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Elaboração do programa
Objetivos
1. Escolher e preparar um local de treina- 6. Desenvolver um módulo de autogestão
mento tendo como base a forma como os para o programa de treinamento.
aprendizes envolvem-se e interagem com 7. Elaborar tarefas práticas e planos de ação
o conteúdo e entre si durante o curso. para potencializar o aprendizado e a trans-
2. Preparar-se para a instrução usando mapa ferência de treinamento.
curricular, plano de aula, documento de ela- 8. Fazer recomendações sobre o que os ge-
boração e mapa conceitual. rentes podem fazer antes, durante e após
3. Explicar como a idade dos participantes, as o treinamento para facilitar o aprendizado
diferenças geracionais e a personalidade e a transferência.
podem influir na elaboração do programa. 9. Identificar diferentes formas de gerenciar
4. Preparar uma solicitação de proposta e o conhecimento e as condições necessárias
uma lista de questões para avaliar consul- para que os funcionários compartilhem
tores e fornecedores de treinamento. conhecimento.
5. Explicar os elementos da elaboração do
programa que devem garantir a transfe-
rência próxima e distante do treinamento.
INTRODUÇÃO
Como foi destacado no Capítulo 4, “Aprendizado e transferência do treinamento”, para
que aconteça o aprendizado e a transferência de treinamento, é preciso que os progra-
mas incluam material relevante, objetivos claros, oportunidades de prática e feedback,
interação com o aluno e um ambiente de trabalho que dê apoio. Entretanto, somente
essas características não são o bastante para criar um programa de treinamento eficaz.
Para isso, também é preciso que a elaboração do programa (organização e coordenação)
seja de alta qualidade para potencializar o aprendizado e a transferência de treinamento
do aprendiz. A abertura deste capítulo mostrou como a Autodesk reelaborou o seu pro-
grama de treinamentopara garantir que o conteúdo fosse apropriado, que os instrutores
estivessem organizados e preparados, e que os alunos estivessem motivados e interagis-
sem entre si e com o conteúdo.
É importante manter uma perspectiva ampla ao elaborar o treinamento, independen-
temente de ser um programa, aula ou curso on-line ou presencial. Os funcionários
devem ser motivados a participar dos eventos de treinamento, utilizar o que aprende-
ram no trabalho, compartilhar conhecimentos e habilidades com terceiros e continuar
adaptando e modificando o conhecimento e as habilidades adquiridas, para atender às
mudanças nas necessidades do negócio e do cargo. Isso significa que a elaboração do
programa deve abranger não só o que acontecerá durante o treinamento com base em
planos de aula, como também a criação das condições adequadas antes do treinamento,
para garantir que os participantes estejam dispostos, prontos e motivados para aprender.
Além disso, devem-se adotar medidas para garantir que após o treinamento, o conheci-
mento e as habilidades adquiridas sejam usados no trabalho e compartilhados com ou-
tros funcionários.
Fonte: Baseado em C. L. Finkel, “Meeting Facilities,” in the ASTD Training and Development Handbook, 3d ed., ed. R. L. Craig (New
York: McGraw-Hill, 1996): 978-989.
Fonte: Baseado em F. H. Margolis and C. R. Bell, Managing the Learning Process (Minneapolis, MN: Lakewood Publications, 1984).
Escolha de instrutores
Optar por instrutores ou consultores profissionais é uma saída óbvia para as empresas.
