Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Summary:
The article presented here discusses the role of corporate management in the
Information Society in two of the most representative companies. Initially, we present
the development contexts of the two companies in Japan and Korea. Soon to follow
as the two companies have built their competitive advantages based on strategic
options very clear. Highlights knew how to take advantage of Samsung's Korean
program of Information Society and "leapfrog" in relation to the Japanese company.
The case demonstrates the importance of better management training to deal with
new forms of competition as more claimants management processes employed to
reduce the development time of products and services.
Introdução
O artigo aqui apresentado discute dois exemplos de empresas da gestão do
conhecimento. Além da importância econômica destaque-se a preocupação com a
inovação e tecnologia aplicadas à gestão cotidiana para a formação de pessoas. As
empresas chegaram à posição de destaque pelo seu investimento em pessoas. Mas
existem diferenças que serão discutidas como a liderança da alta gestão é
fundamental.
54
55
Metodologia de pesquisa
O artigo pode ser considerado a primeira versão de um trabalho mais amplo de
intercâmbio de professores. Ele foi elaborado dentro de uma perspectiva exploratória
para orientar a ação de gestores nos dois países. A perspectiva exploratória
envolveu documentos das duas empresas e pesquisa bibliográfica. Destaque-se a
relativa escassez de material sobre o tema no Brasil.
Ainda nessa perspectiva destaque-se a necessidade de melhor discutir o cotidiano
dentro das experiências de gestão do conhecimento. O cotidiano não se opõe ao
gerenciamento como no modelo fordista, ao contrário ele é a fonte de melhorias
generalizadas integradas com ações para as competências o mais rapidamente
possível.
55
56
1
MITI – Ministry of Internacional Trade and Industry. O MITI escolhia os setores mais
promissores e disponibilizava crédito em função de metas de exportação. A partir dessas
experiências foi se constituindo um arcabouço institucional que passou a ser denominado
posteriormente de Política Industrial com uma característica fundamental o estímulo às
exportações. Porém, esse estímulo significou também uma série de mudanças nas políticas de
gestão interna das companhias, em particular as estratégias de investimento, segmentação de
mercado, previsão de demandas e particularidades dos mercados de exportação.
Logo a Política industrial não pode ser resumida a alguns mecanismos macroeconômicos de
gestão, mas ela demanda a integração de complexos arranjos voltado para difundir o
conhecimento na empresa, nos perfis dos executivos, no marketing, no P&D até chegar nas
forças de vendas dos diversos países onde atuam e nos esforços de pós-venda. A logística de
produção na mesma proporção sofistica-se ainda mais e exige investimento público na
organização da infraestrutura e privado na flexibilidade e rapidez de previsão da demanda.
56
57
2
Nem sempre as empresas se submetiam às escolhas das agências de fomento. A Honda não
aceitou a escolha da MITI que não a considerou como empresa adequada para o
desenvolvimento da indústria automobilística e preferiu limitá-la ao segmento de motocicletas
e ciclomotores.
3
Um exemplo dessa estratégia foi a vinda de Deming para a Japão para discutir o sua
polêmica visão de qualidade. Nos EUA as suas críticas ao Fordismo haviam gerado conflitos
com o próprio Henry Ford contrário a sua proposta de incorporar os trabalhadores ao
cotidiano de trabalho. Os dez pontos de Deming pelo seu apelo a delegação de funções,
trabalho em grupo se opunha á visão tradicional com base no controle individual e separação
entre execução e planejamento. Os japoneses repensaram as propostas de qualidade dentro de
uma estratégia de circulação do conhecimento, trabalho de grupo e formação de competências
de forma a depender menos das grandes linhas de montagens, marcadas pelo grande
investimento inicial.
57
58
7. A NTT nos fornece outro exemplo da atuação de uma empresa pública para
estimular inovações, como núcleo articulador, através da sua política de compras. A
cada ano os preços de compra dos componentes eram revisados de forma a
pressionar a redução de custos e o aprimoramento dos processos produtivos por
parte da cadeia de fornecedores.
58
59
4
Lembrar aqui que algumas dessas pressões tiveram origem nas críticas de Porter a respeito da Política
Industrial.
5
Posteriormente esse novo paradigma foi chamado de Produção Enxuta (Lean Production). O termo enxuta se
referia á abordagem de produzir mais com o menor desperdício de tempo, recursos, pessoas e conhecimento. Foi
formulado por Womack e Jones em um trabalho muito importante chamado a Máquina que mudou o mundo. Um
estudo sobre o porquê do avanço japonês sobre a indústria automobilística americana.
59
60
12. Para garantir a adaptação das empresas a esse processo, o Estado japonês
ampliou o financiamento das empresas, ao mesmo tempo em que estimulava o jogo
financeiro entre elas. Durante os anos 80, o comércio internacional apresentou
constantes barreiras à exportação de produtos japoneses devido ao crescente déficit
comercial dos países ocidentais com o Japão. Logo a especulação financeira
começou a se impor como uma alternativa mais rentável e gerou o que alguns
autores denominam “bolha econômica” a esse processo.
