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OS LUSÍADAS

Portugal tem uma história muito rica, que começa em 1139, há exatamente
882 anos, quando o condado Portucalense, situado entre os rios Minho e Douro, foi
atribuído a D. Afonso Henriques.
A riqueza da história de Portugal deve-se sobretudo à coragem dos heróis
portugueses, que tiveram sempre presente a audácia das conquistas, que permitiram
a grande expansão do império português, mas também aos escritores, historiadores
e poetas que registaram todos esses feitos em prosa ou em poesia. Sem desvalorizar
todos os outros (como os trovadores ou Fernão Lopes e as suas crónicas), Luís Vaz
de Camões é o poeta oficial da pátria. É através d´Os Lusíadas que ficamos a
conhecer com mais pormenor a riqueza da nossa história, a bravura e coragem dos
nossos heróis conquistadores, o amor à pátria das gentes de então, entre outros
feitos alcançados pelos nossos valorosos militares.
Luís de Camões imprime com veemência um caráter de identidade patriótica
em toda a obra, porque só com muito amor à pátria se conseguem todas aquelas
conquistas. Publicada em 1572, esta epopeia conta a viagem de Vasco da Gama à
Índia, caminho marítimo até então desconhecido e aproveita para, em conjunto,
exultar a história do valente povo português desde a sua fundação. Camões canta a
história de Portugal em 1102 oitavas de versos decassilábicos, demonstrando, assim,
também um feito de grande coragem.
A sua erudição permitiu-lhe um conhecimento muito vasto ao nível da
geografia, filosofia, história, literatura entre outros, como demonstra ao mencionar
outras obras de grandes autores e outros feitos históricos do resto do mundo.
Permitiu, também, usar a língua portuguesa da forma mais correta, mostrando às
cortes da época um modo de escrever mais adequado à língua de um país de heróis.
Além da cultura, Camões também possui uma grande experiência como
militar, o que faz dele um herói com a pena numa mão e a lança na outra, como
escreve no seu canto VII quando refere os autores guerreiros.
Porém, o poeta não só canta o heroísmo português, como celebra o amor,
mencionando as Ninfas do Tejo, a Ilha do Amor ou o episódio de Inês de Castro.
Também valoriza cada uma das suas experiências amorosas, defendendo a
diversidade das mulheres. Para ele, cada mulher era única, fosse qual fosse a sua
cor, credo ou cultura.
Numa época em que o sentimento de heroísmo e conquista tinha já há muito
esmorecido, Camões acaba por levantar a moral às cortes ao apresentar a epopeia,
levando o precoce D. Sebastião a elogiá-lo e a fazer-se acompanhar com os Lusíadas
na sua demanda pelo norte de África.
Após a publicação, Camões torna-se quase indigente. Apesar de lhe ser
atribuída uma renda anual, esta é insuficiente, obrigando-o a escrever versos por
encomenda para outras pessoas em troca de géneros ou algum dinheiro.
“Sem um Homero e sem um Virgílio não haveria nem Aquiles, nem Eneias.
Quem faz os heróis é quem escreve sobre eles”, ouve-se num documentário e traduz,
de facto, o que o poeta fez com Os Lusíadas.
“Morro com a Pátria”, escreve Camões pouco antes da sua morte a 10 de
junho de 1580.

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