Externos ou internos, eles devem ser especialistas no assunto e ter experiência em trei-
namento.5 Programas do tipo treine o instrutor são necessários para gerentes, funcioná-
rios e “especialistas” que tenham conhecimento sobre o conteúdo, mas precisam melho-
rar suas habilidades em apresentações e comunicação, entender melhor os principais
componentes do processo de aprendizagem (p. ex., feedback, prática) ou aprender como
desenvolver planos de aula. Para isso, pode-se pedir que funcionários e gerentes obte-
nham certificados que comprovem o domínio de habilidades necessárias a instrutores
eficazes. Para aumentar as chances de sucesso em seus primeiros cursos, os novos ins-
trutores devem ser observados ou receber coaching e feedback de instrutores mais ex-
perientes. Ao usarem especialistas da própria empresa no treinamento, é importante que
se destaque que esses profissionais devem passar o conteúdo da maneira mais concreta
possível (p. ex., usando exemplos), especialmente se o público não estiver familiarizado
com o assunto. Os especialistas tendem a usar conceitos mais abstratos e avançados, o
que pode confundir os aprendizes.6
Usar gerentes e funcionários como instrutores pode aumentar a relevância do conteú
do assimilado do treinamento, pois eles entendem o negócio da empresa e tendem a tornar
o conteúdo diretamente aplicável ao trabalho dos aprendizes. Além disso, tê-los presidin-
do as sessões de treinamento pode aumentar o apoio dos mesmos ao aprendizado e dimi-
nuir os custos de contratação de consultores externos. Atuar como instrutor pode ser
gratificante para gerentes e funcionários caso sejam reconhecidos pela empresa ou caso
a experiência de treinamento esteja vinculada aos seus planos de desenvolvimento pessoal.
A SCC Soft Computer, uma pequena empresa que buscava introduzir uma nova linha
de produtos de sistemas de informação clínica para o diagnóstico genético e molecular,
precisava de especialistas no assunto para ajudarno desenvolvimento de ferramentas e
servir como instrutores para a equipe e os clientes.7 A contratação de instrutores profis-
sionais com experiência em genética era cara demais. Assim, a SCC criou um curso de
treine o instrutor para não instrutores que já tivessem orientado algum tipo de treinamen-
to informal, como demonstrações de produtos durante visitas de clientes. O conteúdo do
curso abarcava a aplicação de princípios de aprendizagem para adultos, identificação e
desenvolvimento de objetivos de aprendizagem, criação de conteúdo para os objetivos de
aprendizagem, criação e uso de ajudas de treinamento, desenvolvimento de um plano de
aula e estruturação de uma aula, planejamento da avaliação usando reação, aprendizado,
comportamento e resultados (tópico abordado no Capítulo 6) e identificação de formas
de transferência de habilidades.
Na Alltel Wireless, uma empresa de comunicação sem fio, os novos instrutores par-
ticipam de várias aulas para aprenderem o que precisam saber e fazer.8 Eles também
podem trabalhar para obter um certificado de instrutor sênior. Nesse programa os par-
ticipantes comparecem a um treinamento na empresa ou através de um fornecedor, ten-
do o seu desempenho avaliado. Ao final de um treinamento sobre centrais de atendi-
mento, por exemplo, o instrutor é avaliado de duas formas. Primeiro, um gerente de
treinamento observa a aula e avalia as habilidades instrucionais do novo instrutor. Se-
gundo, o novo instrutor é avaliado com base no número de aprendizes que passam em
um teste, comprovando que tenham as habilidades necessárias para trabalhar em uma
central de atendimento.
Fontes: Baseado em “Workplace Issues: One in a Series. Learning Environments for the Information Age,” disponível no site da Steelcase
website, www.steelcase.com (accessed March 1, 2006), and “Rethinking Higher Education Spaces,” disponível em www.steelcase.com
(accessed June 12, 2012).
Caso não seja possível avaliar com antecedência os estilos de aprendizagem ou per-
sonalidade dos participantes, ainda assim pode-se assegurar que pelo menos algumas
partes do treinamento agradará a maioria dos alunos. Na American Fidelity Assurance
Company, o treinamento enfatiza uma abordagem centrada no aluno para atingir fun-
cionários com diferentes estilos de aprendizagem. Isso significa que em cada curso os
instrutores da empresa são incentivados a incluir várias atividades e criar um ambiente
de aprendizagem com brinquedos, música, figuras vívidas, tabelas, gráficos e exercícios
que exigem trabalho em duplas para estimular a interação.
