Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Danuzio Neto
Aula 02
Aula 02 – Atualidades
Atualidades para Soldado da PM PA
Prof. Danuzio Neto
SUMÁRIO
SUMÁRIO 2
A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA 3
FRENTE DE EXPANSÃO E FRENTE PIONEIRA 4
A PECUÁRIA NO PARÁ 6
O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE PECUÁRIA 12
TRAGÉDIA DE BARCARENA 13
EXPLORAÇÃO DAS RIQUEZAS MINERAIS. 14
PROJETO CARAJÁS 15
PROJETO PORTO TROMBETAS 16
A REALIDADE SOCIOECONÔMICA 17
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO SETOR MINERAL DO PARÁ 18
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 22
LISTA DE QUESTÕES 33
GABARITO 39
RESUMO DIRECIONADO 40
“Se o movimento pioneiro em São Paulo, no século XIX, foi dirigido pelos grandes plantadores,
capazes de construir estradas de ferro, atrair imigrantes e incorporar um maquinismo moderno, as
fronteiras agrícolas, na segunda metade do século XX, foram abertas pelas grandes empresas, com
a cooperação do poder público”.
(SANTOS, Milton. SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de
Janeiro: Record, 2001.)
Assim, temos que a expansão da fronteira agrícola, nas últimas décadas do século XX, deu-se pelos fatos
listados a seguir:
• A colonização oficial e privada, tendo em vista que o governo estimulou o avanço do povoamento e,
consequentemente, a ocupação econômica da região Norte;
• A expansão das vias de circulação, especialmente durante o regime militar, quando a política de
segurança nacional exigia um povoamento de zonas com baixa densidade populacional, a fim de
afugentar ameaças estrangeiras. A BR-163, por exemplo, foi construída sob o lema “ocupar para não
entregar”, que sintetizava a política da ditadura militar para a ocupação do “vazio” Amazônico. Esta
política relaciona-se com o tema abordado no item anterior (colonização oficial e privada);
• Os movimentos espontâneos de imigração;
• Às diferenças quanto ao grau de tecnificação;
• A especialização da agricultura, como no cultivo da soja, que demanda áreas de cultivo cada vez
maiores.
Frente pioneira
- GRILEIROS;
- PRODUTORES RURAIS;
- Expandem seus domínios por meio da GRILAGEM de terras devolutas ou de espaços já ocupados pelos
posseiros.
- MODO DE PRODUÇÃO VOLTADO PARA A PRODUÇÃO COMERCIAL INTERNA E PARA A EXPORTAÇÃO.
• Extração de madeira;
• Mineração;
• Construção de hidrelétricas; e
• Abertura de estradas na selva.
A PECUÁRIA NO PARÁ
Esta parte da nossa aula fundamenta-se principalmente nos dados apresentados no Boletim Agropecuário do
Pará 2017, formulado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará – Fapespa.
A BOVINOCULTURA contribui para que o Pará detenha o principal rebanho do Norte do Brasil, com
destaque para o município de maior efetivo bovino no país, tornando a pecuária paraense um segmento
importante para a economia do estado, que conta também com a criação de aves, suínos, equinos, ovinos e
caprinos.
A relevância da pecuária na matriz econômica paraense está expressa na sua participação de 26% do PIB
do setor primário. Entre os rebanhos paraenses, a bovinocultura destaca-se como o 5º maior efetivo do país,
sendo superior a 20 milhões de cabeças, segundo o IBGE, ou de mais de 22 milhões, consoante dados da Agência
de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), o que o tornaria o 3º maior do Brasil. Esse posicionamento
do rebanho bovino do Pará favorece o desenvolvimento dos segmentos alimentícios como o da carne e o do leite.
A evolução da pecuária nacional e paraense nos últimos 10 anos (2007 a 2016) mostra que o efetivo bovino
do Pará cresceu acima da média brasileira. Enquanto o rebanho nacional obteve variação de 9,25%, o paraense
obteve crescimento de 33,36%, resultado superior até mesmo ao verificado nos estados com maior efetivo bovino:
Mato Grosso (17,96%), Minas Gerais (4,71%), Goiás (11,76%) e Mato Grosso do Sul (-0,14%).
