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Em 1960,foi publicado no Brasil “Quarto de despejo: diário de uma

favelada” da escritora Carolina Maria de Jesus . A autora denuncia as variadas


formas de opressão que sofreu em decorrência da marginalização e miséria da
vida na favela. Para além da fome e violência, a obra traz a tona uma
problemática recorrente e silenciosa que afeta milhares de pessoas de
comunidades desprivilegiadas: a pobreza menstrual. Com efeito, é fundamental
o debate a respeito do combate ao problema, causado pela falta de políticas
públicas e estigmas relacionados a menstruação.

Nesse sentido, é fato que o escasso interesse público em assegurar o


enfrentamento da pobreza menstrual, sejam, efetivadas na prática frustram a
garantia do direito das mulheres a terem acesso a higiene pessoal. Isso
acontece, porque, como já estudado pelo filósofo Alvin Toffler, há no mundo
contemporâneo um “vazio político”, isto é, a inabilidade do estado leva a
manutenção de estruturas perversas de dominação e mantém a camada mais
vulnerável da sociedade explorada e negligenciada. A luz disso, percebe-se o
quanto a privação do acesso a dignidade é proposital e configura-se como
estratégia política para permanecer no poder e fortalecer situações de
desigualdade e injustiça social. Dessa forma, tem-se um país que além de não
ter acesso ao direito, não tem conhecimento sobre cuidados com saúde
menstrual.

Outrossim, estigmas e preconceitos a respeito da menstruação


representam uma enorme barreira para a superação da pobreza menstrual. A
exemplo disso, a ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federa (STF)
discorre que: o tabu que existe em relação a menstruação impede um
entendimento mais amplo do problema, que não está relacionado somente a
falta de absorventes, mas também, à falta de apoio às mulheres e estrutura.
Assim, o anacronismo da forma com que a mazela é tratada levam a uma
privação do acesso a saúde genicológica e conhecimento sobre o próprio
corpo, o que resulta em danos ainda maiores como evasão escolar e privação
de atividades limitadas pelo problema. Logo, é evidente a importância de
superar o senso-comum e mostrar os impactos e reflexos desse direito humano
não somente as pessoas que menstruam, mas para toda sociedade .

Infere-se, portanto a necessidade do combate a pobreza menstrual. Para


isso, é fundamental que o governo crie ações sinérgicas junto ao ministério
das mulheres e o ao ministério das mulheres e ao ministério dos direitos
humanos , com o fito de promover a dignidade e acesso ao direito. Por meio da
implementação de um programa nacional de distribuição de absorventes
gratuitos, acesso a consultas psicológicas e genicológicas periódicas, para que
assim se alcance toda população que menstrua. Enfim, nos distanciando do
cenário de Quarto de despejo e permitindo que o direito a saúde menstrual
plena se democratize.

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