (art.154) e
reduzido na vigente Constituição da República (art. 49) para 2.500 ha, passando a autorização a ser concedida
pelo Congresso Nacional.
car instrumentos capazes de retomar as áreas discriminadas e registradas em nome da União para
o patrimônio público e destiná-las à reforma agrária”, o próprio MDA/Incra engendra a formula-
ção de instrumentos para ação exatamente contrária.
Em 2007, outro instrumento jurídico veio ainda em favor do reconhecimento do direito à terra
das diversas formas de campesinato florestal da Amazônia. Trata-se do Decreto 6.040, que instituía
o Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais. Não
havia aí, exatamente, uma ação contra o roubo de terras públicas, mas indiretamente, ao legitimar a
terra aos povos da floresta e tirá-la do mercado, batia de frente com os interesses da grilagem.
2.3 O “liberou geral” como novo rumo da política fundiária

Sim, houve empenhos em contrário, porém, aparentemente ajudada pelas dificuldades evi-
dentes do trabalho, a banda da instituição que agia sob os interesses da grilagem levou a melhor.
Dos processos de recadastramentos promovidos em 1999, 2001 e 2005, poucos foram encerrados
até hoje. Na maior parte dos casos, a ação resumiu-se a inibição ou bloqueio do código de imó-
veis no Cadastro Rural, permanecendo os pedidos de cancelamento de registros junto aos cartó-
rios na esfera judicial, onde as decisões costumam ser mais lentas ainda.
Sob impacto da Portaria Conjunta n° 10/2004, 66 mil “posses” tiveram seus códigos no
SNCR inibidos e o impedimento de emissão de CCIR. Contudo, centenas de processos de “regu-
larização fundiária” continuavam abertos e, ainda que sem nenhuma condição legal de prosse-
guimento, continuavam sem definição administrativa. Por outro lado, os processos de retomada
de terras públicas na esfera judicial mais uma vez enfrentaram uma paralisação e demora no efe-
tivo retorno dessas glebas ao poder público.
Recente auditoria do TCU aponta que, em total descumprimento da Lei 10.267/2001, apenas
0,2% dos imóveis rurais do país teve seus limites e domínio confirmados. O relatório do tribunal
apontou ainda que no Incra há baixa execução orçamentária para as ações de ordenamento territo-
rial, e, nos poucos imóveis com processos georrefereciados, ocorrem grandes diferenças entre a
área registrada e área certificada pelos pretensos proprietários (ÚLTIMO SEGUNDO, 2010).
Passada quase uma década da promessa de um Sistema Público de Registro de Imóveis, a
adoção de um cadastro único dos imóveis rurais, interligando órgãos públicos com atuação fun-
diária, cartórios e poder Judiciário, ainda não foi efetivada.
Contudo, a lentidão na efetivação de medidas concretas de combate à grilagem e de destina-
ção de terras públicas aos legítimos posseiros e à população tradicional da Amazônia é inversa-
mente proporcional à pressão exercida por grileiros, madeireiras e fazendeiros para a legalização
de grandes extensões de terras, adotando o discurso da “regularização fundiária”:
A esse serviço, veio, em novembro de 2005, uma sugestiva “MP do Bem”12, que alterou a Lei de
Licitações (Lei 8.666/93) e passou a permitir a concessão e alienação de terras da União até o limite de
500 ha com dispensa do processo licitatório. No Incra, essa MP foi administrativamente convertida nas
Instruções Normativas (IN) n° 31 e 32 de 2005, que ainda procuraram fazer uma diferenciação entre
“legitimação de posse” e “regularização fundiária”. No primeiro caso, referia-se a ocupações legítimas
constitucionalmente e de até 100 ha, e no segundo especificamente a ocupações na Amazônia Legal
nos limites entre 100 a 500 ha.
No Oeste do Pará, essa flexibilização na legislação não trouxe maiores vantagens para os gru-
                                                            