Ao enfocar no biênio 2015/2016, observa-se que, com exceção de Minas Gerais que apresentou retração,
os principais rebanhos tiveram crescimentos relevantes, sobretudo, quando levado em conta que, no plano
nacional, a variação foi de 1,41%. Nesse contexto, os rebanhos paraenses registraram incremento de 1,01%, ao
passo que Mato Grosso (3,17%), Goiás (4,53%) e Mato Grosso do Sul (2,08%) mantiveram-se acima da média do
país (Tabela 1). Nesse cenário, o efetivo bovino do Pará passou a representar 9,38% do nacional, ante os 9,42% em
2015.
Nos últimos anos, a evolução competitiva da pecuária bovina do Pará tem se apresentado ligada às
variáveis naturais, econômicas e tecnológicas, agrupadas a uma estrutura de governança que estabelece
condições de aplicabilidade de ações na melhoria dos fatores de regulação da atividade bovina, pactuada com os
segmentos produtivos. Soma-se, ainda:
• A qualidade e a disponibilidade de terras a preços mais baixos em relação a outras regiões do país;
• O clima favorável às pastagens, ideal para o desenvolvimento de capim e de forrageiras;
• O melhoramento genético e sanitário dos animais;
• A qualidade da carne produzida, fruto da alimentação exclusivamente a pasto dos animais (boi
verde), o que lhe confere características organolépticas peculiares.
• O pastejo rotacionado;
• Integração lavoura/pecuária/floresta;
• Melhoramento de pastagens;
• Aprimoramento genético e sanitário do rebanho, somados à preocupação com o bem-estar animal.
O resultado desse empenho é a melhoria produtiva da pecuária bovina do Pará, uma das que mais se
expandem no país.
Entre alguns dos componentes importantes da pecuária, encontra-se a área de pastagem, compreendida
como relevante na avaliação de expansão do potencial produtivo, sendo que, no Pará, ela correspondeu a 16
milhões de hectares ou 13% do território total do estado em 2014. Desse quantitativo:
Somente o pasto limpo expandiu sua área em 39% de 2004 a 2014, e, quando observada a variação de 2012
para 2014, o incremento foi de 12% ((TERRACLASS, 2014).
Os dados mostram que houve expansão da área de pastagem de 13,058 mi/ha em 2004 para 14,635 mi/ha
em 2008, elevação de 12%. Em 2010, houve novo incremento para 14,065 mi/ha ou de 2,97%. Contudo, em 2012,
ocorreu declínio da pastagem em 9,13% ou 13,690 mi/ha, fato que está relacionado com a capacidade de
verificação das áreas pelo satélite, a qual foi prejudicada por nuvens, portanto, não diz respeito a nenhum fator
estruturante da atividade bovina. No ano de 2014, ocorreu nova expansão em 17,32% ou o estabelecimento de
uma área de pastagem em 16,062 mi/há (Figura 2) (TERRACLASS, 2014).
A pecuária está presente em todos os municípios paraenses, estabelecida em 52 deles como uma das
atividades econômicas predominantes. Destaca-se, ainda, que os 10 municípios de maior produção pecuária
respondem por 42% da produção total do estado, participação que configura as regiões Sul e Sudeste como as
protagonistas na criação bovina. Nesse sentido, a Região de Integração Araguaia lidera a produção de gado com
o efetivo de 7.450.661 cabeças de gado, 36,39% do total do estado, com a RI Carajás (3.389.151) e a RI Xingu
(2.590.997) em seguida, contabilizando 16,60% e 12,65%, respectivamente. Juntas, essas regiões concentram
13.439.809 unidades bovinas, 65% do contingente bovino paraense (Mapa 2).
A dinâmica da produção pecuária estabelecida nessas regiões consolidou a cadeia bovina no estado, que,
além da criação de gado, agrupa também a produção leiteira, somando a indústria de carne e a de laticínios,
segmentos produtivos de agregação de valor e de dinamismo econômico. O resultado disso converge para uma
comercialização de produtos que atende tanto o mercado interno, com o consumo de carne e derivados, quanto
o externo, com a exportação de gado e de subprodutos da carne bovina.
Com relação ao rebanho bubalino, o Pará lidera o ranking nacional com um efetivo de 519.586
cabeças, em 2016, equivalente a 37,90% da produção brasileira e 57,29% em relação à Região Norte, quantidade
0,51% menor em relação ao ano de 2015 (Tabela 3). Os principais municípios produtores são Chaves (30,96%),
Soure (14,36%), Cachoeira do Arari (9,00%) e Ponta de Pedras (7,68%), que somados concentram 62% desse
rebanho no estado.