A SONY reflete todo esse ambiente econômico. A empresa foi um produto direto dos
cenários de reconstrução do país. Akio Morita começou vendendo gravadores para o
Ministério da justiça e foi ganhando mercado em outros produtos eletrônicos.
Durante as olimpíadas de Tóquio em 1964, o país adota o sistema de TV em cores
americano dentro do processo de aprendizagem para exportação.
De início a SONY exportou TV´s em preto e branco e depois coloridas com a marca
6
Mais do que um lance de especulação, essa alternativa tinha como objetivo estratégico minimizar os efeitos do
rápido envelhecimento da população, permitir a transferência de parte dos processos produtivos, mais caros e de
baixa tecnologia, para o exterior e permitir usufruir o retorno dos investimentos no exterior.
7
Atualmente a China é a maior fabricante de TV em cores do mundo e articula um sistema próprio de HDTV.
60
61
8
A Coréia nos anos 80 acompanhou o desenvolvimento da Produção Enxuta no Japão e
adotou o lema: “bater o Japão” de maneira ostensiva.
61
62
9
Os EUA recusaram a mesma política para a América Latina, em particular as propostas da
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina que propunham a substituição de
importações como um caminho para um desenvolvimento capitalista autônomo.
10
Um detalhe pouco explorado da “arrancada” coreano refere-se ao desenvolvimento de
habilidades pelos trabalhadores durante o serviço militar. Na Coréia ainda hoje se utiliza a
ficha do serviço militar como critério de seleção e um dos indicadores de disciplina dos
funcionários. O serviço militar de dois anos exerce segundo as empresas fortes influências na
disciplina dos jovens.
62
63
11
A concorrência com a tentativa brasileira de exportar o FOX nos anos 80 reflete como os
coreanos queriam ocupar espaços dos países em desenvolvimento. No início dos anos 80 os
dois países possuíam a mesma renda per capita.
63
64
Na década de 90, o Estado atuou como facilitador para induzir investimentos dos
setores de mecânica pesada para os de maior conteúdo tecnológico a fim de
desenvolver vantagens competitivas não apenas em relação á América Latina, mas
em relação aos países desenvolvidos. Para tal fim, as políticas Industriais e de crédito
forma mantidas como base dessa estratégia. As instituições de fomento criadas
impulsionavam o setor exportador para novas fronteiras de conhecimento em P&D e
aceleração de inovações.
Um dos exemplos foi a visão estratégica sobre a convergência digital que se torna
claro com a realização do Congresso de Seul da Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE - sobre a Sociedade da Informação ainda nos
anos 80. A convergência digital exigia um planejamento da sociedade como um todo
a fim de permitir a construção de uma rede dotada de extrema capilaridade para a
troca de informações e competências. As empresas não podiam se limitar ao sucesso
presente, o futuro seria completamente diferente. A redução do ciclo de vida dos
produtos e serviços exigiam pensar em propostas muito além dos planos de carreira
vigentes. O cilo de vida das carreiras também passou a fica mais curto.
Foi criada uma agência para coordenar os esforços rumo à Sociedade da Informação
o KISDI – Korean information Society Development Institute - que articulava os
esforços de empresas, Universidades e Institutos de pesquisa. O KISDI contribuía
para esse esforço de duas formas básicas. A primeira através de relatórios que
antecipavam as principais tendências de tecnologia. A segunda por meio de
financiamento para projetos de tecnologias de ponta que são submetidos pelas
empresas interessadas. Os relatórios antecipavam tendências através de estudos
específicos. Um deles antecipou as novas funcionalidades para celulares,
transmissão de imagens, troca de mensagens, interface com Internet, integração de
calculadoras, jogos etc. Esse relatório articulou as marcas líderes como a SAMSUNG
e a LG para o desenvolvimento de novas placas para dar suporte a essas
tecnologias. As marcas mantinham autonomia nas suas políticas de disputa de
mercado e foram atraídas para esses mecanismos de colaboração mediante fundos
de pesquisa, alguns sem a obrigação de restituição, por parte do governo.
Esses projetos de compartilhar conhecimento para tecnologias específicas
desenvolvem também cadeias de negócio com jovens empresas de engenharia
(pequenas e médias) intensivas em tecnologia. Essas empresas geraram uma base
estável para programas de exportação da Coréia voltados não apenas para produtos
64
65
SAMSUNG
A SAMSUNG é uma das empresas geradas por este esforço. De início, uma empresa
de exportação de pescado evolui para a indústria pesada e para a eletrônica, com
ênfase na aprendizagem voltada para a produção. Adota uma estratégia de
exportação com base na redução de custos durante os anos 70, a fim de relacionar
os desejos do mercado á produção. Por exemplo, a empresa já exportava TV em
cores antes do país adotar o seu sistema de transmissão.