Pré-treinamento: como aumentar a motivação para aprender através
de comunicação, pré-trabalho e envolvimento da gerência
O importante papel da motivação no aprendizado foi abordado no Capítulo 4. Tam-
bém é essencial comunicar como o curso será relevante e útil. Uma maneira de fazê-lo
é compartilhar depoimentos ou exemplos de como outros aprendizes beneficiaram-se
do curso. Tarefas de pré-trabalho ou pré-treinamento, como solicitar leituras dos
aprendizes, pedir que, enviem por e-mail ou tragam para a aula problemas relaciona-
dos ao trabalho, levantar questões que possam ser usadas como exemplos e discutidas
durante a aula, ajudam a aumentar a relevância do curso e a motivação em aprender,
colaborando para que os alunos venham à aula ou ao programa com um propósito e
um foco.
A motivação do funcionário para aprender e usar o conteúdo do treinamento também
pode ser melhorada se os gerentes reforçarem a importância da participação deles no
treinamento, bem como conversarem sobre as suas expectativas para o uso do conteúdo
no trabalho (ou até mesmo para ensinar a outros colegas o que aprenderam no treinamen-
to). Mais adiante neste capítulo abordaremos detalhadamente como conquistar o apoio
da gerência.
Ofereça uma visão geral da aula
Ao iniciar uma aula ou workshop, é importante dar aos alunos uma ideia do todo (ou
seja, o que o curso cobrirá), incluindo objetivos, cronograma, atividades, exercícios e
outras informações relevantes.16 O conceito geral, a utilidade, o objetivo e a relevância
para o trabalho devem ser apresentados primeiro, seguido de uma explicação sobre
como o curso está estruturado para atingir os seus objetivos. Isso é importante para
deixar os alunos no estado mental apropriado ao aprendizado e permitir que entendam
o significado e a relevância pessoal e profissional do conteúdo das aulas (lembre-se do
que foi discutido no Capítulo 4). Usando um fluxograma ou um esquema do curso, apre-
sente os tópicos gerais e depois subtópicos mais específicos. Também pode-se usar um
mapa conceitual para organizar e apresentar o conhecimento, o que ajuda o aluno a or-
ganizar o conteúdo na memória. Pode-se também voltar ao fluxograma ou esquema
durante a aula para mostrar como o conteúdo abordado se encaixa no curso e tem rela-
ção com o próximo assunto. A Figura 5.3 mostra um mapa conceitual para um curso
sobre a realização de uma revisão de desempenho eficaz.
Ajude os aprendizes a reterem e relembrarem o conteúdo do treinamento O uso
de mnemônica e metáforas pode ser útil para lembrar de ideias importantes, pois ajuda
a relacionar conceitos, comportamentos e conhecimentos que serão aprendidos ao que
o aluno já detém. A mnemônica utiliza-se de acrônimos, em que a primeira letra da
FIGURA 5.3 Mapa conceitual para um curso sobre a realização de uma revisão de desempenho eficaz
Pagamento
Desenvolvimento
Treinamento
Metas da empresa
Formulário
Preparar uma análise de desempenho Listas de perguntas
de avaliação
Fonte: Baseado em J. Curtis, “Engage Me, Please!” T+D (November 2008): 68-73.
Mapa curricular
Um mapa curricular é uma imagem representando todos os cursos ou disciplinas em
um currículo, os caminhos que os alunos podem tomar e as sequências em que as maté-
rias devem ser feitas (p. ex., identificar disciplinas que são pré-requisitos). A Figura 5.4
mostra um exemplo de um mapa curricular para o programa de treinamento em gestão
da segurança. Isso inclui:26
1. Uma afirmação breve sobre o propósito da disciplina e por que ela é importante.
2. Habilidades necessárias como pré-requisitos para a disciplina.
3. Os objetivos de aprendizagem ou competências abrangidos pela disciplina e os ob-
jetivos de apoio, que possibilitem o alcance do objetivo de aprendizagem.
