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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL

JAKSON GOMES YAMASHITA

DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA:


GESTALT A
SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO

Campo Grande – MS
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL

JAKSON GOMES YAMASHITA

DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA:


GESTALT A
SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de artigo


científico apresentado ao Curso de Psicologia do
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN
CAPITAL, como requisito to parcial para obtenção do
título de bacharel.

Professor orientador: Professor Dr. Jeferson Renato


Montreozol.

Campo Grande – MS
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL

JAKSON GOMES YAMASHITA

DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA:


GESTALT A
SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________
Professor Dr. Jeferson Renato Montreozol

________________________________________________________________
Prof
Professora Dra. Solange Bertozi de Souza

________________________________________________________________
Prof
Professor Me. Fernando Faleiros de Oliveira

Campo Grande MS
2020
AGRADECIMENTOS

Este tópico intitulado agradecimentos, se torna oportuno para além de agradecer,


também há que se dedicar este trabalho a algumas pessoas. Em primeiro lugar, gostaria de
agradecer a Deus, pela saúde, pela força, pelo ânimo nos momentos mais difíceis, nos quais
me deparei, não apenas na graduação, como também, na vida pessoal.
Gostaria de dedicar aos meus amigos que compartilharam comigo vários momentos,
pois tornaram o fardo mais leve durante todo o processo de refletir a respeito da escrita deste
trabalho. Gostaria de dedicar esta conquista, também, a minha família e a todos que sempre
me incentivaram.
É chegado o fim de mais um ciclo. Foram tantas preocupações, risadas, frustrações e
muitas conquistas. Sendo assim, para não correr o risco de ser deselegante e esquecer algum
nome, agradeço e dedico este trabalho a todos que, diretamente e indiretamente, fizeram parte
desta etapa da minha vida e desta conquista. A todos o meu eterno e mais sincero, muito
obrigado!
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 6

2 SCHADENFREUDE........................................................................................................... 8

2.1. SCHADENFREUDE E AS RELAÇÕES INTRA E INTERPSICOLÓGICAS ............... 11

3 GESTALT-TERAPIA E O FENÔMENO SCHADENFREUDE ..................................... 15

3.1. A GESTALT-TERAPIA E SUAS ESPECIFICIDADES ................................................. 15

3.2. TEORIA ORGANÍSMICA DE KURT GOLDSTEIN ...................................................... 20

3.3. A SCHADENFREUDE NO OLHAR DA GESTALT-TERAPIA: IMPLICAÇÕES PARA


UM PROCESSO TERAPÊUTICO .......................................................................................... 23

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 25

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 27
6

DIÁLOGOS ENTRE SCHADENFREUDE E GESTALT-TERAPIA: A


SENSAÇÃO DE PRAZER ANTE O DANO ALHEIO

Jakson Gomes Yamashita1


Jeferson Renato Montreozol2

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre algumas
questões inter e intrapsicológicas que aparecem como pano de fundo para um fenômeno
conhecido como schadenfreude. A questão central do texto está constituída pela
sensação de prazer ante o dano alheio, sentimento esse que é a definição básica do
termo supracitado. Assim, busca-se saber qual função cumpre esta sensação nas
relações e, para tanto, relaciona-se tal temática com a abordagem psicológica de que
trata a Gestalt-Terapia. Este trabalho se trata de uma pesquisa de base teórica, se
utilizando principalmente, da revisão de literatura especializada, para se aprofundar nos
aspectos que são analisados. Desse modo, após análise dos conteúdos referidos, passou-
se a realizar sua integração. Nisto, chegou-se ao resultado de que o fenômeno aqui
tratado ocorre para que haja a autorregulação do organismo do indivíduo. Tal conclusão
surge decorrente da relação da Gestalt-Terapia com a teoria organísmica. Nesta
combinação, verifica-se que a Schadenfreude ocorre como processo de autorregulação
do organismo frente alguma situação, levando o indivíduo a passar pelo fenômeno para
que em busca, mesmo que de forma simples, ele consiga compreender ou mesmo
apenas perceber a função que esta emoção tem para si e qual a relação de todo esse
processo para com o mundo. Para fundamentar o trabalho foram eleitos autores
clássicos como Aristóteles (2002), Schopenhauer (2004) e Nietzsche (2005),
paralelamente a autores contemporâneos como Cerqueira; Cunha; Almeida; Andrade
(2018), Pereira (2009) e Ramos-Oliveira (2018).

Palavras-chave: Schadenfreude; prazer; dano; gestalt-terapia; autorregulação.

1 INTRODUÇÃO
O tema escolhido para a pesquisa é a Schadenfreude, e ao permear este,
procurou-se definir o objetivo do trabalho, delimitando-se em apontar hipóteses nas
quais a schadenfreude se desenvolve nas relações inter e intrapsicológicas. Para tanto, o
conceito de Schadenfreude que será adotado no decorrer da escrita da pesquisa é
trabalhado por Yang (2015), em que afirma que o fenômeno diz respeito ao fato de
pessoas se sentirem melhores ao verem o fracasso de outros. No trabalho, evidenciou-se
como o objeto, a schadenfreude, sendo considerado um constructo social, a partir do