A evolução da criação de galináceos em um ano foi de 1,52% no Brasil, 3,31% na Região Norte e 1,38% no
Pará, sendo o rebanho paraense o maior do Norte do país. A Tabela 5 apresenta os 10 municípios com maiores
rebanhos, que, juntos, acumulam, aproximadamente, 72% do rebanho galináceo paraense, com a maior parcela
concentrada em Santa Isabel do Pará, que registrou 8.161 milhões de animais, 30,94% do total, seguido por
Castanhal, com 3.300 milhões (12,51%), e Igarapé-Açu, com 1.586 milhão (6,01%).
Além dos rebanhos de maior representatividade, já mencionados, a agropecuária paraense conta também
com outros efetivos, a exemplo do rebanho suíno, o qual, em 2016, registrou mais de 636 mil cabeças, com
aumento de tamanho em 14,16%; equino (380 mil), que apresentou crescimento de 11,11%; ovino (280 mil), o qual
obteve crescimento de 18,98%; além do caprino (80 mil) e codornas (21 mil), com esta última apresentando
redução de 31,34% (Tabela 6).
TRAGÉDIA DE BARCARENA
Imagem: https://www.canalrural.com.br/programas/navio-com-mil-bois-vivos-minerva-afunda-para-59155/
Em 2015, no rio Pará, em Barcarena, região metropolitana de Belém, ocorreu uma tragédia, quando um
navio com mais de cinco mil bois vivos e 700 toneladas de óleo a bordo naufragou. A embarcação saía do porto de
Vila do Conde, com destino à Venezuela.
Os animais que estavam a bordo morreram afogados, muitos presos na embarcação, em uma das cenas
mais chocantes já vistas no país.
A tragédia ambiental, social e econômica atingiu a vida de milhares de pessoas nessa região.
O banho nas águas foi proibido e o movimento de frequentadores das praias de Barcarena, Abaetetuba e
ilhas vizinhas caiu. Outro impacto significativo do naufrágio foi que pescadores não puderam mais retirar o
sustento dos rios.
Outro ponto interessante é que o estado do Pará apresenta atualmente uma cadeia bem articulada de sua
produção mineral. Em Barcarena, por exemplo, é beneficiada boa parte da bauxita extraída em Paragominas e na
região do Tapajós, em Oriximiná.
A propósito, Barcarena é um grande produtor de alumínio e sedia uma das maiores fábricas desse produto
no mundo. Grande parte desta produção é exportada, o que contribui para que o município seja sede de um dos
principais portos do Pará, no distrito de Vila do Conde.
Em Marabá, além das companhias já presentes, o governo federal implementou um polo siderúrgico e
metalúrgico. Este polo utilizava intensamente o carvão vegetal para aquecer os fornos que produzem o ferro gusa,
contribuindo, assim, para a devastação mais rápida das florestas nativas da região. Recentemente, porém, este
cenário tem mudado, já que as indústrias estão investindo no reflorestamento de áreas devastadas e na produção
de carvão do coco da palmeira Babaçu, que não devasta áreas da floresta nativa. Na produção deste carvão há
queima somente do coco - e não do coqueiro – o que contribui para a sustentabilidade do negócio.
• O 2º maior produtor nacional no setor de minério de ferro, com 169 milhões de toneladas - das 450
milhões produzidas pelo país;
• Responsável por quase 980 mil toneladas de cobre (das 1,28 milhões de toneladas da produção
nacional);
• Produtor de quase toda a produção brasileira de alumínio (bauxita) (34,5 de 36,7 milhões de
toneladas);
• Responsável por 2,3 de 3,4 milhões de toneladas do manganês produzidos no Brasil;
• O 3º maior produtor brasileiro de ouro, com 20 toneladas;
• O 2º, no Brasil, em produção de níquel;
• O 3º maior produtor nacional de estanho.
PROJETO CARAJÁS
O Programa Grande Carajás (PGC), simplesmente conhecido como Projeto Carajás, é um projeto de
exploração mineral, iniciado durante a ditadura militar, mais especificamente durante o governo do presidente
João Figueiredo, quando Eliezer Batista, pai do ex-bilionário Eike Batista, era presidente da Vale. O projeto fica
numa das áreas minerais mais ricas do planeta.
A antiga Empresa Estatal Brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), atual Vale, ficou responsável por
explorar o projeto.
