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Ciência e Tecnologia dos Materiais

Estrutura atómica dos materiais

M I G U E L Q U E I RÓ S
( l q u e i ro s@ i pca. pt )
2022/23
Ciência e Tecnologia de Materiais
Estrutura atómica dos materiais
Conteúdo
 Organização dos átomos
 Estrutura cristalina
 Estruturas cristalinas metálicas
 Planos cristalográficos
 Índices de Miller
 Facto de empacotamento
 Determinação de estruturas cristalinas
 Polimorfismo ou alotropia

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Estrutura Atómica dos Materiais
Organização dos átomos

Estrutura cristalina Estrutura amorfa Estrutura molecular


Diamante Dióxido de silício (SiO2) Metileno(CH2)

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Estrutura Atómica dos Materiais
Organização dos átomos
 A organização dos átomos no material chama-se a sua estrutura atómica
 Influencia fortemente as propriedade dos materiais
 Consoante a organização dos átomos no material, podem ser:
o Estruturas cristalinas – posições bem definidas os átomos com uma distribuição ordenada
o Estruturas amorfas – átomos não posições definidas e a sua distribuição é aleatória
o Estruturas moleculares – átomos têm posições definidas mas a estrutura não é rígida

 A matéria sólida, geralmente, apresenta-se em estruturas cristalinas ou amorfas


 Alguns sólidos são híbridos, já que apresentam simultaneamente estruturas
amorfas e cristalinas (caso da maioria das rochas)

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estrutura cristalina

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estrutura cristalina
Estrutura cristalina: designação dada à forma organização atómica de alguns sólidos
 Átomos ou moléculas que o constituem estão ordenados espacialmente

Apenas os sólidos cristalinos exibem esta característica


 Resulta macroscopicamente de uma estrutura ordenada ao nível atómico,
replicada no espaço, ao longo de distâncias significativas face à dimensão
atómica ou molecular
 A existência da estrutura cristalina resulta dos sólidos cristalinos serem
“construídos” a partir da repetição no espaço de uma estrutura elementar
paralelepipédica denominada célula unitária

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estrutura cristalina
 Forma e tamanho da célula unitária de cada cristal
dependem de:
o dimensões
o valência química
o estado de ionização dos átomos ou moléculas
o condições em que o cristal se formou
 A mesma substância, sob condições de pressão e temperatura distintas, pode
formar cristais com células unitárias totalmente diversas.

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estrutura cristalina
As ligações podem ser de 2 tipos-:
 Direccionais - arranjo deve satisfazer os ângulos das ligações direccionais
o Covalentes
o Dipolo-dipolo
 Não direccionais - arranjo depende de geometria e garantia de neutralidade eléctrica
o Metálica
o Iónica
o Van der Waals

Covalentes Metálicos Iónicos


Ex.: diamante, gelo Ex.: Pb, Ni Ex.: NaCl
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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas
 A partir das células unitárias é possível escrever qualquer
cristal com base em diagramas designados por redes de
Bravais, tendo em conta, para cada elemento do cristal:
o os eixos de simetria
o e a posição do centro geométrico

Auguste Bravais
(1811-1863)

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas metálicas
No caso dos metais, o motivo da estrutura cristalina é um átomo metálico (mais
precisamente um ião)

Sólidos Cristalinos de 1 único elemento:


 52% - estrutura cúbica
 28% - estrutura hexagonal
 20% - outros 5 tipos estruturais

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas metálicas
Dada a natureza não direccional da ligação metálica, não há restrições ao número e
localização dos primeiros vizinhos de cada átomo

Este facto explica o elevado número de coordenação (número de primeiros vizinhos


de cada átomo) e o empilhamento compacto das estruturas metálica

Dimensões das células cristalinas metálicas são pequenas:


 Aresta de uma célula unitária de Fe à temperatura ambiente é igual a 0,287 nm

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas metálicas
Estrutura cristalina e raio atómico de alguns metais

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas metálicas

Maioria dos elementos metálicos (90%) cristaliza-se com estruturas densas:


 Cúbica de Corpo Centrado (CCC)
 Cúbica de Face Centrada (CFC)
 Hexagonal Compacta (HC)

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Estrutura Atómica dos Materiais
Estruturas cristalinas metálicas

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Estrutura Atómica dos Materiais
Planos cristalográficos
Planos principais de uma
célula unitária cúbica

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Estrutura Atómica dos Materiais
Índices de Miller (hkl)
 Representação vectorial simbólica da orientação
dos planos atómicos no retículo cristalino
 São o inverso das intercepções fraccionais que o
plano faz os eixos cristalográficos

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Estrutura Atómica dos Materiais
Índices de Miller
 Exemplo 1

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Estrutura Atómica dos Materiais
Índices de Miller
 Exemplo 2