1
Acadêmico do curso de Psicologia, jakson.advogado@hotmail.com.
2
Professor doutor do curso de Psicologia da UNIGRAN CAPITAL, Rua Abrão Júlio Rahe, 325, Campo
Grande – MS, jeferson.montreozol@gmail.com.
7

momento em que surge um sentimento de que o indivíduo compreende que o outro


mereceu aquele dano.
A escolha do assunto, no sentido de pensar as relações a respeito de
compreender, inicialmente, o motivo do indivíduo em sentir a schadenfreude é, além de
atual, profundamente relevante, devido uma série de fatores apontados pela área de
estudo acerca do fenômeno na sociedade atual. Ainda mais quando se leva em
consideração o frenesi competitivo que existe, por exemplo, no mercado de trabalho,
como também, em outros setores da vida deste indivíduo multifacetado. Neste sentido,
pensou-se em iniciar o trabalho conceituando schadenfreude, bem como traçando uma
linha do tempo, pela qual se demonstra o início do pensamento e observação deste
fenômeno.
Nessa esteira, no segundo tópico do artigo, é apresentado como acontecem as
relações inter e intrapsicológicas que, grosso modo, evidenciam as hipóteses para que a
schadenfreude aconteça. As hipóteses evidenciadas são inveja, rivalidade, vingança,
alívio e baixa autoestima, dentre os quais, as duas primeiras destacam-se como
estimuladores e/ou preponderantes.
Como tópico final da parte do desenvolvimento do trabalho, evidenciou-se uma
reflexão entre a schadenfreude e uma das abordagens psicológicas que possa ser
desenvolta frente ao fenômeno. Para tal, pensou-se em um consulente3 que trouxesse ao
campo terapêutico o referido fenômeno, refletindo-se, neste sentido, qual seria a
intervenção indicada em seu processo. Assim, elegeu-se, por este prisma, a Gestalt-
terapia.
Este trabalho possui sua estrutura metodológica organizada na forma de pesquisa
bibliográfica. Entende-se que este tipo de pesquisa é de suma importância para se
conhecer e analisar as principais contribuições teóricas a respeito de temas ou assuntos
que foram e estão sendo discutidos. Vale destacar que este processo é o que nutre de
forma considerável a produção de conhecimento, tanto em sentido amplo, como
também, de assuntos específicos que ora precisam ser revisitados.

3
Entendemos neste trabalho uma importante diferença entre o consulente e o paciente. A diferença está
pautada na questão da responsabilidade de si mesmo, que encontramos no consulente, e que não existe
com a mesma força na figura do paciente, que, pode ser passivo durante todo o processo terapêutico,
enquanto que o consulente precisa, necessariamente, de certa lucidez, ou, como mencionado,
responsabilidade de si, para que todo o processo terapêutico ocorra completamente.
8

A princípio, buscou-se eleger materiais que estivessem em um breve recorte de


tempo, a saber, nos últimos dez anos, entretanto, no decorrer da pesquisa foi possível
perceber que estabelecer um paralelo entre esses estudos e os que deram o pontapé
inicial a essas discussões era de suma importância. Desse modo, por se tratar de uma
temática já com alguns estudos sólidos, foram destacadas as falas de alguns
pesquisadores com estudos como, por exemplo, Andrade; Almeida (2018), Beck (2018),
Cerqueira; Cunha; Almeida; Andrade (2018), Cikara; Bruneau; Saxe (2011), Lim; Yang
(2015), Ramos-Oliveira; Oliveira (2018), Cardella (2014), Ginger e Ginger (1995),
Kushner (1988), entre outros. Para tanto, a revisão literária baseou-se em bancos de
dados científicos online com artigos, dissertações e teses, a saber, BDTD – Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações e Plataforma Scielo, bem como livros
acadêmicos.
Com base no objetivo deste estudo, essa foi a modalidade de pesquisa mais
adequada, a bibliográfica de literatura integrativa, haja vista a apresentação das
abordagens teóricas de estudos que trataram de tentar compreender a emoção
schadenfreude, no que diz respeito ao seu conceito, aos motivos de seu evento e a sua
relação inter e intrapsicológicas com quem é por si afetado.
Desse modo, após análise dos conteúdos acima referidos, passou-se a realizar
sua integração no intuito de alcançar os objetivos propostos por este estudo,
apresentando ao final as considerações que se entendeu por significantes para a
promoção do conhecimento que envolve a sensação produzida pelo fenômeno
schadenfreude. A seguir será detalhado o fenômeno supracitado, para melhor entender
suas especificidades.

2 SCHADENFREUDE

O termo schadenfreude, originalmente alemão, não possui uma tradução literal


para a Língua Portuguesa. Porém, de acordo com o dicionário-online Alemão-Português
Infopédia4 (2020), a palavra pode ser traduzida como “satisfação, alegria ou
contentamento sentido pelo indivíduo ao ver o fracasso, falha ou sofrimento de outro
indivíduo” (INFOPÉDIA, 2020).

4
É possível acessar o dicionário em questão por meio de endereço eletrônico:
https://www.infopedia.pt/dicionarios/alemao-portugues/Schadenfreude.
9

É possível partir de algumas definições a respeito da Schadenfreude como, por


exemplo, a de Wilco W. Van Dijk e Jaap W. Ouwerkerk em destacarem que, “a língua
Alemã cunhou a palavra Schadenfreude para esse prazer com os infortúnios de outras
pessoas” (2014, p.01). Seguindo a mesma esteira, segundo os autores, a schadenfreude
pode ser entendida, a partir da decomposição do conceito, como:

Um composto das palavras alemãs Schaden, que significa dano, e Freude,


que significa alegria, e é usado atualmente como uma palavra de empréstimo
no idioma inglês. Em 1895, o Oxford English O Dictionary (OED) incluiu
schadenfreude pela primeira vez como entrada e o definiu até recentemente
como ‘prazer malicioso da desgraça alheia’ (VAN DIJK; OUWERKERK,
2014, p. 02).