Abarcando terras do sudeste do Pará, norte de Tocantins e sudoeste do Maranhão, e cortada pelos rios
Xingu, Tocantins e Araguaia, o PGC estende-se por uma área de 900 mil km², o que corresponde a um décimo do
território brasileiro. Ao longo da Estrada de Ferro Carajás, que vai da região sudeste do Pará até São Luís/MA, é
possível observar a presença crescente de siderúrgicas em território paraense.
Por causa da grande extensão territorial do Programa, este acaba por beneficiar inúmeros municípios,
ainda que de maneira desigual. Ou seja, uns mais que os outros. Dentre os mais beneficiados, por exemplo,
podemos citar Canaã dos Carajás, que se tornou centro do maior projeto de minério do mundo, o S11D da Vale.
Usina de processamento da S11D, maior projeto de minério do mundo, localizada em Canaã dos Carajás
Uma das maiores áreas de exploração de minérios do mundo, o projeto Grande Carajás, na atualidade,
está ligado às atividades da Vale, que foi privatizada em 1997 e é a terceira maior mineradora de ferro do mundo.
Em Grande Carajás, além da maior reserva de minério de alto teor de ferro do mundo, são explorados
manganês, cobre, níquel, ouro, bauxita e cassiterita.
Os preços do minério de ferro, principal riqueza de Carajás no mercado internacional, se elevaram a partir
de 2004, devido à demanda de países emergentes, como a China, o que levou o preço das ações da Vale a
dispararem na Bovespa.
Em 2009, porém, por causa da crise econômica global, houve uma queda na demanda de minério de ferro,
o que fez o preço dessa commodity cair drasticamente. Entre os anos de 2004 a 2009, a cotação do minério era,
em média, U$ 120/tonelada. Atualmente orbita entre U$ 60 e U$70/tonelada.
O minério de ferro também é largamente utilizado no setor metalúrgico, um dos mais importantes do
mundo.
O Projeto Porto Trombetas, que beneficiou sobremaneira a região, surgiu em 1974 com a missão de
acomodar os trabalhadores que construíam a estrutura para mineração na Serra do Saracá. Com o término da
construção da estrutura, em 1976, surgiu a necessidade de acomodação dos funcionários que iriam operar a
extração na mina, a vila provisória, localizada em Porto Trombetas, acabou se tornando permanente.
Atualmente, as atividades econômicas do distrito estão intimamente ligadas aos trabalhos da empresa
Mineração Rio do Norte (MRN),
Em 2016, a MRN anunciou investimentos de R$ 6,8 bi na expansão de suas atividades na região, dos quais
R$ 4 bilhões na fase de implantação e R$ 2,8 bilhões em infraestrutura. O projeto de ampliação será nos platôs da
Zona Central e Oeste a fim de garantir a continuidade das operações da mineradora até 2043. Atualmente, a MRN
extrai bauxita no platô da Zona Leste, com uma produção anual de 18 milhões de toneladas e 5 mil empregos
diretos e indiretos. Metade do volume produzido pela MRN é destinado ao mercado internacional.
Em setembro de 2018, na esteira dessa expansão, a MRN protocolou junto ao Ibama pedido de Licença
Prévia para o projeto “Novas Minas” para exploração dos platôs Barone, Jamari, Cruz Alta Leste, Rebolado e
Escalante – três deles incidentes na Terra Quilombola Alto Trombetas 2 – nos municípios de Oriximiná, Faro e
Terra Santa.
Já em maio de 2020, em meio a pandemia do coronavírus, a MRN apresentou ao Ibama o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do empreendimento. O Estudo de
Componente Quilombola do projeto Novas Minas, que deve avaliar os impactos para as comunidades quilombolas
dos Territórios Boa Vista e Alto Trombetas 2, se encontra em elaboração.
Ao todo, o empreendimento abrange uma área de 10.213,5 hectares. Segundo a empresa, os novos platôs
proporcionarão a continuidade da produção, agregando um horizonte de continuidade das operações até o ano
de 2040. O início da implantação do empreendimento está planejado para 2021, estendendo-se até o final de 2025.
O projeto prevê a instalação de novas estruturas, como: alojamentos, escritórios, refeitórios, vestiários,
posto de combustível, oficinas e estrutura de apoio à operação/lavra em geral e canteiros de obras. O RIMA do
empreendimento indica que será necessária a instalação de 10 novas barragens para receber os rejeitos do Projeto
Novas Minas. Os estudos da MRN avaliam que os impactos socioambientais do projeto atingirão 1.290 famílias de
19 comunidades ribeirinhas e de 9 comunidades quilombolas.
