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molécula biológica
Representação da estrutura tridimensional da mioglobina, proteína globular de 153 aminoácidos, na qual se observam
as alfa-hélices a azul. Esta proteína foi a primeira a ter a sua estrutura resolvida através de cristalografia de raios X.
No centro, à direita, está representado um grupo prostético denominado hemo (a cinzento), ao qual está ligada uma
molécula de oxigénio (vermelho).
Nutrição
As proteínas são nutrientes essenciais
ao corpo humano.[1] Enquanto a maior
parte dos microorganismos e das
plantas são capazes de biosintetizar
todos os vinte aminoácidos-padrão, os
animais, incluindo os seres humanos,
necessitam de obter alguns desses
aminoácidos a partir da dieta
alimentar.[2] Isto deve-se à ausência nos
animais de algumas enzimas-chave que
têm como função sintetizar esses
aminoácidos. Os aminoácidos que o
organismo não é capaz de sintetizar por
si próprio são denominados
aminoácidos essenciais. Os animais
podem obter aminoácidos através do
consumo de alimentos que contenham
proteínas. As proteínas ingeridas são
transformadas em aminoácidos através
da digestão, a qual envolve a
desnaturação da proteína através da
exposição ao ácido e à hidrólise por
parte de enzimas denominadas
proteases. Alguns dos aminoácidos
ingeridos são usados para a biossíntese
proteica, enquanto outros são
convertidos em glicose, através de
gliconeogénese, ou entram no ciclo do
ácido cítrico.[3]
Entre as principais fontes animais de
proteína estão o leite materno, a
fórmula infantil, carne, peixe, aves de
criação, gema de ovo, queijo e
iogurte.[4]
Fontes alimentares
Entre as principais fontes vegetais de proteínas estão determinados leguminosas, como a soja, lentilhas, feijão ou
grão-de-bico.
As proteínas podem ser encontradas
numa ampla variedade de alimentos. A
combinação mais adequada de fontes
de proteína para cada pessoa depende
da região, da acessibilidade, do custo
económico, do tipo de aminoácidos e do
equilíbrio nutricional, assim como do
próprio paladar. Embora alguns
alimentos sejam fontes ricas em
determinados aminoácidos, o seu valor
para na nutrição humana é limitado
devido à sua pouca digestibilidade, a
fatores antinutricionais, à elevada
quantidade de calorias, ao colesterol ou
à densidade mineral.[9]
A carne, os ovos, o leite e o peixe são
fontes de proteínas completas.[10] Entre
as fontes vegetais ricas em proteína
estão as leguminosas, nozes, sementes
e fruta. As leguminosas têm maior
concentração de aminoácidos e são
fontes mais completas de proteína do
que os cereais e os cereais integrais.
Entre os alimentos vegetarianos com
concentração de proteínas superior a 7%
estão a soja, lentilhas, feijão vermelho e
branco, feijão-frade, feijão-da-china,
grão-de-bico, feijão-verde, tremoço,
amêndoa, castanha-do-pará, cajueiro,
noz-pecã e sementes de sésamo, de
abóbora, de algodão e de girassol.[9]
Aminoácidos
Fonte alimentar Lisina Treonina Triptófano
com enxofre
Leguminosas 64 38 12 25
Nozes e sement es 45 36 17 46
Frut a 45 29 11 27
Animal 85 44 12 38
Necessidades dietéticas
Recém-nascidos,
0,83 — 1,31 g/kg/dia
crianças e adolescent es
acréscimo de:
1º t rimest re: 1 g/dia
Grávidas
2º t rimest re: 9 g/dia
3º t rimest re: 21 g/dia
acréscimo de:
Lact ant es primeiros seis meses: 19 g/dia
meses seguint es: 13 g/dia
Dietas proteicas
Estrutura química (em baixo) e estrutura tridimensional (em cima) de uma ligação peptídica entre a alanina e um
aminoácido adjacente.
Síntese
Biossíntese
Síntese química
As proteínas curtas podem também ser
sintetizadas quimicamente através de
uma série de métodos denominados
síntese de peptídeos, os quais têm por
base técnicas de síntese orgânica de
elevado rendimento na produção de
peptídeos.[34] A síntese química permite
a introdução de aminoácidos não
naturais nas cadeias de peptídeos.[35]
Estes métodos são úteis em laboratórios
de bioquímica e biologia celular, embora
não se adequem à produção comercial.
A síntese química não é eficiente para
polipeptídeos maiores do que 300
aminoácidos, e as proteínas sintetizadas
podem não assumir imediatamente a
sua estrutura terciária nativa. Grande
parte dos métodos de síntese química
realiza-se a partir do C-terminal em
direção ao N-terminal, ao contrário da
reação biológica natural.[36]
Estrutura
colorida em função do tipo de resíduo (a vermelho os resíduos ácidos, a azul os resíduos base, a verde os resíduos
polares e a branco os resíduos não polares).
Superfície molecular de várias proteínas mostrando o seu tamanho relativo. Da esquerda para a direita:
imunoglobulina G (um anticorpo), hemoglobina, insulina (uma hormona), adenilato cinase (uma enzima) e glutamina
sintase (uma enzima).
