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ESCOLA SUPERIOR NÁUTICA INFANTE D.

HENRIQUE
Licenciatura em Pilotagem
Ano Letivo 2016/17
Escola Superior Náutica Infante D. Henrique
Mecânica Aplicada
Departamento de Engenharia
Docente: Marítima
Filipa Moleiro
Licenciatura em Pilotagem
Formulário

Formulário disponibilizado aos alunos para uso individual em Testes ou Exames de Mecânica Aplicada.

Mecânica dos Materiais


2. Estática de Partículas

Equilíbrio Estático de Partículas

- numa análise bidimensional (2D): 4 – Torção


Σ𝐹𝐹𝑥𝑥 = 0; Σ𝐹𝐹𝑦𝑦 = 0

- numa análise tridimensional (3D):

Σ𝐹𝐹𝑥𝑥 = 0; Σ𝐹𝐹𝑦𝑦 = 0; Σ𝐹𝐹𝑧𝑧 = 0


Prof. Dra. Rosa Marat-Mendes
- lei dos cossenos:

𝑅𝑅 2 = 𝑃𝑃2 + 𝑄𝑄 2 − 2𝑃𝑃𝑄𝑄cos(𝐵𝐵 )
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- lei dos senos:
Introdução
• No capítulo 3 calcularam-se as tensões e as deformações em
componentes estruturais submetidos a forças axiais, isto é, a forças
orientadas ao longo do eixo do componente.

• Neste capítulo, vamos considerar os elementos estruturais e peças de


máquinas que estão sob torção em veios.

• Analisaremos as tensões e as deformações em elementos com seção


transversal circular submetidos a momentos de torção (𝑴𝑻 ), ou
torques (𝑻).

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Aplicações de Veios à torção
• Elementos sob torção são encontrados em muitas aplicações de
engenharia.

• A aplicação mais comum é aquela dos eixos de transmissão,


utilizados para transmitir potência de um ponto para outro:

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Representação
• Esses momentos têm a mesma intensidade 𝑻 e sentidos opostos.

• Eles são grandezas vetoriais e podem ser representados por setas


curvas ou conjugados.

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Momentos de torção externos e internos
• Momentos de torção externos originam, em cada secção
transversal, momentos de torção internos.

• Secções transversais são secções perpendiculares ao eixo


longitudinal do veio.

• Nos veios as secções transversais consideram-se círculos ou coroas


circulares.

A B C
𝑇! 𝑇" 𝑇# A 𝑇! B 𝑇" 𝑇# C

𝑇! 𝑇!" 𝑇" 𝑇"# 𝑇# A 𝑇! 𝑆$ 𝑇!" 𝑆$ B 𝑇" 𝑆% 𝑇"# 𝑆% 𝑇# C

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Momentos de torção externos e internos

• O momento interno de torção, numa secção transversal é


numericamente igual à soma algébrica de todos os momentos
externos que atuam à esquerda ou à direita da referida secção e são
calculados através do Método das Secções.

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Convenção de sentidos
sentido positivo

M M

sentido negativo

M M

Convenciona-se que o sentido positivo de um momento de torção interno é o


sentido contrário ao dos ponteiros do relógio para um observador que olha de frente
para a secção transversal, e que o sentido negativo de um momento de torção
interno é o sentido horário para um observador que olha de frente para a secção
transversal do veio.
Quando o sentido do momento de torção interno é positivo, o vetor com duas setas
aponta “para fora” do veio, quando o sentido do momento de torção interno é
negativo, o vetor com duas setas aponta “para dentro” do veio.
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Princípios simplificadores
● Num veio de secção transversal circular (maciço ou oco) sujeito a torção
considera-se que todas as secções transversais permanecem planas e
sem distorção.

● Esta propriedade não é comum a veios com


secção transversal não circular.

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Deformações

a) Veio circular encastrado numa das extremidades


é sujeito a um momento de torção, 𝑴𝑻 (ou Torque,
𝑻).

