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A importância do gesto expressivo no Diretor Coral:

UMinho | 2020 Maria João Cameira Sousa Domingues


Aplicação em contexto coral no Ensino Artístico Especializado da Música

junho 2020
da Música
no Diretor Coral:

Ensino Artístico Especializado


Aplicação em contexto coral no
Maria João Cameira Sousa Domingues

A importância do gesto expressivo


Maria João Cameira Sousa Domingues

A importância do gesto expressivo


no Diretor Coral:
Aplicação em contexto coral no
Ensino Artístico Especializado
da Música

Relatório de estágio
Mestrado em Ensino de Música

Trabalho realizado sob a orientação da


Professora Doutora Janete da Conceição
Soares da Costa Ruiz

junho 2020
DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

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CC BY-NC-ND
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ii
Agradecimentos

O tempo que passa não passa depressa.


O tempo que passa depressa é o tempo que passou.

(Vergílio Ferreira)

O percurso deste caminho foi possível porque nos momentos mais difíceis sempre houve
alguém que: com um sorriso, um abraço, um livro, um café, no fundo com a oferta do seu tempo teve
uma atitude positiva e de muita força amiga.
Quero agradecer à minha orientadora Professora Doutora Janete Ruiz pela sua presença
sempre amiga, atenta e muito empenhada, não permitindo que existissem desvios da minha parte em
relação a objetivos pretendidos: muito obrigada Professora Janete. Muito obrigada pelos cafés, pelas
conversas, pelo tempo de saber mais.
Neste sentido, refiro também os Maestros Artur Pinho Maria e Vítor Lima que, além de terem
sido meus professores foram sempre de uma abertura notável dando mesmo um apoio muito importante
na realização do projeto. Agradeço também ao Maestro Johann Ahl de Oliveira pela sua disponibilidade.
O meu muito obrigada aos docentes da Academia ArtEduca pelo apoio que deram na
realização do estágio, como de igual modo aos funcionários, encarregados de educação e uma
palavra muito especial de agradecimento aos alunos que foram excecionais na maneira como
acolheram e participaram no projeto.
Por último, agradeço a todos os amigos que comigo partilharam este processo, bem como uma
palavra especial para a minha família, muito obrigada pela vossa compreensão, pelo vosso apoio e
paciência.

iii
Declaração de integridade

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não
recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou
resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.
Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

iv
Título | A importância do gesto expressivo no Diretor Coral
Subtítulo | Aplicação em contexto coral no Ensino Artístico Especializado da Música

Resumo
O presente relatório de estágio insere-se no âmbito da prática profissional do Mestrado em
Ensino de Música da Universidade do Minho, tendo como temática A importância do gesto expressivo no
Diretor Coral e como subtítulo Aplicação em contexto coral no Ensino Artístico Especializado da Música.
O Projeto de Intervenção Pedagógica foi implementado no Conservatório de Música de Famalicão,
ArtEduca incidindo numa turma de classes de conjunto, composta por 36 alunos do 6ºano de Ensino
Básico, 2ºGrau do Ensino Artístico Especializado e com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos. O
projeto centrou-se no estudo de duas ações básicas do movimento desenvolvidas por Rudolf Laban –
flutuar e socar – e sua apropriação em contexto coral. A escolha efetuada teve por base o antagonismo
que lhes é inerente, visando observar a sua aplicação em contexto prático de sala de aula.
O projeto evidencia como principais objetivos: desenvolver exercícios, jogos e estratégias
pedagógicas a ser implementadas na aula de coro, de forma a consciencializar o movimento corporal
associado às ações básicas do movimento flutuar e socar ; compreender a relação entre o processo
criativo e os movimentos corporais do aluno associando-os aos mesmos gestos a aplicar pelo diretor
coral; aplicar a apropriação do método de Laban através dos gestos flutuar e socar na prática coral;
analisar as funções dos gestos expressivos flutuar e socar no coro; compreender as eventuais vantagens
e desvantagens do uso do gesto expressivo pelo diretor coral e promover a participação do aluno num
processo de aprendizagem ativo, explorando a relação entre voz> gesto> movimento> som. Neste
sentido, procedeu-se à recolha de dados através da gravação vídeo relativa ao uso do gesto tradicional e
gesto expressivo para analisar o seu respetivo efeito na sonoridade coral, contando com o parecer de
docentes da área para a validação de dados. Foi também criado um diário de bordo do aluno durante
todo o processo, bem como a realização de um questionário aos alunos.
Conclui-se que a implementação dos exercícios, jogos e estratégias pedagógicas foi essencial
ao processo de ensino-aprendizagem, conduzindo a uma compreensão unânime das ações básicas do
movimento flutuar e socar, bem como uma maior perceção do gesto relativo às duas ações utilizadas
pelo diretor coral. Neste seguimento, denotou-se também que o gesto expressivo comunicou intenção
musical ao grupo, proporcionando melhorias na sonoridade coral.
Palavras Chave | Aprendizagem ativa; contexto coral; diretor coral; duas ações básicas do
movimento flutuar e socar - Laban; gesto expressivo.

v
Title | The importance of expressive gesture in the Choral Conductor
Subtitle | Application in choral context in Specialized Artistic Music Education

Abstract
This internship report is part of the professional practice in the Master of Music Teaching at the
University of Minho. Its theme The importance of expressive gesture in the Choral Conductor, has as
subtitle Application in choral context in Specialized Artistic Music Education. The Pedagogical Intervention
Project was implemented at the Famalicão Music Conservatory, ArtEduca, focusing on a choir class,
composed of 36 students from the 6th grades (2nd grade of Artistic Specialized Studies) and aged between
11 and 12 years. The project was focused on the study of two basic actions of movement developed by
Rudolf Laban - float and punch - and their appropriation in choral context. The choice made was based
on their inherent antagonism, aiming to observe its application in a practical classroom context.
The project highlights as its main objectives: to develop exercises, games and pedagogical
strategies to be developed in the choir class, in order to raise awareness of body movement associated
with the basic actions of float and punch ; understand the relationship between the creative process and
the student's body movements by associating them with the same gestures to be applied by the choral
conductor; apply appropriation of Laban's method through float and punch gestures to choir practice;
analyze the expressive gestures functions float and punch in the choir; understand the possible
advantages and disadvantages of the use of expressive gesture by the choral conductor and promote
student participation in an active learning process, exploring the relationship between voice> gesture>
movement> sound. In this sense, it was established the data collection through video recording of the
classes related to the use of the traditional gesture and expressive gesture to analyze it’s effect on choral
sound, adding with the opinion of teachers of the subjects for data validation. There was also the creation
of a student’s diary during the whole process, as well as an inquiry for students.
As conclusion, the implementation of exercises, games and pedagogical strategies were essential to the
teaching-learning process, leading to a unanimous understanding of the basic actions of float and punch
movement, as well as a greater perception of the gesture related to the two actions used by the choral
conductor. In this segment, it was also noted that the expressive gesture communicated musical intention
to the group, providing improvements in the choral sound.
Keywords | Active learning; choral context; Choral Conductor; two basic actions of movement
float and punch - Laban; expressive gesture.

vi
Índice

Agradecimentos.................................................................................................................................. iii

Declaração de integridade .................................................................................................................. iv

Resumo............................................................................................................................................... v

Abstract.............................................................................................................................................. vi

Introdução .......................................................................................................................................... 1

1. Temática, motivações e enquadramento teórico .......................................................................... 4

1.1 Temática e motivações ........................................................................................................ 4

1.2 Enquadramento teórico ....................................................................................................... 5

1.2.1 Interação do ser humano: comunicação........................................................................... 5

1.3 Abordagem ao desenvolvimento musical em determinadas épocas ...................................... 6

1.3.1 Antiguidade Grega ........................................................................................................... 6

1.3.2 Idade Média .................................................................................................................... 7

1.3.3 Renascimento ................................................................................................................. 9

1.3.4 Barroco ......................................................................................................................... 10

1.3.5 Século XVIII e XIX .......................................................................................................... 11

1.3.6 A partir do Século XX ..................................................................................................... 12

2. Rudolf Laban ............................................................................................................................ 14

2.1 Síntese Biográfica.............................................................................................................. 14

2.2 A importância do movimento para Laban ........................................................................... 15

2.3 Método Coreológico de Rudolf Laban ................................................................................. 16

2.4 Eukinética ......................................................................................................................... 17

2.4.1 Fatores de movimento ................................................................................................... 18

2.5 Contributos do sistema Laban para a direção coral ............................................................ 19

3. Vivência musical nas práticas pedagógicas ................................................................................ 23

4. Contexto de intervenção ............................................................................................................ 25

vii
4.1 Caracterização da Escola................................................................................................... 25

4.2 Especificação da turma intervencionada ............................................................................ 26

4.3 Observação de aulas ......................................................................................................... 27

4.4 Caracterização da sala ...................................................................................................... 28

4.4.1 Planta da sala de aula ................................................................................................... 29

5. Investigação – Ação .................................................................................................................. 30

6. Plano de intervenção pedagógica .............................................................................................. 34

6.1 Questão de pesquisa e objetivos ........................................................................................ 34

6.2 Contextualização e fases de intervenção ............................................................................ 35

6.3 Caracterização dos exercícios, jogos e estratégias pedagógicas .......................................... 37

6.3.1 Descrição da leitura/interpretação de peças corais ........................................................ 39

6.3.2 Descrição dos exercícios, jogos, estratégias pedagógicas................................................ 43

6.3.3 Descrição da gravação vídeo do gesto tradicional e gesto expressivo .............................. 62

6.4 Avaliação geral das aulas intervencionadas ........................................................................ 64

6.4.1 Recolha de dados .......................................................................................................... 65

7. Validação de dados relativo à gravação vídeo............................................................................. 65

7.1 Aspetos musicais analisados ............................................................................................. 66

7.1.1 Postura ............................................................................................................................. 66

7.1.2 Qualidade (som) ................................................................................................................ 66

7.1.3 Timbre .............................................................................................................................. 67

7.1.4 Articulação ........................................................................................................................ 67

7.1.5 Afinação ............................................................................................................................ 68

7.1.6 Fraseado ........................................................................................................................... 68

7.1.7 Interpretação..................................................................................................................... 69

7.1.8 Equilíbrio/homogeneidade................................................................................................. 69

7.1.9 Compreensão da linguagem não verbal do diretor coral ..................................................... 70

viii
7.2 Considerações finais da gravação vídeo ............................................................................. 70

8. Análise de dados e resultados do questionário........................................................................... 72

8.1 Dados dos questionários ................................................................................................... 73

8.2 Análise percentual ............................................................................................................. 86

8.3 Particularidades de algumas respostas dos alunos ............................................................. 87

8.4 Considerações sobre os resultados aos questionários ........................................................ 90

9. Conclusões e considerações finais ............................................................................................ 91

10. Referências............................................................................................................................... 94

Anexo I - Repertório selecionado.........................................................................................................97

Anexo II - Planificações do projeto de intervenção pedagógica.............................................................100

Anexo III - Tabela de avaliação da sonoridade....................................................................................127

Anexo IV - Tabela com a validação de dados à gravação vídeo.............................................................128

Anexo V - Questionário ao aluno........................................................................................................131

Anexo VI - Exemplar de questionário ao aluno....................................................................................136

Anexo VII - Tabela com as 36 respostas dos alunos ao questionário....................................................150

Anexo VIII - Autorização/circular para a participação no projeto de intervenção pedagógica.................156

Anexo IX - Declaração de Autorização de Identificação........................................................................160

ix
Lista de Figuras

Figura 1: Plano isométrico da sala ................................................................................................... 29

Figura 2: Plano frontal da sala ......................................................................................................... 29

Figura 3: Modelo de Investigação-Ação de Lewin (1946).................................................................... 31

Figura 4: Momentos da Investigação-Ação (Kemmis, 1989), (Coutinho et al., 2009, p.369)................ 32

Figura 5: Técnicas e instrumentos de Investigação, (Coutinho et al., 2009, p.373) ........................... 33

Figura 6: Leitura/interpretação do repertório selecionado .................................................................. 42

Figura 7: Aprendizagem da peça Karabu – Contagem através dos dedos das mãos ........................... 42

Figura 8: Visualização relativa à ação flutuar ..................................................................................... 44

Figura 9: Visualização relativa à ação socar....................................................................................... 44

Figura 10: Imagens em suporte da atividade de observação nº2 ....................................................... 46

Figura 11: Imagens em suporte da atividade de observação nº2 ....................................................... 46

Figura 12: Colagem alusiva à ação flutuar ......................................................................................... 47

Figura 13: Colagem alusiva à ação socar .......................................................................................... 48

Figura 14: Demonstração do gesto flutuar/socar do diretor coral ...................................................... 50

Figura 15: Descoberta/reflexão das duas ações ................................................................................ 52

Figura 16: Ilustração relativa às duas ações ..................................................................................... 53

Figura 17: Ilustração relativa às duas ações ...................................................................................... 53

Figura 18: Texto relativo às duas ações ............................................................................................. 54

Figura 19: Frase relativa às duas ações ........................................................................................... 54

Figura 20: Texto relativo às duas ações ............................................................................................. 54

Figura 21: Figura geométrica relativa à ação flutuar .......................................................................... 55

x
Figura 22: Figura geométrica relativa à ação socar ............................................................................ 55

Figura 23: Memória descritiva........................................................................................................... 57

Figura 24: Memória descritiva........................................................................................................... 57

Figura 25: Memória descritiva........................................................................................................... 57

Figura 26: Movimento corporal socar e flutuar .................................................................................. 59

Figura 27: Movimento corporal socar e flutuar .................................................................................. 59

Figura 28: Direção dos alunos sob as duas ações ............................................................................. 61

Lista de Tabelas

Tabela 1: Elementos de Esforço ....................................................................................................... 18

Tabela 2: Esforço-Fases de participação interna ............................................................................... 19

Tabela 3: Movimentos Derivados ..................................................................................................... 20

Tabela 4: As oito ações básicas de Esforço de Laban e sua correspondência com a regência ........... 21

Tabela 5: Avaliação da sonoridade: Gesto tradicional e gesto expressivo.............................................. 65

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Idades dos alunos por género .......................................................................................... 73

Gráfico 2: Estudo de alunos por família de instrumentos .................................................................. 73

Gráfico 3: Questão referente ao gosto por estudar música ................................................................ 74

Gráfico 4: Questão sobre o gosto pelo canto .................................................................................... 74

Gráfico 5: Questão referente ao gosto pela disciplina de classes de conjunto ................................... 75

Gráfico 6: Avaliação dos exercícios, jogos e estratégias pedagógicas ................................................. 75

xi
Gráfico 7: Atividade que os alunos mais gostaram ........................................................................... 76

Gráfico 8: Atividade que os alunos menos gostaram ......................................................................... 77

Gráfico 9: Classificação das atividades do diário de bordo ............................................................... 77

Gráfico 10: Classificação das atividades de observação .................................................................... 78

Gráfico 11: Classificação das atividades de movimento corporal ....................................................... 78

Gráfico 12: Perceção entre a ação flutuar e socar utilizada pelo diretor coral .................................... 79

Gráfico 13: Entendimento do significado da ação flutuar .................................................................. 80

Gráfico 14: Entendimento do significado da ação socar ................................................................... 80

Gráfico 15: Verificação do significado da ação socar.......................................................................... 81

Gráfico 16: Verificação do significado da ação flutuar ........................................................................ 81

Gráfico 17: Compreensão do contraste entre as duas ações.............................................................. 82

Gráfico 18: Verificação do significado relativo às duas ações ............................................................. 82

Gráfico 19: Avaliação se o gesto expressivo é para obter melhor sonoridade no coro ......................... 83

Gráfico 20: Preferência relativamente ao tipo de direção coral utilizado ............................................. 83

Gráfico 21: Seleção da música preferida ........................................................................................... 84

Gráfico 22: Classificação da utilidade dos ensaios ............................................................................. 84

Gráfico 23: Classificação da motivação relativa aos ensaios .............................................................. 85

Gráfico 24: Classificação da participação no projeto .......................................................................... 85

xii
Introdução

O presente relatório de estágio evidencia a temática A importância do gesto expressivo no


Diretor Coral, tendo como subtítulo Aplicação em contexto coral no Ensino Artístico Especializado da
Música, incidindo sobre o grupo de recrutamento de classes de conjunto (M32) em regime articulado –
2ºGrau (6ºano), no âmbito da prática profissional do Mestrado em Ensino de Música da Universidade do
Minho.
Partindo das observações efetuadas em contexto de aula de coro, constatou-se que os alunos
nem sempre concentram as suas energias e atenção nas atividades propostas, dispersando facilmente.
Por outro lado, considerando que os alunos de hoje estão aptos para assimilar múltiplas informações e
significados visuais, é fundamental mobilizar um conjunto de motivos e interesses dos mesmos,
articulando diferentes maneiras de pensar, sentir, agir.
Neste sentido, esteve subjacente a seguinte questão de pesquisa: Será que a apropriação do
método de Laban é aplicável e benéfica para a gestualidade do diretor coral em contexto escolar?
Assim, propôs-se uma nova abordagem recorrendo a uma variedade de estratégias, atribuindo
um lugar essencial ao gesto expressivo, para que os alunos respondam de forma melhorada ao mesmo.
Tomou-se como ponto de partida o método de Rudolf Laban, sendo realizada a apropriação
das duas ações flutuar e socar em direção coral, com o intuito de estimular as competências dos alunos
em contexto de sala de aula.
De acordo com Barenboim, (2009, p.144) “o todo, na música como no pensamento, tem de
ser o resultado da coordenação de pequenos pormenores.” Neste sentido, sublinha-se o processo da
tomada de consciência das práticas utilizadas (exercícios, jogos e estratégias pedagógicas), orientadas
para o aluno a nível individual e coletivo, bem como a dinâmica da relação entre docente e aluno. Desta
forma, seguindo a linha de orientação de Gagnard, (1974, p.38) o essencial no processo de ensino-
aprendizagem “(...) está em despertar na criança a curiosidade, o apetite pela descoberta, e permitir-lhe
encontrar, com o apoio de um guia, um desenvolvimento óptimo, bem como um equilíbrio que poderá
depois consolidar-se por si.”
Assim, considera-se a importância de instigar, provocar, refletir com o intuito de estimular o
aluno a uma aprendizagem ativa, contribuindo de forma mais abrangente para a construção da expressão
do mesmo. Por sua vez, enquanto discente/docente partilho o ensino da direção coral através de uma
matriz clássica, onde se tende a valorizar o desenvolvimento das capacidades técnicas sendo que é

1
pouco explorada a dimensão expressiva e, como tal, pretendeu-se reforçar a ideia de comunicação, sendo
o gesto expressivo essencial no desenrolar deste processo.
Estas constatações conduziram à escolha do tema, bem como suscitaram o interesse pelo
método de Rudolf Laban, visando as duas ações flutuar e socar dado o seu cariz antagónico, e sua
apropriação em direção coral, sendo igualmente utilizadas como ferramenta para ampliar os modos de
expressão.
Deste modo, os objetivos de pesquisa foram: a) verificar se a apropriação do método de Laban
contribui para uma melhor sonoridade coral; b) constatar se contribui para a eficiência do ensaio; c)
considerar a importância do gesto expressivo do diretor coral em contexto escolar; d) verificar se este
permite uma maior perceção do corpo do diretor coral e do aluno, possibilitando um processo de
descoberta de novas perceções que se traduzem em construção de sentido e significado musical; e)
considerar se esta abordagem pedagógica contribui para tornar a aprendizagem do aluno significativa.
Por sua vez, com recurso à investigação-ação, a presente intervenção pedagógica visou os
seguintes objetivos: a) desenvolver exercícios, jogos e estratégias pedagógicas a ser implementadas na
aula de coro, de forma a consciencializar o movimento corporal associado às ações básicas do
movimento flutuar e socar ; b) compreender a relação entre o processo criativo e os movimentos
corporais do aluno associando-os aos mesmos gestos a aplicar pelo diretor coral; c) aplicar a apropriação
do método de Laban através dos gestos flutuar e socar na prática coral; d) analisar as funções dos gestos
expressivos flutuar e socar no coro; e) compreender as eventuais vantagens e desvantagens do uso do
gesto expressivo pelo diretor coral; f) promover a participação do aluno num processo de aprendizagem
ativo, explorando a relação entre voz> gesto> movimento> som.
Por conseguinte, para atingir os objetivos anteriormente delineados foram utilizadas estratégias
de intervenção que se desenvolveram em três fases: 1) leitura e interpretação de uma peça coral tendo
por base a metodologia tradicional de direção coral, avaliando o seu efeito através de uma gravação
vídeo; 2) utilização de exercícios, jogos, estratégias pedagógicas diversificadas de forma a comunicar a
intenção das duas ações aos alunos, procurando provocar uma maior consciência das mesmas; 3)
interpretação da mesma peça coral segundo o gesto expressivo do diretor coral, avaliando o seu efeito
através de uma gravação vídeo.
Durante o desenrolar do projeto de intervenção, apesar do grupo estar mais motivado e
envolvido nas atividades propostas, apresentou ausência de competências de trabalho em grupo
relacionadas com a atenção, atitude, postura e comportamento, implicando um renovar da proposta pré-
estabelecida (aplicação do método de Laban). Deste modo, empregou-se uma nova possibilidade –

2
apropriação do método de Laban, para que o grupo adquirisse de forma acessível/facilitadora o contraste
entre as duas ações, vigorando uma consciência do mesmo para com o gesto do diretor coral.
Neste sentido, com a perspetiva de dialética e de abertura, ao longo do projeto foi
desencadeada a apropriação com o objetivo de resposta melhorada.
No que respeita à seleção de repertório teve-se, em conta a faixa etária dos alunos (11-12 anos)
e a amplitude vocal dos mesmos. Optou-se pela leitura/interpretação de três peças corais ao invés de
uma, com o intuito de promover diversas respostas pelo grupo (envolvência e motivação). Outro fator
prende-se ao propósito de apresentar secções contrastantes de forma a poder aplicar pelo diretor coral
as duas ações básicas do movimento flutuar e socar. Por último, permitir fácil assimilação/memorização,
podendo assim aprofundar e valorizar todos os exercícios, jogos e estratégias pedagógicas inerentes.
O presente relatório reflete a investigação e intervenção pedagógica realizada ao longo do ano.
No capítulo I será apresentada a temática do projeto, respetiva motivação e enquadramento
teórico, na qual se efetua uma abordagem sintetizada referente ao desenvolvimento da capacidade
comunicacional do ser humano. Parte-se de uma sinopse histórica relativa ao desenvolvimento musical
em determinadas épocas, bem como respetivos contributos na direção coral. De seguida, porque o
estudo sobre o movimento desenvolvido por Rudolf Laban representa um núcleo base do projeto será
exposto no capítulo II, uma síntese biográfica do próprio e sua respetiva contextualização teórica. No
capítulo III será considerada a importância da utilização de várias estratégias pedagógicas em contexto
sala de aula, bem como as respetivas contribuições na aprendizagem do aluno.
Será evidenciado no capítulo IV, o contexto de intervenção dedicado à caracterização da
instituição, disciplina e intervenientes. No capítulo V será efetuada uma abordagem à metodologia usada
- investigação-ação. O capítulo VI será alusivo ao plano de intervenção pedagógica onde é apresentada a
questão de pesquisa, objetivos, respetiva contextualização e fases de intervenção, assim como a
descrição de exercícios, jogos, estratégias pedagógicas implementadas ao longo do projeto.
O capítulo VII será referente ao tratamento e análise dos dados obtidos recorrendo ao parecer
de docentes da área e respetivas considerações finais sobre os mesmos. Nesta continuidade, no capítulo
VIII será efetuada a análise de dados, resultados e considerações sobre os questionários entregues aos
alunos.
Por último, no capítulo IX serão apresentadas as conclusões e considerações finais do projeto.

3
1. Temática, motivações e enquadramento teórico

1.1 Temática e motivações

Vendo o quão omnipresente são os gestos relacionados à música e vendo o entusiamo e a alegria que
as pessoas expressam através desses gestos, concebemos os gestos musicais como uma expressão
de um profundo envolvimento com a música e como uma conexão fundamental que existe entre música
e movimento.
(Godøy & Leman, 2010, p.3)

Tendo em consideração o percurso enquanto discente/docente e a partir da observação de


aulas relativas ao estágio, procurou-se verificar se a apropriação do método de Laban é um meio eficaz
para a gestualidade do diretor coral em contexto escolar. Neste sentido, atendeu-se à importância de
explorar o facto de os alunos de hoje estarem aptos a assimilar múltiplas linguagens e diversos estímulos.
Como docente, denota-se que nos dias de hoje surge a necessidade de um maior alargamento
de interesses, envolvimento e capacidade de colocar desafios, procurando respostas e perguntas com a
intenção de integrar o aluno no processo de ensino-aprendizagem. Pretendeu-se deste modo, que os
alunos adquirissem consciência do gesto expressivo do diretor coral através de uma aprendizagem ativa.
Neste sentido, desenvolveram-se dinâmicas (exercícios, jogos, estratégias pedagógicas)
adaptados à realidade dos próprios alunos, com o intuito de estimular a sensibilidade, criatividade e
capacidade de expressão necessária para o desempenho pessoal dos mesmos e posterior compreensão
dos conteúdos, facilitando a sua aprendizagem.
Sendo a direção coral um ato em si comunicacional, pretendeu-se potenciar a mesma durante
todo o processo, tomando como ponto de partida o método de Rudolf Laban centrado nas duas ações
flutuar e socar, e sua apropriação em direção coral.