4. O formato do conteúdo e as expectativas para a disciplina. As expectativas podem
estar relacionadas ao tipo de conteúdo a ser coberto, como ele será apresentado ou
qual será a sua estrutura.
5. O método de oferta do conteúdo (p. ex., on-line, sala de aula, aprendizado híbrido).
FIGURA 5.4 Exemplo de um mapa curricular para o programa de treinamento em gestão da segurança
Documento de elaboração
Um documento de elaboração pode ser usado para guiar o desenvolvimento do treina-
mento e explicá-lo aos gerentes, especialistas no assunto, analistas ou outros instrutores.
A Tabela 5.4 mostra um modelo de documento de elaboração.27 As informações para o
documento têm base naquilo que foi obtido no diagnóstico de necessidades discutido no
Capítulo 3.
O nível de detalhes no documento de elaboração pode variar. O escopo do projeto
abrange as metas, resultados ou expectativas de realizações para os participantes, uma
descrição deles, uma descrição de quanto tempo levará o desenvolvimento da disciplina
e os pontos de conferência e tarefas que precisam ser realizadas à medida que ela é de-
senvolvida e a duração que terá. Para definir a duração de uma disciplina, consideram-
-se as capacidades dos aprendizes e a disponibilidade deles para o treinamento, os re-
cursos necessários, se a disciplina é parte de um currículo mais extenso, ou se é um
curso único, e se há necessidade de desenvolver módulos para a prática de conceitos e
habilidades sem sobrecarregar os participantes.
A oferta inclui o que será coberto, como será oferecido (p. ex., presencialmente ou
on-line), uma estimativa da duração do treinamento e a identificação de quaisquer con-
dições ou questões em particular que possam afetar a disciplina (p. ex., problemas para
obter o equipamento para dramatizações em vídeo ou para o fornecimento de feedback).
Os objetivos referem-se aos objetivos da disciplina ou do programa, que são decla-
rações sucintas e mais amplas sobre os seus propósitos.
Os recursos dizem respeito aos materiais (estojos, DVDs, vídeos, modelos, mapas
do processo, podcasts, planos de aula ou guias a serem usados pelos facilitadores ou
pelos participantes) que precisem ser adquiridos ou desenvolvidos para a disciplina.
Quem está envolvido inclui instrutores, designers do programa e indivíduos envolvidos
na elaboração, oferta e avaliação do programa. O esquema de tópicos é um breve esque-
ma dos tópicos cobertos pelo programa. As relações com outros programas dizem res-
peito a outras necessidades, como um programa de treine o instrutor ou a introdução ou
inauguração do programa pelo gerente. A Tabela 5.5 exemplifica um documento de
elaboração simples para a avaliação de desempenho (ou feddback de desempenho) de
uma disciplina projetada para melhorar a eficácia de gerentes ao realizar essas avalia-
ções. As sessões de avaliação de desempenho são encontros entre um gerente e um
funcionário, em que as forças e as fraquezas do desempenho do funcionário são discu-
tidas, estabelecendo-se metas para melhoria.
Plano de aula ou de disciplina
Os planos de aula normalmente são mais detalhados do que o documento de elaboração,
pois incluem os passos específicos relacionados à aula, atividades do instrutor e do
aprendiz e o tempo alocado para cada assunto abordado.
Fonte: Baseado em G. Piskurich, Rapid Instructional Design (San Francisco: Pfeiffer, 2006).
Os planos de aula podem ser elaborados para programas com duração de uma sema-
na, um dia ou algumas horas. Se o treinamento transcorrer ao longo de vários dias, um
plano de aula é elaborado para cada um deles.
