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Classificação das normas

jurídicas

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Normas Imperativas

Normas imperativas - a sua aplicação não depende da vontade das pessoas,


estas normas impõem um comportamento, quer as pessoas queiram quer
não, que pode ser positivo (facere) ou negativo (non facere), isto é, são
normas preceptivas ou normas proibitivas.
. Preceptivas: impõem-nos uma conduta. Quando a conduta imposta é
uma ação (facere), a norma é preceptiva (artº 1323º, 1944º, 671º, al.s a) c)
CC). Ex: nº 1 do artº 1323º CC: aquele que encontrar animal ou outra coisa
móvel perdida e souber a quem pertence deve restituir o animal ou coisa ao
seu dono.
. Proibitivas: proíbem uma conduta. Quando a conduta imposta é uma
omissão ou abstenção (non facere), a norma é proibitiva (artº 989º, 1458º,
671º b) CC). Ex: nº 1 do artº 8º CC, “o tribunal não pode abster-se de julgar”,
isto é, está proibido de não julgar.
Ex: Nº 1 do artº 136º: aquele que levantar edifício no seu terreno não pode
abrir janelas sobre o prédio vizinho sem deixar um intervalo de 1,5 metros
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• Normas gerais, especiais e excecionais

• A norma jurídica, isoladamente considerada não é geral, especial ou


excepcional. Essa qualificação apenas resulta da relação da norma
com as demais normas.

• Norma geral - fixam o regime-regra aplicável à generalidade de


situações jurídicas de determinado tipo. A regra é as normas serem
gerais.

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• Lei/norma especial - Uma norma é especial em relação a outra
quando a adapta a circunstâncias particulares (sem alterar
substancialmente o principio contido na norma geral).

• A especialidade pode ser característica de todo um ramo de direito


(ex dto comercial face ao dto civil) de institutos jurídicos (ex
processos de prestação de contas/proc comum) ou de disposições
(normas) particulares.

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• A norma especial derroga a norma geral mas a geral não derroga a
norma especial (artº 7º nº 3).

• Daí poder concluir-se que lei especial é a lei cuja previsão se insere na
de uma lei geral como sendo 1 caso particular e estabelecendo para
este 1 regime adaptado.

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• Normas excepcionais – o regime destas normas é distinto ou oposto
ao da norma geral.
Estabelecem ambas regimes distintos.
A qualificação da norma como excepcional tem grande
relevância para os efeitos do artº 11º do CC porquanto aí se estabelece
que a norma excepcional comporta aplicação extensiva mas não
analógica.

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• Como distinguir a norma especial da excecional?

• A norma especial adapta a regra geral mas sem contrariar a essência


daquela, sem a desvirtuar

• Já a regra excecional opõe-se à regra geral, contraria-a, é o seu


oposto. Daí não comportar aplicação analógica

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Normas interpretativas
• São as normas que esclarecem o sentido de um texto com valor jurídico.
• Assim, temos normas interpretativas da lei e normas interpretativas do negócio jurídico.
Não se confundem com as normas indiretas. Estas são as que se destinam à
resolução de problemas jurídicos, destinam-se àqueles que aplicam o direito. Ex: artº 9º,
nº 3 CC: na fixação do sentido da lei, o intérprete presumirá que o legislador consagrou as
soluções mais acertadas….
Já as normas interpretativas fixam o sentido de outras normas.
Ex das normas interpretativas da lei:
-normas que contém definições legais (artºs 1º, nº 2, 349º, 363º, 857º, 874º, 1022º
CC)
-normas que contém enunciações legais de categorias compreendidas num
conceito (artº 1º, 1363º, nº1, 1023º CC).
Ex de normas interpretativas de contratos – são normalmente normas supletivas.
Mas podem ser do tipo: se usar esta palavra, terá este sentido. Ex, normas interpretativas
de testamentos, artº 2262º, 2263º etc.

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• Normas remissivas
• Na origem deste tipo de normas encontramos a distinção entre normas
diretas e indiretas.
• Normas diretas são aquelas cujos destinatários são intervenientes na vida
social. São normas que se pretendem aplicar à resolução de problemas da
vida (ex. se receber dinheiro emprestado, paga).
• As normas indiretas - são as que se destinam à resolução de problemas
jurídicos, destinam-se àqueles que aplicam o direito. Ex: artº 9º, nº 3 CC:
na fixação do sentido da lei, o intérprete presumirá que o legislador
consagrou as soluções mais acertadas….
• Não se confundem com as normas interpretativas. Estas fixam o sentido de
outras normas.

• As normas indiretas dividem-se em: a) normas remissivas, b) normas de


aplicação das leis no tempo e c) normas de direito internacional privado.

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• Normas remissivas: a lei dispõe que se aplicam a certos casos as normas
previstas para outros casos. Ex. artº 939º CC as normas da compra e venda
são aplicáveis aos outros contratos onerosos pelos quais se alienam bens …
Trata-se de uma norma remissiva porque nada se estatui sobre a troca
mas orienta o jurista: manda aplicar na solução de problemas jurídicos sobre
a troca as normas jurídicas do contrato de compra e venda.
Outros exemplos: artº 1186º, 1206º, 1588º CC.
A remissão feita pela lei (de umas normas para outras) em regra é
formal, isto é, remete para outras normas apenas porque regulam
determinada matéria.

• Normas de aplicação das leis no tempo (ex artºs 12º e 13º) e normas de
direito internacional privado (ou aplicação da lei no espaço, expressão
sinónima) são normas indiretas. As primeiras regulam a vigência das
normas. As segundas regulam as relações privadas entre vários
ordenamentos jurídicos.

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• Norma permissiva

• Estatui uma possibilidade jurídica de ação ou resultado, uma


faculdade.
• Ex. nº 1 do artº 44º CRP: a todos os cidadãos é garantido o direito de
se deslocarem e fixarem livremente em qualquer parte do território
nacional.
• Nº 1 artº 405º CC (liberdade contratual): as partes têm a faculdade de
fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar contratos
diferentes ou fixar neles as cláusulas que lhes aprouver.

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• Norma supletiva

• A norma é supletiva quando só se aplica se as partes não afastarem a sua


aplicação.
• As normas supletivas regulam os negócios jurídicos mas têm a particularidade de
a sua aplicação poder ser afastada por vontade das partes.
• Mas, se a norma não for afastada pelas partes, a norma vigora de forma
imperativa.
• Esse afastamento pelas partes radica na autonomia da vontade (ou autonomia
privada). O princípio da autonomia da vontade ou autonomia privada permite às
pessoas (singulares ou coletivas) auto-regularem os seus interesses do modo que
considerarem mais conveniente ou adequado. O limite são as normas imperativas
que não podem ser ultrapassadas. De resto, funciona o princípio da autonomia
na conformação dos negócios. O nº 1 do artº 405º, ao prever a liberdade
contratual é disso manifestação.

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• Normas supletivas
• Ex: artº 878º CC: na falta de convenção em contrário, as despesas do
contrato ficam a cargo do comprador.

• Expressões típicas:
-na falta de convenção em contrário;
-exceto se o próprio contrato o dispensar;
-na falta de indicação em contrário;

• Mas, a norma pode ser supletiva mesmo sem estas expressões.

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MUITO OBRIGADA

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