4
1.2 Enquadramento teórico

Será pretendido referir a relação entre o ser humano, meio ambiente e como o processo de
comunicação é muito importante na construção musical. Seguidamente, haverá uma abordagem fluída
e breve às características de diferentes épocas e respetivo contributo no desenvolvimento musical. Por
último, com uma aproximação à direção coral e devido a características próprias da época
contemporânea, cuja abertura possibilita o recurso e a partilha a outro tipo de linguagens, será salientada
a importância do gesto e o seu contributo na direção coral, valorizando a vivência dos alunos nesta
realidade.

1.2.1 Interação do ser humano: comunicação

O desenvolvimento evolutivo do ser humano, só foi possível devido a especificidades físicas e


cognitivas que proporcionaram condições para que fosse capaz de lidar e lutar pela sua sobrevivência.
De acordo com Lorenz:
A etologia considera quer o comportamento animal, quer o comportamento humano, como a função de
um sistema que deve a sua existência e a sua forma particular a um devir histórico, que se realizou na
história filogenética, na evolução do indivíduo e, quanto ao homem, na história da cultura. (Lorenz,
1992, p.11)

Com esta linha de orientação, é possível considerar que, entre o som gutural de aviso de perigo
emitido pelo ser humano primitivo até, “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a
humanidade”, encontra-se um ponto comum: a necessidade de comunicar uma mensagem. Esta
realidade deriva, naturalmente, do ser humano ser comunicativo recorrendo para esse efeito, a todas as
suas capacidades físicas e cognitivas para o conseguir.
Conforme refere Serrão1:
O ser humano foi, durante milénios e milénios, um animal não falante mas um animal comunicativo
(…) por isso logo concluíram que a vida como seres solitários seria impossível de conservar e criaram
bandos com uma socialização rudimentar baseada na comunicação mútua. (Serrão, 2005)

É referido a capacidade comunicacional – no sentido de uma interação entre os seres


humanos: emissor, mensagem e recetor e como resultado do conjunto desta dinâmica e o seu efeito

1
http://danielserrao.com/gca/index.php?id=196

5
relacional, a enorme capacidade do ser humano em fazer cultura. Com base nesta contextualização,
importa salientar que dentro do fazer cultura, a música tem um papel preponderante.
A este respeito, Whitwell (2011, p.1) faz mesmo referência ao naturalista britânico Charles
Darwin (1809-1882) quando já este investigador salienta a importância comunicacional: “A música tem
um poder maravilhoso ... de recordar de uma maneira vaga e indefinida, aquelas emoções fortes que
foram sentidas durante o passado, quando, provavelmente, os nossos primeiros progenitores foram
atraídos através de tons vocais.”
Neste sentido, é legítimo considerar que o processo que deu origem à comunicação entre seres
humanos teve como base respostas a necessidades humanas de sobrevivência. Ao longo do tempo, todo
o processo comunicacional estende-se em múltiplas dimensões culturais, tendo a música um papel
fundamental, resultando mesmo de mediação do ser humano com a própria vida.
Assim, é possível constatar que várias épocas civilizacionais têm diferentes particularidades
mas que contribuem para a criação de um processo de construção musical, sempre dinâmico.

1.3 Abordagem ao desenvolvimento musical em determinadas épocas


1.3.1 Antiguidade Grega

A prática da música em conjunto possui características específicas em relação aos


intervenientes: executantes e ouvintes. De acordo com Zander:
(...) é o agrupamento em torno de um centro. O centro torna-se o germe de toda a potência rítmica. É
o lugar onde se encontra o chefe, o antifoneira – o guia do canto – e o primeiro bailarino, o guia da
dança (...) ainda hoje as orquestras e o coro geralmente agrupam-se em semicírculo em redor de seu
guia, o regente. A condução destes grupos é feita pelo chefe que canta ou bate inicialmente os ritmos
a serem usados, sendo depois repetidos pelos outros. (Zander, 2003, p.31)

A música grega foi essencialmente vocal. Predominavam as obras líricas que eram cantadas:
monólogos, diálogos, coros. A música era uma constante, tanto no teatro como nos jogos olímpicos,
integrando-se na vida quotidiana. Existia uma forte relação entre a música e a poesia: o ritmo do verso
comandava o ritmo da música.
De acordo com Grout & Palisca (2001), os Gregos procuravam o ideal de beleza, o qual
continha a verdade. Para Pitágoras a música e a aritmética eram disciplinas conjuntas pois os números
representavam todo o universo espiritual e físico, tal como os sons e ritmos musicais.

6
Relativamente à regência Zander menciona:
A regência do todo estava a cargo do choregos, Mestre de Coros que tinha a tarefa de coordenar o
drama com a música e a dança. O chorego também podia ser chamado de (…) Corifeu, o chefe, o
primeiro, o superior, o mais importante (…) o chefe dos coros regia com fortes batidas dos pés que
deviam ser ouvidos por todos. Muitas vezes os pés eram providos de solas de ferros. Também eram
permitidos gestos com a mão que ajudava a conduzir mais claramente todo o complexo ritmo –
melódico. (Zander, 2003, p.34)

De facto, a importância do Choregos na cidade-estado de Atenas é muito elevada, porque na


Grécia Antiga dava-se muita importância à relação da política e arte.
Segundo Hillier:
Aristóteles através da sua Poética refere que a Tragédia cresceu a partir de ditirambos, narrativas
cantadas e dançadas por um coro em festivais a Dionísio enquanto que a comédia (na forma de sátira)
derivava de canções cantadas em torno de símbolos fálicos. (Hillier, 2012, p.62)

O festival a Dionísio era realizado pela primavera e ao longo de vários dias, o qual incluia
competições dramáticas.
Hillier (2012, p.62) evidencia o Choregos, como “um cidadão rico que recebia a honra de
selecionar, patrocinar, fantasiar e ensaiar o coro.”
O coro, vestido e com máscaras, dançava e cantava simultaneamente com tendência a
representar os sentimentos do público (receio e esperança) durante o drama. Neste sentido, é legítimo
considerar que à figura honorífica do Choregos está associada uma capacidade comunicacional que
através de várias ferramentas possibilita uma relação mais próxima entre o público e o desenrolar do
drama. Existe assim, uma ampliação do momento da ação do coro que, de acordo com Hiller (2012),
recorre a três níveis:
- Testemunhando e reagindo à ação do drama à medida que se desenrola;
- Interagindo como grupo através do seu líder;
- Comentando a ação apresentando uma visão geral do desenvolvimento do drama.

1.3.2 Idade Média

A Idade Média é uma época marcada pelo domínio do Cristianismo nos principais centros de
arte. Neste contexto, salienta-se Santo Agostinho (354-430) pelo destaque das suas obras,
nomeadamente: A cidade de Deus e as Confissões que influenciaram os processos interpretativos da
vida e do ser humano contribuindo para a formação do imaginário cristão ocidental, através de uma
narrativa que preconizava metaforicamente a divisão em dois planos: a terra e o céu, que representariam

7
o ser humano e o espírito. Por sua vez, de acordo com Grout & Palisca refere-se a importância de Santo
Agostinho na música:
Em 387 d.C. Santo Agostinho começou a escrever um tratado da Música de que completou seis livros.
Os cinco primeiros, após uma breve definição introdutória da música, tratam dos princípios da métrica
e do ritmo. O sexto, revisto por volta de 409, aborda a psicologia, a ética e a estética da música e do
ritmo. Santo Agostinho projeta inicialmente outros seis livros consagrados à melodia. (Grout & Palisca,
2001, p.43)

Por outro lado, também se verificou a existência de uma transferência gradual de rituais antigos
para as práticas religiosas cristãs. Nesta época, em termos musicais havia dois ramos antagónicos:
música sacra sob o domínio do Canto Gregoriano, considerada a música oficial e por outro lado, a música
profana.
O crescimento do Cristianismo implicou maior rigor do Vaticano com a respetiva unificação da
prática litúrgica no séc. VI. O Papa Gregório I (590-604) através de uma reforma litúrgica institucionalizou
o Canto Gregoriano para toda a Europa católica implicando alterações na notação musical dessa altura.
Assim, os neumas, vistos como uma notação que acima de tudo possibilitava apoio ao nível de
memorização para quem cantava, foram organizados num sistema de notação que mais tarde daria
origem à atual pauta.
O responsável por este grande trabalho de criação musical foi o Monge Beneditino Guido
D´Arezzo (992-1050) que substituiu a notação para um conjunto de cinco linhas. Baseou-se no começo
das frases de um hino em louvor a São João Baptista criando: UT – RE – MI – FA – SOL – LA e SI, dando
origem à nomenclatura das notas e da escala.
Guido d'Arezzo também é considerado o criador da Mão Guidoniana, conforme Grout & Palisca:
A mão «guidoniana», um dispositivo mnemónico para ajudar a localizar as notas da escala diatónica,
em particular os meios-tons mi-fá, que ocupam os quatro vértices do polígono contendo os quatro dedos.
Embora atribuída a Guido, a mão foi, provavelmente, uma aplicação mais tardia das suas sílabas de
solmização. (Grout & Palisca, 2001, p.82)

Assim a música era vista com efeitos positivos para a alma: música elevada que conduzia o
ser humano a algo superior, o Céu.
Neste sentido, Mateus refere:
(…) os cânticos eclesiásticos, inclusivamente o canto Gregoriano eram dirigidos através de um sistema
de sinais de mãos, chamado quironomia. Este modo de regência, que se manteve durante a Idade
Média, era exercido por um músico líder chamado Praeceptor ou Chironomica que supervisionava o
desempenho dos cantores através do uso deste código gestual. São Gregório terá sido um reputado
Chironomica. (Mateus, 2009, p.1)

8
1.3.3 Renascimento

Em meados do séc. XIV e fim do séc. XVI desenvolve-se na Europa o Renascimento sendo que,
o Humanismo foi o principal valor cultivado. Existiu uma valorização ao uso da razão individual e à análise
das evidências empíricas ao contrário da anterior escolástica medieval que tinha uma forte orientação
sustentada em Aristóteles e na igreja. Desta forma, existiu uma revalorização da cultura clássica antiga
e da sua filosofia mas com uma visão antropocêntrica.
De acordo com François-Sappey:
O Renascimento oferece uma paisagem musical de igual modo contrastada: diversidade das canções
francesas, italianas, inglesas, alemãs, e de uma música religiosa doravante plural e multilingue; unidade
estilística que resulta da difusão da obra de Josquin por Petrucci, primeiro editor musical (Veneza,
1501). (François-Sappey, s.d., p.26)

Por sua vez, Grout & Palisca (2001, p.183) também referem: “A experiência de redescoberta
da antiga cultura greco-latina avassalou a tal ponto a Europa dos séculos XV e XVI que não podia deixar
de afetar o modo como as pessoas concebiam a música.”
As transformações passaram mesmo por um antagonismo, por uma rivalidade entre o corpus
profano e o da igreja. De acordo com a linha de orientação de Schwanitz (1999) a música vocal polifónica
expandiu-se para o domínio profano, existindo um antagonismo entre estas realidades, culminando em
diferentes géneros musicais: o moteto relacionado com a música sacra e o madrigal relacionado com o
profano.
Refira- se, ainda, que o mencionado autor (1999) salienta que na época da Reforma, estava
associada ao moteto uma desconfiança de associação ideológica, cada vez mais complexa, havendo o
receio que a doutrina cristã fosse soterrada por inúmeras notas musicais. Deste modo, foi procurado
eliminar a música da liturgia, sendo no Concílio de Trento (1545-1563) debatida a importância da
música. Neste contexto surgiu Giovanni da Palestrina (1525-1594) que recorreu às potencialidades da
música vocal, conseguindo responder às exigências do Concílio, ou seja, a existência de compreensão
do texto e a dignidade na expressão musical.
Relativamente à direção coral, Mateus refere que:
O desenvolvimento das capelas musicais no séc. XV e o aparecimento de obras escritas para efectivos
corais e instrumentais, numericamente mais alargados, continuou a impor a presença de um referencial
rítmico durante o acto performativo. O expediente técnico, para tal inventado, consistia no movimento
regular e ininterrupto, para cima e para baixo, da mão de um dos músicos presentes, o que indicava
aos seus pares o tactus ou o pulso básico em que deveria ser executada a peça. Este músico utilizava,
por vezes, um rolo de papel de música chamado “sol-fa” provavelmente para aumentar a visibilidade
da sua gesticulação. Este método de regência – tactus – manteve-se durante todo o
Renascimento.(Mateus, 2009, pp.1-2)

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Por sua vez, segundo Sousa (2012), na música renascentista a harmonia começou a ganhar
maior forma, dado os compositores se preocuparem cada vez mais em pensar numa vertente vertical e
na formação de acordes, criando assim maior amplitude em termos de expressão musical.

1.3.4 Barroco

O período Barroco surgiu entre o fim do séc. XVI e meados do séc. XVIII na Europa. Este período
iniciou-se em Itália e gradualmente difundiu-se para outros países. O Barroco caracteriza-se por uma
inspiração no ideal clássico com reflexos ao nível de construção artística em diversas artes e emergiu
como movimento de oposição à reforma protestante Luterana a qual prejudicava a homogeneidade
difundida e aceite do Cristianismo na Europa. Assim, era procurado preservar os ideais teocentristas,
tendo por base a consideração de que o homem não podia viver em equilíbrio entre duas vontades: a de
Deus e a sua própria.
Em termos de linguagem artística passa a existir um ponto comum nas diversas artes:
pretensão de exaltar, de transmitir emoções.
Em termos musicais é um período muito extenso e revolucionário e os compositores e
intérpretes recorrem à ornamentação musical mais elaborada com o objetivo de materializarem as suas
ideias. A música foi assim expansiva em tamanho, variedade e complexidade instrumental.
Com esta linha de orientação, Dufourcq salienta que:
As novas formas vêm enriquecer e por vezes renovar a música vocal e instrumental durante todo o
século XVII. De então em diante, e mais ainda do que havia feito os compositores do século XVI, é
preciso restituir à poesia o lugar a que ela pode pretender. O estilo recitativo, o estilo dramático eis o
que se cultivará. A melodia acompanhada, o recitativo cantado, a ária em todas essas formas, tais são
as inovações devidas aos artistas que lançam uma ponte entre o século XVI e o século XVII e que têm
o propósito de copiar fielmente – pelo menos assim o pretendem – a música dos Gregos, isto é, a
tragédia antiga. Entre estas árias profanas, colocam-se coros, intermédios para instrumentos; o todo é
construído sobre uma história, um poema, e forma o drama musical que tomou o nome de ópera.
(Dufourcq, 1988, pp.59-60)

Porém, apesar de forma gradual e de acordo com a especificidade de cada País


nomeadamente: França, Alemanha e Inglaterra em comparação com Itália como país de origem do estilo
Barroco terem ajustamentos diferentes, é constatado segundo Fernandes & Kayama:
É sabido que durante o período renascentista os coros das igrejas e capelas das cortes viveram certo
crescimento em número de cantores. Contudo, salvo algumas exceções no Barroco este crescimento
não teve continuidade (...) e outra exceção comum no Barroco era o aumento temporário dos coros
para a realização de factos importantes. (Fernandes & Kayama, 2008, p.64)

10
Com esta linha de orientação, também Zander refere:
A demora do desenvolvimento da regência nessa época pode ter sua razão no fato de que uma
condução propriamente dita era praticada somente em casos especiais, como em realizações de
grandes massas vocais ou instrumentais, ou ambos conjugados com solistas, como acontecia na prática
em Veneza, que empregava coros duplos ou orquestras duplas (…). (Zander, 2003, pp.40-41)

Não obstante, em todo o processo de regência no período do Barroco existem particularidades


musicais muito importantes e que marcam o desenvolvimento da sua técnica.
A este nível, Mateus (2009) refere a expressão visual de tempos fortes: movimento para baixo
e os tempos fracos: batida de lado e para cima. Havia uma prática bipartida de regência, sendo que o
Konzertmeister, primus inter pares dava os sinais de entrada e de interrupção aos executantes enquanto
o Maestro al Cembalo era o responsável pelo desempenho dos cantores e pela conceção da performance
na sua globalidade.

1.3.5 Século XVIII e XIX

Neste período surgem mudanças no modo de pensar, de sentir da burguesia culta da época e
alterações no sentido político e social. Grande parte das obras sacras apresentam estilos que vão de
encontro à cultura, sensibilidade e sentido festivo dessa época.
Em meados do séc. XVIII a Escola de Mannheim com Johann Stamitz (1717-1757) inaugurou
um novo estilo na execução orquestral, criando condições para a fundamentação da música sinfónica do
Classicismo Vienense, ainda no tempo em que o Barroco atingia o seu apogeu com as obras de Bach e
Handel. De todas estas conquistas, resultou uma nova conceção musical que afetou a criação da
execução musical, como as partituras que passaram a ser escritas com mais detalhe e indicações mais
precisas.
A este respeito,
Com o estabelecimento da Orquestra de Mannheim nasceu, por assim dizer, a carreira do regente,
carreira que culmina nos nossos dias não raro com traços fortemente virtuosísticos. A orquestra e o
coro são o seu instrumento de expressão. O público mais inculto atribui-lhe tal importância que chega
a venerá-lo mais do que à própria obra de arte. (Zander, 2003, p.46)

O séc. XIX é marcado pelo Romantismo com o despoletar de novas ideias, maior liberdade das
formas e de concepção na sua música e a expressão mais intensa e vigorosa das emoções. A relação
da música com a pintura e a literatura levaram os compositores ao interesse pela música programática
– a música que conta uma história, é descritiva criando imagens mentais no ouvinte.

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Na música vocal existe a referida relação entre a literatura e a música, particularmente através
da poesia. Surge o lied que reflete ao nível da canção: “o local do monólogo interior, mas também do
diálogo, do mundo “a dois”: o poeta e o músico, o cantor e o pianista”, conforme François-Sappey (s/d,
p.96).
Por sua vez, verificaram-se mudanças no conceito de regência devido à progressiva aceitação
da estética romântica. Esta mudança era motivada pela maior complexidade musical: escrita, exploração
de assimetrias rítmicas e melódicas. O ideal romântico estava bem presente e recorria-se ao uso do
tempo rubato para representar o simbolismo dos sentimentos humanos.
Em termos de complexidade ainda se verificava maior número de músicos envolvidos como
também, cada vez mais, havia pedidos pelo público de execução musical. Deste modo, conforme refere
Mateus (2009, p. 4) “a figura do regente já não era como mero coordenador ou “batedor do tempo”mas
como primeiro responsável técnico e artístico de execução musical.”

1.3.6 A partir do Século XX

A música no séc. XX está relacionada com novas tendências e técnicas trazendo dinâmica e
novos sons, sendo importante referir o expressionismo como movimento cultural de vanguarda.
Na regência, verifica-se uma evolução em termos de linguagem não verbal pois existiu cada
vez mais a necessidade de dar informações aos executantes de forma silenciosa. Nesta contextualização
também Mateus (2009, p.13) refere: “a regência constitui um ato comunicacional, essencialmente não-
verbal. A criteriosa aplicação do gesto expressivo, na regência, tem efeito determinante na qualidade
estética da execução musical”.
Esta situação, tende naturalmente à expressão de uma linguagem gestual mas que, sendo
sempre individual, terá sempre a caligrafia de cada diretor coral. A expressão será o resultado do
movimento e Ullmann refere que:
O movimento, portanto, revela evidentemente muitas coisas diferentes. É o resultado, ou a busca de
um objeto dotado de valor, ou de uma condição mental. Suas formas e ritmos mostram a atitude da
pessoa que se move numa determinada situação. Pode tanto caracterizar um estado de espírito e uma
reação, como atributos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado pelo
meio ambiente do ser que se move. (Ullmann, 1980, p.2)

Assim, a direção coral deverá apropriar-se do movimento corporal para expressar o seu
pensamento.

12
Mateus (2009) reforça a relevância da dimensão comunicacional entre o diretor coral, a música
e os alunos através de um alargamento de expressividade do diretor coral. Neste sentido, considera-se
que o ensino da direção coral tem sido tendencialmente sustentado numa matriz tradicional, onde se
valoriza o desenvolvimento das capacidades técnicas, sendo essencial para apurar as competências de
aprendizagem.
A época atual caracterizada pelo fim das grandes narrativas da sociedade e pela influência
crescente de novos meios para diversos tipos de realização contribui deste modo, para outras maneiras
de pensar, sentir e agir. Esta realidade foi uma das constatações que suscitou o interesse sobre o método
de Rudolf Laban e respetiva apropriação em direção coral.

13
2. Rudolf Laban
2.1 Síntese Biográfica

Rudolf von Laban (1879-1958) foi bailarino, coreógrafo, musicólogo, teatrólogo e professor. Foi
considerado um dos maiores teóricos de dança do século XX. A sua vida foi marcada pelo envolvimento
em inúmeras atividades artísticas.
Durante a sua infância visitou imensas localidades em função da carreira militar do seu pai,
através da observação conseguiu perceber que existia uma oposição entre a cultura de movimentos na
era pré-industrial e na era industrial. Os seus primeiros interesses foram os estudos de pintura e de
arquitetura, desta forma em 1900 é admitido na École des Beaux Arts em Paris, o que denota uma
preocupação com o espaço, estudo das formas geométricas e dimensões, aspetos muito importantes
para o desenvolvimento da sua teoria sobre o movimento.
Laban aproximou-se do sistema de gestos de François Delsarte (1811-1871) onde se deparou
com a filosofia Rosacruz 2 , seguindo os seus ideais, iniciando as suas experiências com formas de
movimento, sobretudo a improvisação de grupo. Em 1907 Laban abandonou Paris, desenvolvendo o seu
trabalho entre a Suíça e a Alemanha. Em 1910 permaneceu em Munique onde se dedicou à prática do
expressionismo, abandonando por completo o estilo impressionista. Conhece Jacques Dalcroze (1865-
1950) e Hermann Obrist (1862-1927) através dos quais se relaciona com Vassily Kandinsky assim como
Rudolph Steiner e Marie Steiner, da qual conheceu a sua versão de Eurritmia. De 1911 e 1914 no
contexto das atividades da Escola para a Arte da Vida (Schule fur Lebenkust), dirigiu alguns festivais de
Verão, em Ascona. Nesses espetáculos, celebrações ao ar livre era patente a influência de determinadas
doutrinas filosóficas assim como o movimento místico-espiritual Rosacruz.
Em 1916, estabeleceu-se em Zurique relacionando-se com a estética do movimento Dadaísta
e os seus artistas. Criou o Instituto de Coreografia em 1926, permanecendo aí até ao fim da Segunda
Grande Guerra Mundial. Durante a década de 30, Laban também foi produtor de coros de movimento,
que consistiu num grande número de pessoas que se movimentavam através de movimentos dramáticos
pré-estabelecidos ou improvisados, denominada a dança coral. Este tipo de dança propunha um
momento de libertação dos movimentos mecanizados no dia-a-dia. Tratavam-se de coreografias

2
Movimento filosófico que se popularizou na Europa no inicio do séc. XVII que se baseia numa visão da natureza, do universo físico e do domínio espiritual.
https://bibliot3ca.com/maconaria-influencias/

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improvisadas o que possibilitava à pessoa expor-se com uma total liberdade através dos seus próprios
movimentos e a encontrar a auto-suficiência no seu corpo.
Em 1934, recebeu a responsabilidade de ser Diretor da Deutsche Tanzbuhne, onde estimulou
a investigação em duas áreas principais: Corêutica / Eukinética. Em 1936, Laban criou uma
representação especial de dança com a utilização de 60 coros em movimento para ser executada ao ar
livre com o objetivo de participar nos jogos olímpicos na Alemanha. No entanto, essa representação foi
assistida pelo Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbles (1897-1945) que
considerou essa representação imprópria para os ideais nazis. Será exatamente este acontecimento que
originará a sua fuga da Alemanha para Paris em 1937 e, passado um ano, emigra para a Inglaterra onde
começa a escrever o seu livro: Domínio do Movimento.
Foi para Manchester com F.C.Lawrence em 1942 e divulgou o método de Ritmo Industrial que
irá servir de base para os seus estudos sobre o Esforço (effort). Em 1948 publicou o livro Dança Educativa
Moderna expondo os fundamentos da dança moderna com uma especial atenção na educação escolar
e em 1950 também publica o livro Domínio do Movimento. Mudou-se para Adlestone, Surrey onde
estabeleceu o Centro Laban de Arte do Movimento no qual permaneceu até à data da sua morte, que
ocorreu em 1958 (Weybridge, Surrey) com setenta e oito anos de idade.
A obra de Laban reflete a importância sobre a amplitude que o movimento representa e que
está presente no universo, do qual a vida faz parte.

2.2 A importância do movimento para Laban

A obra de Laban é resultado de uma transdisciplinaridade que o caracterizou, esta vontade de


querer saber mais e de partilhar o conhecimento é um atributo do mesmo, conseguindo mesmo
interromper processos que assentavam em doutrinas estereotipadas na dança. Passou a existir uma
visão mais ampla - no que diz respeito aos movimentos do corpo, baseando-se no movimento natural
das pessoas: a maneira/modo como se movimentavam nos seus quotidianos, tornando-se assim um
grande impulsionador do movimento criativo.
O seu estudo sobre o movimento humano trouxe imensas contribuições para diversas áreas de
Dança, Teatro, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Saúde. De acordo com a linha de orientação de
Scarpato (1999), Laban estudou o movimento do ser humano nos seus significados, num processo de
derivação da relação do homem com o meio.