O veio tem uma rotação de ângulo 𝝓 na secção


transversal que está a uma distância 𝑳 do
encastramento.

b) Elemento quadrado de um cilindro interior com


raio 𝝆.

c) Ocorre uma distorção 𝜸 , correspondente ao


ângulo entre OA e OA’. (o elemento deformado
assume a forma de um losango)

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Deformações
c) Para pequenos valores de distorção 𝜸: 𝑨𝑨" pode
ser aproximado a 𝑳×𝜸.

O comprimento do arco 𝑨𝑨′ é equivalente a 𝝆×𝝓.

𝜌𝜙 𝛾 – distorção [𝑟𝑎𝑑]
𝐿𝛾 =𝜌𝜙 ⟺ 𝛾= (4.1) 𝜙 – ângulo de torção [𝑟𝑎𝑑]
𝐿
𝐿 – Comprimento do veio 𝑚
𝜌 – distância ao centro [𝑚]

§ A distorção 𝜸 é proporcional ao ângulo de torção 𝝓 e à distância 𝝆 ao


eixo do veio.
𝑐𝜙
§ A distorção é máxima quando 𝝆=c (maior raio do veio) => 𝛾&'( = (4.2)
𝐿
) + 𝛾&'( 𝜙 𝜌
= e = ⟹ 𝛾= 𝛾&'( (4.3)
* , 𝑐 𝐿 𝑐
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Tensão de Corte

• Assumindo que a tensão de corte se mantém dentro dos limites


de elasticidade, é válida a lei de Hooke.

𝜌𝜙
𝜏 = 𝐺𝛾 ⟺ 𝜏=𝐺 (4.4)
𝐿

𝑮 - Módulo de Distorção ou Módulo de


Elasticidade Transversal [𝑀𝑃𝑎] Este caso teve deformação
permanente
(Não está no regime elástico)

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Tensão de Corte
• A tensão de corte (ou tangencial) 𝝉 no veio circular variará linearmente
𝜌
com a distância 𝑐 do eixo da barra: 𝜏 = 𝜏&'( (4.5)
𝑐
• A tensão de corte (ou tangencial) 𝝉 numa secção transversal circular de
um veio sujeito a torção é proporcional à distância ao centro 𝝆, sendo
nula no centro (𝝆 = 𝟎) e máxima na periferia (𝝆 = 𝒄).

𝜌 𝑐$
𝜏 = 𝜏&'( 𝜏&-. = 𝜏
𝑐 𝑐% &'(

distribuição de tensões distribuição de tensões numa barra circular


numa barra circular cheia de raio 𝑐 oca com raio interno 𝑐! e raio externo 𝑐" .

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Tensão de corte máxima e mínima
• Veio cheio • Veio oco
𝑇𝑐 𝑇𝑐%
𝜏&'( = (4.6) 𝜏&'( = (4.7)
𝐽 𝐽
𝜏 – tensão de corte [𝑀𝑃𝑎] 𝑇𝑐$ 𝑐$
𝜏&-. = 0 𝑇 – Momento de torção ou 𝜏&-. = 𝜏&-. = 𝜏&'(
𝐽 𝑐%
Torque [𝑁𝑚]
𝜋𝑐 / 𝑐 – raio do veio 𝑚 01! " 01# " 0
𝐽= (4.8) 𝐽 – Momento polar de inércia [𝑚# ] 𝐽= − = 𝑐% / − 𝑐$ / (4.9)
2 % % %

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Barras de secção Transversal Variável
• Método das Secções

• Cortar a barra pela secção 𝑆;

• Desenhar o esforço interno 𝑇 na secção 𝑆;

• Desenhar o diagrama de corpo livre para um dos


lados da barra (esquerda ou direita) desenhando
todos os momentos torsores aplicados;

• Aplicar a equação de equilíbrio: ∑ 𝑇 = 0;