Ao se pensar pelo viés do pensamento dos autores em questão, é possível


observar que, uma das palavras que mais se aproxima, semanticamente, de seu
significado é o termo escárnio, entretanto, o termo não consegue abranger a
complexidade do fenômeno schadenfreude e, por isso, não há como entender como
sinônimo da palavra alemã.
Uma das definições mais aceitas atualmente, tal como apresentada por Yang
(2015), é a que afirma que a schadenfreude é o fato de pessoas se sentirem melhores ao
verem o fracasso de outros. Pesquisadores como Andrade; Almeida (2018), Beck
(2018), Cerqueira; Cunha; Almeida; Andrade (2018), Cikara; Bruneau; Saxe (2011),
Lim; Yang (2015), Ramos-Oliveira; Oliveira (2018), dentre outros, apresentam estudos
e dados empíricos que demonstram esse sentimento como pertencente à humanidade
desde tempos muito remotos, como, por exemplo, na passagem de Caim e Abel, no
Antigo Testamento, ou ainda, por meio do pensamento do filósofo Aristóteles, quando
ele trata das emoções, como a inveja, a indignação ou a malevolência.
Beck (2018) faz uma linha do tempo em que é possível perceber a
schadenfreude5 em diferentes culturas e recortes temporais. Iniciaremos essa reflexão a
seguir, via Aristóteles. Para o primeiro pensador apresentado, essas atitudes,
pensamentos ou sentimentos (emoções) são considerados de natureza maléfica e
necessitam a todo custo que sejam combatidas, por meio do alcance do autocontrole
sobre as mesmas. Assim, Aristóteles (2002) expõe que:

5
Schadenfreude quando apresentada como substantivo é considerada um substantivo feminino, A
SCHADENFREUDE. Porém, ao tratar da schadenfreude como um fenômeno psicológico, utiliza-se o
gênero masculino, referindo a palavra fenômeno: o fenômeno schadenfreude.
10

Nem toda ação ou paixão admite a observância de uma devida mediana. Com
efeito, a própria designação de algumas implica diretamente o mal, tais como
a malevolência (epikhairekakia – expressão composta que significa
analiticamente o ato de se regozijar com a infelicidade alheia), a imprudência,
a inveja e, entre as ações, o adultério, o roubo e o homicídio. Todas estas e
outras ações e paixões semelhantes são condenáveis como sendo más em si
mesmas – não é o excesso ou a deficiência delas que condenamos. É
impossível, portanto, agir corretamente ao praticá-las, estando nós
necessariamente errados ao fazê-lo; tampouco agir certo ou errado no caso
delas depende das circunstâncias (ARISTÓTELES, 2002, p. 74-75).

Fica evidente então que, desde antes de Cristo, pensadores como Aristóteles
entendiam que sentir schadenfreude era algo considerado condenável perante a
sociedade cuja emoção era carregada de poder e dominação sobre o outro. É
literalmente como se a dor do outro fosse algo a qual pudesse dar prazer para quem a
presenciava.
Seguindo essa linha do tempo, após Aristóteles, o pensador Schopenhauer
também compreendeu o sentimento de prazer ante o dano alheio como emoções
negativas e que devessem ser combatidas pelo bem do próprio cidadão e sociedade
como um todo. Para Schopenhauer (2004, p. 42-43), sentir schadenfreude é sentir:

(...) um prazer malicioso com o infortúnio do outro, que é o pior traço da


natureza humana. É um sentimento que se assemelha muito à crueldade, e
difere dela, para dizer a verdade, apenas como teoria da prática. Em geral,
pode-se dizer que toma o lugar que a piedade deve tomar — a piedade que é
o seu oposto, e a verdadeira fonte de toda justiça e caridade real.

Ainda nessa perspectiva temporal, o pensador Nietzsche é o primeiro que


percebe a schadenfreude como um sentimento que vai além apenas de prazer pela dor
em si. Nietzsche (2005) compreende que esse sentimento pode ser observado em algum
momento como um reflexo do olhar do indivíduo sobre ele mesmo. A schadenfreude
passa a ser entendida então, como um constructo social, como uma emoção que só pode
ser despertada e percebida se o ser for posto em convívio com outros.
A sensação frente a dor do outro não pode ser uma reação ou um sentimento
inato do ser, mas sim, como algo que,

(...) se origina do fato de que, em vários aspectos de que tem plena


consciência, cada um se encontra mal, sente aflição, dor ou arrependimento:
o mal que atinge o outro o equipara a ele, abranda a sua inveja. —
11

Encontrando-se bem ele mesmo, ainda assim acumula a infelicidade do


próximo como um capital em sua consciência, a fim de opô-la à sua própria
desgraça, quando esta ocorrer; também aí tem Schadenfreude. Ou seja, a
disposição para a igualdade estende a sua medida para o âmbito da felicidade
e do acaso: Schadenfreude é a mais comum expressão da vitória e restauração
da igualdade, também na mais elevada organização do mundo. Apenas depois
que o ser humano aprendeu a ver nos outros humanos os seus iguais, isto é,
depois da fundação da sociedade, existe Schadenfreude (NIETZSCHE, 2005,
p. 194).

Cabe ressaltar que esse prazer, como destaca Nietzsche, frente ao dano alheio
não está ligado a causar dano, ou algum tipo de dor/sofrimento. A resposta positiva está
ligada ao fato de observar, de presenciar o infortúnio do outro, principalmente, quando
há construções sociais que geram possibilidades (que serão analisadas posteriormente)
para tal. Levando em conta esse constructo social, chega-se então a estudos mais
recentes de Andrade; Almeida (2018), Beck (2018), Cerqueira; Cunha; Almeida;
Andrade (2018), Lim; Yang (2015), Ramos-Oliveira; Oliveira (2018) sobre a
schadenfreude que, grosso modo, identificam o sentimento quando o indivíduo
compreende que o outro mereceu aquele dano.
O pesquisador Beck (2018) salienta que existem três tipos de possibilidades de
manifestações desses sentimentos, a saber: 1) quando há o benefício que um grupo rival
seja prejudicado; 2) quando o infortúnio for entendido como devidamente merecido; 3)
quando o observador sente inveja da pessoa que sofreu o dano. Essas possibilidades
serão esmiuçadas e analisadas no subtópico a seguir.