15
Para esse efeito aprofundou a observação do movimento existente em danças, como também,
recorreu aos estudos das ações dos homens primitivos. De igual modo, estudou o movimento no
manuseio de máquinas muitas vezes inserido na lógica de “ linha de produção”.
Desta forma, foi-se apercebendo de uma mecanização dos gestos humanos, de um certo
padrão de rotina no quotidiano. Este facto levou-o a considerar a rotina como um processo de bloqueio
gradual da expressão, de menor sensibilidade e de maior incapacidade a diversos níveis. A importância
da dança, particularmente a libertação de atos espontâneos foi matéria que considerou muito importante
para as pessoas (re)pensarem o seu corpo num espaço, procurando as suas próprias formas de
expressão.
Para Laban, o movimento constitui um espaço de liberdade que está passível a várias
interpretações, mas vem de uma afirmação da condição individual. A importância de desenvolver o
sentido do movimento originará maior perceção das sensações motoras pelo ser humano, levando-o
desta maneira a querer novas experiências num processo de aperfeiçoamento pessoal e social.

2.3 Método Coreológico de Rudolf Laban

Laban criou a sua teoria do movimento que denominou de Coreologia, sendo esta, não apenas
um estudo sobre a dança, mas sim sobre todas as artes do movimento.
Ao longo da sua vida demonstrou grande necessidade de entender as leis que regiam o
movimento humano. De acordo com Laban a Coreologia é considerada como:
A lógica ou ciência dos círculos, que poderia ser entendida como um puro estudo geométrico, mas que
na realidade é muito mais do que isso. É uma espécie de gramática e síntese da linguagem do
movimento lidando não só com a forma exterior do movimento, mas também com seu conteúdo mental
e emocional. Isto foi baseado na convicção de que movimento e emoção, forma e conteúdo, corpo e
mente, são unidades inseparáveis. (Mota, 2012, p.65)

Ainda o mesmo autor (p.58) refere que “o trabalho de Laban tem uma importância muito
grande no processo de desconstrução do logocentrismo (…) ao propor o pensar e o agir em termos de
movimento, ao invés de palavras.”
A pesquisa coreológica, divide-se em três grandes áreas: Kinetografia, Corêutica e Eukinética.
A Kinetografia, conforme Mota (2012, p.67) é “um método de notação simbólico, específico
que permitisse uma análise objetiva do movimento, visto que as palavras haviam provado ser
inadequadas e limitadas para essa função.” Assim, refere-se ao processo de registar os movimentos no

16
papel, envolvendo a codificação dos elementos do movimento em símbolos, os quais podem ser lidos e
descodificados outra vez em movimentos.
Por sua vez, a Corêutica refere-se ao estudo da organização espacial dos movimentos no plano
corpo - espaço. De acordo com Mateus (2009, p.83) é “ o estudo do movimento no espaço e à relação
do movimento do corpo consigo mesmo e com o espaço circundante, no qual se realiza.”
Por último, a terceira área do estudo de Coreologia é a Eukinética e refere-se ao estudo da
relação corpo-movimento e versa os aspetos qualitativos, as dinâmicas e as qualidades expressivas do
movimento. Neste sentido, Laban debruçou-se na área da Eukinética porque envolve os aspetos
expressivos do movimento.

2.4 Eukinética

De acordo com Mateus (2009, p.96) “ A Eukinética constitui o instrumento de identificação da


dimensão interior do movimento, esforço, de desenvolvimento de repertório gestual expressivo e de
análise do movimento humano.” Tem presente os seguintes elementos: o esforço que inclui os elementos
atitudinais e os fatores de movimento: Fluência, Espaço, Peso e Tempo, as ações incompletas, as ações
completas e ações básicas de esforço.
Ainda o mesmo autor (p.97) refere que “cada manifestação corporal é uma forma de ação
visível ou invisível resultante de processos interiores chamados Esforços.” Desta forma, o Esforço,
segundo Rengel (2001) é consequência de uma atitude interna para com os fatores de movimento
imprimindo-lhe variadas e expressivas qualidades.
Assim, todo o esforço tem, pelo menos, dois elementos atitudinais: atitude complacente e
atitude resistente. A atitude complacente não oferece resistência aos fatores de peso, espaço, tempo e
fluência e a atitude resistente move-se contra os mesmos fatores.

17
2.4.1 Fatores de movimento

Dentro desta área distinguem-se os seguintes fatores de movimento: Espaço, Peso, Tempo e
Fluência.
O Espaço relaciona-se com a maneira como uma ação está orientada espacialmente. Espaço
direto corresponde a uma atenção focalizada ao contexto e espaço indireto corresponde a uma atenção
abrangente, flexível e adaptável. O Peso é a sensação de força despendida para realizar um movimento
e afeta a sensação humana. Está também relacionado com o poder de intenção com que uma pessoa
age, leveza/firmeza ao toque. O Tempo diz respeito à duração de um movimento, pode ser sustentado
ou breve. Relaciona-se com o poder de intuição e de decisão. A Fluência é a variação na qualidade da
tensão corporal que define cada elemento de esforço. Relaciona-se com o sentimento e com a progressão
do movimento que pode ser controlado ou livre.
Assim, todo o movimento do ser humano ocorre pela combinação de quatro fatores: Espaço
(flexível ou direto) Peso (leve ou forte) – Tempo (sustentado ou breve) – Fluência (livre ou controlada).
Em suma, estes quatro fatores de movimento estão relacionados com as quatro fases de
esforço mental.
A primeira fase é dar atenção ao (espaço) seguido pela fase de intenção (peso), da fase decisão
(tempo) e na sequência deste surge a progressão (fluência).
As presentes tabelas, têm o objetivo de demonstrar de forma sistemática os elementos de
esforço e as quatro fases de esforço mental, conforme Mateus (2009, pp. 99-100):

Fatores de movimento Atitude complacente Atitude resistente

Espaço Flexível Direto

Peso Leve Forte

Tempo Sustentado Breve

Fluência Livre Controlada

Tabela 1: Elementos de Esforço

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Fator de movimento Espaço Peso Tempo Fluência
Participação interna Atenção Intenção Decisão Progressão
Relativo a Onde O quê Quando Como
Influenciando o poder “Pensamento” “Sensação” “Intuição” “Sentimento”
de

Tabela 2: Esforço-Fases de participação interna

2.5 Contributos do sistema Laban para a direção coral

De acordo com Davidson & Correia (2002, p.1) “O movimento corporal tem um papel
fundamental na construção, execução e perceção da performance musical (…) é também vital, na criação
de ideias expressivas sobre a música.”
A prática do movimento é um meio eficaz para despertar a consciência e a sensibilidade
cinestésica necessária para a direção coral. Desta forma, o conhecimento e a experimentação das
dinâmicas e das qualidades do movimento podem auxiliar o diretor coral na expressão das suas
intenções.
Segundo Mateus (2009) o fator espaço caracteriza a atenção do gesto que pode ser executado
com uma atenção focada, isto é de forma concentrada/direta ou com uma atenção flexível, ou seja, de
maneira multifocada/indireta. O fator peso que caracteriza a intenção do gesto pode ser expresso através
de uma forte convicção ou um leve apelo. Por sua vez, o tempo que indica a decisão pode ser uma breve
antecipação do gesto ou um movimento lento para ação e a fluência que define a progressão caracteriza
a execução do gesto que pode ser livre ou controlado.
A combinação dos fatores, espaço, peso e tempo, geram as oito ações básicas de esforço de
Laban designadas por: Socar / Talhar / Pontuar / Sacudir / Pressionar / Torcer / Deslizar e Flutuar.
Todavia, “a fluência não é condicionante para a ação básica, qualquer que seja ela, livre e/ou controlada,
a ação acontece”, segundo Rengel, Oliveira, Gonçalves, Lucena & Santos (2017, p.28).
É importante referir que estas ações resultam de um estudo minucioso de Laban sobre o
movimento quotidiano e caracterizam de forma mais ou menos evidente todos os movimentos corporais
usados no dia-a-dia.
Cada uma das ações básicas de esforço tem um movimento derivado, que está subjacente na
seguinte tabela, conforme Mateus (2009, p.104):

19
Ações Básicas de Esforço Movimentos Derivados
Socar Empurrar, ímpeto, ressaltar
Talhar Bater, atirar, chicotear
Pontuar Pancadinha, agitação
Sacudir Estalido, pancadinha, puxão
Pressionar Esmagar, cortar, comprimir
Torcer Puxar, arrancar, esticar
Deslizar Alisar, olear, sujar
Flutuar Espalhar, mexer, bater

Tabela 3: Movimentos Derivados

De acordo com Mateus, (2009, p.133) essas oito ações básicas de Esforço têm a seguinte
correspondência com a regência:

Ação de Esforço Os elementos da ação de Esforço Afinidades com a regência


Espaço direto O movimento conecta um
Deslizar Peso leve tempo com outro usando um
Tempo sustentado movimento suave e direto
Ilusão de resistência entre cada ictus 3.
Espaço direto A marcação é angular indo
Peso forte rapidamente para o ictus,
Socar Tempo breve ressaltando rapidamente e
Tensão muscular exercido de maneira parando entre dois pontos.
rápida
Espaço direto A marcação é precisa em
Peso leve direção ao ictus, ressaltando
Tempo breve rapidamente e parando entre
Bater Pouca força muscular durante curta os dois pontos, com menos
fração de tempo, seguida de prolongada peso que no socar.
tensão muscular antagonística durante
longa fração de tempo

3
Ponto onde se decide o começo do movimento do pulso.

20
Espaço indireto Sacudir move-se
Peso leve indiretamente para o ictus
Sacudir Tempo rápido usando movimento rápido.
O movimento usa pouca tensão
muscular numa curta fração de tempo
Espaço indireto Flutuar usa um movimento
Peso leve lento e sustentado para e do o
Flutuar Tempo sustentado ictus com pouca ênfase no
O movimento usa pouca quantidade de bater e no ressalto.
força muscular durante um longo
período de tempo
Espaço direto O Pressionar move-se
Peso forte lentamente para o ictus e dele
Pressionar Tempo sustentado se afasta arrastando a mão,
Pressionar usa uma grande quantidade criando um sentido de peso a
de tensão muscular durante um longo partir do ressalto.
período de tempo
Espaço indireto Talhar usa peso sustentado
Peso forte para veicular tensão e
Talhar Tempo breve tornando o ictus difícil de
O movimento é fluente e relativamente localizar.
livre nos músculos antagonistas
Espaço indireto Torcer usa peso sustentado
Peso forte para veicular tensão e
Tempo sustentado tornando o ictus difícil de
Torcer Usa uma quantidade de tensão localizar.
muscular sustentada para proporcionar
resistência num longo período de
tempo.

Tabela 4: As oito ações básicas de Esforço de Laban e sua correspondência com a regência

Segundo Leck e Jordan (2009) citados por Amaral & Andrade (2017) estas ações refletem-se
na sonoridade coral da seguinte maneira: a ação Flutuar evoca um som legato e sustentado. O Torcer
elucida sons contínuos, cheios, pesados, mas suaves. O Deslizar indica sons precisos, sustentados e
suaves. O Pressionar requer sons precisos, cheios e pesados. Por outro lado, o Talhar faz alusão a sons
leves, suaves e desligados (staccato). Já o Sacudir requer sons cheios e rápidos. Com a ação Pontuar
consegue-se sons suaves e repentinos, enquanto o Socar sugere sons prolongados, marcados e fortes.

21
Estas ações, permitem um maior alargamento da linguagem gestual do diretor coral e que,
inevitavelmente, contribuirá para uma maior e mais acuidade comunicacional com os alunos,
promovendo maior domínio e capacidade de expressão.
Porém, é de realçar a atitude corporal, a expressividade, características de demonstração
gestual que serão próprias de cada um, pois existem vivências individuais que têm o respetivo reflexo na
personalidade.
Segundo Mateus:
A abordagem labaneana do movimento foi adotada (…) para entender melhor o corpo no ato da regência
e para melhor possibilitar a entrada num processo de descoberta de novas perceções e perspetivas de
estruturação de uma metodologia do ensino da regência mais liberta da noção cartesiana do corpo
como máquina. (Mateus, 2009, p.166)

Realça-se a necessidade desta conceção corporal em contexto sala de aula, contribuindo


positivamente para a relação entre a experiência sensorial e musical na perspetiva do diretor coral, bem
como do aluno.
O conhecimento e a experimentação segundo a teoria de Laban ajuda o diretor coral a tornar
vísivel através do gesto a sua intenção mental e auditiva. Como ferramenta pedagógica pode ampliar o
conceito de observação dos alunos, propondo uma intervenção atenta dos mesmos ao respetivo gesto.
Deste modo, o estudo sobre a teoria do movimento de Rudolf Laban poderá permitir ao diretor
coral e aos alunos, acesso a uma maior expressão e envolvimento musical porque,
O regente de coros (…) é responsável pela vida coral e pelo ambiente humano (…) e o prazer será tanto
maior, se a formação não se limitar somente à música, mas estender-se à formação sob o ponto de
vista humano, de grupo e, naturalmente, de cultura geral. (Zander, 2003, p.147)

22
3. Vivência musical nas práticas pedagógicas

De acordo com Marques (2017, p.20) “o uso do corpo pode ser um instrumento facilitador no
processo de elaboração pessoal do aluno à compreensão dos conteúdos, favorecendo o resultado
musical a um produto mais satisfatório.”
Trata-se de proporcionar em contexto de sala de aula, um meio para o desenvolvimento das
capacidades percetivas, atenção, memória, facultando a consciência da expressão, voz e corpo.
A este respeito, Ruiz & Vieira mencionam:
A construção de uma identidade musical parece assim emergir de um equilíbrio entre o desenvolvimento
da capacidade introspetiva da criança, como de qualquer adulto: perceção da sua postura/ qualidade
vocal/ afinação, capacidade de reação e estímulos auditivos, visuais, cinestésicos e as consequentes
possibilidades da intercomunicação (com o professor/maestro, os restantes coralistas, o público)
proporcionadas pela prática musical.
Ao tomar consciência das suas competências performativas, a criança adquire e desenvolve um sentido
ativo, detalhado e funcional: uma identidade na música, enquanto agente, intérprete, criador ou seja,
músico. (Ruiz & Vieira, 2017, p.7)

Permitir que o aluno desenvolva capacidades por intermédio de uma aprendizagem ativa irá
contribuir para que o mesmo explore o significado corporal, vocal e visual levando-o à construção da sua
própria expressão. Conforme Serrão (2005), a comunicação, característica humana tão própria e tão
incutida no próprio ser, é pretendida e querer-se-á estimulante para todos os intervenientes. Desta forma,
e atendendo a que o aluno/pessoa de hoje pertence a um mundo global em permanente construção,
encontrar-se-á mais apto a assimilar novas formas de comunicação.
Como tal, a capacidade de comunicação é um dos aspetos centrais no diretor coral,
proporcionando aos alunos através do gesto, a construção de algo que respeita um pensamento, uma
ideia ou emoção.
De acordo com Godøy & Leman:
A palavra “gesto” é derivada do latim gestus, que significa postura ou pose, e indica certos tipos de
comportamento expressivo, particularmente das mãos (com o propósito de transmitir sentimentos). Em
Latim gestus também significa atitude. O verbo Latim “gestio” significa um comportamento feliz ou
carinhoso incluindo saltos de alegria. Um segundo significado do verbo é o desejar e o querer algo.
(Godøy & Leman, 2010, p.70)

Trata-se simultaneamente de uma relação entre ações e imagens mentais reforçando a


capacidade de expressão, facilitando a aquisição de noções precisas e espontâneas.
Neste sentido, também o gesto transfere códigos que se ligam á música causando a produção
ou transmissão de uma mensagem, reforçando deste modo a compreensão dos conteúdos. Conforme

23
os mencionados autores (2010, p.5) “Em muitas circunstâncias, os gestos são movimentos aprendidos,
mas às vezes são feitos espontaneamente à medida que avançam na articulação da ideia ou significado
musical.”
Assim, o método de Laban irá permitir abertura a novas possibilidades de experimentação e
perceção auxiliando na construção do conhecimento. De acordo com Ortega:
No estudo de cada conceito, devem-se oferecer situações de observação, expressão vocal, expressão
de movimento e representação do mesmo. Isso garante uma visão global e completa, aumenta o seu
nível de vivência e interiorização, e gera um maior número de possibilidades de utilização em atividades
musicais. (Ortega, 1994, p.359)

Neste sentido, construir o conhecimento do aluno explorando várias estratégias pedagógicas


poderá constituir uma mais valia para explicitar e clarificar a apreensão dos conteúdos pelo mesmo, bem
como desenvolver novos processos de perceção. Deste modo, reconhecer as experiências do aluno a
nível individual e coletivo possibilitará uma tomada de consciência das práticas utilizadas bem como a
interligação entre docente e o aluno. Segundo Mársico (2011, p.155) é necessário considerar o aluno
“na sua individualidade e ter presente que todas aquisições prévias exercem influência e efeito sobre as
novas experiências e reformulam-se em contacto com as mesmas.”
A este respeito e, porque vivemos uma época que de forma geral lhe é inerente uma sociedade
muito visual, não poderá ser descuidada na direção coral o alcance desta linguagem.
Segundo Joly:
(…) retórica da conotação revela não é tanto a qualidade de imagem da mensagem visual mas antes a
sua qualidade de signo. Ela diz-nos que a imagem constitui um objeto em si e que participa realmente
de uma linguagem diferente das próprias coisas. Deste modo, a conotação não é inerente à imagem,
mas é necessário considerá-la como constitutiva da significação pela imagem, no surgir de uma
teorização acerca do seu modo de funcionamento. (Joly, 2008, p.96)

Assim, numa perspetiva de relação entre as várias estratégias pedagógicas o docente poderá
facultar ao aluno uma maior expressão e retorno musical, essencial para o processo de ensino-
aprendizagem.

Por último e fazendo referência a Benjamin Zander 4 , considera-se que o objetivo


comunicacional de um diretor coral é conseguido quando “os olhos do aluno ensinado brilham.” Esta
particularidade diz que: o aluno, individualmente conseguiu aceder à harmonia universal do conjunto e,
essa constatação para o diretor será o resultado de um trabalho expressivo também bem realizado ao
nível da direção da coral.

4
TedTalk – O poder transformador da música.
https://www.ted.com/talks/benjamin_zander_on_music_and_passion?language=pt#t-1208924

24
4. Contexto de intervenção
4.1 Caracterização da Escola

O Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca onde foi desenvolvido o Estágio Profissional


e Prática de Ensino Supervisionado, situa-se no centro da cidade, frente ao Jardim 1º de Maio.
Criada em 2005, por um grupo de jovens músicos famalicenses, a ArtEduca é uma Escola de
Ensino Artístico Especializado, que pretende dar resposta à comunidade através de um modelo de
formação artística e musical, contando com mais de 300 alunos distribuídos pelos vários cursos.
Conforme o projeto educativo, desde a sua fundação que é parceira do Ministério da Educação e Ciência,
tendo Autorização Definitiva de Funcionamento (nº149-DREN) e autonomia pedagógica. Em setembro de
2008 assinou o Contrato de Patrocínio com o Ministério da Educação, entre 2011 e 2015 foi cofinanciada
pelo POPH (Programa Operacional Potencial Humano) e desde então, pelo Ministério da Educação.
Para além do funcionamento dos cursos básico e secundário em regime articulado e supletivo
de acordo com a lei vigente, contempla também música para bebés, curso infantil, curso de iniciação,
bem como cursos livres, nos quais estão inseridas outras propostas: formação de adultos e formação
em Jazz/Pop/Rock.
Devido à proximidade dos principais agrupamentos de escolas, verificou-se a utilização dos
espaços físicos desses mesmos (auditório), com quem mantém protocolos de articulação na preparação
de concertos e outras produções de grandes dimensões.
As instalações da ArtEduca providenciam espaços de acordo com as necessidades educativas:
Salas de Formação Musical e disciplinas teóricas, auditório, sala infantil e de bebés, instalações cedidas
em protocolo com instituições de ensino e outras.
Ao longo do ano são desenvolvidas várias atividades artísticas e culturais diversificadas tais
como concertos, workshops, masterclasses, conferências, visitas de estudo e outras iniciativas.
Estes aspetos evidenciam propostas diversificadas, contribuindo deste modo para a valorização
da formação dos alunos, promovendo sensibilidades e o enquadramento de toda a comunidade.
Considera-se que para um crescimento que procura manifestações com entusiasmo pela vida, a música
é parte integrante da experiência da construção pessoal, valorizando a vida cultural e artística do
município.

25
Segundo o projeto educativo “ O aluno que é olhado pela comunidade, reconhecido, com um
lugar próprio e único é um aluno que pode contribuir também de uma forma única, em primeiro lugar
para essa mesma comunidade e depois para o mundo.” 5
O fator primordial de todo o projeto ArtEduca contempla o desenvolvimento e aquisição de
competências musicais, relacionais e humanas, tendo como foco o lema do fundador e diretor da
ArtEduca “Com Música, construímos Pessoas”.6 De acordo com o projeto educativo “ é através de uma
atitude de constante proximidade que essa construção acontece e que o projeto ArtEduca se guia e se
distingue de outros projetos”.7

4.2 Especificação da turma intervencionada

A intervenção incidiu na disciplina de classes de conjunto do 2ºGrau (6ºano) constituída por 36


alunos, sendo 20 rapazes e 16 raparigas com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos. O trabalho
é dirigido por dois docentes: docente A – género feminino e docente B – género masculino, sendo a
docente A a cooperante neste grupo de recrutamento.
O trabalho é fruto de cumplicidade entre os dois docentes, levando-os a preconizar um trabalho
conjunto no que consta à comunicação, desenvolvimento de competências e envolvimento na
aprendizagem do aluno.
A docente A é bastante acessível, fomentando uma relação de empatia com o aluno,
promovendo um ambiente mais interativo, desafiante e flexível. Transmite positividade, boa disposição
encarando os conteúdos de forma lúdica.
O docente B é preocupado e possuidor de uma sensibilidade muito própria com os alunos,
criando uma relação íntima entre o sentir, fazer e aprender. É responsável na maioria das aulas pelo
acompanhamento ao piano.
A aula de classes de conjunto do 2º Grau (6ºano) realiza-se de manhã das 8h15-9h45, num
bloco de 90 minutos, sendo formada por dois grupos distintos (rapazes e raparigas em lados opostos) e
assente num modelo de estrutura tradicional: Realização da chamada, aquecimento vocal, trabalho de
partituras e resolução de problemas.

5
Retirado do Projeto Educativo do Conservatório de Música de Famalicão, Arteduca 2018-2021.
6
Lema retirado da Missão e Visão referente ao Projeto Educativo do Conservatório de Música de Famalicão, Arteduca 2018-2021.
7
Retirado do Projeto Educativo do Conservatório de Música de Famalicão, Arteduca 2018-2021.

26
Trata-se de um grupo de alunos na fase da pré-adolescência com diferentes personalidades,
sendo para os docentes um grande desafio na dinâmica de sala de aula. A maioria é bastante
participativa, no entanto, é frequente a chamada de atenção pelos docentes, devido a momentos de
dispersão, retirando tempo produtivo de trabalho.
A disciplina promove uma atividade musical bastante dinâmica, protagonizando diversos
concertos (Natal, Ciclo de Primavera, Final de ano letivo) pretendendo deste modo enaltecer e valorizar
a música em conjunto.

4.3 Observação de aulas

A relação entre ensino-aprendizagem bem como, as várias respostas relativas às práticas,


teóricas e problemáticas do grupo foram de suma importância para a fase inicial de observação. Esta
constatação permitiu conhecer as estratégias dos docentes (capacidade de inovação, reflexão, normas
instituídas, entre outras) e respetiva reação dos alunos face às mesmas.
Estando incorporada na rotina do grupo, os elementos em evidência foram o funcionamento,
as características vocais (o grupo apresenta alguma dificuldade no que concerne à transição de voz de
peito para voz de cabeça) bem como as competências, dificuldades e motivações do mesmo.
A relação existente entre aluno-docente, ajudou a compreender as estratégias de diálogo,
possibilitando a identificação e aprofundamento de certos aspetos fundamentais no desenrolar da aula,
como por exemplo: comportamento/atitude dos alunos consoante as tarefas exigidas.
No decurso da observação, foi evidenciado desde o início a separação de vozes: do lado
esquerdo os rapazes - voz grave e lado direito as raparigas - voz aguda. Constatou-se também, que por
vezes, a dinâmica da aula era prejudicada, por iniciar no primeiro dia da semana (segunda-feira) no
horário das 08h15-09h45, ilustrando o facto de alguns alunos chegarem atrasados, outros sonolentos.
Denota-se que são aplicadas diversas advertências pelos docentes dado que o grupo dispersa
com facilidade, pois nem sempre concentra as suas energias e atenção nas atividades propostas, bem
como apresenta falta de competências de trabalho em grupo (atenção, atitude, postura e
comportamento).
Numa perspetiva de suscitar modificações de atenção e vontade dos alunos, a docente
cooperante como estímulo recorre ao uso de metáforas: “ pensem em algo docinho e fofinho-algodão”,
“Quando estamos a cantar é como se estivéssemos a contar uma história com entusiasmo”, “ Deem o
vosso melhor”, “ Têm duas opções: cantar bem ou cantar bem”, “Entrem com confiança”.

27
Refere-se que a observação de aulas proporcionou um conhecimento que se transmite
unicamente quando vivenciado, contribuindo para trabalhar de forma mais consciente com o grupo.
Sublinho que todas estas constatações possibilitaram a experimentação e abertura a novas
práticas/estratégias pedagógicas organizando um conjunto de saberes diversos para um crescimento
mais amplo: desfazendo/construindo ideias para na prática aplicar.