O plano de aula detalhado transforma o conteúdo e o encadeamento das atividades
de treinamento em um guia que é usado pelo instrutor para ajudar na oferta do treina-
mento. A Tabela 5.6 representa um plano de aula. Ele oferece uma lista de conteúdos
para a atividade de treinamento, que ajuda a garantir que essas atividades sejam consis-
tentes independentemente de quem for o instrutor. Ele também garante que tanto o
aprendiz quanto o instrutor estejam cientes dos objetivos da disciplina e do programa.
A maioria dos departamentos de treinamento tem planos de aula redigidos que são ar-
mazenados em notebooks ou bancos de dados eletrônicos. Como os planos de aula são
registrados, eles podem ser compartilhados com clientes do departamento de treina-
mento (gerentes que pagam pelos serviços de treinamento) para fornecer informações
detalhadas sobre as atividades e objetivos do programa.
A Tabela 5.7 mostra as características de um plano de aula eficaz. O plano de aula
inclui objetivos de aprendizagem, tópicos cobertos, público-alvo, duração da aula, es-
quema da aula, atividade envolvida, qualquer tipo de preparação ou pré-requisito exigi-
do, como será feita a avaliação do aprendizado e passos para garantir a transferência de
treinamento.28
Ao desenvolver o esquema da aula os instrutores devem pensar sobre a ordem ade-
quada de introdução dos assuntos, perguntando-se “Quais conhecimentos e habilidades
precisam ser ensinados primeiro?”. “Em qual ordem os conhecimentos, habilidades e
comportamentos devem ser ensinados?”. “Qual é a ordem que fará mais sentido para os
aprendizes?”. Também é importante levar em consideração qual é o público-alvo. Infor-
mações sobre treinamento e experiências anteriores, motivação para se inscrever nas
aulas, interesses, estilos de aprendizagem e background (p. ex., educação e experiência
de trabalho) são úteis para escolher exemplos relevantes, determinar o conteúdo do pro-
grama, decidir sobre materiais de apoio e cimentar a credibilidade do treinamento. As
informações sobre o público-alvo podem ser recuperadas a partir da análise de pessoas
do diagnóstico de necessidades (ver Capítulo 3). Para coletar informações adicionais,
conversa-se com os “clientes” (p. ex., gerentes) que solicitaram o programa de treina-
mento e com participantes anteriores do programa (se houver).
Os materiais de apoio incluem equipamentos necessários à oferta de instrução,
como computadores, projetores suspensos ou aparelhos de DVD. Os instrutores devem
Pré-requisitos (aprendizes e ■■ O que os aprendizes precisam fazer antes de poderem beneficiar-se das aulas? Quem está
instrutor) habilitado para participar do programa? Quem está habilitado para atuar como instrutor?
Duração ■■ Quanto tempo será dedicado para cada parte da aula?
Esquema da aula ■■ Quais são os tópicos que serão abordados? Em qual ordem?
Atividade ■■ Quais serão os papéis dos aprendizes e do instrutor durante cada um dos tópicos abordados?
Materiais de apoio ■■ Que materiais e/ou equipamentos são necessários para a oferta da instrução ou para
facilitá-la?
Ambiente físico ■■ Há necessidade de um determinado tamanho ou disposição de sala?
Preparação ■■ Os aprendizes têm tarefas de casa que devem ser realizadas antes das aulas?
■■ O que o instrutor precisa fazer?
Transferência e retenção ■■ O que será feito para garantir que o conteúdo do treinamento seja usado no trabalho?
Fontes: Baseado em R. Vaughn, The Professional Trainer (Euclid, OH: Williams Custom Publishing, 2000); R. F. Mager, Making Instruction
Work, 2d ed. (Atlanta, GA: Center for Effective Performance, 1997); L. Nadler and Z. Nadler, Designing Training Programs, 2d ed. (Houston,
TX: Gulf Publishing, 1992); Big Dog’s H uman Resource Development website, www.nwlink.com/donclark/hrd.html.