2.1. SCHADENFREUDE E AS RELAÇÕES INTRA E


INTERPSICOLÓGICAS

Tal como o pensamento iniciado por Nietzsche, pesquisadores contemporâneos


apresentam possibilidades sociais para o acontecimento da schadenfreude. De acordo
com Beck (2018), existem três possibilidades principais, e é partir delas que é possível
compreender sentimentos, que antecedem o fenômeno.
O autor referido acima exemplifica citando o esporte em que a derrota do
adversário é percebida como vitória, causando, consequentemente, uma sensação de
prazer frente ao dano do outro (rivalidade). Tal fato ratifica a proposta de que o
12

fenômeno só pode acontecer quando envolve a comparação social, quando há grupos e


possibilidades de auto reconhecimento e pertencimento nos mesmos.
Ao refletir sobre os sentimentos que podem anteceder a schadenfreude, o
contemporâneo pesquisador Uliana (2017) cita alguns pesquisadores que também
estudam o fenômeno, tais como Hareli; Weiner (2002), Leach; Spears (2008) Takahashi
(2009) e Cikara (2014) que explicitam alguns desses sentimentos como inveja,
competição entre grupos, vingança, alívio e, ainda, a baixa autoestima.
Inicialmente, observa-se a inveja como um dos fatores preponderantes que
antecedem o fenômeno, visto que essa “se dá porque a vantagem percebida no
adversário justifica que se possa sentir prazer pelo sofrimento dele” (ULIANA, 2017, p.
15). Em outras palavras, compreende-se a inveja como uma reação humana
caracterizada por sentimentos de inferioridade frente a conquistas de outrem,
potencializando em quem a sente o desejo de ser melhor.
Para analisar a relação entre a inveja e o fenômeno schadenfreude é importante
também que se leve em consideração, a carga de ressentimento que o indivíduo pode
carregar ao perceber que existe admiração e orgulho por outra pessoa diante de algum
esforço que o mesmo tem feito, entretanto, não vem sendo reconhecido. Essa carga
emocional mantém a relação citada bastante forte e, consequentemente, determinante
nas relações e condutas sociais.
Nesta perspectiva, Restrepo (2019) afirma que existe uma relação entre a inveja
e alguns sentimentos variáveis psicossociais, o que nos faz, a partir daqui, compreender
então que a inveja e a relação estabelecida entre os grupos nos quais se está, ou se deixa
de estar inserido, estão, mesmo que de maneira sutil, interligados aos outros fatores que
desencadeiam o objeto desse estudo.

Existe uma relação entre inveja e variáveis psicossociais, como eficiência,


autoestima, controle (manipulação), pré-disposição a comportamentos
agressivos que precedem a inveja. Quando existe a inveja e ocorre algum
infortúnio àquele que é o invejado, as emoções podem se manifestas de
diversas formas: se pode solidarizar e ter sentimentos de preocupação e dor
por essa pessoa, ou também se pode passar pela experiência de um
sentimento gratificante derivado desse infortúnio, esse fenômeno é chamado
de Schadenfreude (RESTREPO, 2019, p. 125) [tradução nossa].6

6
No original, em Espanhol: “existe relacion entre la envidia y variables psicosociales como la
autoeficacia, la autoestima, el control percibido y la predisposicion a comportamientos agresivos que
predicen la envidia. Cuando hay envidia y le ocurre una desgracia a quien es envidiado las emociones
pueden manifestarse de diversas formas: se puede simpatizar y tener sentimientos de preocupacion y
13

Perpassando a inveja, compreende-se um próximo estímulo que é a competição


entre grupos. Quando é necessário que um grupo perca para que outro vença, a vitória
reforça a identificação do sujeito com os seus, o que é capaz de reforçar um valor
positivo à falha, estimulando ao prazer frente ao dano do adversário. Um exemplo que
pode, em termos, representar esta linha de pensamento, é a questão inerente ao futebol,
com toda estrutura de seus campeonatos, que desperta a inveja dos times que se
encontram no topo da competição, os quais possuem resultados desastrosos, se levarmos
em consideração a criação de torcidas organizadas e toda a violência que pode, às vezes,
ser construída, ou despertada em campo e fora dele.
A competição e sentimento de pertencimento aos grupos estão diretamente
ligados a eventos especiais que estimulam ou ameaçam as relações sociais, tais como
campeonatos, finais, ou ainda a copa do mundo, retomando ainda o pensamento do
universo do futebol. Eventos como esses são potencializadores do fenômeno de
Schadenfreude, pois,

Schadenfreude pode funcionar como um sinal de coesão do grupo em


oposição aos concorrentes. Demonstrar prazer em vez da empatia em
resposta ao infortúnio de alguém é um sinal claro para ao mesmo tempo
agrupar e afastar os membros de que os interesses de alguém não estão
alinhados com os da vítima (CIKARA et al, 2011, p. 151).