4.4 Caracterização da sala

O espaço físico de uma sala de aula de classes de conjunto deverá ser pensado com
intencionalidade e ter particularidades próprias de modo a respeitar a identidade da disciplina em causa.
O fator diferenciador pode definir e qualificar de singular o ambiente, evocando o conceito de
incorporação dos alunos, com a finalidade de aprender e fazer de acordo com o desejado. Desta forma,
a adaptação ao espaço deve procurar fomentar a motivação, estabelecendo um compromisso com a
ação (ensino-aprendizagem). Contudo, nem sempre é possível conjugar e potenciar os fatores mais
favoráveis devido à dificuldade de estabelecer um equílibrio mútuo entre o todo (espaço – objetos –
alunos – docente).
O ponto focal – diretor coral, deverá ser a base de atenção em relação aos elementos já
existentes no espaço, pois estes podem influenciar de forma positiva/negativa o grupo.
O espaço onde foi intervencionado o Estágio Profissional e Prática de Ensino Supervisionada,
apresenta uma estrutura retangular, com três janelas horizontais de pequenas dimensões, parede de
fundo cor laranja, e um estrado vermelho onde se situa o piano de cauda. Possui climatização, suporte
para partituras (estantes) e por vezes, secretária, ecrã ou colunas. A sala contém duas filas de cadeiras
sendo que do lado esquerdo se encontram os rapazes e do lado direito as raparigas, criando um pequeno
corredor sob um piso azul. (v.planta – Figura nº1)
Relativamente às condições de acústica esta demonstrou ser “seca” (pouco reverberante), por
outro lado, através das janelas existentes, predomina a interferência de ruído externo.

28
4.4.1 Planta da sala de aula

Figura 1: Plano isométrico da sala

Figura 2: Plano frontal da sala

29
5. Investigação – Ação

Um processo de investigação tem inerente um conjunto de realidades permeáveis e, por isso,


torna-se fundamental coadunar os objetivos da investigação e a respetiva estratégia para os atingir.
Existem diferentes tipos de pesquisa e com as suas especificidades proveniente de quadros
teóricos de diversos investigadores. No processo criativo e de realização da intervenção pedagógica “ A
importância do gesto expressivo no Diretor Coral - Aplicação em contexto coral no Ensino Artístico
Especializado da Música ” foi considerada a Investigação – Ação (IA), que em educação tem um papel
muito importante pois permite criar um fluxo de informação e conhecimento através da ação entre os
intervenientes o qual pretende contribuir para responder a problemas ou corroborar ideias iniciais do
investigador - educador.

Com esta linha de orientação, Bell refere:


A investigação - Ação não é um método nem uma técnica. Consiste numa abordagem que se revela
particularmente atraente para os educadores devido à sua ênfase prática na resolução de problemas,
por serem profissionais que levam a cabo a pesquisa e esta visar um maior entendimento e
aperfeiçoamento do desempenho durante um certo período. (Bell, 1993, p.22)

Kurt Lewin (1890-1947) através de trabalho desenvolvido em psicologia social está vinculado
ao início da IA que, segundo Torre “ descreveu a investigação - ação como ciclos de ação reflexiva. Cada
ciclo é composto de uma série de passos: planificação, ação e avaliação da ação” (Torre, 2003, p.12).

Castro também menciona o trabalho de Kurt Lewin, quando refere:


O autor defende que uma investigação parte sempre de uma “ideia geral” a propósito de um tema ou
problema relevante sobre o qual é traçado um plano de ação, devendo proceder-se a um
reconhecimento e avaliação do seu potencial e das suas limitações para se partir para a ação, seguida
de uma primeira aferição dos resultados dessa ação. A seguir a esta fase, o investigador faz uma revisão
do plano inicial de acordo com os elementos de informação já recolhidos e planifica o segundo passo a
partir desta base. (Castro, s.d., p.12)

30
IDEIA INICIAL

Exploração
(busca de factos)

PLANO GERAL

Passo 1
Passo 2
Por em ação o Passo PLANO RETIFICADO
1 AVALIAÇÃO Passo 1
Passo 2
Por em ação o Passo
2

AVALIAÇÃO

Figura 3: Modelo de Investigação-Ação de Lewin (1946)

Coutinho et al. (2009, p.368) também mencionam Stephen Kemmis (1988) cuja investigação
se encontra baseada no modelo de Lewin (1946) mas mais direcionada para uma contextualização
educativa, assente numa base estratégica e organizativa.
Como estratégia é considerada a ação e a reflexão como pilares fundamentais e como
organização: a planificação e a observação. Todos estes campos encontram-se num processo de
interação constante para coadjuvar na resolução de problemas e entendimento das práticas educativas.
Coutinho et al. (2009, p.368) referem ainda que, “assim, este modelo integra quatro
momentos: planificação, ação, observação e reflexão, implicando cada um deles, simultaneamente, um
olhar retrospetivo e prospetivo, gerando uma espiral auto – reflexiva de conhecimento e ação.”

31
Figura 4: Momentos da Investigação-Ação (Kemmis, 1989), (Coutinho et al., 2009, p.369)

De igual modo, também Ribeiro refere que:

Esta metodologia de investigação baseia-se num processo sistemático de ação/reflexão/ação


proporcionando um dinamismo muito próprio e contribuindo para que o professor, no âmbito educativo,
tenha um papel ativo e participativo sendo ele próprio um agente de mudança. Neste contexto, a
investigação-ação é um método de investigação educacional excelente para conduzir as práticas
educativas, com o intuito de melhorar o ensino e os ambientes de aprendizagem na sala de aula [cita]
(Arends, 1995). Ribeiro (2013, p.119)

Por sua vez, em relação à investigação de John Elliott (1990), Gomez (2005, p.11) salienta
que este investigador considera “ que o significado intrínseco das tarefas e intercâmbio nos quais os
alunos se envolvem, é o que vai definindo paulatinamente mas de forma progressiva o sentido e
qualidade de desenvolvimento dos diferentes aspetos da sua personalidade.”
Com esta linha de orientação, Coutinho et al. (2009, p.362) salientam que a IA é considerado
um modelo de pesquisa “prática e interventiva, pois não se limita ao campo teórico, a descrever uma
realidade, intervém nessa mesma realidade. A ação tem de estar ligada à mudança, é sempre uma ação
deliberada”.
Castro (s.d) refere ainda MacNaughton & Hughes (2009) quando estes autores mencionam a
tríplice dimensionalidade: pensar – agir – criar a mudança.

32
Esta investigadora salienta a existência de um processo dinâmico, interativo e aberto a
reajustamentos, apoiado nas seguintes fases: planear com flexibilidade; agir; refletir; avaliar-validar;
dialogar. Por sua vez, uma parte muito importante de todo o processo relaciona-se com a recolha de
informação e a sua relação de obtenção através de técnicas e instrumentos.
A este respeito,
É sempre necessário pensar nas formas de recolher a informação que a própria investigação vai
proporcionando (…) tendo, para isso, que refinar de um modo sistemático o seu “olhar” sobre os
aspetos acessórios ou redundantes da realidade que está a estudar. (Coutinho et al., 2009, p.373)

INSTRUMENTOS ESTRATÉGIAS
MEIOS AUDIOVISUAIS
(lápis e papel) (interactivas)

Testes Entrevista Vídeo


Escalas Observação participante Fotografia
Questionários Análise documental Gravação áudio
Observação sistemática Diapositivos

Figura 5: Técnicas e instrumentos de Investigação, (Coutinho et al.,2009, p.373)

Neste sentido, constata-se a importância da IA no processo educativo que atende a múltiplas


variáveis e que cabe ao investigador – educador um papel nuclear em todo o processo, com o objetivo
final de melhorar realidades com os alunos.
Por sua vez, quando à IA está associada uma temporalidade limitada, Bell refere que:

Mesmo assim, se possível, deve ser feito um esforço para verificar e comparar os resultados e, num
estudo mais amplo, para usar mais de um método de recolha de dados. Este método de aproximação
múltipla é conhecido como triangulação e é descrito como: verificação da existência de certos
fenómenos e da veracidade de afirmações individuais através da recolha de dados a partir de um
determinado número de informantes e de fontes e comparação e confrontação subsequentes de uma
afirmação com a outra, de forma a produzir um estudo tão completo e equilibrado quanto possível.
(Bell, 1993, p.96)

Existe ainda um reforço sobre a potencialidade da IA quando é referido por Coutinho et al.
(2009, p.375): “(…) mais do que uma metodologia, tende a afirmar-se como um modus faciendi
intrínseco à atividade docente e ao quotidiano daquelas instituições educativas que pretendem
acompanhar os sinais dos tempos (…).”
Por último, Coutinho et al. (2009, p.376) realçam que a IA “(...) não é uma metodologia de
investigação sobre a educação, mas sim uma forma de investigar para a educação.”

33
6. Plano de intervenção pedagógica
6.1 Questão de pesquisa e objetivos

Partindo da temática e motivações mencionadas enuncia-se a seguinte questão de pesquisa:


Será que a apropriação do método de Laban é aplicável e benéfica para a gestualidade do diretor coral
em contexto escolar?

Com esta questão pretendeu-se procurar respostas que permitissem validar os seguintes
objetivos de pesquisa:
− Verificar se contribui para uma melhor sonoridade coral.
− Constatar se contribui para a eficiência do ensaio.
− Considerar a importância do gesto expressivo do diretor coral em contexto escolar.
− Verificar se permite uma maior perceção do corpo do diretor coral e do aluno, possibilitando
um processo de descoberta de novas perceções que se traduzem em construção de sentido e
significado musical.
− Considerar se esta abordagem pedagógica contribui para tornar a aprendizagem do aluno
significativa.

Após delinear a questão de pesquisa, desenvolveram-se os seguintes objetivos de intervenção


que têm por base as duas ações básicas do movimento flutuar e socar esboçadas por Laban:
1. Desenvolver exercícios, jogos e estratégias pedagógicas a ser implementadas na aula de coro,
de forma a consciencializar o movimento corporal associado às ações básicas do movimento
flutuar e socar.
2. Compreender a relação entre o processo criativo e os movimentos corporais do aluno
associando-os aos mesmos gestos a aplicar pelo diretor coral.
3. Aplicar a apropriação do método de Laban através dos gestos flutuar e socar para a prática
coral.
4. Analisar as funções do gesto expressivo flutuar e socar no coro.
5. Compreender as eventuais vantagens e desvantagens do uso do gesto expressivo pelo diretor
coral.
6. Promover a participação do aluno num processo de aprendizagem ativo, explorando a relação
entre voz> gesto> movimento> som.

34
6.2 Contextualização e fases de intervenção

No que diz respeito à fase inicial de intervenção, foi realizada uma apresentação do projeto
conduzindo os alunos ao método de Rudolf Laban, centrado nas duas ações flutuar e socar e sua
relação/consciencialização com o quotidiano. Nesta perspetiva, comunicou-se aos alunos as práticas a
serem instruídas (atividades de observação, experimentação corporal, diário de bordo, gravação vídeo e
realização de um questionário). Neste contexto, procurou-se reconhecer intencionalidade, finalidade e
relacionamento interpessoal. Isto permitiu enquadrar e possibilitar uma melhor compreensão dos alunos,
suscitando curiosidade e interesse nos mesmos.
Desta forma, implementou-se a leitura/interpretação de três peças corais: Now the sun is
shining de Peter Michel, Tum tum piscatum com arranjo de Carlos Gomes e Karabu adaptação da
canção Hallejujah (U.S.A) que servirão de suporte ao longo do projeto.
Neste sentido, identificou-se a capacidade de traballho do grupo, proporcionando o quadro dos
problemas inerentes e um acolhimento das práticas a utilizar. Paralelamente, fomentou-se a
aprendizagem significativa dos alunos, isto é, incentivou-se os mesmos na construção do seu próprio
significado das ações flutuar e socar, sem qualquer tipo de abordagem prévia, ou seja, “aprender sem
ser ensinado”. Os resultados das respostas foram inspiradoras: “Flutuar significa apoiar, mas sem força”,
“Flutuar é quando a minha irmã diz para cantar em pontas dos pés...”, “Socar é dar socos”, “É força e
agressividade como uma tempestade.” Este fio condutor contribuiu para o aprofundamento de uma
consciência coletiva, explorando dinâmicas de reflexão, auto-análise, bem como sentimento de coesão e
comunicação com o grupo. Em virtude da importância deste momento de “abertura” procurou-se uma
articulação entre o pensamento e a ação. Neste seguimento é pretendido o papel interventivo dos alunos,
promovendo o prazer de aprender e a exploração da expressão.
De seguida, foi criada uma estruturação sólida dos conhecimentos através da aplicação de
exercícios, jogos e estratégias pedagógicas, tendo como base o método de Rudolf Laban – duas ações
flutuar e socar. Todo este processo fomentou a empatia e confiança no grupo, experimentando
estratégias de diálogo, contribuindo para integrar os alunos no desenrolar do projeto de intervenção.
Assim, o diretor coral através da apropriação das duas ações flutuar e socar conduziu o grupo
a um outro tipo de linguagem, experimentação e consolidação dos conteúdos assimilados,
proporcionando aos alunos uma nova abordagem.

35
Desta forma, enuncia-se o desenvolvimento das três fases de intervenção:

1) Numa primeira fase predominará a leitura e interpretação de três peças corais tendo por base
a metodologia tradicional de direção coral, aplicando a repetição mecânica do movimento num
simples gesto de marcar-o-compasso. Para avaliar o seu efeito irá ser realizado o registo da
aula através de uma gravação vídeo e consequentemente serão avaliados os resultados.

2) Na fase seguinte, como ponto de partida ao desenvolvimento da teoria de Laban, serão


abordadas as duas ações básicas de movimento flutuar e socar utilizando exercícios, jogos,
estratégias pedagógicas diversificadas (observação, experimentação corporal, diário de bordo)
de forma a comunicar a intenção dessas ações aos alunos, procurando provocar uma maior
consciência das mesmas.
Será importante o aluno sentir, viver uma determinada ação para depois ao cantar poder
relembrar-se desse mesmo movimento, reproduzindo-o em termos vocais.

3) Numa última fase, efetuar-se-á a interpretação das mesmas peças corais segundo o gesto
expressivo do diretor coral, apropriando-se das ações treinadas para refletir o conteúdo musical.
Para ser possível estabelecer um processo de comparação, será realizado o registo da aula
através de uma gravação vídeo, que depois de analisada servirá de suporte para responder à
questão enunciada.

36
6.3 Caracterização dos exercícios, jogos e estratégias pedagógicas

Tendo em conta as fases mencionadas, traduz-se o desenvolvimento associado às mesmas,


com o intuito de evidenciar as duas ações básicas do movimento flutuar e socar no desenrolar do projeto
de intervenção. Nesta perspetiva, e com o propósito de garantir uma linha contínua de trabalho todas as
aulas foram planificadas ao ínfimo pormenor, utilizando-se recursos diferenciados (exercícios, jogos,
estratégias pedagógicas), contribuindo desta forma para a construção da expressão do aluno através de
uma aprendizagem ativa.
Realça-se que todas as aulas iniciaram com aquecimento vocal apelando ao movimento gestual
e recorrendo ao uso de metáforas. Numa primeira instância efetuou-se a apresentação do projeto aos
alunos e posterior leitura/interpretação das peças selecionadas sob a direção do gesto tradicional.
Como ponto de partida ao desenvolvimento do método de Laban recorreu-se à aprendizagem
significativa tendo em conta a exploração de possibilidades referentes às duas ações. De seguida,
prosseguiu-se com a atividade de observação, onde foram visualizadas as duas ações com objetos
relativos ao quotidiano (fisga com bola em lançamento, penas de várias cores a balançar suavemente,
entre outras).
Posteriormente, vivenciaram-se as duas ações através da atividade de experimentação
corporal, cantando pelo espaço as peças selecionadas, com o propósito de sentir o contraste presente
nas mesmas. Deste modo, pretendeu-se desenvolver no grupo a perceção das ações (flutuar e socar)
presentes no quotidiano levando o mesmo a obter uma expressão livre e individual. Neste seguimento,
realizou-se uma atividade de observação onde foram constituídas equipas. A proposta consistia em colar
imagens previamente selecionadas pela docente representativas de conceitos como: ressalto, impulso,
força, leveza, flexibilidade, entre outras. Em cada cartão correspondente à ação flutuar e socar. Assim,
apelou-se à discussão e troca de ideias promovendo a cooperação e dinâmica do grupo.
Após os conhecimentos adquiridos os alunos que se voluntariaram tiveram a oportunidade de
exemplificar a direção sob o gesto expressivo (flutuar e socar), assumindo uma identidade própria. É
igualmente importante referir que os alunos com esta atividade puderam construir um referencial do
gesto expressivo (flutuar e socar) a aplicar pelo diretor coral. Finalizada esta atividade demonstrou-se o
gesto da ação flutuar e socar pelo diretor coral, perguntando qual o gesto que se identifica com cada
uma das ações e suas características.
Salienta-se que foi entregue ao aluno um diário de bordo, construído à mão pela docente, trata-
se de um caderno A5, sendo que o mesmo o pôde personificar de acordo com o seu gosto.

37
A criação do diário de bordo teve como objetivo instaurar uma rotina que oferecesse de forma
apelativa a vontade do aluno “querer-fazer”, bem como delegar responsabilidade e autonomia ao mesmo.
Assim, foram estipulados exercícios que o aluno deveria cumprir como reforço para casa, por
outro lado teve o intuito de os mesmos poderem criar livremente, o que sentiram, o que viram, o que
experienciaram na aula, efetuando-se deste modo, um registo de todo o processo.
Depois de todo um processo de sensibilização e perceção dos conteúdos propostos procedeu-
se à gravação video das peças selecionadas sob o gesto tradicional e gesto expressivo para analisar o
seu respetivo efeito na sonoridade coral.
Por último, entregou-se um questionário que teve como propósito tecer conclusões face aos
resultados obtidos.

38
6.3.1 Descrição da leitura/interpretação de peças corais

1ªFase

Leitura/interpretação de peças corais – Now the sun is shining

Descrição Introdução à leitura/interpretação de peças corais


Material Now the sun is shining de Peter Michel
Estimular a memória musical;
Trabalhar a articulação/dicção;
Promover noção/coordenação rítmica;
Objetivos Promover noção melódica;
Desenvolver a afinação e sonoridade;
Adquirir noção da estrutura formal;
Compreender o caráter das peças;
Estimular a capacidade de concentração;
Estabelecer o equilíbrio do grupo.
Now the sun is shining
Primeiramente, procedeu-se a audição da peça - cantado e acompanhado
ao piano pela docente. De seguida, executou-se a melodia em diálogo
(pergunta-resposta) até ficar interiorizada. Trabalhou-se o texto em vários
andamentos (lento, rápido) e também em várias dinâmicas (piano, forte).
Explicação da atividade No refrão os rapazes cantaram a melodia B e as raparigas a melodia C
(indicando com o movimento das mãos a altura das notas), o mesmo
procedeu-se de forma inversa. Paralelamente, estabeleceu-se uma ligação
entre o caráter da peça e a respetiva sonoridade pretendida (intenção-
alegre). Repetiu-se a peça várias vezes à capella sob o gesto tradicional e
com acompanhamento de piano, para identificar e superar problemas
existentes com o intuito de consolidar a mesma (estrutura formal e aspetos
suprarreferidos).
Numa fase posterior, trabalhou-se a peça com percussão corporal,
estalando os dedos em contratempo no refrão.

39
1ªFase

Leitura/interpretação de peças corais – Tum tum piscatum

Descrição Introdução à leitura/interpretação de peças corais


Material Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos
Gomes
Estimular a memória musical e capacidade de concentração;
Trabalhar texto/articulação/dicção;
Promover noção melódica e coordenação rítmica;
Objetivos Desenvolver a afinação e sonoridade;
Adquirir noção da estrutura formal;
Compreender o caráter das peças;
Estabelecer o equilíbrio do grupo.
Tum tum piscatum
Num primeiro momento, trabalhou-se o texto falado com o ritmo indicado.
Seguidamente, percutiu-se o ritmo com o texto (raparigas-rapazes-tutti).
Tanto o texto como o ritmo foram repetidos várias vezes para a interiorização
do grupo. De seguida, esteve subjacente a audição da peça - cantado e
acompanhado ao piano pela docente. Executou-se a aprendizagem da
melodia em diálogo (pergunta-resposta) até ficar assimilada. Desta forma, a
ordem foi a seguinte: Melodia A – Tum tum piscatum (raparigas) Melodia B
Explicação da atividade – Cai, cai balão (rapazes) o mesmo procedeu-se de forma inversa e tutti do
início ao fim. Paralelamente, trabalhou-se a sonoridade transportando o
grupo para ritmos e sons do Brasil. Repetiu-se a peça várias vezes à capella
sob o gesto tradicional e com acompanhamento de piano, para identificar e
superar problemas existentes com o intuito de consolidar a mesma
(estrutura formal e aspetos suprarreferidos). Numa fase posterior, trabalhou-
se a peça com percussão corporal e efetuou-se o respetivo cânone. Na
passagem do cânone, numa primeira instância as raparigas cantaram a
melodia A e os rapazes a melodia B em simultâneo, o mesmo procedeu-se
de forma inversa. Repetiu-se várias vezes à capella e com acompanhamento
de piano para assimilar a mesma.

40
1ªFase

Leitura/interpretação de peças corais – Karabu

Descrição Introdução à leitura/interpretação de peças corais


Material Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallejujah (U.S.A)
Estimular a memória musical;
Trabalhar texto/articulação/dicção;
Promover noção/coordenação rítmica;
Objetivos Promover noção melódica;
Desenvolver a afinação e sonoridade;
Adquirir noção da estrutura formal;
Compreender o caráter das peças;
Estimular a capacidade de concentração;
Estabelecer o equilíbrio do grupo.
Karabu
Procedeu-se a audição da peça. De seguida, executou-se a melodia em
diálogo (pergunta-resposta) de acordo com uma dinâmica gestual,
facilitadora da aprendizagem (contagem através dos dedos das mãos).
Repetiu-se a peça várias vezes à capella e com acompanhamento de piano
Explicação da atividade para identificar e superar problemas existentes.
Explicou-se a estrutura da peça e executou-se a mesma da seguinte forma:
- Alternância da melodia (pergunta-resposta) entre docente/ grupo e de
forma inversa.
- Divisão da turma em dois grupos: Grupo I inicia a melodia como se fosse
uma espécie de pergunta e o Grupo II responde. O mesmo procedeu-se de
forma inversa.

Relatório geral das peças: Now the sun is shining, Tum tum piscatum e Karabu

O grupo respondeu positivamente (feedback imediato, bom desempenho, motivação) à aprendizagem


das peças, sendo que prevaleceram algumas dificuldades relacionadas com a assimilação do texto
(Now the sun is shining) e articulação do ritmo em grupo (Tum tum piscatum).
Refere-se que as partituras foram entregues no final da aula, com o intuito de estimular a memória
musical, bem como estabelecer foco no processo de ensino-aprendizagem. Assim, alguns
demonstraram curiosidade colocando questões sobre o que iria ser abordado na próxima aula, uns
dispersaram e outros saíram a cantar as peças com alegria.

41
Figura 6: Leitura/interpretação do repertório selecionado

Figura 7: Aprendizagem da peça Karabu – Contagem através dos dedos das mãos

42
6.3.2 Descrição dos exercícios, jogos, estratégias pedagógicas

2ªFase

Atividade de observação nº1

Descrição Visualização de objetos alusivos às duas ações básicas de movimento flutuar


e socar.
Ação flutuar – bola de carvalho, patinho de borracha, penas de várias cores
Material e recipiente com água.
Ação socar - “pá mata-moscas”, fisga com bola carvalho, bola pinchona.
Identificar o conhecimento prévio que o aluno possui;
Apelar a uma estratégia simples com objetos do quotidiano;
Objetivos Facilitar a associação das duas ações básicas do movimento flutuar e socar;
Adquirir/consolidar conhecimentos;
Envolver a participação do aluno no processo.
Em primeiro lugar foi proposto o reconhecimento das duas ações ( flutuar e
socar) através da aprendizagem significativa, isto é, os alunos tiveram de
explicar o significado das mesmas, através de uma palavra, frase ou
sinónimo. Após o parecer dos alunos foi explicado pela docente o significado
das duas ações em função do método de Laban. Paralelamente, procedeu-
Explicação da atividade se a estratégia de aprendizagem através do processo de visualização de
objetos alusivos às duas ações, de forma aleatória, levando os alunos a
questionar, clarificar e vivenciar a compreensão das ideias expostas. Desta
forma a ordem das ações (flutuar e socar) foi a seguinte: bola de carvalho
num recipiente com água; “pá mata-moscas” em movimento rápido, firme
e direto; fisga com bola em lançamento; pato de borracha num recipiente
com água; bola em ressalto e penas de várias cores a balançar suavemente.
De seguida, solicitou-se aos alunos que exemplificassem essas mesmas
ações, referindo outros objetos que não os presentes: ação flutuar -
“papagaio” “avião de papel” e “borboletas” e ação socar - “lutadores de
sumo”, “chutar bola” e “atirar pedras para a água”.
O grupo demonstrou envolvimento, curiosidade e prazer de aprender
participando de forma bastante positiva, sendo a atividade bem sucedida.
Relatório Conseguiram identificar sem dificuldade o objeto correspondente a cada
ação, contribuindo desta forma para reforçar a perceção das mesmas
(flutuar e socar) presentes no quotidiano.