A previsão da MRN era obter a Licença Prévia (LP) do Projeto Novas Minas ainda em 2020. Porém, em 22
de setembro de 2020, o Ibama devolveu para a empresa o EIA e o RIMA para atendimento de diversas
recomendações, com especial atenção para a necessidade de integralização do Estudo do Componente
Quilombola e do processo de consulta às comunidades quilombolas nos estudos ambientais.
A REALIDADE SOCIOECONÔMICA
A região amazônica é marcada por diversos problemas de ordem social, econômica e ambiental. Isso é
reflexo, em grande parte, das ações e intervenções realizadas pelo Estado ou pelas atividades econômicas que se
desenvolvem em seu território, que em diversos casos, são baseadas na apropriação de grandes extensões
territoriais, o que acarretam na centralização de determinadas atividades produtivas e na exclusão de muitos
atores que pertencem ou que querem pertencer a esse território.
Exemplo dessa situação é o setor de mineração, que ao longo dos séculos XX e XXI tem sido alvo das mais
diversas ações de intervenção por parte dos governos nacionais e dos estados nos quais suas atividades se
desenvolvem. A Amazônia, é sempre bom lembrar, tem uma contribuição significativa na atividade de extração e
transformação mineral realizada em território brasileiro, considerando a ocorrência na região de diversos minerais
que influenciam na balança comercial do país.
Na região amazônica, os grandes complexos industriais minerais têm infraestrutura e tecnologia que são
gerenciadas de forma autônoma, tendo em vista que as grandes empresas mineradoras apresentam pouca
articulação com os demais setores da economia – o que torna a mineração uma atividade de enclave e com
baixíssimos desencadeamentos locais.
Mantendo o olhar sobre a região amazônica brasileira, observa-se que, além dos grandes complexos
industriais, há também a presença de pequenos empreendimentos que estão inseridos no setor mineral, o que
exige políticas públicas com foco no desenvolvimento regional.
Nesse sentido, o Estado tem um papel especial quanto às políticas públicas para o desenvolvimento
regional, principalmente em relação à inovação e à mudança de cultura. Para que a política de desenvolvimento
seja eficiente é necessário que haja sinergia entre as ações dos atores e dos demais níveis institucionais e
empresariais.
O setor da mineração tem sido um dos principais motores de crescimento da Região Norte, especialmente
no Pará, onde se encontram as duas maiores jazidas da região:
• A de ORIXIMINÁ, que lavra bauxita, com maior parte da produção destinada à exportação; e
• A de SERRA DOS CARAJÁS, que aparece como uma das maiores do planeta e produz o minério de
ferro mais puro do mundo. Localizada, no sudeste do estado, Carajás concentra, ainda, uma
diversidade de minerais, são eles: manganês, cobre, bauxita, ouro, níquel, estanho e outros.
É reconhecido que nenhum recurso mineral, por mais importante que seja do ponto de vista do seu
uso industrial, é suficiente por si mesmo para promover o desenvolvimento de uma região. De fato,
a dotação dos recursos naturais disponíveis de uma região não exerce por si só um papel decisivo
na evolução da renda agregada, sobretudo quando este recurso natural é comercializado para o
mercado exterior praticamente de forma "in natura" com baixo grau de valor agregado.
(CARVALHO et.al., 2017 p. 172)
A questão levantada por Carvalho é que as economias extrativas minerais tendem a desenvolver menos
ligações na cadeia produtiva, para trás e para frente, do que outros setores. Essa deficiência acarreta em diversos
problemas de caráter social, econômico e ambiental nos locais onde ocorre a exploração dos recursos minerais.
Uma das propostas para sanar tais problemas foi a elaboração de uma política estadual para provocar a
verticalização da produção mineral. Esta proposta tem por objetivo agregar valor ao minério extraído, o que teria
as seguintes consequências:
• Expansão espacial das atividades minerais;
• Mudança na base produtiva;
• Maior qualificação e remuneração da mão-de-obra;
• Abertura de novos postos de trabalho;
• Desenvolvimento tecnológico;
• Redução das desigualdades; e
• Controle da ação antrópica.
Em 2014, o Plano de Mineração do Estado do Pará (PEM 2014-2030, p.192) conceitua que a verticalização
da produção “consiste em uma estratégia em que a empresa procura fabricar todos os seus equipamentos e
beneficiar seus produtos em todas as etapas da produção”.
Na década de 1990, os governos do estado, passaram a priorizar a verticalização mineral de diversos
segmentos da mineração, tais como: ferro (aço), bauxita (alumínio), ouro e gemas.