As proteínas podem ser divididas
informalmente em três classes
principais, de acordo com as estruturas
terciárias mais comuns: proteínas
globulares, proteínas fibrilares e
proteínas membranares. Praticamente
todas as proteínas globulares são
solúveis e grande parte são enzimas. As
proteínas fibrilares são muitas vezes
estruturais, como é o caso do colagénio,
o principal componente do tecido
conjuntivo, ou a queratina, a proteína
constituinte do cabelo e das unhas. As
proteínas membranares atuam muitas
vezes como recetores ou proporcionam
canais para que as moléculas possam
atravessar a membrana celular.[41]
Estrutura primária
Estrutura secundária
Estrutura quaternária
Determinação da estrutura
A descoberta da estrutura terciária de
uma proteína, ou da estrutura quaternária
dos seus complexos, pode fornecer
dados importantes acerca da forma
como a proteína realiza a sua função.
Entre os métodos mais comuns para
determinar a estrutura estão a
cristalografia de raios X e a ressonância
magnética nuclear de proteínas (RMN),
ambas capazes de produzir dados à
escala atómica. No entanto, a RMN pode
disponibilizar dados a partir dos quais é
possível determinar as distâncias entre
subconjuntos de pares de átomos,
permitindo assim determinar todas as
conformações finais possíveis de
determinada proteína. A interferometria
de dupla polarização é um método
analítico que permite medir a
conformação e as alterações
conformacionais das proteínas em
função de interações ou de outros
estímulos. O dicroísmo circular é outra
técnica laboratorial que permite
determinar a composição das proteínas
a nível de hélices e folhas beta. A crio-
microscopia eletrónica (crio-EM) é usada
para produzir informação de baixa
resolução sobre complexos proteicos de
grande dimensão, entre os quais vírus.[49]
Uma variante denominada cristalografia
eletrónica é, nalguns casos, capaz de
produzir informação de elevada
resolução, em particular nos cristais
bidimensionais de proteínas
membranares.[50]
Funções celulares
Modelo molecular da enzima hexoquinase. No canto superior direito estão representados, à mesma escala, dois dos
seus substratos: a ATP e a glicose.
Enzimática
Proteínas estruturais
As proteínas estruturais conferem rigidez
a componentes biológicos que, de outra
forma, seriam apenas fluidos. A maior
parte das proteínas estruturais são
proteínas fibrilares; por exemplo, o
colagénio e a elastina são componentes
fundamentais do tecido conjuntivo, como
a cartilagem, enquanto a queratina está
presente em estruturas duras como o
cabelo, unhas, penas, cascos e algumas
carapaças animais.[60] Algumas
proteínas globulares podem também
desempenhar funções estruturais; por
exemplo, a actina e a tubulina são
globulares e solúveis enquanto
monómeros, mas são capazes de se
polimerizar nas fibras rígidas e longas
que formam o citoesqueleto, o qual
permite à célula manter a sua forma e
tamanho. Outras proteínas que têm
funções estruturais são as proteínas
motoras como a miosina, cinesina e a
dineína, as quais são capazes de gerar
força mecânica, como a que contrai os
músculos. Estas proteínas são cruciais
para a motilidade de organismos
unicelulares e dos espermatozoides dos
organismos multicelulares que se
reproduzem através de reprodução
sexuada.[61]
Sinalização celular e proteínas
ligantes
Representação tridimensional de um anticorpo para a cólera em ratos, o qual tem a si ligado um hidrato de carbono
antígeno.
Doenças proteicas
Métodos de estudo
As proteínas são uma das moléculas
biológicas mais intensivamente
estudadas, quer in vitro, in vivo ou in
silico. O estudo in vitro de proteínas
purificadas em ambiente controlado é
útil na aprendizagem da forma como as
proteínas desempenham as suas
funções; por exemplo, o estudo da
cinética enzimática explora o mecanismo
químico da atividade catalítica de uma
enzima e a sua afinidade relativa em
relação às possíveis moléculas
substrato. Por outro lado, as
experiências in vivo podem fornecer
dados sobre o papel fisiológico da
proteína no contexto de uma célula ou de
um organismo. O estudo in silico recorre
a métodos computacionais para estudar
proteínas.
Purificação de proteínas
Localização celular
Proteínas em diferentes compartimentos e estruturas etiquetadas com proteína verde fluorescente.
História e etimologia
As proteínas foram pela primeira vez
descritas pelo químico holandês
Gerardus Johannes Mulder e assim
batizadas pelo químico sueco Jöns
Jacob Berzelius em 1838. Mulder levou a
cabo análises elementares de proteínas
vulgares e constatou que praticamente
todas as proteínas apresentavam a
mesma fórmula empírica –
C400H620N100O120P1S1. Ainda que
erradamente, concluiu que as proteínas
deveriam ser constituídas por um único
tipo de molécula de grande dimensão.[87]
O termo "proteína" para descrever estas
moléculas foi proposto pelo sócio de
Mulder, Berzelius. Proteína deriva da
palavra grega πρωτεῖος (proteios), a
qual significa "na liderança" ou "a que
está à frente".[88] Mulder prosseguiu com
a sua investigação, identificando
produtos da degradação proteica, como
o aminoácido leucina, para o qual
determinou o peso molecular quase
preciso de 131 Da.[87]
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quantidade de proteína por cada 100g
de alimento, Departamento de
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