Também como um dos fatores adjacentes da inveja, pode-se citar a raiva,


sentimento constituído não apenas pela diferenciação inter ou intrapsicológica, mas
também, a partir do momento em que se respeita ou não algum alvo. Nesse quesito,
ainda é possível destacar que existe a possibilidade da influência de estereótipos como
cor da pele, status social, competitividade, dentre outros, neste ponto um triste exemplo
é o produzido pelo Nazismo, o qual marcou o mundo profundamente, como também, o
racismo, produto da escravidão, que até a atualidade, produz e possibilita projeções dos
aspectos mencionados, internamente, na sociedade.
Oliveira e Oliveira (2017 apud CIKARA; FISKE, 2012) ratificam tal afirmação
quando realizam uma pesquisa empírica com base em alguns experimentos sociais e,
por meio destes, afirmam que,

dolor por esa persona, o tambien se puede pasar por la experiencia de un sentimiento gratificante derivado
de dicha desgracia, este fenomeno es llamado Schadenfreude” (RESTREPO, 2019, p. 125).
14

(...) os resultados encontrados mostram que as pessoas se sentiram menos


ruim sobre eventos negativos e menos bons sobre eventos positivos quando
eles passaram a invejar seus alvos em comparação com outros alvos.
Entretanto, os participantes não relataram um sentimento significativamente
melhor sobre eventos negativos quando aconteceu a inveja em comparação
com outros que eles tinham como alvos (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2017, p.
2).

De maneira mais objetiva, os resultados demonstraram que, mesmo aqueles


participantes que decidiram não expor diretamente sua sensação de prazer ante ao dano
dos indivíduos dos quais havia o sentimento de raiva, algumas evidências faciais
comprovaram a presença de afeto positivo, ou seja, sorriso, mesmo que maneira
discreta.
Outra hipótese que pode ser precedente à schadenfreude é o sentimento de
vingança. O interessante da vingança é que não há um esforço da parte do observador,
para que essa vingança se concretize, ele possui apenas um sentimento que não pode
controlar e ao presenciar algo de ruim acontecendo com alguém, sente-se satisfeito
como se, realmente, tivesse se vingado.
Cabe aqui uma pequena retomada ao segundo ponto, que é a competição entre
grupos, pois a competição também pode ser um fator preponderante para que se
desenvolva o desejo de vingança em relação às pessoas que não são pertencentes ou,
ainda, que porventura já tenham prejudicado as que fazem parte do grupo. Uliana
(2017) exemplifica esse fato além de competições esportivas, relacionando também a
questões políticas e ideológicas.
Nesse ínterim, compreende-se ainda o sentimento de alívio como um dos fatores
relacionados ao schadenfreude, de modo que o prazer relacionado ao dano do outro
esteja ligado ao fato de não ter sido o alvo desse infortúnio. Para analisar essa
possibilidade, Pereira (2009) realizou uma pesquisa empírica em que foram analisadas
108 pessoas com diferentes visões de si mesmas sobre os fatos que lhes aconteceram ao
longo da vida, a saber: que se identificavam como vítimas; como não inocentes; como
crentes em um mundo justo ou não; e trabalhadores ou estudantes.
A autora referida mensurou e analisou esse alívio por meio de questionários e
das reações frente às possibilidades apresentadas pelos respondentes. Desse modo,
chegou à conclusão que quando o sujeito considera a vítima responsável pela situação
na qual se encontra, a schadenfreude como forma de alívio é mais recorrente.
15

Entretanto, de modo inversamente proporcional, o estudo provou que quanto maior o


fenômeno schadenfreude, menor é o alívio sentido pelo ser. Veja:

Perante isso, poder-se-á especular que a schadenfreude não é uma emoção


semelhante ao alívio, uma vez que estas duas emoções não ocorrem em
paralelo. A justificação para tal pode residir no facto de um participante
quanto mais se sente aliviado face ao que aconteceu à vítima, mais reconhece
a gravidade dessa situação e portanto, menos sente prazer por um sofrimento
que considera grave ou o inverso (PEREIRA, 2009, p. 28).

Por fim, a baixa autoestima, que dentre os fatores citados, é o que menos se
aproxima ou tem proximidade direta com o sentimento de inveja. O sentimento de baixa
autoestima vem de uma situação de falha, alguém que teve algum infortúnio ao longo de
sua vida e que não conseguiu superar, entendendo, na maioria das vezes, que, as pessoas
sentem apenas pena de si.
Uliana (2017, p. 18) considera que “por outro lado, o indivíduo que é alvo do
sentimento de pena pode ser levado à depressão, desespero e ainda ter diminuído seu
empoderamento e a sua autoestima, na medida em que se conforma e se auto justifica a
uma condição inferior”.
Além da pena, os indivíduos que sofrem com a baixa autoestima podem também
sofrer com medo das reações negativas que a exposição social pode acarretar, fazendo
com que tenham comportamentos semelhantes aos estereótipos de seus grupos, evitando
que demonstrem aquilo que realmente pensam ou são.
Ao mergulhar na baixa autoestima, necessidade de aceitação e estereótipos
sociais, o fenômeno schadenfreude se desenvolve à medida que suas emoções são
provocadas, podendo, consequentemente, sentir prazer ante o dano do outro, por conta
dos limites impostos (ou deixados de ser impostos), seja intra ou interpsicológicos. A
seguir será destacado algumas especificidades em relação a Gestalt-Terapia, as quais
possibilitam o diálogo conceitual entre ela e o fenômeno tratado no trabalho, ou seja, a
schadenfreude.

