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Coroas de Glória, Lágrimas de Sangue

A Rebelião dos escravos de Demerara em 1823 - Emília Viotti da Costa

A. INTRODUÇÃO:
- “As narrativas produzidas por fazendeiros, missionários e autoridades reais
expressavam suas posições: sua classe, sua religião, sua etnia, seu status, seu gênero e
o papel que cada um desempenhava na sociedade. Essas categorias, entretanto, são
construídas historicamente, não são essências imutáveis e primordiais das quais se
possam deduzir as ideias e o comportamento das pessoas. Elas significam coisas
diferentes em épocas e lugares diferentes.” p.15
- “Identidades, linguagens e significados são produtos da interação social que ocorre
num sistema específico de poder e relações sociais, com protocolos, sanções e rituais
próprios.” p.16 → “Condições materiais e os sistemas simbólicos estão intimamente
relacionados”
- “Tal variedade e abundância de fontes me permitiu adotar uma estratégia narrativa de
certo modo reminiscente do ‘romance polifônico’ e contar a história da rebelião de
múltiplos pontos de vistas - sem, no entanto, abrir mão dos privilégios e
responsabilidades do narrador” p.19

B. CAPÍTULO 5: VOZES NO AR
- “Apesar do volume e da amplitude dos registros dos depoimentos e das discussões
sobre o que ocorrera em Demerara, ninguém conseguiu determinar com exatidão o
momento em que a ideia de sublevação se formou mas cabeças dos escravos, nem
dizer exatamente qual teria sido o verdadeiro objetivo da revolta” p.207
- …”a redução do número de escravos, a queda nos preços das mercadorias e a
transição para açúcar ocorrida em algumas fazendas da Costa-Leste fizeram com que
os senhores aumentassem a exploração da mão de obra e transgredissem os direitos
costumeiros dos escravos exatamente no momento em que a retórica dos
abolicionistas britânicos e a pregação dos missionários evangélicos intensificavam
tanto as noções de direito quanto os anseios de liberdade. A partir daí, a sublevação
dos escravos seria apenas uma questão de tempo e oportunidade.” p.209
- Promulgação de “um extrato de um despacho contendo as instruções do governo de
Sua Majestade relativas ao culto religioso dos negros nas propriedades”. Tal
documento passou por revisões constantes mas enfatizava a importância das
instruções religiosas aos escravizados, ao mesmo tempo que definia regras que dava
aos fazendeiros e administradores o poder de controlar como as instituições deveriam
lidar com isso. → “A intervenção de Smith expondo a arbitrariedade e a injustiça do
administrador só poderia intensificar o descontentamento e agravar a hostilidade dos
administradores contra o missionário”. p.212
- “Demerara torna mais plausível a hipótese de que, à parte todas as outras formas de
lealdade nascidas de uma nascidas de uma experiência partilhada de opressão no
Novo Mundo, a fidelidade tradicional às etnias deve ter desempenhado um papel
significativo.” p.230
- Símbolo de união: a experiência forçada de ser escravizado.

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