(3) peça ao funcionário para descrever o que deve parar de fazer, começar a fazer ou
fazer diferente; (4) peça que o funcionário indique áreas em que você pode lhe dar as-
sistência; (5) dê ao funcionário a sua opinião quanto ao desempenho dele; (6) questione
quais são as preocupações do funcionário quanto a sua avaliação e escute o que ele tem
a dizer; (7) concordem quanto a passos e ações a serem tomados por vocês dois; e (8)
combinem um encontro de acompanhamento.29
Entre os pré-requisitos estão (1) a organização do local de treinamento, do equipa-
mento e dos materiais necessários; (2) a preparação do instrutor; e (3) os pré-requisitos
para o participante. No exemplo, o instrutor precisa de um computador com DVD
player para mostrar um vídeo sobre estilos de feedback de desempenho. Ele também
precisa de um projetor suspenso para registrar os argumentos elaborados pelos aprendi
zes durante a discussão planejada sobre as forças e fraquezas dos estilos apresentados
no vídeo. A sala deve ser disposta com mesas em semicírculo para que os participantes
enxerguem o instrutor e também uns aos outros. Além disso, esta disposição é boa para
exercícios de dramatização que exijam que os participantes trabalhem em grupos de
dois ou três.
Os pré-requisitos para o aprendiz referem-se a qualquer preparação, habilidades bá-
sicasou conhecimentos que ele deve deter antes de participar do programa. Reveja a
discussão sobre habilidades básicas no Capítulo 3. Os pré-requisitos para o instrutor
indicam o que ele precisa fazer para se preparar para a sessão (p. ex., alugar equipamen-
tos ou revisar a sessão de treinamento do dia anterior) e quaisquer qualificações educa-
cionais necessárias. Os planos de aula também podem abordar como a lição será avalia-
da e os exercícios e tarefas que os aprendizes deverão realizar. Neste exemplo, eles
devem ler um artigo sobre como realizar uma entrevista de feedback de desempenho
Fontes: Baseado em R. Zemke and J. Armstrong, “Evaluating Multimedia Developers,” Training (November 1996): 33-38; B. Chapman, “How to
Create the Ideal RFP,” Training (January 2004): 40-43; M. Weinstein,“What Vendors Wished You Knew,”Training (February 2010):122-125.
cada uma. Entretanto seis empresas (incluindo Nissan North America, Thompson
Consumer Electronics e Harris Bank) receberam exatamente as mesmas 18 reco-
mendações (p. ex., separar o conceito de ações afirmativas do conceito de gestão da
diversidade).33
Quanto tempo um fornecedor ou consultor leva para desenvolver um programa de
treinamento? A resposta é: depende.34 Alguns consultores estimam que o tempo de de-
senvolvimento varia de 10 a 20 horas para cada hora de instrução. Conteúdos altamente
técnicos podem exigir reuniões mais frequentes com especialistas no assunto, aumen-
tando o tempo em até 50%. Para programas on-line, móveis ou de realidade virtual, o
tempo de desenvolvimento varia entre 300 e 1.000 horas por hora de programa, depen-
dendo da quantidade de animações, gráficos, vídeos e áudio, de quanto conteúdo novo
precisa ser desenvolvido, do número de exercícios de prática, do tipo de feedback que
será oferecido aos participantes e da quantidade de ramificações para diferentes se
quências instrucionais.
■■ Devem receber uma explicação sobre por que e como o procedimento deve ser rea-
lizado para que entendam os conceitos por trás do procedimento.
■■ Precisam aprender os comportamentos ou habilidades que contribuem para o de-
sempenho eficaz.
Veja a importância, por exemplo, de seguir esses princípios cuidadosamente ao ela-
borar um treinamento para policiais, em que os novos contratados (cadetes) praticam
tiro ao alvo. Durante as sessões de prática, os cadetes atiram um pente de munição, es-
vaziam os cartuchos nas mãos e descartam os cartuchos vazios na lata de lixo mais
próxima. Esse processo é repetido várias vezes. Após se formar da academia de polícia,
um oficial novato envolveu-se em um tiroteio. Ele atirou com a sua arma, esvaziou os
cartuchos na mão e foi procurar uma lata de lixo para descartar os cartuchos vazios.