Atualmente, podemos dizer que o Pará tem potencial para se tornar um dos maiores centros mineradores
do mundo e com uma das minerações mais modernas do planeta – tanto em termos de equipamentos quanto de
processos ambientais.
Fonte: Mdic
Fonte: Mdic
Fonte: Mdic
Destaque nas compras locais pela Indústria de Mineração - I A REDES – Inovação e Sustentabilidade
Econômica é uma iniciativa do Sistema FIEPA, pioneira na disseminação dos negócios de impacto e internalização
das riquezas do estado Pará. Há 19 anos atua desenvolvendo iniciativas de inovação e sustentabilidade econômica
no ambiente de negócios industriais. Seu principal foco é potencializar o crescimento e a evolução dos
fornecedores paraenses e incentivar as compras locais. Um dos seus principais objetivos é contribuir com o
desenvolvimento do estado, através de um conjunto de práticas financeiras e administrativas que visam o
desenvolvimento favorável do mercado industrial local com equilíbrio social e econômico. Das demandas
sinalizadas ao REDES pela Indústria de Mineração* na busca por fornecedores locais em 2018, temos como
destaque os seguintes segmentos:
Terminamos a parte teórica da aula. Agora vamos resolver algumas questões de prova!
A expansão da fronteira agrícola, nas últimas décadas do século XX, se deu pelos fatos listados a seguir, à exceção
de um. Assinale‐o.
a) A colonização oficial e privada.
b) A expansão das vias de circulação.
c) A tecnificação homogênea da produção.
d) Os movimentos espontâneos de imigração.
e) A especialização da agricultura, como no cultivo da soja.
RESOLUÇÃO:
A expansão da fronteira agrícola, nas últimas décadas do século XX, deu-se pelos fatos listados a seguir:
• A colonização oficial e privada, tendo em vista que o governo estimulou o avanço do povoamento e,
consequentemente, a ocupação econômica da região Norte;
• A expansão das vias de circulação, especialmente durante o regime militar, quando a política de segurança
nacional exigia um povoamento de zonas com baixa densidade populacional, a fim de afugentar ameaças
estrangeiras. A BR-163, por exemplo, foi construída sob o lema “ocupar para não entregar”, que sintetizava
a política da ditadura militar para a ocupação do “vazio” Amazônico. Esta política relaciona-se com o tema
abordado no item anterior (colonização oficial e privada);
• Os movimentos espontâneos de imigração;
• Às diferenças quanto ao grau de tecnificação;
• A especialização da agricultura, como no cultivo da soja, que demanda áreas de cultivo cada vez maiores.
A alternativa C erra ao falar em tecnificação “homogênea” da produção, já que esta desenvolve-se em nosso país
nas mais diversas formas. Sejam as mais sofisticadas, como as do agronegócio, sejam as mais rudimentares, como
nas propriedades familiares.
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Fronteira agrícola é uma área, mais ou menos definida, que representa um avanço da produção agropecuária
sobre o meio natural. Em outras palavras, podemos dizer que se trata de uma região ainda com mata nativa que
sofre com a expansão de atividades agropecuárias.
Assim, podemos dizer que a Fronteira Agrícola se apresenta como um complicado dilema para a sociedade. De um
lado, temos a atividade humana se expandindo a fim de buscar novos territórios cultiváveis, o que contribui para
a economia nacional. De outro, geralmente, grandes reservas florestais e áreas pouco povoadas que ainda
conservam a vegetação nativa e o ecossistema local, o que contribui para a preservação do planeta.
Ou seja, o avanço da fronteira agrícola aumenta as áreas degradadas utilizadas para o cultivo de produtos, ainda
que seja utilizada para o cultivo de produtos que serão exportados, representando uma forma de inserção do Brasil
no mercado internacional.
Resposta: Errado
RESOLUÇÃO:
Fronteira agrícola é uma área, mais ou menos definida, que representa um avanço da produção agropecuária
sobre o meio natural. Em outras palavras, podemos dizer que se trata de uma região ainda com mata nativa que
sofre com a expansão de atividades agropecuárias.
Além da expansão da fronteira agrícola, a floresta amazônica, o maior bioma brasileiro, também é degradada por
causa dos seguintes fatores:
• Extração de madeira;
• Mineração;
• Construção de hidrelétricas; e
• Abertura de estradas na selva.