3 GESTALT-TERAPIA E O FENÔMENO SCHADENFREUDE

3.1. A GESTALT-TERAPIA E SUAS ESPECIFICIDADES


16

A Gestalt-Terapia, abordagem psicológica da qual este trabalho trata, é uma


terapia que estreita laços com uma base sólida com o emocional do indivíduo, balizando
a partir de aberturas de um processo de reflexão-emocional, levando o consulente a
percepção de um totalidade intitulada de Gestalt7. A base epistemológica de formação
da Gestalt-Terapia8 se assenta e é fundamentada, diretamente, pela Fenomenologia e
pelo Existencialismo.
A Gestalt, segundo as palavras de Serge e Anne Ginger (1995), foi concebida a
partir das ideias do psicanalista judeu de origem alemã, Fritz Perls. Algo que chama a
atenção em relação a ela, que, de certa forma, é bastante interessante é que, “a Gestalt
não objetiva simplesmente explicar as origens de nossas dificuldades, mas experimentar
pistas para soluções: ela prefere o sentir como, mobilizador de mudança, à procura
lancinante do saber por quê [...] Se me permitisse parafrasear Sartre, ‘psicologizando’
uma de suas declarações, eu diria: o importante não é o que fizeram de mim, mas o que
eu faço do que fizeram de mim” (GINGER; GINGER, 1995, p. 18-19).
A partir da afirmação dos autores mencionados, parte-se do pressuposto que as
escolhas são responsabilidades de cada indivíduo, sendo que, cada indivíduo trabalha
em um ritmo a partir do que emerge no momento. Isso é um ponto importante para se
entender com maior profundidade a questão do processo de relação das circunstâncias
que constroem a Gestalt. Os autores parafraseiam Sartre e a paráfrase muito nos
interessa, pois constrói uma metáfora significativa para pensar a Gestalt neste trabalho.
As palavras parafraseadas pelos autores possuem ligamentos diretos com o
pensar da formação da Gestalt. Quando observamos uma imagem, é normal que o todo
seja percebido, deixando em segundo plano as partes que o integram, quase que como
uma espécie de mosaico já montado. É importante destacar que a Gestalt não é a soma
das partes, mas cada elemento da composição deste mosaico é interpretado como uma
Gestalt, que, em segundo momento forma o todo. Retomando, as palavras que foram
parafraseadas, seria o que eu faço do que fizeram de mim.
Por este prisma, entende-se o conceito da Gestalt como a configuração, ou seja,
é o que poderíamos entender como a fluidez e a pluralidade de engrenagens que
possibilita contemplar algo maior. Partindo deste pressuposto, toda Gestalt é formada

7
Quando a palavra “Gestalt” aparecer sozinha, ou seja, não acompanhada do termo: Terapia, trata-se do
entendimento da formação dela enquanto conceito/ideia.
8
Doravante: G-T.
17

por outras, um processo, aos nossos olhos, multifacetado, ou quem sabe,


multidimensional, devido a capacidade de abranger múltiplos aspectos do todo.
Os pesquisadores supracitados enumeram ainda que, na formação da base
conceitual da G-T, no que diz respeito a Fenomenologia e o Existencialismo, é possível
destacar alguns estudiosos, pelo menos os principais de sua base inicial, como, por
exemplo, Bretano, Husserl, Heidegger, Scheler, Jaspers, Büber, Tillich e Binswager,
especificamente na Gestalt, nomes como os de Von Ehrenfels, Wertheimer, Koffka,
Köhler, Goldstein, Lewin e Zeigarnik, em diálogo com a área da Psicanálise; Freud,
Ferenczi, Groddeck, Adler, Jung, Reich e Horney, e por último, mas, não menos
importante, no Psicodrama; Moreno.
Dentre os nomes e as áreas de diálogo da G-T, destaca-se algumas que se
apresentam como linhas principais e outras secundárias, devido ser difícil a diluição do
emaranhado conceitual que constitui a G-T. Neste sentido, destacaremos no nosso
entendimento os pontos principais que a G-T manteve em seu íntimo, das áreas da
Fenomenologia e do Existencialismo, ambas bases fundamentais para o pensamento da
Gesltalt. Da primeira ela reteve principalmente, as seguintes:

• que é mais importante descrever do que explicar: o como precede o porquê.


• que o essencial é a vivência imediata, tal como é percebida ou sentida
corporalmente — até imaginada — assim como o processo que está se
desenvolvendo aqui e agora.
• que nossa percepção do mundo e do que nos rodeia é dominada por fatores
subjetivos irracionais, que lhe conferem um sentido, diferente para cada um;
• isso conduz, particularmente, à importância de uma tomada de consciência
do corpo e do tempo vivido, como experiência única de cada ser humano
(GINGER; GINGER, 1995, p. 36).

No que diz respeito ao Existencialismo, que, diga-se de passagem, é muito


próximo da Fenomenologia quando se trata da G-T, sendo que esta, por sua vez, reteve
em seu cerne os seguintes elementos norteadores remanescentes da Fenomenologia, a
saber:

• o primado da vivência concreta em relação aos princípios abstratos. Pode


ser considerado “existencial” tudo que diz respeito à forma como o homem
experimenta sua existência, a assume, a orienta, a dirige. A autocompreensão
para viver, para existir, sem se colocar questões de filosofia teórica, é
existencial', é espontânea, vivida, não erudita (refletimos, mas só para agir);
• a singularidade de cada existência humana, a originalidade irredutível da
experiência individual, objetiva e subjetiva;
18

• a noção de responsabilidade de cada pessoa que participa ativamente da


construção de seu projeto existencial e confere um sentido original ao que
acontece e ao mundo que a rodeia, criando, inelutavelmente, a cada dia, sua
relativa liberdade (GINGER; GINGER, 1995, p. 36).