43
Figura 8: Visualização relativa à ação flutuar

Figura 9: Visualização relativa à ação socar

44
2ªFase

Atividade de observação nº2

Descrição Colagem de imagens alusivas às duas ações básicas do movimento flutuar


e socar.
Dois cartões em material K-line (70x100cm-3mm); diversas imagens
Material alusivas às duas ações (plastificadas numa gráfica e recolhidas da internet);
fita cola dupla; caixa como suporte.
Apelar a uma estratégia simples com objetos do quotidiano;
Assumir a distribuição de tarefas para discutir e dialogar em conjunto;
Associar as imagens selecionadas à respetiva ação flutuar e socar;
Objetivos Promover a cooperação e dinâmica do grupo (responsabilidade, iniciativa,
empenho e espírito de equipa);
Memorizar e compreender as ações;
Introduzir a componente de jogo facilitando o processo de aprendizagem.
Desenvolver o espírito crítico e capacidade de comunicação;
Foram constituídas equipas (6 grupos com 5 alunos e 1 grupo com 6
alunos), sendo que cada elemento da equipa, retirava uma imagem da caixa
analisando-a, classificando-a e apelando à opinião das restantes equipas,
tentando criar situações de consenso entre todos procurando não quebrar
a continuidade da atividade exigida. No caso de não existir concordância, a
Explicação da atividade ideia era debatida até prevalecer uma conclusão consensual.
Finalizado este processo, os alunos colaram em cada cartão correspondente
as imagens relativas às ações flutuar e socar. Deste modo, pôde ser
visualizado o contraste entre as duas ações.
Após efetuada esta atividade realizou-se um pequeno balanço sobre a
mesma, sendo que os alunos poderam exprimir e questionar a proposta
implementada.
O diálogo surgiu de forma fluída aprofundando os conhecimentos inerentes
à atividade.
Regra geral, os alunos demonstraram bastante empenho, curiosidade e
prazer na realização da dinâmica de grupo enfrentando o desafio proposto,
sem dificuldade.
Relatório A escuta do outro, a cumplicidade, a partilha e a responsabilidade
representaram focos essenciais no desenvolver da atividade.
Contudo, foram realizadas chamadas de atenção aos alunos, que
dispersaram/conversaram durante o processo.

45
Figura 10: Imagens em suporte da atividade de observação nº2

Figura 11: Imagens em suporte da atividade de observação nº2

46
Figura 12: Colagem alusiva à ação flutuar

47
Figura 13: Colagem alusiva à ação socar

48
2ªFase

Atividade de observação nº3

Descrição Demonstração do gesto expressivo (flutuar e socar) do diretor coral.


Now the sun is shining de Peter Michel
Material Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira de Carlos Gomes
Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallejujah (u.s.a)
Identificar o gesto referente à ação flutuar ou socar (quais as suas
características);
Capacidade de discernimento entre as duas ações;
Objetivos Promover o interesse na observação e prática;
Construir um referencial;
Compreender a linguagem não verbal do diretor coral;
Promover a empatia.
Numa primeira instância, executou-se um jogo de espelho promovendo a
empatia no grupo (exercícios de coordenação, movimentos contraditórios,
expressões faciais, entre outros). Posteriormente, demonstrou-se o gesto da
ação flutuar e socar do diretor coral, perguntando qual o gesto que se
identifica com cada uma das ações e suas características. Após o sucedido
executaram-se as duas ações em simultâneo reforçando a sua
Explicação da atividade intencionalidade.Seguidamente os alunos cantaram as peças trabalhadas
sob a direção do gesto expressivo (flutuar e socar), acompanhadas ao piano
pelo docente B. Como estratégia facilitadora da aprendizagem utilizou-se o
recurso à memória de exercícios efetuados ao longo do projeto, bem como
o uso de metáforas: “Pensar que estão nas nuvens... e que são de algodão
doce” e “É como se estivessem a atirar bolas de neve”, entre outras.
Desta forma, pretendeu-se reforçar a ideia/sensação das duas ações com
o intuito do aluno associar as mesmas reproduzindo em termos vocais.
O grupo demonstrou predisposição face à atividade proposta: diferença
entre o gesto flutuar e socar no diretor coral, sendo construído um
Relatório referencial para os mesmos. No entanto, demonstra-se que o grupo não
apresenta cultura de coro de forma estruturada (atenção, atitude, postura,
comportamento).

49
Figura 14: Demonstração do gesto flutuar/socar do diretor coral

50
2ªFase

Atividade do diário de bordo nº1

Descrição Descoberta/reflexão das ações flutuar e socar através de imagens.


Caderno A5 com folha branca;
Imagens retiradas de revistas;
Material Papel colorido;
Separadores;
Etiquetas;
Papel autocolante.
Refletir sobre o significado das ações;
Criar a perceção das mesmas individualmente;
Objetivos Compreender/assimilar o conteúdo da mesmas;
Desenvolver a responsabilidade, autonomia;
Valorizar/respeitar o material.
Primeiramente explicou-se a importância/utilidade do diário de bordo e logo
de seguida entregaram-se os mesmos.
Explicação da Cada aluno no seu diário de bordo teve duas imagens coladas relativas às
atividade duas ações flutuar e socar.
Com a intencionalidade de reforço os alunos tiveram que descobrir a ação,
correspondente às imagens, escrevendo-as.
O grupo demonstrou agrado relativamente à entrega do diário de bordo.
Apresentou bastante curiosidade, interesse e motivação face ao reforço
proposto, por outro lado o facto de criarem livremente o que sentiram, o que
Relatório viram, o que experenciaram na aula através de uma identidade própria,
revelou-se motivo de entusiamo.
Note-se que os alunos gostaram de partilhar o que realizaram no diário de
bordo com a docente, refletindo e comunicando as suas ideias.

51
Figura 15: Descoberta/reflexão das duas ações

52
2ªFase

Atividade do diário de bordo nº2

Descrição Significado de ação básica de movimento flutuar e socar.


Caderno A5 com folha branca;
Imagens retiradas de revistas;
Material Papel colorido;
Separadores;
Etiquetas;
Papel autocolante.
Compreender/assimilar o conteúdo das duas ações;
Objetivos Desenvolver a responsabilidade, autonomia;
Valorizar/respeitar o material;
Estimular a criatividade e expressão.
Explicação da atividade Foi solicitado aos alunos como reforço que associassem uma palavra,
imagem, música ou texto de 20 palavras relacionado com as duas ações
básicas de movimento flutuar e socar.
Os alunos revelaram empenho face à proposta de reforço para casa, pois
Relatório cada um pôde selecionar a sua forma de expressão para classificar as duas
ações, alegando sentido de responsabilidade e autonomia.

Figura 16: Ilustração relativa às duas ações Figura 17: Ilustração relativa às duas ações

53
Figura 18: Texto relativo às duas ações 8 Figura 19: Frase relativa às duas ações 9

Figura 20: Texto relativo às duas ações 10

8
Hoje aprendi que o movimento de leveza, por exemplo uma pena a flutuar, enquanto que o movimento socar é brusco e agressivo ou e muito rápido, mas
curto, como por exemplo um homem a jogar raquestes. (sic)
9
Flutuar é um movimento leve e calmo. Socar é um movimento brusco e forte. (sic)
10
Flutuar – É um movimento leve, lento e pacifico. Transmite-nos calma. Pode ser realizado ao deixar cair uma pena. Socar – É um brusco e rápido. Pode
ter um pacto (impacto). Por vezes pode assustar-nos. Pode ser realizado ao chutar uma bola. (sic)

54
2ªFase

Atividade do diário de bordo nº3

Descrição Criação/explicação de figuras geométricas relativas às ações flutuar e


socar.
Caderno A5 com folha branca;
Imagens retiradas de revistas;
Material Papel colorido;
Separadores;
Etiquetas;
Papel autocolante.
Implementar métodos e estratégias criativas;
Objetivos Compreender/assimilar o conteúdo das ações;
Desenvolver a responsabilidade, autonomia;
Valorizar/respeitar o material;
Explicação da atividade Foi solicitado aos alunos a elaboração de um desenho, utilizando figuras
geométricas para representar as duas ações básicas de movimento flutuar
e socar e sua explicação.
O grupo revelou intencionalidade e agrado em cumprir o reforço para casa,
Relatório criando assim uma relação de dinâmica de acordo com os objetivos
propostos.

Figura 21: Figura geométrica relativa à ação flutuar 11 Figura 22: Figura geométrica alusiva à ação socar 12

11
O sólido geométrico que me faz lembrar o movimento flutuar é o círculo, pois faz-me lembrar uma nuvem só que duma forma diferente. (sic)
E o sólido geométrico que me faz lembrar o movimento socar é o retângulo, pois faz-me lembrar uma raquete só que doutra forma, e porque tem a forma
12

muito rígida. (sic)

55
2ªFase

Atividade do diário de bordo nº4

Descrição Memória descritiva.


Caderno A5 com folha branca;
Imagens retiradas de revistas;
Material Papel colorido;
Separadores;
Etiquetas;
Papel autocolante.
Revelar as vivências/envolvimento das aprendizagens;
Analisar o ponto de vista do aluno;
Objetivos Expandir a comunicação, criatividade e espírito crítico;
Desenvolver a responsabilidade, autonomia;
Valorizar/respeitar o material;
Fomentar um trabalho autónomo.
Explicação da atividade Foi solicitado aos alunos a construção de uma memória descritiva que
retratasse a narrativa do projeto (o que gostaram/ o que não gostaram, o
que aprenderam de novo, entre outras).
O grupo procurou expandir as suas ideias, criatividade face à proposta
Relatório solicitada. Demonstrou espírito crítico, empatia, empenho e aprendizagem
dos conteúdos propostos.

56
Figura 23: Memória descritiva 13

Figura 24: Memória descritiva 14

Figura 25: Memória descritiva 15

13
Durante estas aulas eu gostei muito da aulas em que tinhamos de adivinhar se era movimento flutuar ou socar através de fotografias, pondo-as no quadro.
Adorei estas aulas! (sic)
14
As aulas têm sido interessantes pois além de cantarmos também associamos os gestos flutuar e socar a músicas. (sic)
15
Gostei muito das aulas com a professora Maria João, pois foram diferentes, e coisas diferentes são interessantes. (sic)

57
2ªFase

Atividade de experimentação corporal nº1

Descrição Exemplificação corporal do movimento flutuar e socar.


Material Now the sun is shining de Peter Michel
Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos
Gomes
Fomentar a dinâmica de grupo;
Desenvolver uma expressão livre do grupo de forma individual;
Desenvolver perceção das ações (flutuar e socar) presentes no quotidiano;
Possibilitar uma maior cumplicidade entre corpo, voz e emoção;
Objetivos Provocar uma maior consciência das ações reproduzindo-o em termos
vocais;
Compreender o caráter das canções;
Desenvolver competências de comunicação, criatividade, expressividade e
improvisação.
Tendo a necessidade de espaço e com a ajuda da professora cooperante,
as cadeiras foram colocadas em forma de “u” possibilitando maior
flexibilidade de movimento.
Dois alunos (os que se voluntariaram) exemplificaram corporalmente o
movimento flutuar e socar, consoante a interpretação de cada um, sendo
que o exercício foi realizado em silêncio e reforçando a ideia de que são
Explicação da atividade movimentos antagónicos.
Posteriormente foi solicitado ao grupo, que caminhasse pelo espaço
cantando as peças aprendidas Now the sun is shining ,Tum tum piscatum
realizando movimentos alternados entre cada uma das ações, interpretando
com cariz pessoal e de acordo com o caráter/andamento das peças. Assim,
foram apresentados movimentos lânguidos: partes lentas e movimentos
energéticos: partes rápidas.
De seguida, efetuou-se um balanço em que os alunos poderam de forma
espontânea referir qual a inspiração/pensamento relacionado com o
momento.
O grupo desenvolveu a nível individual uma relação entre o repertório e a
Relatório experimentação corporal, que causou estranheza/vergonha para alguns
alunos. Outros executaram com intencionalidade e motivação, os restantes
dispersaram a atenção/concentração.

58
Figura 26: Movimento corporal socar e flutuar

Figura 27: Movimento corporal socar e flutuar

59
2ªFase

Atividade de experimentação corporal nº2

Descrição Jogo de movimento da canção Karabu/ exemplificação corporal do


movimento flutuar e socar.
Material Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallejujah (u.s.a)
Possibilitar uma maior cumplicidade entre corpo, voz e emoção;
Desenvolver a coordenação motora;
Cultivar o foco/atenção;
Compreender o caráter das canções;
Objetivos Potencializar o equilíbrio do grupo;
Estimular criatividade; expressividade e improvisação;
Desenvolver a responsabilidade e autonomia.
Primeiramente, efetuou-se um jogo de movimento relacionado com a peça
Karabu, consistia em focalizar os alunos no movimento sentar e levantar.
Foram atribuídos números de 1 a 2 a cada um dos alunos, sendo que
tinham de memorizar o seu respetivo número. O número 1 correspondia à
pergunta Karabu e número 2 à resposta Karabuiá. Seguidamente foi
exemplificado o objetivo do jogo com um aluno para uma melhor
Explicação da atividade assimilação/interpretação do jogo. Assim, sempre que o número 1 ou 2
cantava tinha que se levantar, dado a música exemplificar o reconhecimento
“pergunta-resposta”. O mesmo foi realizado de forma inversa, quando
cantavam em vez de se colocarem de pé, tinham de se sentar.
Esta atividade foi efetuada em vários andamentos o que acabou por dificultar
ainda mais o processo. De seguida, cantou-se a peça realizando
movimentos alternados entre cada uma das ações (flutuar e socar),
interpretando com cariz pessoal e de acordo com o caráter/andamento da
peça. Logo após, os alunos partilharam as suas experiências dando
exemplos do que imaginaram ao cantar a peça: “eu pensei que estava a
driblar uma bola de basquete”, “ imaginei que era uma bailarina” entre
outros.
Durante o processo foram realizadas chamadas de atenção aos alunos
(atitude, postura, comportamento) conduzindo à modificação de lugares
Relatório (alternância entre rapariga e rapaz).
Dado ser uma atividade com cariz lúdico os alunos responderam de forma
entusiasta revelando espírito de cooperação, bem como desenvolveram
sentido de responsabilidade e autonomia perante as tarefas propostas.

60
2ªFase

Atividade de experimentação corporal nº3

Descrição Demonstração do gesto flutuar e socar na direção coral, pelos alunos.


Now the sun is shining de Peter Michel
Material Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira de Carlos Gomes
Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallejujah (u.s.a)
Concentrar a atenção na relação entre reflexão e ação;
Construir um referencial;
Objetivos Facultar aos alunos formas diversas de se expressarem;
Assumir uma identidade própria;
Desenvolver competências de comunicação com o grupo;
Fomentar a autonomia e responsabilidade.
Primeiramente colocou-se a seguinte questão: Se fossem
maestros/maestrinas e tivessem de dirigir este coro, como exemplificariam
o gesto flutuar e socar?
Assim, os alunos que se voluntariaram tiveram a oportunidade de
Explicação da atividade exemplificar de forma individual as duas ações (flutuar e socar) e de seguida
experimentar a direção das peças sob o gesto expressivo (flutuar e socar),
frente ao grupo de forma a despertar a concentração do mesmo.
Os alunos envolvidos na atividade, foram bastante criativos na sua
Relatório improvisação de forma a contribuirem para as práticas aprendidas.
Foi promovida a atitude/iniciativa e empenho dos participantes. Contudo,
provocou alguns risos por ser um colega a dirigir.

Figura 28: Direção dos alunos sob as duas ações

61
6.3.3 Descrição da gravação vídeo do gesto tradicional e gesto expressivo

3ªFase

Gravação video

Descrição Gravação áudio do gesto tradicional.


Material Câmara de filmar, tripé.
Registar o processo ensino-aprendizagem do gesto tradicional de direção
coral;
Objetivos Refletir e ponderar sobre os resultados do mesmo;
Estabelecer a comparação de um todo;
Desenvolver sentido de responsabilidade;
Num primeiro momento, comunicou-se ao grupo que iria ser realizada uma
gravação áudio na aula, logo após foram revistas as peças corais sob o gesto
Explicação da atividade tradicional do diretor coral como forma de preparação.
Seguidamente realizou-se a gravação áudio com o intuito de analisar os
objetivos mencionados, acompanhado ao piano pelo docente B.
Durante a gravação áudio alguns alunos demonstraram empenho e foco,
Relatório para outros foi um fator inibitório, outros mantiveram a mesma postura que
tiveram ao longo do projeto (irrequietos e com dificuldade em assumir uma
postura adequada).

62
3ªFase

Gravação video

Descrição Gravação áudio do gesto expressivo.


Material Câmara de filmar, tripé.
Registar o processo ensino-aprendizagem do gesto expressivo de direção
coral;
Objetivos Refletir e ponderar sobre os resultados do mesmo;
Estabelecer a comparação de um todo;
Desenvolver sentido de responsabilidade;
Num primeiro momento, comunicou-se ao grupo que iria ser realizada uma
gravação áudio na aula, logo após foram revistas as peças corais sob o gesto
Explicação da atividade expressivo do diretor coral como forma de preparação.
Seguidamente realizou-se a gravação áudio com o intuito de analisar os
objetivos mencionados, acompanhado ao piano pelo docente B.
Durante a gravação áudio alguns alunos demonstraram empenho e foco,
Relatório para outros foi um fator inibitório, outros mantiveram a mesma postura que
tiveram ao longo do projeto (irrequietos e com dificuldade em assumir uma
postura adequada).

63
6.4 Avaliação geral das aulas intervencionadas

A implementação de exercícios, jogos e estratégias pedagógicas, fomentaram no aluno o saber


de forma individual e coletiva. A cada novo desafio foi interessante compreender o espírito critico,
dificuldades, assim como diferentes maneiras de pensar, sentir, agir. Realça-se que existiu uma aposta
na identidade e criatividade de cada aluno bem como a valorização das suas contribuições.
Dado que foi possível, desenvolver dinâmicas de forma distinta do habitual, enfatiza-se o facto
de o grupo se demonstrar proativo e curioso, articulando os conteúdos de forma positiva, registando
empenho nas atividades propostas. De acordo com o diário de bordo de um aluno: “ gostei muito das
aulas... pois foram diferentes e coisas diferentes são interessantes” (sic).
Contudo, salienta-se o pouco tempo de contacto prático com a turma, aliado a uma ausência
de competências atitudinais prévias em relação à postura e desempenho esperado num coro,
constituindo um grande desafio. Deste modo, foram necessárias práticas de modificação: alternância de
lugares, ajustamento de comportamento.
Cada aula lecionada, foi abordada como se de um workshop se tratasse, funcionando como
estímulo e interação com o grupo, relacionando os conteúdos através de uma aprendizagem ativa.
Procurou-se uma coerência no alinhamento de cada aula, mas por vezes, devido a
constrangimentos vários na academia (frequências de instrumento, preparação de repertório para o
concerto de natal, ciclo da primavera e final de ano letivo) foi necessário adaptar a planificação.
Em relação à gravação vídeo do gesto tradicional, devido a um contratempo na academia
(preparação do ciclo da primavera) não foi possível a aula ser realizada na sala/hora correspondente.
Assim, conduziu-se a uma mudança de sala, sem dimensão para a prática coral (instrumental orff) sendo
que só estavam presentes cerca de 15 alunos, pois os restantes tiveram frequência de instrumento.
Desta forma, transferiu-se a gravação vídeo do gesto tradicional para a última fase.
Perante estas constatações, além de uma atitude contínua de observação atenta, revela-se a
importância de investir na elaboração de estratégias criativas, estimulando o sentido de grupo e o respeito
pela individualidade, promovendo uma conduta desafiante e interventiva.

64
6.4.1 Recolha de dados

Os dados foram obtidos através de uma diversidade de fontes e processos, tais como:
− Gravação vídeo relativa à direção do gesto tradicional e gesto expressivo para analisar o seu
respetivo efeito na sonoridade coral, contando com o parecer de docentes da área.
− Criação de um diário de bordo do aluno durante todo o processo;
− Questionário aos alunos de forma a perceber se gostaram da experiência, se predominou
alguma evolução no trabalho efetuado;
− Análise e tratamento dos resultados obtidos dos questionários realizados.

7. Validação de dados relativo à gravação vídeo

Depois de elaborada a gravação vídeo referente ao gesto tradicional e gesto expressivo (ações
flutuar e socar) contou-se com o parecer de docentes da área (Maestro Artur Pinho Maria , Maestro Vitor 16

Lima17 e Maestro Johann Ahl de Oliveira18) para analisar o seu respetivo efeito na sonoridade coral. Realça-
se que foi entregue uma tabela pré-definida ao mesmos, referenciando aspetos da sonoridade coral,
servindo como linha orientadora de pensamento. Desto modo, enunciam-se os aspetos para cada uma
das peças selecionadas culminando nas considerações finais.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO OBSERVAÇÕES
Postura
Qualidade (som)
Timbre
Articulação
Afinação
Fraseado
Interpretação
Equilíbrio/homogeneidade
Compreensão da linguagem
não verbal do diretor coral
Tabela 5: Avaliação da sonoridade: Gesto tradicional e gesto expressivo

16
Artur Pinho Maria, nascido em Ossela (Oliveira de Azeméis) em 1967, é Maestro e Diretor Artístico do Orfeon Académico de Coimbra desde 2008. Desde
2014, é Assistente-Convidado do Departamento de Música da Universidade do Minho.
17
Vitor Lima, atualmente exerce funções docentes na área da música coral no Conservatório Regional do Alto Minho – Academia de Música e na Escola
Profissional Artística do Alto Minho.
18
Johann Ahl de Oliveira, natural da cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais, atualmente vive na Alemanha, onde trabalha como professor de música, dirige
dois coros na cidade de Karlsruhe, e é também maestro da orquestra sinfônica de Leonberg.

65
7.1 Aspetos musicais analisados
7.1.1 Postura

Now the sun is shining

Os Maestros referem que não se verificaram alterações entre as duas versões.

Tum tum piscatum

O Maestro Vitor Lima e Johann Ahl de Oliveira referem que não se verificaram alterações entre as duas
versões, todavia o Maestro Artur Pinho Maria menciona que predomina uma melhor postura na ação
flutuar.

Karabu

Os Maestros referem que não se verificaram alterações entre as duas versões.

7.1.2 Qualidade (som)

Now the sun is shining

Os Maestros consideram que o ataque do som não é tão brusco aquando do gesto tradicional, é mais
suave e os portamentos diminuem consideravelmente. O Maestro Vitor Lima menciona que existe um
crescer na frase. No entanto, o Maestro Johann Ahl de Oliveira refere que o canto fica mais expressivo
assim como o gesto. Assim, da mesma forma, o gesto expressivo dá um pouco mais de energia no canto.

Tum tum piscatum

Os Maestros mencionam que o grupo canta com mais energia e expressão sob o gesto expressivo.

Karabu

Os Maestros referem que o grupo canta com mais energia e expressão, conforme o Maestro Vitor Lima
existe um ligeiro atraso (piano).

66
7.1.3 Timbre

Now the sun is shining

Relativamente ao timbre para os Maestros Artur Pinho Maria e Johann Ahl de Oliveira é mais suave, já
para o Maestro Vitor Lima apresenta um som mais quente, cheio.

Tum tum piscatum

Os Maestros não verificaram alterações entre as duas versões.

Karabu

Os Maestros não verificaram alterações entre as duas versões.

7.1.4 Articulação

Now the sun is shining

Para os Maestros verifica-se uma articulação mais precisa. Segundo o Maestro Artur Pinho Maria essa
precisão é resultado de um gesto expressivo e não relacionado com o andamento da peça, havendo uma
melhor perceção do texto. No entanto, o Maestro Vitor Lima refere que existe maior articulação devido
ao andamento e respiração.

Tum tum piscatum

Para os Maestros a articulação melhorou, havendo uma melhor entendimento do texto segundo o
Maestro Artur Pinho Maria e de acordo com o Maestro Vitor Lima não predomina a sensação de
arrastamento das palavras presente na gravação do gesto tradicional.

Karabu

Os Maestros referem que sentem uma maior articulação musical no uso do gesto expressivo.

67
7.1.5 Afinação

Now the sun is shining

Em relação à afinação os Maestros referem que existiram melhorias quando utilizado o gesto expressivo.

Tum tum piscatum

Os Maestros referem que a afinação melhorou no gesto expressivo, sendo que o Maestro Artur Pinho
Maria diz que a mesma melhorou, essencialmente na ação flutuar.

Karabu

O Maestro Artur Pinho Maria diz que melhora ligeiramente a afinação. Os restantes Maestros referem
que não foi notado grande diferença.

7.1.6 Fraseado

Now the sun is shining

O Maestro Vitor Lima e Johann Ahl de Oliveira dizem que o fraseado muda consideravelmente, segundo
Johann Ahl de Oliveira é mais melódico e expressivo e de acordo com o Maestro Vitor Lima o fraseado é
mais musical sugerindo um som mais legato, enquanto na gravação do gesto tradicional não existe fluidez
na frase. No entanto, o Maestro Artur Pinho Maria diz que se verificou uma melhoria pouco significativa.

Tum tum piscatum

Os Maestros Artur Pinho Maria e Vitor Lima referem que se verificou uma melhoria pouco significativa
entre as duas versões, no entanto o Maestro Johann Ahl de Oliveira diz que o fraseado é mais musical
quando utilizado o gesto expressivo.

Karabu

O Maestro Johann Ahl de Oliveira diz que o fraseado é mais musical quando utilizado o gesto expressivo.
Os restantes Maestros dizem que se verificou uma melhoria pouco significativa.

68
7.1.7 Interpretação

Now the sun is shining

De acordo com os Maestros predominam melhorias na interpretação quando utilizado o gesto expressivo.

Tum tum piscatum

Conforme os Maestros prevalece uma melhor interpretação da peça quando utilizado o gesto expressivo.

Karabu

Os Maestros mencionam que a interpretação melhorou quando utilizado o gesto expressivo, conforme o
Maestro Johann Ahl de Oliveira claramente o coro é mais musical, acompanhando a maestrina que utiliza
gestos mas também expressões faciais mais expressivas.

7.1.8 Equilíbrio/homogeneidade

Now the sun is shining

Para o Maestros predomina um melhor equilíbrio/homogeneidade no gesto expressivo, segundo o


Maestro Artur Pinho Maria no gesto tradicional não prevalece uma fusão tão boa.

Tum tum piscatum

Os Maestros referem que não se verificaram alterações entre as duas versões.