Como resultado, ele foi visto pelo atirador, baleado e morto!
Diferentemente, se as tarefas enfatizadas no treinamento envolvem interações mais
variáveis com pessoas ou equipamentos e respostas imprevisíveis, a instrução deve des-
tacar a transferência distante. Esse é o caso para ensinar alunos a lidar com situações
novas envolvendo reflexões originais para desenvolver uma solução, criar um novo pro-
duto ou resolver um problema difícil. Em programas com ênfase na transferência dis-
tante, deve-se:37
■■ Ensinar conceitos gerais, princípios amplos ou comportamentos-chave.
■■ Abordar princípios gerais que possam ser aplicados a mais contextos do que aqueles
apresentados na sessão de treinamento.
■■ Oferecer uma lista de prompts ou perguntas que sirvam como gatilho para conjuntos
de pensamentos e questões, como “De que forma isso se parece com problemas que
já enfrentei antes?” e “Será que eu identifiquei o verdadeiro problema?”. Isso ajuda
os aprendizes a enxergarem as conexões entre as estratégias que foram eficazes em
diferentes situações.
Incentivo à autogestão
Uma forma de preparar os funcionários para lidar com os obstáculos encontrados em
ambientes de trabalho (como carência de oportunidades para usar as habilidades ou
um gerente pouco solidário) é oferecer instrução sobre técnicas de autogestão ao final
do programa de treinamento. A Tabela 5.10 apresenta um exemplo de instrução em
autogestão. O módulo inicia por uma discussão sobre retrocessos, enfatizando que
eles não são prova de incapacidade pessoal e sim o resultado de hábitos de uso de
conhecimentos e habilidades desenvolvidos com o tempo. Os retrocessos oferecem
informações úteis sobre como melhorar, pois ajudam a identificar as circunstâncias
que têm influência mais negativa na transferência do treinamento. Depois, um com-
portamento, uma habilidade ou uma estratégia específica, que deve ser mensurável e
contável, é visada para a transferência. O passo seguinte é identificar os obstáculos
que inibem a transferência do treinamento, o que pode incluir características do am-
biente de trabalho e características pessoais (como baixa autoeficácia). Em seguida,
os participantes recebem uma visão geral sobre habilidades ou estratégias que possam
ser usadas para lidar com esses obstáculos. Entre elas pode-se citar gestão do tempo,
criação de uma rede de apoio pessoal (pessoas com quem se pode falar sobre como
3. Identificar fatores pessoais ou ambientais que contribuam para os retrocessos. ■■ Baixa autoeficácia
■■ Pressão por tempo
■■ Carência de apoio de gerentes ou pares
Fontes: Adaptado de R. D. Marx, “Improving Management Development Through Relapse Prevention Strategies,” Journal of Management
Development 5 (1986): 27-40; M. L. Broad and J. W. Newstrom, Transfer of Training (Reading, MA: Addison-Wesley, 1992); R. D. Marx and
L. A. Burke, “Transfer Is Personal.” In Improving Learning Transfer in Organizations, ed. E. Holton and T. Baldwin (San Francisco: Jossey-
Bass, 2003): 227-242.
para analisar o progresso; (2) falar com outros gerentes sobre como eles usam a tomada
de decisões participativa de maneira eficaz; e (3) comunicar-se com outros gerentes que
participaram da sessão de treinamento com ele. O gerente também se compromete a
monitorar o próprio uso de tomada de decisões participativa, anotando casos de sucesso
e insucesso em um diário.