A partir dos elementos destacados, se torna mais perceptível que a G-T é uma
abordagem fenomenológica clínica, sendo centrada na descrição do sentimento, do
emocional, ou da awareness9, algo muito pautado em um olhar, consideravelmente,
humanista. Ou nas palavras de Frazão, “[...] por meio do desenvolvimento das
potencialidades humanas de crescimento e criatividade. O homem se autodetermina,
interage ativamente com seu ambiente, é livre e pode fazer escolhas, sendo responsável
por elas no universo inter-relacional no qual vive, o que constitui um novo paradigma”
(FRAZÃO; FUKUMITSU, 2013, p. 08).
Em consonância ao destacado, Rehfeld (2016, p. 16) salienta que, “[...] a
fenomenologia exige uma nova atitude diante do conhecimento e da filosofia da ciência.
Sua tarefa é elucidar não o mundo e a realidade tomados em si mesmos, mas as relações
vividas e efetivas que se estabelecem, ao mesmo tempo necessária e livremente, entre
homem e mundo”.
A relação observável do homem e do mundo é consolidada a partir da
construção das várias Gestalten10. Disso emerge, por exemplo, o diálogo tão frutífero
das questões da Fenomenologia e do Existencialismo, para formar o entendimento do
pensamento filosófico, pensando principalmente que a base da G-T é ainda na
atualidade a filosofia, para tal destaca-se as palavras de Chauí (1995, p. 14) que diz “a
reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a
si mesmo". Nesta intersecção o Existencialismo se faz presente.
O processo de autocompreensão, e destaca-se este termo, pois, partindo-se da
ideia de que o indivíduo/consulente merece adquirir certa consciência ou percepção de
alguma situação ou fato, o processo reflexivo é, sem dúvida, o início, o meio e o fim
para se alcançar a noção de responsabilidade no que diz respeito a saber o que fazer com
o que fizeram de você. Neste ponto, há algumas questões desenvolvidas já na G-T
como, por exemplo, os fatores perceptivos, ou as formas de organização das
informações que cercam o indivíduo e estão ligadas a experiência psicológica dele.

9
Tomaremos a tradução deste termo não de maneira literal, mas, pensando dentro do contexto da
pesquisa. Neste sentido, entende-se o termo como: “conhecimento ou percepção de uma situação ou fato”.
10
Plural da palavra: “Gestalt”.
19

Um exemplo dos fatores perceptíveis destacados pela G-T é a relação figura-


fundo, ou o princípio da continuidade, todos atrelados em uma situação multifacetada
que ao mesmo tempo que se apresenta ao consulente, também, se apresenta ao
terapeuta. A este respeito, Ginger; Ginger (1995, p. 38) destacam que “Todo campo
perceptivo se diferencia em um fundo e em uma forma, ou figura. A forma é fechada,
estruturada. É a ela que o contorno parece pertencer. Não podemos distinguir a figura
sem um fundo: a Gestalt se interessa por ambos, mas, sobretudo, por sua inter-relação”.
Caberia nesta relação o diálogo conduzido pelo terapeuta, mas, caminhado por
ambos. Vale ressaltar que a relação com o consulente, nesta abordagem, não é unilateral
como em outras. A tomada de consciência é sempre a tomada de consciência de alguma
coisa, ou de algo. “O comportamento humano não é desprovido de significações”
(FUKUMITSU, 2013, p. 20). Na mesma esteira, Ewald (2008, p. 151) destaca que:

[...] partindo da experiência é possível atingir o concreto, e o mundo da


consciência, até então visto como algo basicamente vago, destituído de
qualquer positividade, controle e possibilidade de previsão, sem qualquer
fundamento empírico, no sentido reinante no período, torna-se acessível
através dos atos intencionais da consciência e de seus modos de relação com
o mundo.

Por este viés, o todo, resgatando a ideia da figura-fundo, dá significado às partes,


proporciona a tomada de consciência, ou algo muito próximo a isso. “A sabedoria sobre
a condição humana revelada pelo sofrimento transgeracional, comunitário e biográfico
está presente em sua antropologia, teleologia e teologia pessoais; o sofrimento e a
sabedoria sobre a condição humana podem ser reconhecidos também, de forma
implícita, em sua teoria, metodologia, atitude e prática terapêutica” (CARDELLA,
2014, p. 92).
Desta afirmação da autora se torna possível, por exemplo, pensar algumas
questões que Nietzsche destaca quando reflete a respeito do que ele nos mostra como –
humano demasiadamente humano. Em outras palavras, a busca pela fuga do sofrimento,
ou o não entendimento da dor, ou de outras emoções, como elemento integrante da
própria existência humana, como é o caso que vem sendo discutido na pesquisa.
Neste sentido, o pensamento do autor nos vale, pensando principalmente que a
interpretação de algum fenômeno, como o próprio Nietzsche pensava, busca trazer a
superfície o sentido do fenômeno que se esteja analisando, no caso deste trabalho o
20

schadenfreude, levando a avaliação, ou o autoconhecimento, totalizar os fragmentos,


sem, no entanto, atenuar ou suprimir a pluralidade da totalidade envolvida. Isso é
importante quando direcionamos o pensamento para as questões que envolvem a G-T,
por exemplo.
Os psicólogos e terapeutas, que utilizam da G-T partem da integralidade dos
fenômenos, ou seja, o sentido seria do todo para as partes menores, deixando claro que,
nem o todo, nem as partes possuem valor majoritário ou preponderante, todo o processo
é importante e essencial, principalmente quando se admite, como é o caso na G-T, que,
o cérebro é um sistema que transforma as informações a partir dos sentidos, e os
sentidos estão diretamente ligados a forma harmônica do funcionamento do cérebro.
No tópico a seguir, abordaremos a Teoria Organísmica de Kurt Goldstein,
destacando alguns pontos os quais permitem o diálogo entre a G-T e a Teoria pensada
por Goldstein, a qual, diga-se de passagem, possui frutíferas possibilidades de se pensar
a aplicabilidade dela em consonância com a G-T, pensando principalmente, nas
questões inerentes a simplicidade e a busca de equilíbrio, que, pode ser encontrada tanto
em uma quanto na outra.