Karabu

O Maestro Artur Pinho Maria e Vitor Lima referem que se verificou uma melhoria pouco significativa entre
as duas versões, no entanto o Maestro Johann Ahl de Oliveira refere que não foi notado grande diferença
entre as duas versões.

69
7.1.9 Compreensão da linguagem não verbal do diretor coral

Now the sun is shining

Para os Maestros predomina uma melhor compreensão da linguagem não verbal do diretor coral quando
utilizado o gesto expressivo.

Tum tum piscatum

De acordo com os Maestros prevaleceu uma melhor compreensão da linguagem não verbal do diretor
coral quando utilizado o gesto expressivo.

Karabu

Os Maestros expõe que existem melhorias na compreensão da linguagem não verbal do diretor coral, de
acordo com o Maestro Artur Pinho Maria prevalecem melhorias na precisão do gesto como resultado
sonoro.

7.2 Considerações finais da gravação vídeo

De acordo com a apreciação dos Maestros à gravação da peça Now the sun is shining, no que
se refere à postura não se verificaram alterações entre as duas versões. No entanto, observou-se maior
qualidade do som, o ataque do mesmo não é tão brusco aquando do gesto tradicional, é mais suave e
os portamentos diminuem consideravelmente.
Relativamente ao timbre, no recurso ao gesto expressivo o coro apresenta um som mais suave,
quente e cheio, como também a articulação é mais precisa, havendo melhor perceção do texto. De igual
modo também existiu melhor afinação. O fraseado é mais melódico e expressivo sugerindo um som mais
legato, enquanto na gravação do gesto tradicional não existe fluidez na frase. No entanto, o Maestro Artur
Pinho Maria refere que se verifica uma melhoria pouco significativa. No que diz respeito à interpretação
os Maestros referem que melhorou, assim como o equilíbrio/homogeneidade, dado que no gesto
tradicional a fusão não é tão boa. Existiram também melhorias na compreensão da linguagem não verbal
do diretor coral, quando utilizado o gesto expressivo.

70
Em relação à peça Tum tum piscatum, no que diz respeito à postura foi considerado de forma
geral, que não se verificaram alterações entre as duas versões. No entanto, o Maestro Artur Pinho Maria
referiu que em relação à ação flutuar o grupo demonstrou uma melhor postura.
Relativamente à qualidade do som, os Maestros referem que o grupo canta com mais expressão
e energia. Quanto ao timbre não se verificaram alterações, já na articulação o coro apresenta melhorias,
havendo melhor entendimento do texto e não existindo a sensação de arrastamento das palavras
presente na gravação do gesto tradicional. A afinação melhora no gesto expressivo, sendo que para o
Maestro Artur Pinho Maria é mais visível na ação flutuar. De maneira global, verificaram-se melhorias
pouco significativas no fraseado entre as duas versões, no entanto o Maestro Johann Ahl de Oliveira
refere que o fraseado é mais musical quando utilizado o gesto expressivo. Os Maestros referem que
houve melhorias na interpretação, sob o gesto expressivo. No entanto, não se verificaram alterações nas
duas versões no critério de equilíbrio/homogeneidade. Prevaleceram melhorias na compreensão da
linguagem não verbal do diretor coral, quando utilizado o gesto expressivo.
No que se refere à peça Karabu não se verificaram alterações entre as duas versões
relativamente à postura.
No que concerne à qualidade do som, os Maestros referem que o grupo canta com mais
expressão e energia sob o gesto expressivo, no entanto referem que não se verificam alterações no
timbre. Consideram que a articulação é mais precisa quando utilizado o gesto expressivo, todavia na
afinação de forma geral não foi notado grande diferença, sendo que o Maestro Artur Pinho Maria diz que
a mesma melhora ligeiramente quanto utilizado o gesto expressivo.
No fraseado verificou-se uma melhoria pouco significativa entre as duas versões, sendo que o
Maestro Johann Ahl de Oliveira refere que existiu um fraseado mais musical no uso do gesto expressivo.
A interpretação melhorou no gesto expressivo, de acordo com o Maestro Johann Ahl de Oliveira.
O coro é claramente mais musical com o uso do gesto expressivo, acompanhando a maestrina que utiliza
o gesto mas também feições faciais mais expressivas.
Por sua vez existiu uma melhoria pouco significativa no critério de equilíbrio/homogeneidade
entre as duas versões. No entanto, para o Maestro Johann Ahl de Oliveira, não foi notada grande
diferença. Os Maestros referem que melhorou a compreensão da linguagem não verbal do diretor coral,
quanto utilizado o gesto expressivo e segundo o Maestro Artur Pinho Maria houve melhorias na precisão
do gesto como resultado sonoro.

71
8. Análise de dados e resultados do questionário

No processo de recolha de dados foi realizado um questionário que pretendeu recolher


informação de 36 alunos da turma de classes de conjunto do 2ºGrau (6ºano), do Conservatório de Música
de Famalicão, ArtEduca.
A análise aos questionários foi efetuada atendendo às respostas objetivas a determinadas
questões, mas também, a perguntas que permitiram respostas personalizadas. Procurando que a
totalidade dos dados faça sentido, foi realizada uma análise individual aos questionários que visasse criar
relações ao conteúdo assinalado e descrito. Para este efeito, existiram questões que os alunos
responderam de forma imediata e outras que implicaram opiniões pessoais, sobre a estratégia
pedagógica implementada, a participação no projeto e considerações finais sobre o mesmo.
Por sua vez, na elaboração do questionário foi procurada uma fluidez entre as questões que
fosse adequada à idade dos alunos para que, também nesta fase, se sintam ativos em todo o processo
do projeto e gostassem de participar no seu preenchimento.
A elaboração do questionário teve com objetivo:

− Perceber se os alunos gostaram da experiencia;


− Compreender se predominou alguma evolução no trabalho efetuado;
− Entender as duas ações básicas de movimento flutuar e socar;
− Constatar se a apropriação da teoria do movimento de Laban é aplicável e benéfica para a
compreensão da gestualidade do diretor coral;
− Verificar a adequação das duas ações básicas do movimento flutuar e socar em três canções:
Now the sun is shinning, Tum tum piscatum e Karabu.

72
8.1 Dados dos questionários

“Sobre ti”

A turma do 6º ano é constituída por:


Género masculino: 20 alunos, com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos.
Género feminino: 16 alunos, com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos.

Idade dos alunos por género


11 anos 12 anos

15
13

Género masculino Género feminino

Gráfico 1: Idades dos alunos por género

Relativamente ao estudo de alunos por família de instrumento, verifica-se a escolha seguinte:


Género masculino: 10 alunos (Cordas); 4 alunos (Madeiras); 1 aluno (Metais); 1 aluno (Percussão) e 4
alunos (Teclas).
Género feminino: 7 alunos (Cordas); 2 alunos (Madeiras); 1 aluno (Metais); 1 aluno (Percussão) e 5
alunos (Teclas).

Estudo de alunos por família de instrumento


Cordas Madeiras Metais Percussão Teclas
17

9
6
2 2

Cordas Madeiras Metais Percussão Teclas

Gráfico 2: Estudo de alunos por família de instrumentos

73
1ª Questão: “Gostas de estudar música?”

Género masculino: 17 alunos (sim) - 1 aluno (não) - 2 alunos (não resposta)


Género feminino: 16 alunos (sim)

Não resposta Sim Não


33

2 1

Não resposta Sim Não

Gráfico 3: Questão referente ao gosto por estudar música

2ª Questão: “Gostas de cantar?”

Género masculino: 8 alunos (gosto) - 7 alunos (gosto muito) - 4 alunos (adoro) – 1 aluno (não gosto)
Género feminino: 6 alunos (gosto muito) - 10 alunos (adoro)

Não gosto Gosto Gosto muito Adoro

14
13

Não resposta Não gosto Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro

Gráfico 4: Questão sobre o gosto pelo canto

74
3ª Questão: Gostas da disciplina de classes de conjunto?

Género masculino: 17 alunos (sim) - 2 alunos (não) - 1 aluno (não resposta)


Género feminino: 16 alunos (sim)

Não resposta Sim Não


33

1 2

Não resposta Sim Não

Gráfico 5: Questão referente ao gosto pela disciplina de classes de conjunto

“Sobre a participação nas atividades”

4ª Questão: “Como avalias, os exercícios, jogos e estratégias pedagógicas em que participaste?”

Género masculino: 12 alunos (bom), 8 alunos (muito bom)


Género feminino: 1 aluno (suficiente), 4 alunos (bom) e 11 alunos (muito bom)

Suficiente Bom Muito bom


19
16

Mau Fraco Suficiente Bom Muito bom

Gráfico 6: Avaliação dos exercícios, jogos e estratégias pedagógicas

75
5ª Questão: “Refere a atividade que gostaste mais.”

Género masculino: 8 alunos (colagem de cartões) - 3 alunos (experimentação corporal) - 4 alunos


(visualização de objetos), 1 aluno (Jogo do Karabu), 1 aluno (todas) e 2 alunos (não reposta), 1 aluno
(dirigir sob a ação flutuar e socar)
Género feminino: 9 alunos (colagem de cartões) - 1 aluno (experimentação corporal) - 1 aluno
(visualização de objetos), 1 aluno (Jogo do Karabu), 3 alunos (músicas), 1 aluno (todas)

Número de alunos
17

5
4
3
2 2 2
1

Gráfico 7: Atividade que os alunos mais gostaram

6ª Questão: “Refere a atividade que gostaste menos.”

Género masculino: 2 alunos (não resposta), 4 alunos (colagem de cartões), 1 aluno (experimentação
corporal), 1 aluno (diário de bordo), 3 alunos (músicas), 9 alunos (nenhuma)
Género feminino: 3 alunos (experimentação corporal), 1 aluno (filmagem), 12 alunos (nenhuma)

76
Número de alunos

21

4 4 3
2 1 1

Não resposta Colagem de Experimentação Filmagem Diário de bordo Músicas Nenhuma


cartões corporal

Gráfico 8: Atividade que os alunos menos gostaram

7ª Questão: “Classifica as seguintes atividades:”

Atividades do diário de bordo

Género masculino: 2 alunos (gosto pouco), 7 alunos (gosto), 9 alunos (gosto muito), 2 alunos (adoro)
Género feminino: 2 alunos (gosto), 7 alunos (gosto muito), 7 alunos (adoro)

Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro

16

9 9

Não gosto Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro

Gráfico 9: Classificação das atividades do diário de bordo

77
Atividades de observação

Género masculino: 14 alunos (gosto muito), 6 alunos (adoro)


Género feminino: 2 alunos (gosto), 4 alunos (gosto muito), 10 alunos (adoro)

Gosto Gosto muito Adoro

18
16

Não gosto Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro

Gráfico 10: Classificação das atividades de observação

Atividades de movimento corporal

Género masculino: 1 aluno (não gosto), 3 alunos (gosto), 9 alunos (gosto muito), 7 alunos (adoro)
Género feminino: 1 aluno (não gosto), 1 aluno (gosto pouco), 1 aluno (gosto), 6 alunos (gosto muito), 7
alunos (adoro)

Não gosto Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro


15
14

4
2
1

Não gosto Gosto pouco Gosto Gosto muito Adoro

Gráfico 11: Classificação das atividades de movimento corporal

78
“Sobre o gesto do diretor coral”

8ª Questão: “Diz se concordas ou não com as seguintes afirmações:”

“O gesto do diretor coral ajudou-me a perceber a diferença entre cada ação básica do movimento
flutuar e socar.”

Género masculino: 1 aluno (nem concordo, nem discordo), 11 alunos (concordo), 8 alunos (concordo
totalmente).
Género feminino: 1 aluno (nem concordo, nem discordo), 3 alunos (concordo), 12 alunos (concordo
totalmente).

Nem concordo Nem discordo Concordo Concordo totalmente

20

14

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 12: Perceção entre a ação flutuar e socar utilizada pelo diretor coral

“O gesto flutuar transmite leveza.”

Género masculino: 1 aluno (concordo), 19 alunos (concordo completamente)


Género feminino: 16 alunos (concordo totalmente)

79
Concordo Concordo totalmente

35

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 13: Entendimento do significado da ação flutuar

“O gesto socar transmite força.”

Género masculino: 1 aluno (discordo totalmente), 4 alunos (concordo), 15 alunos (concordo totalmente)
Género feminino: 2 alunos (concordo), 14 alunos (concordo completamente)

Discordo totalmente Concordo Concordo totalmente

29

6
1

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 14: Entendimento do significado da ação socar

80
“Socar refere-se a leveza, paz, tranquilidade, equilíbrio.”

Género masculino:12 alunos (discordo totalmente), 2 alunos (discordo), 6 alunos (concordo totalmente)
Género feminino: 15 alunos (discordo totalmente), 1 aluno (concordo totalmente)

Discordo totalmente Discordo Concordo totalmente


27

7
2

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 15: Verificação do significado da ação socar

“Flutuar refere-se a força, energia, ímpeto.”

Género masculino: 17 alunos (discordo totalmente), 2 alunos (discordo), 1 aluno (concordo totalmente)
Género feminino: 15 alunos (discordo completamente), 1 aluno (concordo totalmente)

Discordo totalmente Discordo Concordo totalmente


32

2 2

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 16: Verificação do significado da ação flutuar

81
“Flutuar e socar são ações contrastantes”

Género masculino: 2 alunos (discordo totalmente), 2 alunos (nem concordo, nem discordo), 2 alunos
(concordo) e 14 alunos (concordo totalmente)
Género feminino: 1 aluno (discordo totalmente), 1 aluno (discordo), 2 alunos (nem concordo, nem
discordo), 12 alunos (concordo totalmente)

Discordo totalmente Discordo


Nem concordo Nem discordo Concordo
Concordo totalmente
26

3 4
1 2

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 17: Compreensão do contraste entre as duas ações

“Flutuar e socar são ações semelhantes”

Género masculino: 16 alunos (discordo totalmente), 2 alunos (discordo), 2 aluno (concordo totalmente)
Género feminino: 15 alunos (discordo totalmente), 1 aluno (concordo)

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

31

2 1 2

Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo


totalmente Nem discordo totalmente

Gráfico 18: Verificação do significado relativo às duas ações

82
9ª Questão: “O diretor coral quando utiliza expressividade no gesto é para obter melhor sonoridade no
coro.”

Género masculino: 18 alunos (sim), 1 aluno (não), 1 aluno (não resposta)


Género feminino: 16 alunos (sim)

Sim Não Não resposta

34

1 1

Sim Não Não resposta

Gráfico 19: Avaliação se o gesto expressivo é para obter melhor sonoridade no coro

10ª Questão: “Indica qual a tua preferência em relação ao tipo de direção coral utilizado.”

Género masculino: 9 alunos (modelo clássico), 11 alunos (duas ações básicas do movimento - flutuar e
socar)
Género feminino: 2 alunos (modelo clássico), 14 alunos (duas ações básicas do movimento - flutuar e
socar)

Modelo clássico Duas ações básicas do movimento - flutuar e socar

25

11

Modelo clássico Duas ações


básicas do
movimento -
flutuar e socar

Gráfico 20: Preferência relativamente ao tipo de direção coral utilizado

83
“A tua opinião”

11ª Questão: “Indica qual foi a música que gostaste mais de cantar”

Género masculino: 8 alunos (Now the sun is shining), 7 alunos (Tum tum piscatum), 4 alunos (Karabu),
1 aluno (todas)
Género feminino: 4 alunos (Now the sun is shining), 7 alunos (Tum tum piscatum), 2 alunos (Karabu), 3
alunos (todas)

Número de alunos

14
12

6
4

Now the sun is Tum tum piscatum Karabu Não resposta


shining

Gráfico 21: Seleção da música preferida

12ªQuestão: “Na tua opinião, os ensaios foram úteis?

Género masculino: 17 alunos (sim), 3 alunos (não)


Género feminino: 16 alunos (sim)

Sim Não

33

Sim Não

Gráfico 22: Classificação da utilidade dos ensaios

84
13ª Questão: “Sentiste-te mais motivado com os ensaios?”

Género masculino: 16 alunos (sim), 4 alunos (não)


Género feminino: 15 alunos (sim), 1 aluno (não)

Sim Não

31

Sim Não

Gráfico 23: Classificação da motivação relativa aos ensaios

14ª Questão: “Gostaste de participar no projeto?”

Género masculino: 20 alunos (sim)


Género feminino: 16 alunos (sim)

Sim

36

Sim Não

Gráfico 24: Classificação da participação no projeto

85
8.2 Análise percentual

A turma do 6º ano é constituída por 55% de alunos do género masculino e 45% do género
feminino. A família das teclas e das cordas representam 72% dos instrumentos escolhidos. Cerca de 92%
dos alunos gosta de estudar música e da disciplina de classes de conjunto. Os restantes 3% não gosta
de estudar música, sendo que 6% não gosta da disciplina de classes de conjunto.
Quanto à questão: “Gostas de cantar?” é possível constatar que 3% dos alunos não gosta, 22%
dos alunos gosta, 36 % dos alunos gosta muito e 39% dos alunos adora.
Relativamente à opinião como os alunos avaliam os exercícios, jogos e estratégias pedagógicas
em que participaram 3% dos alunos atribuem suficiente, 44 % bom e 53% dos alunos muito bom.
As duas atividades que os alunos mais gostaram foram a colagem de cartões que representa
47% e de seguida a visualização de objetos com 14%. No que concerne às atividades que os alunos
menos gostaram, 58% responderam que nenhuma.
Na classificação das atividades, verifica-se que no diário de bordo: 6% dos alunos gosta pouco,
25% gosta, 44% dos alunos gosta muito e 25% dos alunos adora. Estes valores percentuais confirmam
que 94% dos alunos apresentam uma opinião bastante positiva da atividade do diário de bordo.
No que diz respeito à atividade de observação salienta-se que 100% dos alunos têm uma
opinião bastante positiva: 6% dos alunos gosta da atividade, 50% dos alunos gosta muito e 44% dos
alunos adora.
Quanto à atividade de movimento corporal, 6% dos alunos não gosta, 3% dos alunos gosta
pouco, 11% dos alunos gosta, 41% dos alunos gosta muito e 39% dos alunos adora, verificando-se deste
modo que 91% revela uma opinião bastante positiva.
Sobre a questão se o gesto do diretor coral ajudou a perceber a diferença entre cada ação
básica do movimento flutuar e socar 6% dos alunos nem concorda, nem discorda, 39% dos alunos
concorda e 55% dos alunos concorda totalmente.
Em relação à questão se, o gesto flutuar transmite leveza, 3% dos alunos concorda e 97% dos
alunos concorda totalmente.
Na questão seguinte: “O gesto socar transmite força”, 3% dos alunos responderam que
discorda totalmente, 17% dos alunos concorda e 80% dos alunos responderam que concorda totalmente.
Quanto às questões que relacionam o significado das ações flutuar e socar, verifica-se que no
geral, 87% dos alunos compreenderam o significado destas ações. Por sua vez, 78% dos alunos
compreendem que estas ações são contrastantes e 92% que não são ações semelhantes.

86
Relativamente à questão sobre se o diretor coral quando utiliza expressividade no gesto é para
obter melhor sonoridade no coro, 94% dos alunos responderam que sim. Por sua vez, 69% dos alunos,
prefere a direção sob as duas ações básicas do movimento flutuar e socar, sendo que 31% dos alunos
prefere o modelo clássico.
No que se refere à música que gostaram mais de cantar 33% escolheu Now the sun is shinning,
39% Tum Tum Piscatum, 17% Karabu e 11% não resposta.
Quanto à utilidade dos ensaios, 8% dos alunos considerou que não foram úteis e 92% dos
alunos responderam que foram úteis.
Em termos de motivação, 14% dos alunos não se sentiram motivados com os ensaios e 86%
dos alunos responderam que se sentiram mais motivados.
Por último, 100% dos alunos gostaram de participar no projeto.

8.3 Particularidades de algumas respostas dos alunos

Nesta secção irá ser explanado de forma individualizada abordagens que focam aspetos
concretos no que diz respeito às questões propostas no questionário. Deste modo, pretende-se evocar
algumas particularidades das respostas dos alunos.
Por conseguinte, evidencia-se que o aluno 2, 18 e 24 afirmam ter gostado de participar no
projeto, um por considerar muito útil pois teve conhecimento de novas músicas e muitas mais coisas,
outro pelo facto de as aulas terem sido diferentes e acima de tudo por ter aprendido coisas novas, por
último outro refere ter percebido que os movimentos que usa no seu dia a dia têm nome e podem ser
associados a músicas. Como observação importante, o aluno 2 especifica a relevância de ter aprendido
as duas ações básicas do movimento flutuar e socar.
O aluno 30 referenciou que gostou de participar no projeto porque nunca se tinha apercebido
que flutuar e socar são ações diferentes, considerando importante saber mais sobre essas ações.
Escolheu como atividade preferida cantar o repertório selecionado, dado que adora música e tem muita
energia, atribuindo nível (5) ao gosto pelo canto. Diz ainda que não há nenhuma atividade que goste
menos. O aluno 31 afirma também ter gostado de participar no projeto, pois alega nunca ter tido aulas
deste género, divertindo-se muito. A atividade que mais gostou foi a de movimento corporal (flutuar e
socar) pois estava feliz e sorridente, classificando-a em nível (5). Assim como o aluno 34, refere que
dirigir uma peça sob o gesto socar, o fazia sentir importante. Demonstrou também agrado em participar
no projeto indicando que as aulas foram diferentes e mais divertidas do que o normal.

87
O aluno 35 avaliou a participação no projeto de forma positiva, visto que aprendeu a cantar
leve ou forte. Outro dos aspetos, foi o facto de as músicas no seu ponto de vista serem fixes e divertidas,
como também gostou dos movimentos da peça Karabu. Neste seguimento, o aluno 21 assinala que o
exercício da música Karabu foi engraçado e bom para a concentração. Apontou todas as ativididades
como educativas e divertidas.
Por conseguinte, o aluno 3 designou preferência pela atividade que recorreu ao movimento
corporal flutuar, visto o grupo poder descontrair. Por sua vez, o aluno 29 elegeu a mesma, afirmando ter
muita energia. Ao mesmo tempo menciona desagrado relativamente à colagem de cartões, considerando-
a aborrecida, porém classificou as atividades de observação em nível (4).
Quanto aos alunos 4 e 11 a atividade de menos agrado foi cantar as músicas com os
movimentos associados às respetivas ações, classificando-a em nível (1), apontando inibição perante a
mesma. Todavia, elegem a colagem de cartões como preferida, dado todo o grupo poder participar,
ajudando a compreender o sentido das ações. O aluno 23 manifestou desagrado à atividade de
movimento corporal, não conseguindo expressar os diversos movimentos relativos às ações propostas,
classificando-a em nível (3). Por outro lado, o aluno 26 menciona a falta de espaço para desempenhar a
atividade, classificando-a em nível (2). No entanto, demonstra agrado em participar no projeto, pois
aprendia divertia-se e o tempo passava mais rápido.
Relativamente à questão sobre o gosto em estudar música o aluno 5 acrescentou o item: “mais
ou menos”. Em paralelo, o mesmo respondeu não ser do seu agrado a disciplina de classes de conjunto,
mas alega gostar de cantar. No que diz respeito às atividades realizadas na aula, assinalou de forma
correta as questões estipuladas. Sinalizou apreço pelo seu instrumento (saxofone), classificando-o como
atividade que gosta mais, contudo demonstrou desagrado em relação aos concertos. Realça-se a
particularidade do aluno 16 colocar opções extra das mencionadas “mais ou menos” quanto à questão
sobre o gosto de estudar música e da disciplina de classes de conjunto. Deste modo, mostrou interesse
no seu instrumento (bateria), não respondendo corretamente à questão em causa. Refere ainda que não
gostou dos ensaios, pois considerou-os uma perda de tempo exprimindo não se sentir motivado com os
mesmos, neste sentido considerou-se a resposta ambígua, dado não ser percetível a que tipo de ensaios
se refere. No entanto, gosta muito de cantar, bem como das atividades do diário de bordo, observação
e movimento corporal.
O aluno 7 entrou em contrasenso quando diz que as músicas não são do seu agrado,
considerando-as desadequadas à sua faixa etária, porém relata satisfação em participar no projeto, pois
pôde aprender mais músicas.

