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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DAS ARTES

FACULDADE DE MÚSICA

GUILHERME DE SOUZA LIMA BELEZA

202110040008

DISCIPLINA: MÉTODOS E TÉCNICAS DO ENSINO DA MÚSICA

PROFESSOR DOUTOR: ALEXSANDER DUARTE

BÉLEM-PA

2022
Referencial Bibliográfico:
SCHAFER, Murray. O Compositor na Sala de Aula. In: O Ouvido Pensante. São Paulo:
Unesp, 1991. p. 155-180.

RESUMO
No capítulo “O compositor na sala de aula”, do livro O Ouvido Pensante, escrito por
Raymond Murray Schafer, o escritor relata experiências pessoais dentro de uma sala de
aula no qual foi convidado para ministrar no North York Summer Music School, onde
lidaria com uma turma de adolescentes. Schafer realiza uma abordagem afim de saber
qual o interesse musical dos alunos e lista no quadro os gêneros favoritos e não favoritos
dos estudantes. No entanto, o educador musical discorre que a música não é como religião
ou como o capitalismo e o comunismo no qual só se pode escolher um lado, ele repassa
para os adolescentes que eles podem ter mais de um gênero musical preferido, pois a
manifestação artística é um processo acumulativo, onde a cada novo gosto musical que
se adquire, não é preciso deixar de apreciar o antigo gosto musical.
O compositor faz indagações dentro da sala de aula, questionando aos seus alunos "O
que é música?". Os discentes dão definições para tal pergunta, e Schafer discute sobre
três das cinco respostas dadas pelos alunos, as três definições foram: "música é alguma
coisa de que você goste"; "música é som organizado com ritmo e melodia" e "música é
som agradável aos ouvidos". O escritor proporciona debates sobre esses conceitos, e
através de experimentos musicais, o professor explica que a música deve ser vista com
uma visão mais ampla, e a partir disso ele ressalta aos estudantes que eles poderiam ouvir
algum gênero musical que não gostassem, mesmo assim esse gênero não deixaria de ser
música. Schafer também esclarece que música é som organizado com ritmo e melodia
com a intenção de ser ouvida, pois uma lata de lixo ou um freio de um carro (exemplos
citados no livro), podem ser usados para fazer música dependendo da intenção e da
utilidade que algum compositor veja nesses itens para produzir algo, tudo depende da
organização desses sons durante a música. Na terceira e última resposta explicada pelo
pedagogo musical, ele propõe aos alunos que fizessem uma trilha musical para um filme
de terror, os alunos tinham que fazer um acorde que fosse aterrorizante para fazer sentido
com a cena do filme, eles chegam a conclusão que o melhor jeito para realizar isso, é cada
um tocando uma nota qualquer bem forte, obviamente o som produzido é dissonante aos
ouvidos, mas que faz sentido para a cena do filme, os alunos concluem de que produziram
algo nada agradável aos ouvidos, porém, continua sendo música.
Na continuação do capítulo, Schafer lembra aos adolescentes que ele é um compositor, e
partindo desse ponto, ele indaga o porquê um compositor escreve músicas, os jovens
músicos respondem que era pra expor sentimentos e pensamentos, então o compostior os
provoca a utilizar de improvisações, a princípio como imitações da natureza e os alunos
ainda tímidos começam a fazer seus pequenos experimentos, como a imitação de
pássaros, uma metralhadora e gargalhadas, através disso o compositor estimula a
capacidade criativa de seus alunos e os orienta a fazer algo mais orquestrado como uma
neblina sobre a cidade, aos poucos os alunos começam a se organizar e conseguem fazer
o que o professor havia pedido. De maneira análoga, Schafer esclarece que a textura
musical é de extrema importância para compor, ele retrata a música como uma parede
sólida, e as janelas dessa parede são por onde entram a luz que iluminam os que estão
dentro da construção, expondo a importância da textura musical numa composição,
detalhes como dinâmicas de forte, piano, pausas, regiões de grave, médio e agudo e o
quanto isso faz a diferença nas obras composicionais, pois são esses itens que serão
responsáveis por transmitir sentimentos e emoções aos que irão ouvir, ou seja, a própria
luz entrando pela janela.
Schafer, realiza abordagens a sua turma os incentivando a prática composicional através
da improvisação, ele propõe uma conversa entre os alunos, só que de uma maneira
diferente, cada músico deveria utilizar do seu próprio instrumento para conversarem entre
si, no início utilizando apenas de duas notas, o diálogo é formado a partir de duas notas
músicas, e realizando variações dessas notas, hora longa e curta, hora curta e longa, fraco,
forte, agudo e grave e etc. Ele consegue despertar nos alunos a criatividade e prática
musical em conjunto através do diálogo formado por perguntas e respostas no sentido
musical.
No último tópico do capítulo O compositor na sala de aula, Murray expõe a dificuldade a
dificuldades que estudantes encontram para improvisar, ele relata que é algo simples, no
entanto o sistema de ensino musical por sua vez não estimula a música criativa, e isso é
encobrido a medida em que professores vão desenvolvendo a didática estabelecida pelo
ensino tradicional. Schafer na tentativa de romper com essas vertentes, estimula sua turma
a produzir passo a passo uma música que dá título ao último tópico do capítulo: “A
máscara do demônio da maldade”. As crianças são envolvidas pelo processo de criação
da música, dando sugestões de como melhorar cada detalhe, e aos poucos o compositor
se retira da sala, e os alunos continuam a produzir, pois já estão completamente tomadas
pelo “espírito criativo no qual Schafer consegui despertar.
Em síntese, o capítulo "O Compositor na Sala de Aula" enfatiza a importância da
educação musical para desenvolver habilidades críticas de escuta e incentivar a
criatividade dos alunos principalmente no quesito da improvisação, e argumenta que a
música contemporânea pode ser uma ferramenta valiosa para alcançar esses objetivos.

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