12
Medida Provisória nº 255, de 21de novembro de 2005, convertida na Lei 11.195/2005.
pos interessados em grandes extensões de terras. Não se conhece nenhum imóvel na região que
tenha sido alienado nesse processo, nem mesmo em áreas de “regularização fundiária” (até 500
ha). As legitimações de posse (até 100 ha) continuaram paralisadas. Os reais posseiros da região,
apesar de amparados historicamente pela lei, continuariam objetos das pressões de interesses deman-
dantes por áreas cada vez maiores para “regularização fundiária”.
Nesse sentido, chama atenção o papel desempenhado por algumas organizações não-
governamentais ambientalistas em apontar ideologicamente a “regularização fundiária” como
principal saída para o problema fundiário na Amazônia13. Da mesma forma, a “regularização
fundiária” é pautada pelo Banco Mundial, que vê na titulação de terras públicas a saída para a
criação de um mercado de terras. (RESENDE & MENDONÇA, 2004: 10s).
A mesma argumentação e personagens desempenharam papel importantíssimo na legitima-
ção, por meio da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284/2006), de concessão de flores-
tas públicas para a exploração privada de recursos madeireiros e serviços florestais.
Em março de 2008, a “Lei de Licitações” sofreria nova alteração por meio da Medida Provi-
sória n° 422. Se anteriormente a legislação resguardava as ocupações de áreas contínuas de até
500 ha para alienações ou concessões públicas, com a nova MP passou-se a permitir a “regulari-
zação fundiária” de imóveis de até 1.500 ha na Amazônia Legal. No Incra, as IN 31 e 32 são
substituídas pelas IN 45 e 46, ambas de 26 de maio de 2008. Um pouco antes, a IN 41, de 11 de
junho de 2007, estabelecia que as áreas entre 500 a 1.500 ha deveriam ser alienadas por concor-
rência pública.
Com esse marco, o Incra promove um “projeto-piloto” denominado “Incra em ação na BR-
163” que, embora realize uma criteriosa varredura em glebas da União nos municípios de Altami-
ra, Novo Progresso e Itaituba no Oeste do Pará, não consegue titular mais do que três centenas de
imóveis, dado que, mesmo com a total flexibilização da legislação, a maior parte da terra continua-
va ilegalmente ocupada, mas sem ações de retomada encaminhadas.
Assim, politicamente a pauta de combate a grilagem vai sendo substituída pela pauta da “regula-
rização fundiária”. E tudo se dá praticamente num contexto de silêncio da maior parte dos movimen-
tos sociais de luta pela terra e de outros setores ligados historicamente ao processo de defesa da re-
forma agrária e da Amazônia brasileira. Talvez – e queremos crer que sim – esse silêncio tenha sido
mais um elemento a encorajar mais mudanças, essas mais radicais, que ainda estavam por vir.
Em um documento da SAE intitulado “Regularização e Legitimação de Terras Devolutas”, há
um item denominado “O problema”. O problema seria o Artigo 29 da Lei 6.383/76. O texto critica
a lei que trata apenas da legitimação de posse de pequenas propriedades e não menciona explicita-
mente nenhum mecanismo para regularização de áreas superiores a 100 ha (JORNAL DE BRASÍLIA,
2008). Como se percebe, não são vistos como “problema” a ausência de legitimação de posses até
100 ha (apesar da lei histórica e constitucionalmente determinar) ou os amplos mecanismos usados
para usurpar terras à margem da lei – problema é a ausência de uma lei que ampare essa usura. A
idéia é saudada pelo governo e divergências surgem entre Incra e MDA pela execução da ação.
Em 10 de fevereiro de 2009, a MP 458 surge como novo marco regulatório para toda a Amazô-
nia Legal para alienação e concessões individuais de terras públicas. Convertida na Lei 11.952 e alte-

