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https://novaescola.org.br/conteudo/21326/como-integrar-as-
competencias-socioemocionais-as-aprendizagens-curriculares
Publicado em NOVA ESCOLA 18 de Agosto | 2022
Planejamento
Como integrar as
competências
socioemocionais às
aprendizagens
curriculares?
Professores têm o desafio de proporcionar situações
didáticas que estimulem o desenvolvimento
socioemocional combinado ao cognitivo
Carol Firmino
Experiências práticas
Um ponto de atenção nesse contexto, de acordo com Silvia, é a recomposição
das aprendizagens, visto que a pandemia resultou em defasagens em todos os
componentes curriculares. Por outro lado, ela ressalta que “não basta correr
para recuperar o conteúdo, [pois] é preciso se atentar às pessoas, tanto aos
educadores quanto aos alunos, e observar como elas estão.”
Ou seja, recomposição de aprendizagens e competências socioemocionais
devem caminhar juntas. Para isso, a professora Ana Carolina costuma dividir os
alunos em grupos. “Primeiro, faço um sorteio para garantir que esses grupos
não sejam formados apenas por afinidades. Depois, transmito o comando, que
pode ser uma pergunta ou uma situação relacionada ao componente – para
trabalhar bioética, por exemplo, utilizei reportagens que abordavam uso de
animais em experimentos, clonagem, eutanásia e células-tronco.” Ela então
solicita que os estudantes escolham juntos o melhor jeito de responder,
analisando pontos positivos e negativos sobre o tema. Eles podem recorrer a
charges, textos, músicas e outros formatos. Segundo Ana, essas experiências
permitem trabalhar a empatia, ensinar a importância de escutar e descobrir
talentos de alunos que preferem formas mais artísticas de se manifestar.
Para as aulas de História e Geografia, por sua vez, Juliano sugere um mapa da
desigualdade no Brasil, feito através da perspectiva do aluno. Com sua turma
do 9º ano de Geografia, o professor trabalhou indicadores sociais a partir da
produção de um mapa da cidade de Santa Lúcia (SP) que destacou as divisões
sociais dos bairros. Isso foi feito com o apoio, principalmente, de documentos
oficiais sobre desigualdade em âmbito nacional, estadual e regional. “As
discussões que ocorreram durante e depois do exercício permitiram aos alunos
refletir sobre os resultados e exercer empatia, escuta, cidadania e
argumentação no diálogo com os colegas”, diz Juliano.
Ele acrescenta que, na EE Bento de Abreu, os estudantes também têm a
oportunidade de produzir podcasts, exercício que fomenta pesquisas sobre
temas como racismo estrutural e homofobia, que extrapolam a turma e chegam
a colegas de outros anos, aos funcionários da escola e à comunidade. “Todo
esse protagonismo abre espaço para que o professor acesse competências
socioemocionais, sem deixar de ampliar o arcabouço teórico do componente.
Com ferramentas críticas e criativas que promovem a emancipação, o aluno nos
informa um pouco sobre quem ele é, e nós deixamos de ser a única fonte de
saber da sala de aula”, conclui o professor.
Consultoria pedagógica: Simone André, especialista em Educação Integral e
desenvolvimento socioemocional.