88
Devido a apresentar falta de tempo para completar o diário de bordo, o aluno 8 indica-a como
atividade que menos gostou, classificando-a em nível (3) e as restantes em nível (5). Em contrapartida o
aluno 10 classificou esta mesma atividade com a pontuação máxima, nível (5). Especifica-se que o aluno
nomeia todas as atividades de forma muito positiva, mencionando a colagem de cartões como eleita,
pois ficou a compreender totalmente as duas ações, de forma divertida.
Os alunos 9,13 e 19 afirmaram desagrado relativamente à atividade da colagem de cartões,
um pelo facto de ter que esperar pela sua vez para participar, outro por os colegas estarem a fazer ruído
durante a atividade e por último, outro por a considerar aborrecida. O aluno 9, 13 destacaram a
visualização de objetos como favorita. O aluno 13 afirma ser interessante observar os objetos na água,
pois interiorizou com facilidade a respetiva ação.
O aluno 14 respondeu que não gosta de cantar, apontando-a mesmo como atividade que
gostou menos, afirmou também o mesmo relativamente à disciplina de classes de conjunto, bem como
ao estudo pela música. Avaliou os ensaios de forma negativa não se sentindo motivado com os mesmos.
Contudo, este aluno analisa beneficamente a sua participação no projeto, mostrando interesse nas ações
básicas do movimento flutuar e socar, selecionando a visualização de objetos como preferida. O aluno
também concorda que o gesto do diretor coral o ajudou a perceber a diferença entre cada ação básica
do movimento, avaliando os exercícios, jogos, estratégias pedagógicas em que participou em nível (5).
Quanto à gravação vídeo, apenas o aluno 27 demonstrou desagrado, por considerar que não
iria ficar bem nas mesmas.
Por último, enfatiza-se o facto de todo o grupo (36 alunos) terem indicado gostar de participar
no projeto. Neste contexto, atenta-se à resposta do aluno 25: “Sim. Pois foi muito divertido trabalhar em
conjunto, cantar as várias músicas e fazer as várias atividades.” (sic)

89
8.4 Considerações sobre os resultados aos questionários

A turma, apresenta maior número de alunos do género masculino sendo a idade predominante
os 11 e 12 anos.
Verifica-se que praticamente todos os alunos gostam de estudar música e gostam da disciplina
de classe de conjunto. Relativamente a gostar de cantar, só há um aluno que não gosta.
Os exercícios, jogos e estratégias pedagógicas foram avaliadas positivamente, sendo que a
atividade de colagem de cartões foi a que recolheu o maior número de respostas positivas, porque: todos
participaram em conjunto distinguindo as ações básicas do movimento flutuar e socar de forma
prazerosa; consideraram a atividade motivante, divertida e exemplificativa; ajudou a compreender o
conteúdo de forma diferente e adquiriram a perceção dos movimentos presentes no dia a dia.
No que concerne à compreensão sobre a diferença entre cada ação básica do movimento
flutuar e socar executadas pelo diretor coral, as respostas também foram positivas.
Sobre o entendimento geral das duas ações as respostas obtidas permitem concluir que existiu
uma compreensão unânime das mesmas, como também quando o diretor coral as utiliza é para obter
uma melhor sonoridade no coro.
Em relação à preferência do tipo de direção coral utilizado, a maior parte dos alunos selecionou
o gesto expressivo. Por sua vez, a canção que os alunos mais gostaram de cantar foi“ Tum tum
piscatum”, pois trata-se de uma música energética, transportando para ritmos e sons do Brasil, por outro
lado constrasta a nível do registo: Tum tum piscatum desenvolve-se mais no registo agudo da escala e
Cai, cai balão no registo mais grave.
Grande parte dos alunos reconheceram que os ensaios foram úteis sentindo-se mais
motivados, demonstrando deste modo elevada compreensão dos conteúdos e assertividade nas questões
e principalmente, demonstraram agrado e estímulo em participarem no projeto. Este facto é realçado
quando referem que o projeto foi inovador, divertido e estimulante, referindo o interesse pelas atividades
propostas, forma de ensino e apresentação da aula. Por sua vez, realçaram um especial apreço pelo
repertório, como também com o aprender de maneira diferente, divertida e em conjunto, percecionando
desta forma, que as ações básicas do movimento estão presentes no dia a dia. Nas observações referem
a importância da amizade criada com a docente, assim como o agrado pelas propostas estabelecidas.
Neste sentido e numa perspetiva conclusiva, poder-se-á considerar através da análise aos questionários
que o projeto junto dos alunos foi muito bem recebido, com uma participação ativa e musical, e com
elevada aceitação das atividades multidisciplinares relacionadas com o projeto.

90
9. Conclusões e considerações finais

Na fase inicial de estágio, foi constatado que no Conservatório de Música de Famalicão,


ArtEduca é estabelecido um elo de ligação entre o aluno e a comunidade através da música. Desta forma,
verificou-se que nesta perspetiva de relação a instituição acolheu o projeto de braços abertos, bem como
as atividades propostas.
Numa abordagem geral, pode-se considerar que a prática do ensino de classes de conjunto
tem por base a metodologia tradicional, sendo esta fundamental para apurar as competências de
aprendizagem. No entanto, promoveu-se uma intervenção com um quadro mais expressivo, recorrendo
a diferentes linguagens de forma dinâmica, atual e que fossem de encontro às características do aluno,
instigando uma maior comunicabilidade.
Nesta linha de orientação com objetivo de garantir uma resposta positiva, foi crucial o esforço
aplicado para os alunos entenderem a importância do projeto, para o seu enriquecimento pessoal
enquanto estudantes de música. Neste seguimento, também os alunos demonstraram
comprometimento com o projeto, contudo nem sempre concentraram as suas energias no processo de
ensino-aprendizagem, dispersando facilmente. Como tal, foi fundamental estimular o aluno a uma
aprendizagem ativa, recorrendo a uma variedade de estratégias.
De acordo com Freire (2002, p.12) o processo de ensino-aprendizagem “não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Assim, na
implementação do projeto de intervenção, considerou-se a importância do docente contribuir para a
partilha de experiências elaborando exercícios, jogos e estratégias pedagógicas, gerando novas
possibilidades de perceção corporal, vocal e visual levando o aluno à construção da sua própria
expressão.
É igualmente importante referir que o docente ao apropriar-se do método de Laban através dos
gestos flutuar e socar para a prática coral estabeleceu uma interligação entre os exercícios, jogos e
estratégias pedagógicas, com o intuito do grupo interpretar de forma consciente os gestos a aplicar pelo
diretor coral, construindo deste modo, um referencial do gesto expressivo.
Partindo do objetivo de pesquisa: verificar se a apropriação do método de Laban contribui para
uma melhor sonoridade coral, foi fundamental o aluno vivenciar uma determinada ação para depois ao
cantar poder relembrar-se desse mesmo movimento, reproduzindo-o em termos vocais. Deste modo,
concluiu-se que o gesto expressivo comunicou intenção musical ao grupo proporcionado melhorias na
sonoridade coral, assim o gesto expressivo flutuar transmitiu leveza na voz, em contrapartida o gesto

91
expressivo socar provocou energia e firmeza na mesma. Desta forma, verificou-se que os alunos
assimilaram positivamente o gesto relativo às duas ações utilizadas pelo diretor coral, manifestando
adaptação às intenções pedidas gestualmente. Neste sentido, o gesto expressivo incutiu no grupo uma
resposta de maior expressividade e mais precisão nos ataques, bem como uma articulação mais
evidente. No entanto, salienta-se a falta de competências atitudinais prévias do grupo, sendo uma
constante ao longo do processo. Verificou-se também, que o gesto expressivo serviu de ferramenta,
substituindo explicações durante os ensaios, contribuindo para a sua eficiência. De igual modo, foi
potenciada a aquisição de competências e capacidades dos alunos estabelecendo interligação com as
práticas instruídas.
Relativamente à importância do gesto expressivo do diretor coral em contexto escolar, concluiu-
se que reforça a intencionalidade de comunicação sendo um meio eficaz para despertar a consciência e
a sensibilidade dos alunos, estabelecendo-se uma conexão mais clara entre o diretor coral e o grupo.
Confirmou-se que ao longo do projeto existiu uma maior perceção do corpo do diretor coral e
do aluno dado à experimentação de várias possibilidades de movimentação relacionadas com as duas
ações flutuar e socar, proporcionando mais significado e consciência corporal.
Deste modo, a prática e assimilação dos movimentos, teve como resultado, maior
cumplicidade entre corpo, voz e expressão. Contudo, denotou-se que para alguns alunos a libertação dos
movimentos gerou dificuldade, pelo facto de manifestarem estranheza e vergonha.
Comprovou-se também, que a abordagem pedagógica implementada durante todo o processo
ampliou o sentido crítico e reflexivo dos alunos, pois foram capazes de questionar/relacionar os seus
conhecimentos a novos contéudos, contribuindo para tornar a sua aprendizagem significativa.
Pode afirmar-se que os alunos participaram com interesse e motivação, gerando resultados
benéficos no que consta à compreensão unânime das duas ações básicas do movimento, bem como
uma maior perceção do gesto expressivo do diretor coral. A realização das atividades propostas teve uma
repercussão importante, dado que foi possível articular dinâmicas diferentes do habitual, provocando
estímulo nos alunos.
Em termos pessoais, faço um balanço positivo da intervenção pedagógica, pois foi adquirida
uma maior noção das realidades educativas. Só estando em contacto com estas realidades, é que se
pode identificar no que é fundamental aprofundar, e quais as aptidões a desenvolver, assumindo desta
forma a responsabilidade de contribuir para a formação de seres humanos, capazes e felizes. Neste
sentido, mesmo os alunos que avaliaram no questionário alguns itens de forma negativa, enfatizaram
agrado em participar no projeto.

92
Refere-se ainda, que toda a prática pedagógica decorreu em compromisso conjunto,
contribuindo para que os objetivos propostos tivessem sido atingidos, procurando refletir, rever e
reajustar estratégias, sempre que necessário.
Concluo, que esta investigação foi enriquecedora para a minha aprendizagem enquanto
docente, pois ao desenvolver estratégias pedagógicas criativas, transmitiu-se um propósito comunicativo,
um espaço de questionamento e abertura a novas possibilidades de perceção. Deste modo,
potencializou-se as capacidades humanas e musicais dos alunos, contribuindo com sucesso para o
processo de ensino-aprendizagem, possibilitando um maior retorno musical, bem como uma maior
consciência do gesto expressivo do diretor coral.
As práticas suprarreferidas realizaram-se num curto período de tempo e como tal não se
fecharam em si, deixando margem para explorar mais possibilidades e outras respostas.
Considero este processo uma constante aprendizagem de partilha, que deverá ser direcionada
como semente para que o aluno possa colher com autonomia e conhecimento o traço do seu caminho.

93
10. Referências

Amaral, R., Andrade, D. (2017) A influência do gestual de regência na sonoridade de coros infantis: uma
pesquisa baseada na teoria do movimento de Rudolf Laban - Livro de atas do II Congresso interdisciplinar
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95
Ruiz, J., & Vieira, M. (2017). Cantem como se estivessem num prado verde, como ar fresco no rosto… -
Imagética e metáfora na pedagogia coral infantil [Volume Especial, I Jornadas em Estudos da Criança,
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http://www.arteduca.pt/images/documentos/Projeto%20Educativo%202018-2021.pdf

96
Anexo I – Repertório selecionado

97
98
99
Anexo II - Planificações do projeto de intervenção pedagógica

Planificação nº1 – Classes de Conjunto (2ºGrau)


Data: 18/03/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 1 Duração: 45’ Hora: 9h00 – 9h45

Conceito Fundamental Treino de memória musical, articulação, ritmo, melodia, afinação, sonoridade, gesto tradicional.

Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.


Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Função Didática Consolidação da aprendizagem/estudo de duas peças corais.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Leitura e interpretação de duas peças corais.

Sumário Diálogo com os alunos acerca do Projeto de intervenção.


Trabalho de duas peças: Now the sun is shining e Tum tum piscatum a capella e com acompanhamento de piano sob o gesto tradicional.
Entrega de partituras.

100
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Apresentação. Diálogo com os alunos acerca do Alunos interrogaram várias vezes.


Projeto de intervenção.
Comunicação. Conhecimento do que vai ser Demonstração de motivação,
realizado nas aulas (atividades de interesse, curiosidade.
Inicial 3’
observação, experimentação
corporal, diário de bordo, gravação
vídeo e realização de um
questionário).
Treino da memória musical; Audição da peça. Os alunos responderam muito
Leitura; bem, não apresentando
Interpretação; Os alunos executam a melodia em dificuldades na memorização da
Estimular a capacidade de diálogo (pergunta-resposta) até ficar melodia.
Peça Now the sun is shining concentração; interiorizada.

Fundamental Trabalho de articulação/dicção; Trabalho de texto (lento, rápido, Alguma dificuldade na assimilação
forte, piano). do texto, repetindo-se algumas 10’
vezes.
Noção de condução melódica; No refrão a melodia B cantam os O grupo apresenta um feedback
rapazes e a melodia C as raparigas imediato, bom desempenho e
(com movimento das mãos a motivação.
indicar a altura das notas), o mesmo
se procede de forma inversa.

101
Afinação; Trabalho de sonoridade (através da Transmissão de boa disposição ao
Sonoridade; explicação da letra – intenção cantar.
alegre).
Repetiu-se algumas vezes.

Noção rítmica; Trabalho de texto falado com o ritmo Predominaram dificuldades pelos
Articulação/dicção; indicado. alunos na articulação do ritmo em
Equilíbrio do grupo; relação ao grupo.
Estimular a capacidade de Percutir o ritmo com a letra
concentração; (raparigas-rapazes-tutti)
Peça Tum tum piscatum
Repetição do ritmo e do texto.

Treino de memória musical; Audição da peça. 10’


Leitura;
Interpretação; Os alunos executam a melodia em
diálogo (pergunta-resposta) até ficar
interiorizada.
Melodia A – Tum tum piscatum
(raparigas).
Melodia B – Cai, cai balão (rapazes)
o mesmo se procedeu de forma
inversa e tutti do início ao fim.
Afinação; Trabalho de sonoridade (através da Transmissão de boa disposição ao
Sonoridade; explicação da letra – transportando cantar.
para os ritmos e sons do Brasil).

102
Noção de estrutura formal; Explicação da estrutura das peças: Os alunos entenderam sem
Memorização; Now the sun is shining: dificuldade a estrutura formal das
Noção rítmica; 1ªVez – Do início ao fim. peças.
2ª Vez – Divisão de vozes: Melodia
B (rapazes) a estalarem os dedos
5’
em contratempo. Melodia C
(raparigas).
Tum tum piscatum:
1ªVez – Do início ao fim.
2ªVez – Melodia A (raparigas)
Melodia B (rapazes).
Passagem de duas peças Consolidação dos objetivos Passagem das duas peças à capella Alunos responderam de forma
suprarreferidos; e com acompanhamento de piano imediata ao objetivo pretendido. 10’
sob o gesto tradicional.
Final e Entrega de partituras Entrega de partituras aos alunos. Alguns alunos dispersam a
atenção.
Avaliação
Outros em silêncio, colocando 7’
questões acerca do que vai ser
abordado na próxima aula. Alguns
saem da aula a cantar com
alegria.

103
Planificação nº2 – Classes de Conjunto (2ºGrau)
Data: 25/03/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 2 Duração: 45’ Hora: 9h50-10h35

Conceito Fundamental Apropriação do método de Laban - duas ações básicas do movimento flutuar e socar.

Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.


Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Função Didática Consolidação da aprendizagem de duas peças trabalhadas na aula anterior.
Introdução ao desenvolvimento da apropriação do método de Rudolf Laban.
Objetivo da aula Aquisição/ perceção do significado das duas ações (flutuar e socar).
Desenvolvimento da criatividade, auto-expressão, experimentação.
Sumário Consolidação da aprendizagem de duas peças trabalhadas na aula anterior.
Cânone da peça Tum, tum piscatum.
Atividade de observação nº1.
Atividade do diário de bordo nº1.
Atividade do diário de bordo nº2.
Entrega dos diários de bordo.

104
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Revisão das peças Treino de memória musical; Passagem das peças com Demonstração de empenho,
trabalhadas na aula Leitura; acompanhamento de piano e de interesse e motivação.
Inicial anterior. Interpretação; seguida a capella sob o gesto 7’
Coordenação rítmica; tradicional, relembrando a estrutura
Afinação; de cada uma abordada na aula
Sonoridade; anterior, não recorrendo ao uso da
partitura.
Cânone da peça Tum tum Noção de estrutura formal; Explicação de que as duas melodias .
piscatum são cantadas ao mesmo tempo.

Iniciam as duas na mesma nota


(mi3) mas têm uma melodia e ritmo
diferente.
Desenvolvimento do ouvido Passagem à capella do cânone: Os alunos mostraram-se bastante
Fundamental polifónico; melodia A (raparigas); melodia B motivados.
Capacidade de audição; (rapazes) e troca.
Noção de condução melódica;

Memorização; Repetiu-se o cânone várias vezes à


10’
Capacidade de concentração; capella e com acompanhamento de
Sonoridade; piano para assimilação do mesmo.

Trabalho de percussão Coordenação rítmica; Exemplificação do ritmo a realizar Alunos responderam


corporal. (estalar dedos, bater palmas, rapidamente aos exercícios de
pernas) – tutti – raparigas – percussão corporal.
rapazes.

105
Explicação e Aquisição de conhecimentos; Quem foi Rudolf Laban.
desenvolvimento da
apropriação do método de Nas próximas aulas vai-se profundar
Rudolf Laban. as duas ações básicas do
movimento flutuar e socar através
de exercícios, jogos e estratégias
pedagógicas. 5’

Explicação da Responsabilidade; Preenchimento do nome do aluno Os alunos exteriorizaram


importância/utilidade do Autonomia; no diário de bordo e características entusiamo face ao diário de bordo.
diário de bordo. da sua personalidade.
Entrega do diário de bordo. Cada aluno pode selecionar o seu
diário de bordo entre duas cores
(verde e vermelho).
Identificar o conhecimento prévio que Discussão/reflexão acerca das Todos os alunos queriam falar.
o aluno possui; respostas dos alunos sobre o que
Reflexão; entendiam por flutuar e socar 6’
Discussão; (aprendizagem significativa).
Trabalho em grupo;
Explicação do significado das duas
Atividade de observação
ações de acordo com o método de
nº1
Rudolf Laban.

Apelar a uma estratégia simples com Reconhecimento das ações flutuar e Os alunos mostraram-se
objetos do quotidiano; socar através da visualização de empenhados todos queriam 8’
Facilitar a associação das duas ações objetos, de forma aleatória. participar na atividade.
básicas do movimento flutuar e socar;
Adquirir/consolidar conhecimentos;
Envolver a participação dos alunos no
processo;

106
Atividade do diário de Refletir sobre o significado das ações; Os alunos têm que descobrir a ação Os alunos demonstraram-se
bordo nº1 Criar a perceção das mesmas (flutuar e socar), correspondente às bastante empenhados.
individualmente; imagens, escrevendo-as.
Compreender/assimilar o conteúdo
da mesmas; Foram selecionados 4 alunos com o
intuito de demonstrar as imagens no Regra geral, os alunos executaram 7’
Desenvolver a responsabilidade,
Final e diário de bordo à turma, explicando a atividade sem dificuldade.
autonomia;
Avaliação Valorizar/respeitar o material. a atribuição de cada ação à imagem
correspondente.

Atividade do diário de Compreender/assimilar o conteúdo Foi solicitado aos alunos como


bordo nº2 das duas ações; reforço que escrevessem o que
Fomentar um trabalho autónomo; significado das duas ações básicas
Desenvolver a responsabilidade, do movimento flutuar e socar 2’
autonomia; através de uma palavra, imagem,
Valorizar/respeitar o material; música ou texto de 20 palavras.
Estimular a criatividade e expressão.

107
Planificação nº3 e 4 – Classes de Conjunto (2ºGrau) – Prática pedagógica supervisionada pela orientadora
Data: 29/04/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 3 e 4 Duração: 90’ Hora: 8h15 – 9h45

Conceito Fundamental Apropriação do método de Laban - duas ações básicas de movimento flutuar e socar.

Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.


Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Função Didática Revisão/consolidação ao desenvolvimento da apropriação do método de Laban.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Aquisição/ perceção do significado das duas ações corporalmente e visualmente.
Desenvolvimento da criatividade, auto-expressão, experimentação, equilíbrio de grupo.
Sumário Aquecimento vocal.
Consolidação da matéria dada no dia 25/03. 19

Atividade de experimentação corporal nº1.


Atividade de observação nº2.
Atividade do diário de bordo nº1 e nº2.

Conforme combinado com a docente cooperante a aula do dia 25/03 seria realizada no horário das 9h00-9h45. Devido a um contratempo na academia (preparação do ciclo da primavera) não foi possível a aula ser realizada na sala/hora
19

correspondente. Assim, conduziu-se a uma mudança de sala, sem dimensão para a prática coral (instrumental orff), sendo que só estavam presentes cerca de 15 alunos, pois os restantes tiveram frequência de instrumento, o que fez com
que esses alunos perdessem o desenvolvimento do projeto, não realizando as atividades propostas na sala de aula e como tal, foi necessário recapitular a matéria.

108
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 90’

Aquecimento vocal Consciência de uma postura correta; Exercícios de corpo: Alguns alunos demonstraram
- Alongamento da cabeça, pescoço, dificuldade no exercício de
ombros. inspiração e expiração.
- Alongamento do tronco.
- Massajar a cara (procurando Corrigiu-se de imediato a subida
utilizar todos os músculos do rosto). do peito.
- Abanar as pernas e as mãos.
Consciência respiratória; Exercícios de respiração:
Apoio; - Inspirar e expirar tranquilamente
três vezes.
- Inspirar e expirar em “ ff” “ss”
Inicial “ch”. 15’
-Respirar como um cão cansado.
- Inspirar, reter o ar, expirar em (2-4-
6-8) tempos.
Trabalho muscular:
- Soltar o ar em “ts,x,f”, repetindo
três vezes para a frente, lado direito,
esquerdo e para baixo.
Articulação/Dicção; Dicção:
Equilíbrio do grupo; - Repetição do texto das duas peças
trabalhadas.

109
Projeção correta da voz; Vocalizos: Nos vocalizos alguns alunos
Abertura maxilar; - Vibração de lábios “brr” em graus tiveram dificuldade em passar da
Ressonância; conjuntos. voz falada para a voz cantada.
Formação de vogais; - Ressonância com o som nasal “m”
Legato; por graus conjuntos. Corrigiu-se à base da audição e
Stacatto; - Legato com a utilização de vogais imitação, logo a seguir realizaram
Afinação; (i-e-a-o-u). o exercício com menos esforço
Sonoridade; - Movimento descendente de graus vocal.
Equílibrio do grupo; conjuntos em “u”.
- Movimento descendente de saltos
de terceira e graus conjuntos em
stacatto movimento “i”.
- Saltos de terceira com oitava em
“ô”.
Consolidação da matéria Aquisição de conhecimentos; Quem foi Rudolf Laban. Os alunos da aula anterior
abordada na aula anterior Responsabilidade; demonstraram conhecimento
(25/03) – Método de Autonomia; Nas próximas aulas vai-se profundar apreendido.
Laban. as duas ações básicas do
movimento flutuar e socar através Os restantes alunos revelaram-se 3’
Explicação da de exercícios, jogos e estratégias atentos e interessados.
importância/utilidade do pedagógicas.
diário de bordo.

Consolidação/ reflexão Identificar o conhecimento prévio que Discussão/reflexão acerca das Participação dos alunos de forma
acerca das duas ações o aluno possui; respostas dos alunos sobre o que entusiasta.
básicas do movimento Reflexão; entendiam por flutuar e socar 7’
flutuar e socar. Discussão; (aprendizagem significativa).
Trabalho em grupo;
Explicação do significado Relembrar; Explicação do significado das duas
das duas ações; ações de acordo com o método de
Rudolf Laban.

110
Consciencialização corporal; Exemplificação do movimento Quando coloquei a questão de
Perceção e entendimento corporal flutuar e socar por dois alunos. quem se queria voluntariar para
sobre as duas ações; executar a atividade proposta,
apenas dois alunos se
voluntariaram, pois os restantes
demonstraram vergonha.
Fundamental
Atividade de Fomentar a dinâmica de grupo; Rever as peças. Enquanto caminharam pelo
experimentação corporal Desenvolver uma expressão livre do espaço alguns alunos realizaram o
nº1 grupo de forma individual; Caminhar pelo espaço a cantar as exercício com a devida atenção, 20’
Desenvolver perceção das ações peças aprendidas realizando flutuar, outros brincaram. Para alguns
(flutuar e socar) presentes no socar movimentos alternados entre causou estranheza/vergonha.
quotidiano; cada uma das ações, interpretando
Possibilitar uma maior cumplicidade com cariz pessoal e de acordo com
entre corpo, voz e emoção; o caráter/andamento das peças.
Provocar uma maior consciência das
ações reproduzindo-o em termos
vocais;
Compreender o caráter das canções;
Desenvolver competências de
comunicação, criatividade,
expressividade e improvisação.
Aquisição de conhecimentos; De seguida, efetuou-se um balanço
Reflexão; em que os alunos poderam de
Discussão; forma espontânea referir qual a
Trabalho em grupo; inspiração/pensamento relacionado
com o momento.

111
Assumir a distribuição de tarefas para Em primeiro lugar foram Alunos demonstraram-se
discutir e dialogar em conjunto; constituídas equipas (6 grupos com bastante curiosos e atentos às
Associar as imagens selecionadas à 5 alunos e 1 grupo com 6 alunos). imagens.
respetiva ação flutuar e socar;
Promover a cooperação e dinâmica De seguida, colocou-se dois cartões Alguns conversaram durante a
do grupo (responsabilidade, iniciativa, em material K-Line (um que diz atividade, sendo necessário
empenho e espírito de equipa); socar, outro flutuar e no meio as realizar chamadas de atenção.
Atividade de observação Memorizar e compreender as ações; imagens selecionadas numa caixa) 35’
nº2 Introduzir a componente de jogo cada elemento da equipa, retirava
facilitando o processo de uma imagem da caixa e colava-a no
aprendizagem. respetivo cartão à ação.
Desenvolver o espírito crítico e
capacidade de comunicação; Após efetuada a atividade realizou-
se um pequeno balanço sobre a
mesma.

Entrega dos restantes Refletir sobre o significado das ações; Foram selecionados alguns alunos Os alunos mostraram-se atentos
diários de bordo. Criar a perceção das mesmas para demonstrarem o que às indicações do reforço para ser
individualmente; realizaram à turma na aula do dia realizado em casa.
Compreender/assimilar o conteúdo 25/03.
Final e 10’
Atividade do diário de das ações;
Avaliação Os alunos que não estiveram
bordo nº1 e nº2 Desenvolver a responsabilidade,
autonomia; presentes na aula do dia 25/03
Valorizar/respeitar o material. tiveram que realizar essas mesmas
Estimular a criatividade e expressão. atividades como reforço para casa.