Como incentivar o apoio da gerência ao treinamento
O apoio da gerência refere-se ao nível em que os gerentes dos aprendizes (1) enfatizam
a importância de participar de programas de treinamento; (2) ressaltam a aplicação do
conteúdo do treinamento no trabalho; e (3) oferecem oportunidades para que os funcio-
nários usem no trabalho o que aprenderam. Os gerentes podem comunicar as expectati-
vas aos participantes, bem como oferecer o incentivo e os recursos necessários à aplica-
ção do treinamento no trabalho. Uma empresa pediu aos aprendizes e seus chefes que
preparassem e enviassem bilhetes uns aos outros. As notas descreviam o que a outra
pessoa deveria “começar a fazer”, “continuar a fazer”, “fazer menos” ou “parar de fa-
zer” para melhorar a transferência de treinamento.38
Os gerentes podem oferecer diferentes níveis de apoio às atividades de treinamen-
to, como mostra a Figura 5.5.39 Quanto mais alto o nível de apoio, maior a probabili-
dade de transferência do treinamento. Os gerentes devem envolver-se ativamente na
elaboração e oferta de programas de treinamento. O nível básico de apoio que um
gerente pode dar é a aceitação (permitir que os funcionários participem do treinamen-
to), enquanto o nível mais elevado é a participação ativa no treinamento atuando como
instrutor.
Os gerentes que atuam como instrutor estão mais propensos a oferecer várias das
funções de apoio de níveis mais baixos, como reforço do uso de capacidades adquiridas
recentemente, discussão do progresso com os aprendizes e oferta de oportunidades de
prática. Os gerentes também podem facilitar a transferência através do reforço (uso de
Nível Descrição
Resultados esperados
O que será diferente?
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
Quem perceberá a diferença?
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
O que será percebido?
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
planos de ação). Um plano de ação é um documento em que estão escritos os passos que
o aprendiz e o gerente tomarão para garantir que o treinamento seja transferido para o
trabalho (ver o modelo de plano de ação mostrado na Figura 5.6).
O plano de ação deve começar pela identificação de uma meta e, em seguida, são
definidas as estratégias para que ela seja alcançada. Depois, traçam-se as estratégias
para obtenção de feedback e identificação dos resultados esperados. Para realizar os
seus planos de ação, os aprendizes podem precisar de algum suporte técnico adicional,
como acesso a especialistas que respondam perguntas ou a materiais de referência. O
plano de ação também conta com um cronograma para o progresso, com datas e horá-
rios específicos em que gerente e funcionário devem reunir-se para discutir o progresso
que está sendo feito no uso de capacidades aprendidas no trabalho.
A Tabela 5.11 apresenta um checklist que pode ser usado para determinar o nível de
apoio da gerência antes, durante e após o treinamento. Quanto maior o número de afir-
mações com as quais os gerentes concordarem, maior é o nível de apoio ao programa de
treinamento. Há diversas maneiras de obter o apoio dos gerentes.40 Primeiro, os geren-
tes precisam ser colocados a par do propósito do programa e da relação entre isso e os
objetivos e a estratégia de negócio. Os gerentes devem receber um cronograma com os
tópicos e um checklist do que deve ser feito após o treinamento para garantir a transfe-
rência. Segundo, deve-se incentivar os aprendizes a trazerem os problemas e situações
enfrentadas no trabalho para a sessão de treinamento. Isso pode ser usado como exercí-
cios de prática ou incorporado nos planos de ação. Os participantes devem identificar
problemas e situações em conjunto com seus gerentes. Terceiro, deve-se compartilhar
com os gerentes as informações relativas aos benefícios do curso obtidas através de
participantes anteriores. Quarto, os instrutores podem encarregar os aprendizes de fa-
zerem planos de ação com seus gerentes. Quinto, utilizam-se gerentes como instrutores
se possível (treinam-se os gerentes primeiro e depois dá-se a eles a responsabilidade de
treinarem os seus subordinados).
Fonte: Baseado em R. Saunderson, “ROI for recognition,” training (November/December 2010): 52-54; A. Rossett, “That was a great class,
but...” Training & Development (July 1997): 21.