Durante os anos 90, a empresa evoluiu para uma estratégia de diferenciação, em
particular no setor de telecomunicações. Nesse período a empresa adota uma
65
66
12
Essa estratégia está relacionada atualmente às pesquisas de nanotecnologia que permitirá
reduzir ainda mais o tamanho dos chips e componentes.
13
Um exemplo muito interessante foi a integração de imagem aos chips dos celulares que os
transformaram também em máquinas fotográficas, filmadoras e operadores de jogos
eletrônicos. Dessa forma, as operadoras coreanas podem desenvolver em parceria diversos
serviços de entretenimento. Aqui, mais uma vez se aplica o modelo organizacional de
convergência digital, diversas empresas se articulam e dividem os custos para oferecer
serviços em tempo real a um segmento de clientes “antenados” em tecnologia. Esse ambiente
não é apenas voltado para o rápido desenvolvimento de tecnologias entre parceiros e a
possibilidade de concentrar o investimento efetivamente nas tecnologias emergentes a fim de
impor uma dianteira aos concorrentes, em particular os localizados fora da Ásia.
66
67
Participação empreendedora
Se o treinamento não fica limitado ao instrutor, outras formas de desenvolvimento
coletivo precisam ser feitas. Além de programas de qualificação definidos com base
em antecipar as demandas do mercado em pelo menos cinco anos, a empresa adota
um ambicioso programa de estímulo á qualificação individual. O conhecimento exige
67
68
14
A SAMSUNG Brasil encara o país como plataforma de exportação para a América do Sul de alguns produtos
para a América do Sul, porém ao mesmo tempo não descarta a ação de outros países como estratégia de
distribuição de produtos vindos de outras regiões como a Ásia, através do Chile. Esse país assinou com a Coréia
um tratado de redução de impostos mútuos. A invasão de geladeiras coreanas na Argentina pode ser considerada
um exemplo da agressividade e velocidade dessa estratégia.
68
69
Conclusões
A comparação SONY e SAMSUNG permite demonstrar como a globalização
sofisticou a concorrência entre as empresas. Mesmo um dos ícones da inovação
como a SONY sofre atualmente para se manter no mercado, se não for capaz de
compreender e praticar o papel do conhecimento como a grande vantagem
competitiva.
As duas empresas apresentam algumas semelhanças que devem entendidas como
reflexo dos ambientes econômicos que as originaram. Em particular o crescimento
com uma estratégia de custos, aprendendo a produzir para depois exportar. A SONY
começa uma década e meia antes da SAMSUNG, devido aos efeitos danosos da
Guerra da Coréia, a desenvolver programas de exportação. Após a fase de aprender
a produzir, as duas empresas passaram a acumular maiores informações sobre o
mercado, os segmentos de clientes e passaram a adaptar melhor os seus produtos
às variações dos desejos dos clientes. Por último, ambas passaram a adotar a
estratégia de desenvolver vantagens com base na diferenciação e valor agregado.
A diferença entre as duas empresas é que a SAMSUNG parece ter agregado a essa
estratégia de posicionamento algumas habilidades mais específicas em relação a
como lidar com o conhecimento, reveiu o paradigma integrar de estratégia e
operações com maior dinamismo e a implantação de grandes ferramentas de
informática como o ERP. Desenvolveu a atitude de se antecipar às principais
mudanças em pelo menos cinco anos. Soube correlacionar todas essas ações em um
plano de comunicações detalhado que atendesse às novas necessidades dos seus
funcionários.
A proposta de desenvolver programas de gestão de custos, inovações e conquista de
novos mercados voltados para a integração do grupo, conhecimento e
relacionamento com o mercado colocam novos patamares de desempenho para a
69
70
BIBLIOGRAFIA
FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza Leme. Aprendizagem e inovação
organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1995.
MORITA, Akio; Reingold M.; Shimomura M. Made in japan: Akio Morita e a Sony. São
Paulo: Livraria Cultura, 1986.
CANUTO, Otávio. Brasil e Coréia do Sul: os (des)caminhos da industrialização tardia. São
Paulo: Nobel, 1994.
OLIVEIRA, Amaury Porto de. NPIs Asiáticos e Industrialização. São Paulo: IEA-USP,
1989.
OLIVEIRA, Amaury Porto de. Política e Estratégia do Pacífico Norte. São Paulo: IEA-
USP, 1989.
OLIVEIRA, Amaury Porto de. Evolução recente na bacia do Pacífico Norte. São Paulo:
IEA-USP, 1990.
OLIVEIRA, Amaury Porto de. Desenvolvimento na Àsia-Pacífico: a indústria e o Estado.
São Paulo: IEA-USP, 1991.
OLIVEIRA, Amaury Porto de. História recente do oriente remoto. São Paulo: IEA-USP,
1992.
70
71
http://siepr.stanford.edu/papers/papers_num.html
http://www.teses.usp.br
http://www.sony.net/SonyInfo
http://www.samsung.com/AboutSAMSUNG/SAMSUNGGROUP/AnnualReport/AnnualR
eport/index.htm
71