112
Planificação nº5 – Classes de Conjunto (2ºGrau) – Prática pedagógica supervisionada pela orientadora
Data: 06/05/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 5 Duração: 45’ Hora: 8h15 – 9h00

Conceito Fundamental Treino de memória musical; movimento; concentração; coordenação motora; equilíbrio e interação entre o grupo.
Apropriação do método de Laban - duas ações básicas do movimento flutuar e socar.
Repertório Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallelujah (u.s.a).
Função Didática Introdução da canção com movimento Karabu.
Consolidação ao desenvolvimento do método de Laban.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Leitura e interpretação da canção Karabu.
Desenvolvimento da criatividade, auto-expressão, experimentação, equilíbrio de grupo.
Sumário Aquecimento vocal.
Trabalho da canção Karabu à capella e com acompanhamento de piano.
Atividade experimentação corporal nº 2.
Correção do reforço marcado na aula anterior (29/04/2019).
Atividade do diário de bordo nº3.

113
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Aquecimento vocal Consciência de uma postura correta; Exercícios de corpo: Predominaram progressos nos
- Alongamento da cabeça, pescoço, exercícios de respiração.
ombros.
- Alongamento do tronco.
- Massajar a cara (procurando
utilizar todos os músculos do rosto).
- Abanar as pernas e as mãos.
Consciência respiratória; Exercícios de respiração:
Apoio; - Inspirar e expirar tranquilamente
três vezes.
- Inspirar e expirar em “ ff” “ss”
“ch”. 10’
Inicial -Respirar como um cão cansado.
- Inspirar, reter o ar, expirar em (2-4-
6-8) tempos.
Trabalho muscular:
- Soltar o ar em “ts,x,f”, repetindo
três vezes para a frente, lado direito,
esquerdo e para baixo.
Articulação/dicção; Dicção:
Equilíbrio do grupo; - Pronunciar uma canção.
Coordenação rítmica;

114
Projeção correta da voz; Vocalizos: Nos vocalizos alguns alunos
Abertura maxilar; - Vibração de lábios “brr” em graus tiveram dificuldade em passar da
Ressonância; conjuntos. voz falada para a voz cantada.
Formação de vogais; - Ressonância com o som nasal “m”
Legato; por graus conjuntos. Corrigindo-se à base da audição e
Stacatto; - Legato com a utilização de vogais imitação, logo a seguir realizaram
Afinação; (i-e-a-o-u). o exercício com menos esforço
Sonoridade; - Movimento descendente de graus vocal.
Equílibrio do grupo; conjuntos em “u”.
Mas no geral, os alunos
- Movimento descendente de saltos
demonstraram maior dedicação,
de terceira e graus conjuntos em
empenho, melhoria aos exercícios
stacatto movimento “i”.
solicitados.
- Saltos de terceira com oitava em
“ô”.
Aprendizagem da canção Treino da memória musical; Audição da peça. Os alunos estiveram bastante
Karabu. Leitura; atentos à aprendizagem da peça.
Interpretação; Os alunos executam a melodia em
Trabalho de texto; diálogo (pergunta-resposta) até ficar Mostraram-se empenhados à
Sonoridade; interiorizada. Repetiu-se a peça concretização da peça.
várias vezes à capella e com
acompanhamento de piano para
Fundamental identificar e superar problemas
existentes. 10’

Memorização; Explicação da estrutura da canção e


Noção de condução melódica; execução da mesma:
Afinação; - Primeiro lugar cantar a melodia
Sonoridade; com alternância entre docente e
Noção de estrutura formal; grupo para interiorizar o esquema
Estimular a capacidade de da peça. O mesmo se procede de
concentração; forma inversa.

115
- De seguida, Grupo I inicia a
melodia como se fosse uma espécie
de pergunta e o Grupo II responde.
O mesmo se procede de forma
inversa.

Noção da estrutura do jogo; Explicar a estrutura. Por ser uma atividade diferente,
os alunos responderam muito
Possibilitar uma maior cumplicidade Atribuição de números a cada um bem de forma entusiasta,
entre corpo, voz e emoção; dos alunos, sendo que cada número empenhada e com vontade de
Desenvolver a coordenação motora; vai representar uma função. aprender.
Cultivar o foco/atenção; Começam a cantar os alunos com o
Compreender o caráter das canções; número 1 atribuído e os restantes Verificou-se uma melhoria da
Atividade de Potencializar o equilíbrio do grupo; respondem. Foi exemplificado o atenção em relação à aula
experimentação coporal Estimular criatividade; expressividade objetivo do jogo com um aluno para anterior.
nº2 e improvisação; uma melhor 10’
Desenvolver a responsabilidade e assimilação/interpretação do Revelou-se um grande espírito de
autonomia. mesmo. grupo e entreajuda;
Assim, sempre que o número 1 ou
2 cantava tinha que se levantar, o
mesmo foi realizado de forma
inversa quando cantavam em vez de
se colocarem de pé, tinham de se
sentar. Esta atividade foi efetuada
em vários andamentos o que
acabou por dificultar ainda mais o
processo.

116
Possibilitar uma maior cumplicidade Cantar realizando os movimentos Os alunos gostaram muito da
entre corpo, voz e emoção; alternados entre cada uma das atividade, foram bastante
Desenvolver a coordenação motora; ações flutuar e socar, interpretando criativos na sua improvisação.
Cultivar o foco/atenção; com cariz pessoal e de acordo com
Atividade de Estiveram à altura do desafio.
Compreender o caráter das canções; o caráter/andamento das peças.
experimentação corporal 10’
Potencializar o equilíbrio do grupo;
nº 2 De seguida, efetuou-se um balanço
Estimular criatividade; expressividade
e improvisação; em que os alunos partilharam as
Desenvolver a responsabilidade e suas experiências dando exemplos
autonomia. do que imaginaram ao cantar.

Correção das atividades do Relembrar; Alguns alunos demonstraram à Os resultados foram muito
diário de bordo marcadas Atenção; turma o que elaboraram no diário de criativos. 3’
na aula anterior Comunicação; bordo.
(29/04/2019). Reflexão; Reflexão sobre os exercícios.
Final e
Atividade do diário de Implementar métodos e estratégias Desenhar as ações básicas do Os alunos mostraram-se atentos
Avaliação
bordo nº3. criativas; movimento utilizando figuras às indicações do reforço para ser
Compreender/assimilar o conteúdo geométricas. realizado em casa.
das ações;
2’
Desenvolver a responsabilidade,
autonomia;
Valorizar/respeitar o material;
Fomentar um trabalho autónomo.

117
Planificação nº6 – Classes de Conjunto (2ºGrau)
Data: 20/05/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 6 Duração: 45’ Hora: 9h00-9h45

Conceito Fundamental Voz> gesto> som.


Modelo clássico de direção coral.
Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.
Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallelujah (u.s.a).
Função Didática Introdução à direção das peças trabalhadas sob o gesto tradicional do diretor coral.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Leitura e interpretação das peças trabalhadas sob o gesto tradicional do diretor coral.
Aquisição de conhecimentos sobre a marcação do compasso binário, ternário e quaternário.
Reação dos alunos ao gesto do diretor coral.
Gravação vídeo das peças trabalhadas sob o gesto tradicional.
Sumário Direção das peças trabalhadas sob o gesto tradicional.
Gravação vídeo das respetivas peças.
Correção do reforço marcado no dia (06/05/2019).

118
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Comunicação de uma Comunicação; Explicação sobre a realização de Alunos conseguiram identificar


gravação vídeo sob o gesto uma gravação vídeo que decorrerá rapidamente a marcação do
tradicional do diretor coral. ao longo da aula sob o gesto compasso binário, ternário e
tradicional do diretor coral, quaternário.
aplicando a repetição mecânica do
movimento num simples gesto de
marcar-o-compasso.
Inicial 10’
Leitura; Visualização da marcação do
Exemplificação da Interpretação; compasso binário, ternário e
marcação do compasso Assimilação de conhecimentos; quaternário pelo diretor coral.
binário, ternário e Concentração;
quaternário. Compreensão da linguagem não Alternância entre várias marcações
verbal do diretor coral; de compasso e os alunos têm de
Concentração; descobrir qual é que o diretor coral
está a executar.
Leitura, interpretação e Leitura; Passagem à capella e com Alguns alunos demonstraram
direção das peças Interpretação; acompanhamento de piano das empenho outros estavam
trabalhadas sob o gesto Assimilação/aquisição de peças trabalhadas sob o gesto desatentos.
tradicional do diretor coral. conhecimentos; tradicional.
Concentração;
Repetiram-se as peças até os alunos 10’
Fundamental Trabalho em grupo;
se familiarizarem com os gestos do
diretor coral.

119
Gravação vídeo sob o gesto Registar o processo ensino- Gravação vídeo das peças Foram realizadas várias
tradicional do diretor coral. aprendizagem do gesto tradicional de trabalhadas sob o gesto tradicional chamadas de atenção ao
direção coral; do diretor coral. comportamento.
Refletir e ponderar sobre os
resultados do mesmo;
20’
Estabelecer a comparação de um
todo;
Desenvolver sentido de
responsabilidade;
Correção da atividade do Relembrar; Alguns alunos demonstraram à
Final e diário de bordo nº3 Atenção; turma o que elaboraram no diário de
Avaliação marcada no dia Comunicação; bordo (desenhar as ações dos 5’
(06/05/2019). Reflexão; movimentos utilizando apenas
figuras geométricas).
Reflexão sobre os exercícios.

120
Planificação nº7 – Classes de Conjunto (2ºGrau) – Prática pedagógica supervisionada pela orientadora
Data: 27/05/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 7 Duração: 45’ Hora: 9h00-9h45

Conceito Fundamental Voz> gesto> movimento> som.


Apropriação do método de Laban - duas ações básicas do movimento flutuar e socar.
Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.
Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallelujah (u.s.a).
Função Didática Introdução à direção das peças trabalhadas sob o gesto expressivo do diretor coral.
Consolidação da apropriação do método de Laban.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Facultar aos alunos a direção das peças sob as duas ações flutuar e socar.
Leitura e interpretação das peças trabalhadas sob o gesto expressivo do diretor coral.
Reação dos alunos ao gesto do diretor coral.
Gravação vídeo das peças trabalhadas sob o gesto expressivo.
Sumário Atividade de experimentação corporal nº3.
Atividade de observação nº3.
Direção das peças trabalhadas sob o gesto expressivo.
Gravação vídeo das respetivas peças.
Atividade do diário de bordo nº4.

121
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Jogo de espelho/empatia. Reação ao gesto; Realização do jogo de Alunos reagiram de imediato ao jogo
Empatia; espelho/empatia (imitação de gestos, de espelho/empatia.
Imitação; expressões faciais).
Concentração;

Comunicação de uma Comunicação; Explicação sobre a realização de uma Alunos ficaram atentos.
gravação vídeo sob o gesto gravação vídeo que decorrerá ao longo
expressivo do diretor coral. da aula sob o gesto expressivo (flutuar
e socar) do diretor coral.

Concentrar a atenção na relação entre Exemplificação dos alunos que se Os alunos que dirigiram foram
reflexão e ação; voluntariaram das duas ações básicas bastante criativos.
12’
Construir um referencial; do movimento flutuar e socar em Contudo, provocou alguns “risinhos”
Facultar aos alunos formas diversas de direção coral. no grupo, por ser um colega a dirigir.
Atividade de experimentação
Inicial se expressarem;
corporal nº3 De seguida, tiveram a oportunidade de
Assumir uma identidade própria;
Desenvolver competências de de dirigir as peças sob o gesto
comunicação com o grupo; expressivo (flutuar e socar), frente ao
Fomentar a autonomia e grupo de forma a despertar a
responsabilidade. concentração do mesmo.

Atividade de observação nº3 Identificar o gesto referente à ação Demonstração do gesto flutuar e socar Perceberam rapidamente a
flutuar ou socar (quais as suas do diretor coral (perguntar qual o gesto diferença entre o gesto flutuar e
características); que se identifica com cada uma das socar no diretor coral.
Capacidade de discernimento entre as ações e suas características).
duas ações;
Promover o interesse na observação e
prática;
Construir um referencial;

122
Compreender a linguagem não verbal do
diretor coral;
Promover a empatia.

Leitura, interpretação e Identificar o gesto referente à ação Eventual explicação sobre a estrutura Alunos atingiram o objetivo
direção das peças flutuar ou socar (quais as suas das peças sob as duas ações. proposto.
trabalhadas sob o gesto características);
expressivo. Capacidade de discernimento entre as Seguidamente os alunos cantaram as
duas ações; peças trabalhadas sob a direção do
gesto expressivo (flutuar e socar), Realização de chamadas de atenção
Promover o interesse na observação e
acompanhadas ao piano pelo docente ao comportamento.
prática;
Construir um referencial; B. 10’
Fundamental Compreender a linguagem não verbal do
Como estratégia facilitadora da
diretor coral;
aprendizagem utilizou-se o recurso à
Promover a empatia.
memória de exercícios efetuados ao
longo do projeto, bem como o uso de
metáforas.

Gravação vídeo das duas Registar o processo ensino- Gravação vídeo das peças trabalhadas Alguns alunos demonstraram
ações flutuar e socar. aprendizagem do gesto expressivo de após os alunos entenderem as ações atenção e interesse durante as
direção coral; treinadas para refletir o conteúdo filmagens, outros estavam
Refletir e ponderar sobre os resultados musical. desatentos.
do mesmo;
20’
Estabelecer a comparação de um todo;
Desenvolver sentido de
responsabilidade;

123
Revelar as vivências/envolvimento das Memória descritiva: Informação aos alunos de que na
aprendizagens; Escreverem uma memória das aulas: próxima aula quem quisesse poderia
Analisar o ponto de vista do aluno; o que gostaram, o que não gostaram, trazer o diário de bordo para ser
Expandir a comunicação, criatividade e o que aprenderam de novo, entre efetuada uma memória fotográfica.
Final e Atividade do diário de bordo 3’
espírito crítico; outras.
Avaliação nº4
Desenvolver a responsabilidade,
autonomia;
Valorizar/respeitar o material;
Fomentar um trabalho autónomo.

124
Planificação nº8 – Classes de Conjunto (2ºGrau)
Data: 03/06/2019 Turma ou alunos: 36 alunos Local: Conservatório de Música de Famalicão, ArtEduca

Aula nº: 8 Duração: 45’ Hora: 9h50-10h35 20

Conceito Fundamental Conhecer a perspetiva dos cantores coralistas em relação à direção coral.
Voz> gesto> movimento> som.
Repertório Now the sun is shining de Peter Michel.
Tum tum piscatum, canção tradicional brasileira com arranjo de Carlos Gomes.
Karabu, autor anónimo – adaptação da canção Hallelujah (u.s.a).
Função Didática Consolidação da apropriação do método de Laban.
Trabalho em grupo.
Objetivo da aula Conhecer a perspetiva dos cantores coralistas em relação à direção coral através de um questionário.
Perceber se os alunos gostaram da experiência.
Agradecimento da participação dos alunos e memória fotográfica de alguns diários de bordo.
Sumário Entrega e explicação do questionário aos alunos.
Realização de um balanço sobre as aulas.
Correção do reforço marcado na aula anterior.
Recolha dos diários de bordo para memória fotográfica.

20 A intervenção foi lecionada na aula de Ensemble Orff, isto deveu-se ao facto, de os alunos estarem atrasados na aprendizagem do repertório para o concerto final de ano letivo.

125
Parte da Aula Conteúdo Objetivos Específicos Organização Metodológica/ Critérios de Êxito/Resultados Minutagem
Descrição do Exercício obtidos 45’

Apresentação do questionário Leitura; Entrega e explicação do questionário Alunos mostraram-se muito


ao aluno. Interpretação; ao aluno. empenhados na realização do
Inicial Assimilação/aquisição de questionário.
conhecimentos;
Capacidade de discernimento entre as Alguns iam ao longo do questionário
duas ações; colocando dúvidas.
20’
Concentração;
Balanço sobre as aulas é positivo,
Realização do questionário. Reflexão; Realização do questionário. alunos demonstram com
entusiasmo que gostaram da
Realização de um balanço sobre as experiência.
aulas: se gostaram da experiência.
Fundamental
Gravação vídeo de alguns Expressividade; Gravação vídeo de alguns alunos a Quando os alunos voluntariados
alunos a dirigir. Criatividade; dirigir sob a ação flutuar e socar. foram dirigir sob a ação dos mesmos 10’
Improvisação; movimentos o resultado foi bastante
Equilíbrio de grupo; expressivo e criativo.
Relembrar;
Visualização da atividade do Recordação; Alguns alunos leram à turma o que Alunos demonstraram-se atentos.
diário de bordo marcada na Atenção; escreveram no diário de bordo. 10’
aula anterior (27/05/2019). Comunicação;
Reflexão;
Final e
Agradecimento. Agradecimento; Agradecer aos alunos por participarem Os alunos mostraram-se contentes
Avaliação
Comunicação; no projeto. por todo o envolvimento ao longo do
Recolhas dos diários de Diálogo; Despertar nos alunos o sentimento de ano. 5’
bordo para memória Empatia; gratidão e ligação criada com o grupo. Uns revelaram-se tristes outros com
fotográfica. Afetividade; mais entusiamos, outros mais
afetivos.

126
Anexo III – Tabela de avaliação da sonoridade

Avaliação da sonoridade: Gesto tradicional e gesto expressivo


GRELHA DE AUDIÇÃO

I. Características vocais

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO OBSERVAÇÕES

Postura
Qualidade (som)
Timbre
Articulação
Afinação
Fraseado
Interpretação
Equilíbrio/homogeneidade
Compreensão da linguagem não
verbal do diretor coral

Resultados

Aspetos positivos:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Aspetos menos positivos:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

127
Anexo IV – Tabela com a validação de dados à gravação vídeo

Validação de dados à gravação vídeo

Now the sun is shining

Tópicos Maestro Artur Pinho Maria Maestro Vitor Lima Maestro Johann Ahl de Oliveira

Postura Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações.

Qualidade (som) Ataque do som mais suave. Ataque do som não é tão duro (sair Ataque do som não é tão brusco
da nota) como no gesto tradicional. como no gesto tradicional. Os
Os portamentos desaparecem e portamentos diminuem
existe um crescer na frase. consideravelmente e o canto fica
mais expressivo assim como o
gesto.
Timbre Timbre mais suave. Timbre mais quente, cheio. Timbre mais suave.

Articulação A articulação é mais precisa, Articulação mais precisa. (devido Articulação mais evidente.
melhor entendimento do texto. ao andamento e respiração).
(relacionado com o gesto e não
com o andamento). Maior clareza.
Afinação Melhor afinação. Melhor afinação. Melhor afinação.

Fraseado Verificou-se uma melhoria pouco Mais fraseado. Mais legato. É mais melódico e expressivo.
significativa. Enquanto na gravação do gesto
tradicional não existe fluidez na
frase, é mais solfejado (cantado
nota a nota).
Interpretação Melhor interpretação. Melhor interpretação. Melhor interpretação.

Equilíbrio/homogeneidade Maior equilíbrio/homogeneidade, Maior equilíbrio/homogeneidade. Maior


no gesto tradicional não prevalece equilíbrio/homogeneidade.
uma fusão tão boa.
Compreensão da linguagem Melhor compreensão da Melhor compreensão da Melhor compreensão da
não verbal do diretor coral linguagem não verbal do diretor linguagem não verbal do diretor linguagem não verbal do diretor
coral. coral. coral.

128
Tum tum piscatum

Tópicos Maestro Artur Pinho Maria Maestro Vitor Lima Maestro Johann Ahl de Oliveira

Postura Melhor postura na ação flutuar. Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações.

Qualidade (som) Mais expressão, mais energia. Mais expressão, mais energia. Mais expressão, mais energia.

Timbre Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações.

Articulação Melhor articulação, melhor Articulação é melhor, não Melhor articulação.


entendimento do texto. predomina a sensação de
arrastamento das palavras da
gravação do gesto tradicional.
Afinação Melhor afinação, particularmente Melhor afinação. Melhor afinação.
na ação flutuar.
Fraseado Verificou-se uma melhoria pouco Verificou-se uma melhoria pouco Fraseado mais musical.
significativa. significativa.
Interpretação Melhor interpretação. Melhor interpretação. Melhor interpretação.

Equilíbrio/homogeneidade Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações. Não se verficaram alterações.

Compreensão da linguagem Melhor compreensão na Melhor compreensão na Melhor compreensão na


não verbal do diretor coral linguagem não verbal do diretor linguagem não verbal do diretor linguagem não verbal do diretor
coral. coral. coral.

129
Karabu – Gesto expressivo

Tópicos Maestro Artur Pinho Maria Maestro Vitor Lima Maestro Johann Ahl de Oliveira

Postura Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações.

Qualidade (som) Mais energia. Mais expressão, mais energia, Mais expressão, mais energia.
sendo que existe um ligeiro atraso
(piano).
Timbre Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações. Não se verificaram alterações.

Articulação Articulação mais precisa. Articulação mais precisa. Articulação mais precisa.

Afinação Melhora ligeiramente a afinação. Não foi notado grande diferença.


Não foi notado grande
diferença.
Fraseado Verificou-se uma melhoria pouco Verificou-se uma melhoria pouco Fraseado mais musical.
significativa. significativa.
Interpretação Melhor interpretação. Melhor interpretação. Melhor interpretação. Coro mais
musical.
Equilíbrio/homogeneidade Verificou-se uma melhoria pouco Verificou-se uma melhoria pouco Não foi notado grande diferença.
significativa. significativa.
Compreensão da linguagem Melhorias na precisão do gesto Melhor compreensão da Melhor compreensão da
não verbal do diretor coral como resultado sonoro. linguagem não verbal do diretor linguagem não verbal do diretor
coral. coral.

130
Anexo V – Questionário ao aluno

Mestrado em Ensino de Música – Direção Coral Questionário ao aluno

Neste questionário pretende-se conhecer a perspetiva dos cantores coralistas em relação à direção coral.
Tem como principal objetivo:
- Perceber se os alunos gostaram da experiência;
- Compreender se predominou alguma evolução no trabalho efetuado;
- Entender as duas ações básicas de movimento flutuar e socar;
- Constatar se a apropriação da teoria do movimento de Laban é aplicável e benéfica para a gestualidade
do diretor coral;
- Verificar a adequação das duas ações básicas do movimento flutuar e socar em três canções:
Now the sun is shining, Tum tum piscatum e Karabu.

Este questionário é de natureza confidencial, garantindo o anonimato das respostas. Deverá ser
respondido de forma individual e sincera.

SOBRE TI

● Idade: ______

● Género: M F
● Instrumento:__________
● Ano/Turma: __________

1. Gostas de estudar música? Sim Não

2. Gostas de cantar?

Não gosto Adoro


1 2 3 4 5
Legenda:
1- Não gosto /2 - Gosto pouco/3 - Gosto/4 - Gosto muito/5 – Adoro

3. Gostas da disciplina de classes de conjunto? Sim Não


131
SOBRE A PARTICIPAÇÃO NAS ATIVIDADES

4. Como avalias os exercícios, jogos, estratégias pedagógicas em que participaste?

Mau Muito bom


1 2 3 4 5
Legenda:
1- Mau /2 – Fraco /3 - Suficiente/4 - Bom/5 – Muito bom

5. Refere a atividade que gostaste mais.


_____________________________
Diz porquê:_______________________________________________________________
_______________________________________________________________________

6. Refere a atividade que gostaste menos.


_____________________________
Diz porquê:______________________________________________________________
______________________________________________________________________

7. Classifica as seguintes atividades:


7.1 Atividades do diário de bordo.

Não gostei Adorei


1 2 3 4 5

7.2 Atividades de observação.

Não gostei Adorei


1 2 3 4 5

7.3 Atividades de movimento corporal.

Não gostei Adorei


1 2 3 4 5
Legenda:
1- Não gosto /2 - Gosto pouco/3 - Gosto/4 - Gosto muito/5 – Adoro

132
SOBRE O GESTO DO DIRETOR CORAL

Legenda:
1- Discordo totalmente /2 – Discordo /3 – Nem concordo, nem discordo/4 – Concordo /5 – Concordo
totalmente

8. Diz se concordas ou não com as seguintes afirmações:

● O gesto do diretor coral ajudou-me a perceber a diferença entre cada ação básica do movimento
flutuar e socar.

1 2 3 4 5

● O gesto flutuar transmite leveza.

1 2 3 4 5

● O gesto socar transmite força.

1 2 3 4 5

• Socar refere-se a leveza, paz, tranquilidade, equilíbrio.

1 2 3 4 5

• Flutuar refere-se a força, energia, ímpeto.

1 2 3 4 5

133
• Flutuar e socar são ações contrastantes.

1 2 3 4 5

• Flutuar e socar são ações semelhantes.

1 2 3 4 5

9. O diretor coral quando utiliza expressividade no gesto é para obter uma melhor sonoridade no coro.

Sim Não

10. Indica a tua preferência em relação ao tipo de direção coral utilizado.


Modelo clássico.
Duas ações básicas do movimento - flutuar e socar.

A TUA OPINIÃO

11. Indica qual foi a música que gostaste mais de cantar.


Now the sun is shining.
Tum tum piscatum.
Karabu.

12. Na tua opinião, os ensaios foram úteis? Sim Não

13. Sentiste-te mais motivado com os ensaios? Sim Não

134
14.Gostaste de participar no projeto? Sim Não
14.1 Justifica a tua escolha:______________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

15. Se pretenderes, escreve aqui as observações que consideres importantes:

_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

Muito obrigada pela colaboração!

135
Anexo VI – Exemplar de questionário ao aluno

136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
Anexo VII – Tabela com as 36 respostas dos alunos ao questionário

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151
152
153
154
155
Anexo VIII – Autorização/circular para a participação no projeto de intervenção pedagógica

156
157
158
159
Anexo IX – Declaração de Autorização de Identificação

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