                                                            
13
Neste sentido, merecem destaque as publicações IPAM, 2006 e BARRETO. et al. 2008.
rando o texto de outras quatro leis14, a MP 458 instituiu: a regularização fundiária de todos os imó-
veis de até 15 módulos fiscais ou 1.500 ha em terras da União na Amazônia Legal com ocupações
anteriores a 1º de dezembro de 2004; a dispensa da exigência de vistorias em áreas declaradas de até
quatro módulos fiscais; a possibilidade de regularização de ocupações realizadas por servidores pú-
blicos, à exceção de servidores de ministérios, autarquias e órgãos ligados à questão fundiária; possi-
bilidade de venda da terra regularizada a partir do terceiro ano após a sua alienação, em imóveis aci-
ma de quatro módulos fiscais; redução significativa no valor a ser cobrado pela terra, com gratuidade
para áreas de até 100 ha e a possibilidade de regularização de imóveis com ocupação indireta. De
acordo com o MDA, aproximadamente 67 milhões de hectares serão passíveis de “regularização”.
Para operar a nova realidade jurídica é criada no âmbito do MDA a Secretaria Executiva Ex-
traordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal e, no âmbito do Incra, a Superinten-
dência Nacional de Regularização Fundiária na Amazônia Legal. Ambas as estruturas passaram
a funcionar com a designação insuspeita de “Terra Legal”, simbolicamente demonstrando que as
terras antes em situação ilegal agora estariam amparadas juridicamente e com uma estrutura ad-
ministrativa a seu serviço.
Para OLIVEIRA (2010), a MP 458 simboliza que “o ano de 2009 entrará para história da ori-
gem da propriedade privada capitalista da terra no Brasil, como entrou a Lei de Terras de 1850”.

3. A REGRA FEITA PARA SER FRAUDADA E A FLORESTA INDO PARA O


MERCADO DE TERRAS
Embora ainda não tenha havido nenhuma emissão de título de domínio pelo programa Terra
Legal, aparato montado para efetivar a Lei 11.925/09, já se promove uma corrida no mercado imo-
biliário na região. Nada inédito, a injeção de milhões de hectares em mercadoria e sua inserção no
mercado de terras foram um dos pontos mais criticados da medida provisória que ensejou a Lei,
inclusive com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Procuradoria da República.15
Com a flexibilização da legislação agrária, criando facilidades, a Lei passou a permitir a
venda da área titulada após três anos da alienação, para imóveis acima de quatro módulos, e pra-
zo mínimo de dez anos para áreas menores, numa clara diferenciação que privilegia a venda de
imóveis maiores. Mesmo esses prazos em nada inibem a comercialização de “protocolos”, ou
seja, de áreas que ainda não foram tituladas, mas que já têm os trâmites para isso protocolados
junto ao órgão que o providenciará. Qualquer pessoa poderá verificar na internet o crescimento
de imóveis à venda na região, em situações no mínimo suspeitas e com flagrantes casos de grila-
gem e de venda do patrimônio ambiental da região. Na internet, há inúmeros sítios com pessoas
vendendo terras na Amazônia brasileira. A maior parte dos ofertantes do aquecido mercado imo-
biliário informa para contato telefones de outros estados que não o Pará, evidenciando não se
tratar do camponês, que explora sua posse a partir do trabalho familiar. Alguns imóveis chamam
atenção pela localização, como os exemplos a seguir:
Vende-se 10 lotes de 1.000 alq juntos, 07 lotes de R$ 100 Alq. e 03 R$ 150,00 [sic] fora de área de

                                                            
14
A MP 458 alterou as Leis n° 8.666, de junho de 1993 (Lei de Licitações); 6.015, de dezembro de 1973 (Lei
de Registros Públicos); 6.383, de dezembro 1976 (Lei da Discriminatória de Terras Devolutas da União); e
6.925, de junho de 1981.
15
Cf http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=Lei%2011952& proces-
so=4269. Acessado em junho de 2010.
risco (parque ou reserva indígena) protocolo interpa, pedido de titulação já complementadas, geore-
ferenciamento, subsolo requerido no DNPM, 70% plana, queda D'água, frente com rio Curua, semi
navegável, boa de madeira, estrada regular, a 130 km de Novo Progresso PA, campo de pouso pró-
ximo, Aceita automóvel ou máquinas pesadas em parte do negocio. Tratar: Antonio [...] - telefone: 0
66 3552-XXXX / 0xx 66 9639-XXXX - Guarantã do Norte/MT.
Vende-se 3 áreas de 1.000 alq. Cada, em mata alta, as áreas são juntas, vende-se também separadas,
a 25 km de Morais de Almeida - PA, a 7 km da BR-163, estrada boa até dentro da área, boa de água,
energia próxima, 80% plana, escrituradas, impostos em dia, valor R$ 800,00 alq. recebe-se maquinas
pesadas, veículos leve e pesado, imóvel dependendo a localização. Tratar: Antonio [...] - telefone: 0
66 3552-XXXX / 0xx 66 9639-XXXX - Guarantã do Norte/MT.16
Os dois casos – se fora de terras indígenas ou unidades de conservação, como anunciado – es-
tão em área de atuação do programa Terra Legal. Como se percebe, a área única e contígua foi
desmembrada para efeitos de enquadrar-se nos tamanhos tituláveis segundo a legislação.