Resposta: Certo
Por causa da grande extensão territorial do Programa, este acaba por beneficiar inúmeros municípios, ainda que
de maneira desigual. Ou seja, uns mais que os outros. Dentre os mais beneficiados, por exemplo, podemos citar
Canaã dos Carajás, que se tornou centro do maior projeto de minério do mundo, o S11D da Vale.
Resposta: Errado
a) Estado de Roraima, 1) Vale do Ribeira, ferro – 2) Serra dos Carajás, ouro e alumínio.
b) Estado do Pará, 1) Vale do Rio Trombetas, alumínio – 2) Serra dos Carajás, ferro e manganês.
c) Estado do Amazonas, 1) Maciço do Urucum, ferro – 2) Serra do Navio, alumínio.
d) Estado de Rondônia, 1) Tapajós, prata – 2) Serra do Navio, estanho e gás.
RESOLUÇÃO:
O estado em destaque é o Pará e as jazidas enumeradas são:
1) Vale do Trombetas, onde estão situadas as maiores reservas brasileiras de bauxita, o minério de alumínio;
2) Serra dos Carajás, onde há produção, dentre outros de minerais de manganês, zinco, níquel, cobre, ouro,
prata, bauxita e estanho.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Em 2015, no rio Pará, em Barcarena, região metropolitana de Belém, ocorreu uma tragédia, quando um navio com
mais de cinco mil bois vivos e 700 toneladas de óleo a bordo naufragou. A embarcação saía do porto de Vila do
Conde, com destino à Venezuela.
Resposta: D
RESOLUÇÃO:
a) ITEM CORRETO.
b) O lema “integrar para não entregar”, criado durante o período militar, visava à ocupação da Amazônia, ainda
que esta não viesse acompanhada de uma ampla reforma agrária. ITEM INCORRETO.
c) Por meio da expansão da Fronteira Agrícola, o cultivo de soja tem ganhado novas áreas de cultivo na floresta
amazônica brasileira. ITEM INCORRETO.
d) Nas últimas décadas, todas as regiões brasileiras tiveram acréscimo populacional. ITEM INCORRETO.
Resposta: A
LISTA DE QUESTÕES
1. (IBADE - IPERON/RO - 2017)
O processo denominado de expansão da fronteira agrícola possui diferentes fases históricas de ocorrência.
Atualmente, a expansão da fronteira agrícola promove diversas consequências, com maior ou menor impacto.
Entre as alternativas a seguir, a que melhor apresenta a principal consequência da expansão da fronteira agrícola
é:
a) ampliação das unidades de conservação ambiental para mais de 70% do território.
b) diminuição das áreas agrícolas e aumento das áreas urbano-industriais.
c) degradação ambiental com desmatamento das vegetações naturais.
d) manutenção permanente das paisagens naturais da floresta amazônica.
e) substituição da floresta amazônica pelas espécies típicas do cerrado.
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os próximos itens, acerca das transformações político-
econômicas que têm ocorrido na região amazônica.
Na Amazônia, o avanço da fronteira agrícola ocorre por meio da recuperação das áreas degradadas utilizadas para
o cultivo de produtos, cuja exportação representa uma forma de inserção do Brasil no mercado internacional.
( ) Certo ( ) Errado
a) Estado de Roraima, 1) Vale do Ribeira, ferro – 2) Serra dos Carajás, ouro e alumínio.
b) Estado do Pará, 1) Vale do Rio Trombetas, alumínio – 2) Serra dos Carajás, ferro e manganês.
c) Estado do Amazonas, 1) Maciço do Urucum, ferro – 2) Serra do Navio, alumínio.
d) Estado de Rondônia, 1) Tapajós, prata – 2) Serra do Navio, estanho e gás.
GABARITO
1. C 8. E 15. B
2. A 9. C 16. A
3. C 10. A 17. D
4. E 11. B 18. D
5. C 12. C 19. C
6. C 13. E 20. A
7. E 14. E
RESUMO DIRECIONADO
Fronteira agrícola é uma área, mais ou menos definida, que representa um AVANÇO DA PRODUÇÃO
AGROPECUÁRIA SOBRE O MEIO NATURAL. Em outras palavras, podemos dizer que se trata de uma
REGIÃO AINDA COM MATA NATIVA QUE SOFRE COM A EXPANSÃO DE ATIVIDADES
AGROPECUÁRIAS.