• Depois de obtido o esforço interno T, aplicar a


&'
equação da tensão de corte: 𝜏#$% = .
(

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Ângulo de Torção no regime elástico
● Relação entre o ângulo de torção 𝜙 e a
distorção máxima 𝛾#$% : 𝜙c
γ&'( = (4.10)
𝐿

• Sabendo que no regime elástico aplica-se a


Lei de Hooke:
𝜏&'( 𝑇𝑐
𝜏&'( = 𝐺𝛾 ⟺ 𝛾&'( = ⟺ 𝛾&'( = (4.11)
𝐺 𝐽𝐺

• Igualando os dois membros do lado direito das duas equações, obtem-se o


ângulo de torção para um veio de secção contante e Torque constante:
𝑇𝐿
𝜙= 𝜙 – ângulo de torção [𝑟𝑎𝑑]
𝐽𝐺 (4.12)

Dentro do regime elástico, o ângulo de torção 𝜙 é proporcional ao momento


torçor 𝑇 aplicado no eixo.
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Ângulo de Torção para secções variáveis

• Para veios escalonados ou com troços de materiais diferentes, ou em


que os momentos são aplicados em secções intermédias:

𝑇- 𝐿-
𝜙232'4 = = 𝜙- = = (4.13)
𝐽- 𝐺-
- -

• O valor do momento de torção interno 𝑇 em cada troço é calculado


pelo método das secções.

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Exemplo:

Diagrama de Momentos Torsores

Ângulo de Torção

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Critérios de Dimensionamento

• Ângulo de torção unitário é o ângulo de torção por unidade de


comprimento:
𝜙 𝑇 𝜃 – ângulo de torção unitário [𝑟𝑎𝑑]
𝜃= ⟺ θ= (4.14)
𝐿 𝐽𝐺 𝜙 – ângulo de torção [𝑟𝑎𝑑]

• Critérios de dimensionamento de veios sujeitos a torção:

𝜏&'( ≤ 𝜏'5& 𝜙&'( ≤ 𝜙'5& 𝜃&'( ≤ 𝜃'5&

𝜏'5& - tenão de corte admissível [𝑀𝑃𝑎]


𝜙'5& - ângulo de torção admissível [𝑟𝑎𝑑]
𝜃'5& - ângulo de torção unitário admissível [𝑟𝑎𝑑]

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Transmissão de Potência e Binário
Potência 𝑷 associada a um veio (ou eixo) em
rotação com velocidade angular 𝝎 devido a
um momento de torção 𝑻:
𝑷 = 𝑻 C 𝝎 (4.15)
1𝑐𝑣 = 736𝑊
𝑃 - Potência 𝑊 (Watt) 1ℎ𝑝 = 746𝑊
𝑇 – Torque ou Momento torsor ou Binário [𝑁𝑚]
𝜔 – velocidade angular [𝑟𝑎𝑑/𝑠]

2𝜋
𝜔=𝑛 (4.16) 𝑛 – velocidade angular 𝑟𝑝𝑚 (rotações por minuto)
60

𝜔 = 2𝜋𝑓 (4.17) 𝑓 – frequência de rotação 𝑠 6$ = [𝐻𝑧] (rotações por segundo)

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Veios estaticamente indeterminados
• Desenhando o diagrama de corpo livre do eixo e
chamando de 𝑇! e 𝑇" os torques aplicados pelos
suportes (encastramentos):
∑ 𝑇( = 0 ⟺ 𝑇 − 𝑇! − 𝑇" = 0 (1)

• Como essa equação não é suficiente para


determinar os dois torques desconhecidos 𝑇! e 𝑇! ,
o eixo é estaticamente indeterminado.

• Quando em veios encastrados nas duas


extremidades, o ângulo de torção deverá ser zero:

7$ ,$% 7% ,%&
𝜙232'4 = 𝜙!" − 𝜙"# = 0 ⇔ 8$% 9
− 8%& 9
=0⇔

,# 8%&
𝑇" = 𝑇" (2)
,! 8$%

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