4. UM CENÁRIO DE SOMBRAS E RESISTÊNCIA


Ao mesmo tempo em que se criam facilidades para a apropriação privada das terras públicas
pelo capital, o cenário político nacional põe-se contrário às reivindicações e, mesmo, aos direitos
das diferentes formas de campesinato. O estaqueamento da reforma agrária e o “engavetamento”
dos processos de criação de reservas extrativistas (Resex) sinalizam a quem se direcionam os
empenhos do Estado. Outro preocupante exemplo é o ataque, por meio de Ações Diretas de In-
constitucionalidade, à normativa nº 49, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que regula-
menta a titulação das terras de quilombos.
Incra e MDA insistem na afirmativa de que a nova legislação de regularização fundiária e o pro-
grama Terra Legal que a efetivará são um ganho ao campesinato. A MP 458, por si, em nada favore-
ce ao camponês, na condição de posseiro de terras públicas na Amazônia, para que tenha sua situação
regularizada. Como dito, a legislação existente já garantia esse direito. Porém, não queremos negar
aqui a possibilidade de as ações do que o governo chama de “regularização fundiária”, e que vêm a
reboque da MP 458, venham a atender interesses de camponeses. Porém, nem isso é algo a se come-
morar, como explicou José de Souza Martins ao falar dos homens livres na ordem escravocrata, e de
seu importante papel em garantir direitos dos latifundiários, pois “os direitos dos camponeses que
viviam como agregados só eram reconhecidos como extensão dos direitos do fazendeiro, como con-
cessão deste, como questão privada e não como questão pública” (MARTINS, 1981: p. 35).
As perspectivas de resistência dentro desse quadro funesto afiguram-se difíceis, mas não
impossíveis, como algumas iniciativas podem demonstrar. Por um lado, é bem verdade, todas as
políticas que culminam com a aprovação da MP 458, agravadas por outros grandes projetos do
governo para a Amazônia, sugerem uma facilitação à ofensiva do capital sobre os territórios tra-
dicionalmente ocupados e demais tipos de apropriação camponesa da terra. No entanto, temos aí
um movimento dialético que, ao mesmo tempo em que nega essas apropriações, eventualmente
termina por recriá-las, delas lançando mão para o processo de acumulação do capital.
Nesse sentido, talvez estejamos diante de um processo no interior do qual a intensificação
das práticas de dominação desse capital, expressas, dentre outros modos, na abertura dos cami-
nhos à grilagem, possa ser entendida pelos diversos e pontuais movimentos de resistência como
o avanço de um inimigo comum, ensejando, quiçá, alguma unidade entre esses próprios movi-
mentos de resistência.
                                                            
16
Cf http://www.anunciosbrasil.com.br/para_novo_progresso_mato_grosso_vende_se_fazenda_em_novo_
progresso_pa-o16636-en.html. Acessado em junho de 2010.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/AGROPECUARIA/146015-CPI-CONTRIBUIRA-
PARA-ATUALIZAR-LEIS-FUNDIARIAS,-DIZ-DEPUTADA.html>. Acessado em mar.2010.
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em http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/incra+certificou+apenas+02+dos+imoveis+rurais+no+pais+
diz+tcu/n1237588905585.html. Acessado em 10 de fevereiro de 2010.
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