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c) K. Marx (1818-1883)
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Valhos hegelionos, jóvens hagslianos, novos hagalicnçs
A filosofia grega parece encontrar o que uma boa tragédia não deve, a
sabey, uma conclusão débil, Com Aristóteles, o Alexandre macedônio da
filasofia grega, parece cessar a história objetiva da filosofia na Grécia [..]
épicuristas, estelcas e cóticos são tonsiderados quase como um suple-
mento inoportuno, que não guardam relação alguma com suas potentes
premissas*
nm
Primedra Foria
bitrário? Somente através de uma discussão profunda com & filosofia que
em Hegel se torneu total mediante uma "suspensão” (Aufhebung), que ao
mesmo tempo é sua "realização”, A filosofia encontra-se sempre em uma tal
“encruzilhada”, quando seu princípio abstrato desdobróu-se em uma forma
totalmente concreia, tal como em Aristóteles e em Hegel. Com isso se que-
bra a possibilidade de um progresso linear, pois ela percorre em si mesma
um ¢ircule compleso. Duas totalidades opõem-se: uma filosofia que, em si
mesma, 6e tornou (otal e - a ela oposta — um mundo efetivo e aparente de
uma completa não filosofa. Pois a reconciliação hegeliana com a efetividade
não cra nela, mas antes somente com ela, no clemento do conceituar. A fi-
losofia tem “de se voltar para fora” e pracicar-se no mundo, Como filosofia
do Estado, torna-se política filosófica, A filosofia, que em Hegel se torna
mundo da intelizência, volta-se imediatamente para o mundo efetivamente
existente e contra o filosofia, Esse comportamento ambiguo é a consequén.
cia da divisão do mundo inteiro de teoria e práxis em duas tótalidades con-
trárias, E porque são duas rotalidades que se defrontam, à desunião da nova
filosofia que se tetn de determinar novamente também é total. À universa-
lidade objetiva da fliosofia consumada se quebra, primeiramente, nas formas
de consciência meramente subjetivas de uma filosofia privada nascida dela
mesma, Essa tempestade, na qual tudo s¢ tórna vacilante, efetua-se, com ne-
cessidade histórica, nessas encruzilhadas de uma filosofia concentrada em
si mesma. Quem não reconhece esta necessidade teria que negar, se for coe-
rente, que o homem possa ainda viver de mode espiritual c de acordo com
uma filosofia que se tornou total. Somente assim pode-se compreender por
que, depois de Aristóteles, “puderam chegar à luz do dia" Zenão, Epicuro-e
Sexto Empirico, e epés Hegel, “a maior parte dos sem fundamento & pobres
ensaios dos novos filósofos”.* Diferentemente dos outros novos hegelianos
que queriam apenas em parte reformar Hegel, Marx obteve da história 2
visão de que tratave de se reformara filosofia como tal. “Os ânimos medio-
cres” — e ele visa com Isso filósofos como Ruge — “têm, em rais épocas, a
visão inversa que possuem todos os gencrais, Eles acreditam poder reparar
os danos mediante uma diminuição da força de combate, por uma dispersão
e um acordo de paz com as necessidades reais, enquanto Temístocles” = isto
&, o próprio Marx — “quando Atenas” — isto €, a própria filosofia = *foi amea-
rada de devastação, induziu o0s stenienses à abandonar tudo e dirigir-se ao
17 141,13,
1z
WVelhos hagalianos, jovens hegelicnos, novos hegelicnos
na
Primeira Porte
1174
Velhos hegelianos, jovens hagalionos, noves hegalianos
ns
Frimeira Parte
132 V 31 ecseg,
133 Acerca do jutzo de Marx sobre Feuerbach, cf 11, 15] e1seq. A diferença
entre Marx
€ Feuverbach consiste fandamentalatente nisto, quê Marx. Ppartíndo
do posta de
vista de Feuerbach, volta 4 dar vigência & doutrina do espírito
objerive de Hegel,
contra 2 antrepologia de Feverbach, Ele ataca F. porque este fez de fundamento
da filósofia um homem abstreto, quer dizer, abstraido de seu
mundo. Mus justo-
mente esse mundo das relações políticas « econômicas se fez visível
na Filosefia do
díreito, de Hegel, Indiscutivel permaneçe
o mérita de Feuerbach em ter reduzido o
espírino absotuco ao homem. Mas 0 medo como F, determing
concretamente o ser
humano, à saber, como uma espécie natural, mostra 2 Marx que
ele “colocou de
lado” Hegel, mas que não o “superou criticamente”. É. construiu
um homem coja
realidade cspelha apenas u extstência da pessoa privada bulguesa, Sua
teoria do
eu e do tu e teduz, do mesmo modo como o homem privado burguês
na práxis,
ac relacionamento de pessoas singulares, sem sáber que não somente
43 Telações
de vida em aparéncia “puramente-humana”, mas também os obferos os mais
pel-
mitivos da certeza sensível, estãode antemão deverininados por relações
sociais e
ecomômicas gerais do mistdo nas Qquais se vive. Assim Marx sé poe
na situação de
tornar válidas contea F. 2s análises concretas do Hegel, que el mesmmo,
com relação
à sua pretensão filosáfica, sepulta o, por outro lado, compreender Hegel
partindo,
em princpio, do pones de vista antropoléglen de Feuerbach. Ele
defende Hegel
contra E. perque ele ontendes o significado decisivo do universal, mas atsca | Tegel,
Porque este mistificou filasoficamente os relacionamentna gerais da hissária,
134 Ver a respeiro Korsch, Marxieimo und Philosaphir, p. 102 et seq. Lewakers,
“Versuch
einer Incerpeetation des 1. Teiles der Dextschen Idealogis* [Ensaísde uma
interpre-
má
Velhos hegalianos, jovens hegalianos, novos hegelianos
tação da peimeirá parve da Ideologia alens], Ashiv fir Saziahai66 sag, Und Sestalpal,
caderno 1, pA3 er s
135 Engels, Vier Brisfe fher den historischoi Materialismas [QUatio cartas acerca do mate-
rialismo histórica], ia: Maex-Engeks, Ober istorischen Marerialiswus (Sobre 0 ma-
terlalisemo histórico]. editado por Duncker, 29 parte, p.1
38 ec seq
136 Vera respeita do auror “M. Weber und K. Mary™ [M. Weber
e K. Marxl, Archiv far
Soialwi ef seq. und Sezíathol., cadernos 1 é 2, especlalmente p.207 et seq.