A expansão da fronteira agrícola, nas últimas décadas do século XX, deu-se pelos fatos listados a seguir:
• A colonização oficial e privada, tendo em vista que o governo estimulou o avanço do povoamento e,
consequentemente, a ocupação econômica da região Norte;
• A expansão das vias de circulação, especialmente durante o regime militar, quando a política de
segurança nacional exigia um povoamento de zonas com baixa densidade populacional, a fim de
afugentar ameaças estrangeiras. A BR-163, por exemplo, foi construída sob o lema “ocupar para não
entregar”, que sintetizava a política da ditadura militar para a ocupação do “vazio” Amazônico. Esta
política relaciona-se com o tema abordado no item anterior (colonização oficial e privada);
• Os movimentos espontâneos de imigração;
• Às diferenças quanto ao grau de tecnificação;
• A especialização da agricultura, como no cultivo da soja, que demanda áreas de cultivo cada vez
maiores.
Frente pioneira
- GRILEIROS;
- PRODUTORES RURAIS;
- Expandem seus domínios por meio da GRILAGEM de terras devolutas ou de espaços já ocupados pelos
posseiros.
- MODO DE PRODUÇÃO VOLTADO PARA A PRODUÇÃO COMERCIAL INTERNA E PARA A EXPORTAÇÃO.
No Brasil, a fronteira agrícola se encontra atualmente na região Norte, tomando espaço de vastas porções
da Floresta Amazônica, e também na área que ficou conhecida como Matopiba, e que é formada pelos
estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Além da expansão da fronteira agrícola, a floresta amazônica, o maior bioma brasileiro, também é
degradada por causa dos seguintes fatores:
• Extração de madeira;
• Mineração;
• Construção de hidrelétricas; e
• Abertura de estradas na selva.
A BOVINOCULTURA contribui para que o Pará detenha o principal rebanho do Norte do Brasil, com
destaque para o município de maior efetivo bovino no país, tornando a pecuária paraense um segmento
importante para a economia do estado, que conta também com a criação de aves, suínos, equinos, ovinos e
caprinos.
Nos últimos anos, a evolução competitiva da pecuária bovina do Pará tem se apresentado ligada às
variáveis naturais, econômicas e tecnológicas, agrupadas a uma estrutura de governança que estabelece
condições de aplicabilidade de ações na melhoria dos fatores de regulação da atividade bovina, pactuada com
os segmentos produtivos. Soma-se, ainda:
O Programa Grande Carajás (PGC), simplesmente conhecido como Projeto Carajás, é um projeto de
exploração mineral, iniciado durante a ditadura militar, mais especificamente durante o governo do
presidente João Figueiredo, quando Eliezer Batista, pai do ex-bilionário Eike Batista, era presidente da Vale. O
projeto fica numa das áreas minerais mais ricas do planeta.
Os projetos para extração de minérios foram os que mais atraíram investimento estrangeiro para a região
Norte, que abriga algumas das maiores reservas minerais do planeta.
Em Porto Trombetas, distrito onde está localizada a segunda mais importante aglomeração urbana do
município de Oriximiná, está um dos complexos que foi beneficiado por este capital.
Toda a estrutura habitacional para os trabalhadores das Mina do Saracá V, Saracá W e Bela Cruz está neste
distrito, que ainda possui um porto de escoamento da produção e base de apoio e centro comercial para
atividades mineiras.
A região amazônica é marcada por diversos problemas de ordem social, econômica e ambiental. Isso é
reflexo, em grande parte, das ações e intervenções realizadas pelo Estado ou pelas atividades econômicas que
se desenvolvem em seu território, que em diversos casos, são baseadas na apropriação de grandes extensões
territoriais, o que acarretam na centralização de determinadas atividades produtivas e na exclusão de muitos
atores que pertencem ou que querem pertencer a esse território.
Exemplo dessa situação é o setor de mineração, que ao longo dos séculos XX e XXI tem sido alvo das mais
diversas ações de intervenção por parte dos governos nacionais e dos estados nos quais suas atividades se
desenvolvem. A Amazônia, é sempre bom lembrar, tem uma contribuição significativa na atividade de extração
e transformação mineral realizada em território brasileiro, considerando a ocorrência na região de diversos
minerais que influenciam na balança comercial do país.
Atualmente, podemos dizer que o Pará tem potencial para se tornar um dos maiores centros
mineradores do mundo e com uma das minerações mais modernas do planeta – tanto em termos de
equipamentos quanto de processos ambientais.
Fonte: Mdic
Fonte: Mdic
Fonte: Mdic