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Estrutura Atómica dos Materiais
Índices de Miller
 Exemplo 3

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Estrutura Atómica dos Materiais
Factor de Empacotamento
O factor de empacotamento (F.E.) é o nível de ocupação por átomos de uma
estrutura cristalina

· Em que:
. . = número de átomos que ocupam efectivamente a célula
= volume do átomo (4/3.π.r³)
r = raio do átomo
= volume da célula unitária

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Estrutura Atómica dos Materiais
Factor de Empacotamento
Exemplo 1

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Estrutura Atómica dos Materiais
Factor de Empacotamento
Exemplo 2
 Número de átomos dentro da célula unitária:
o 1/8 de átomo em cada vértice
o 1/2 nas faces
o 1/8 x 8 + 1/2 x 6= 1 + 3 = 4 átomos.

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Estrutura Atómica dos Materiais
Factor de Empacotamento
Exemplo 3
 Número de átomos dentro da célula unitária:
o 1/6 de átomo em cada vértice
o 1/2 nas faces
o 1/6 x 12 + 1/2 x 2= 2 + 1 = 3 átomos

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Estrutura Atómica dos Materiais
Factor de Empacotamento
Factor de empacotamento das estruturas cúbicas e hexagonais

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Difracção de Electrões/ Difracção de Neutrões
 Movimento de um feixe de electrões/neutrões que encontra pelo seu
caminho obstáculos cujas dimensões lineares são da mesma ordem de
grandeza que o comprimento de onda.
Difracção por Raio X
 Radiação electromagnética de baixo comprimento de onda -0,5 a 2,5 Å) (6000
Å é comprimento de onda da luz visível).

Os raios X foram descobertos por volta de 1895 pelo físico


Wilhelm Conrad Rotgen.

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Propriedades dos raios-X
 Propagam-se em linhas rectas
 Eram absorvidos exponencialmente pela matéria
 Não eram modificados sobre campos eléctricos e magnéticos
 Produziam Fluorescência e fosforescência em determinadas substâncias
 Tinham acção sobre as emulsões fotográficas
 Possuíam uma velocidade de propagação característica

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Propriedades dos raios-X
 Interferência Construtiva

 Interferência destrutiva

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Difracção por Raio-X
 Quando a radiação-X interactua com uma partícula, ela é difundida em todas
as direcções
 Se a radiação interactua com um
cristal, os raios difundidos podem
adicionar-se em determinadas
condições e reforçar a radiação
emitida

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Difracção por Raio-X
As técnicas de difracção de raios-X exploram a difusão da radiação pelos cristais.
A difracção pode ser implementada por várias técnicas:
 Método de Laue: utilizado para a análise de monocristais, onde a sua
radiação é branca e o seu ângulo de incidência é fixo.
 Método de Pó: utilizado nos policristais a radiação incidente é
monocromática, ou seja, apresenta só um único comprimento de onda, e o
ângulo de incidência varia durante a sua analise.

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Difracção por Raio-X
Da difracção de raios-x resultam diagramas de difracção de onde se retiram
informações relevantes:
 distância média entre planos atómicos
 orientação de um grão
 estrutura cristalina de um material
 tensões internas de uma região cristalina

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Reflexões ausentes
 Nas estruturas ccc e cfc algumas reflexões estão ausentes, em virtude da
disposição intercalada dos planos cristalinos
 Por exemplo, um cristal ccc não apresenta a reflexão
(100), porque o plano (100) que passa pelo centro
da célula origina uma reflexão em oposição de fase
com a que tem origem nas faces (100) da célula

Estas ausências de reflexão são características de cada estrutura

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Estrutura Atómica dos Materiais
Determinação de estruturas cristalinas
Regras para determinação dos planos
difractores em cristais cúbicos

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Estrutura Atómica dos Materiais
Polimorfismo ou alotropia
Quando uma substância apresenta variação nos arranjos cristalinos em
diferentes condições
40% dos elementos conhecidos
apresentam variações alotrópicas

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Estrutura Atómica dos Materiais
Polimorfismo ou alotropia
Materiais polimórficos: Carbono (C)

 Diamante

 Grafite

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Estrutura Atómica dos Materiais
Polimorfismo ou alotropia
Materiais polimórficos: Ferro (Fe)
 Ferrite: ferro alfa (Fe-α); ferro delta (Fe-δ)
o Estrutura Cúbica Corpo Centrado (CCC)

 Austenite: ferro gama (Fe-γ)


o Estrutura Cúbica Faces Centradas (CFC)

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Estrutura Atómica dos Materiais
Polimorfismo ou alotropia
Transformações polimórficas
do Ferro

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Estrutura Atómica dos Materiais
Polimorfismo ou alotropia
Fe-C: Diagrama TTT

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