7137 thid, 141, We51: cf. 80 & 110 et seq. contra o *enténdimento teologizante” de
Flutaroo em sua polêmica com Epécuro. Para à história do materialisme moderno,
ver 1, 302 e seq.
M7
Primeira Porta
18
Vathos hegelianos, jovens hegelianos, novos hagelionos
141 141,812,
142 XV, 535,
143 XV, 553,
ne
Primaira Peirte
A conclusão que tirou dessa distinção foi & seguinte: a de conceber con-
cretamente ambas s formas, em cada caso unilaterais, da liberdade teórica
e do ser” como à ideia fundamental
eprácica, a partir da *unidadedo pensar
da filósófia. Mas de fato, com essa intrusão especolativa, não se colocou,
todavia, acima da efetividade determinada, mas sim 20 lado da reoria alemã.
Com respeiro & relação da filosofia com a cletividade, Marx adotou
uma postura bifronte: contra á exigéncia pritica de uma negação simples
da filosofia ¢, 40 mesmo tempo, contra à mera critica teórica dos partidos
políticos. Alguns creem que a filosofia alemã não faz parte da efetividade e
gostariam de superara filosofia, sem realizá-la; outros acham que seria pos-
sivel realizar a filosofia sem superá-la. A critica verdadeira precisa efetuar
ambas. Ela é uma análise critica do Estado modérno €, ao mesmo ternpo,
uma diesolução da consciência política até então vigente, cuja expressão
última e mais universal é a Filosofia do direito, de Hegel.
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Velhos hagellanos, jovens hagelionos; navos hagelianos
[-.} nos últimos anos 2 Alemanha atravessou uma revolução sem paratelo.
O processo de decomposição do sisterma de Hegel, iniciado com StrauB,
desenvolveu-se até alcançar uma efervescência mundial, na qual todas as
"Fotências do passado” foram envolvidas: No caos universal formaram-ese
podercsos impérios, para logo perecerem novamente, momentaneamente
surgem herõis, para serem imediataimente lançados de volta às trevas por
rivais mais cusados e poderosos, Trara-se de uma revolução em visia da
qual a francesa foi uma brincadeirade crianças, uma luta universal perante
a qual os combares dos diddocos parecem mesquinharias. Os princípios
deslocados, os heróis do pensamento peecipitam-se uns contra 05 aurros
com rapider inaudita, e em trés anos, de 1842-1845, ¢ solo da Alemanha
foi mals revirado do que em três séculos."
HE VT
121
Frimeira Porte
147 i,
148 VB
122
Valhos hagelionos, jovens hagelianes, noves hagalionas
145 V.9
Frimeiro Perte
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F
Velhos hegalionos. jovens hegelianos, novos hegalionos
151 Ver a respeito Mautz, Die PhilosaphicM, Stimers im Gegensatz zum Hegelschen Mealis-
mus 1A filosofiade M. Stirner em oposição' o idealismo hegeliano]. Salta aos alhos
nesse escrito que a análise por Marx do hegelianismo de Sdrner seja cratada como
Inexisrente, ermbora ela sefso único irabalho que demonsirasse a tese do autor.
15% Ibid., V. 109et seq. e 118,
125
FPrimeiro Parlo
homem (Marx), mas somente ao ceu, conclui Stirner sua construção da his-
tória, condicionada pela consumação de Hegel,
Do ponto de vista da concepção materialista da história, Marx, em sua
critica & São Mux, rebaixou essa construção a uma histéria do espirico torna-
da “história de fantasmas”. Scirner confunde o “resultado loca! de Berlim",
de que o mundo inteiro “teve seu fim” na filosofia hegeliana, com o "pró-
prio” império universal de cada um.
Um tal pensador teria que terminar a filosofia, “ao proclamar sua pró-
pria fala de pensamento como o fim da filosofia e sua triunfante entrada
ha vida carnal", enquanto ele efetivameénte apenas realiza “um movimento
circular sobre um caleanhar especulative”.
Positivamente, Marx quer demanstrar que Stimer é o idedlogo mais
radical da sociedade burguesa decadente, concebida como uma sociedade
de “individuos isolados”, Não é de relações efetivas da existência que Stir-
ner se liberta, mas sim de retações de consciéncia, que ele mesmo não vê,
porgue estd preso
a20 egoismo privado da sociedade burguesa. Ele absolutiza
@ homem privado e a propriedade privada como “categorias™ do único e da
propriedade. Em oposição a essa tese da propriedade de cada “único”, Marx
exigiu uma expropriação a fim de dar so homem, considerado como “mem-
bro de uma espécie”, o mundo como algo digne de ser possuído por ele,
Stirner e Marx filosofam em oposição um ao outro e dentro do mesmo de-
serto da liberdade: o homem que, em Marx, se aliena de si mesmo tem que
transformar a wotalidade do mundo subsistente por meio de uma revolução,
para poder no set-outro estar junto de si mesmo; o eu tormado livre e solto
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