3.2. TEORIA ORGANÍSMICA DE KURT GOLDSTEIN

A teoria organísmica, de acordo com Goldstein (1995), é um princípio natural


que age na autorregulação do funcionamento do organismo com um impulso que busca
naturalmente cuidar da atualização desse organismo em questão de modo que seja capaz
de garantir seu bom funcionamento de acordo com situações que possam ocorrer. Em
outras palavras, a autorregulação organísmica é a capacidade natural do organismo para
lidar com o meio e seus processos dinâmicos.
Ao refletir sobre esse conceito, o mesmo autor o vinculava ao conceito do
fenômeno da homeostase que, na biologia, desempenha a função de regular as
condições internas do corpo para que este fique em condições de lidar com o externo.
Apenas a partir do século XIX cunhou-se um novo termo, homeostasia, em que, a partir
dele passou se a compreender que o corpo luta tanto pela manutenção das condições
internas, quanto pelas externas.
Com isso, compreende-se que a teoria organísmica consiste nesse processo de
organização do organismo e de suas necessidades para com o meio. Sobre isso, Lima
21

(2014, p. 78) afirma que “O processo da autorregulação organísmica é, na realidade,


uma grande forma de interação e negociação entre aquele ser que busca o fechamento e
a resolução de uma situação de desequilíbrio – uma situação inacabada – por meio de
uma ação no ambiente do qual o organismo é parte”.
A partir de então, essa autorregulação fora aplicada no âmbito da Gestalt-terapia,
haja vista que o funcionamento psíquico busca o equilíbrio que regerá todos os
processos de funcionamento e interação desse organismo com o ambiente. Essa teoria
foi corroborada por Fritz Perls, no ano de 1969, quando o pesquisador afirmou que “o
princípio que governa nossas relações com o meio externo é o mesmo princípio
intraorganísmico de busca de equilíbrio” (PERLS, 1969, p. 86).
Essa abordagem é bastante relevante no que tange a cena do fenômeno
Schadenfreude, pois o autor supracitado dá destaque à interrupção no processo de
autorregulação, visto que neste cenário o indivíduo tende a criar recursos e/ou
alternativas para corrigir aquilo que lhe causara esse sentimento. A capacidade de lidar
com reações que não agradam, faz com que sejam buscadas outras formas de satisfação,
o que dentro da abordagem psicológica da G-T é chamado de Ajustamento Criativo.
O ajustamento criativo é um termo traduzido do inglês creative adjustment e
consiste na busca do ser por aquilo que deseja de acordo com as possibilidades que lhe
são oferecidas. Não há como prever ou determinar um padrão para esse comportamento,
afinal, é imprescindível que se faça valer de criatividade e do reflexo de experiências
pessoais de cada um. De acordo com Perls (1969), essa criatividade é inerente ao
organismo permitindo que seja possível lidar com frustrações e restrições do mundo, se
reinventando a cada momento.
A autorregulação passa a ser então não apenas um mecanismo de defesa, ela
torna-se a responsável pelas sensações e reações de prazer, conforto e segurança, o que
acaba afastando Goldstein do conceito inicial de homeostase biológica e aproximando-o
da homeostasia, que designa o funcionamento do indivíduo interna e externamente. É
um processo de equilíbrio dinâmico, não finito e que ocorre simultaneamente em
diversas áreas da vida.
As demandas, em busca de saúde e satisfação, surgem de maneira inesperada e
exigem do ser uma rápida resposta que possa regular tanto consigo quanto com o
ambiente ao que se encontra exposto. Por isso, “os pacientes, por si mesmos,
22

experienciam primariamente como uma doença, uma mudança básica na sua atitude
diante do meio ambiente” (GOLDSTEIN, 1995, p. 328).
Não há como satisfazer todas as demandas que surgem e, por isso, na Gestalt-
terapia tem-se o que se denomina hierarquia de necessidades em que o indivíduo de
modo instintivo escolhe aquilo que é mais urgente que se resolva, levando em conta
necessidades biológicas e emocionais. Com isso, Perls (1969) entendeu que existe a
possibilidade de um adoecimento psíquico do ser humano, o que pode causar bloqueios
ou uma não fluidez no ciclo natural da autorregulação, o que, nesse caso, realizamos
uma relação com o fenômeno chamado Schadenfreude.
De acordo com Lima (2014), cada indivíduo possui uma necessidade que exige
maior pressa para que seja satisfeita, quando esse processo se dá de modo não saudável
ou não funcional, a sensação do consulente sempre será de um ciclo inacabado.

Quando a fluidez do processo de formação e destruição de figuras é


interrompida, a figura ou Gestalt que não pôde ser completada torna-se uma
situação inacabada. [...] A terapia gestáltica busca restabelecer a fluidez do
processo de formação figura/fundo por meio da análise das estruturas internas
da experiência presente (LIMA apud ARAÚJO, 2014, p. 83).

A finalidade dessa autorregulação é a busca pelo prazer e bem-estar, logo,


considera-se então como um organismo psicopatológico aquele que se encontra incapaz
de satisfazer suas necessidades. Quando o indivíduo não alcança tais feitos, o que seria
primordial para sua sobrevivência, a criatividade tem um importante papel para que a
disfuncionalidade seja resolvida. A autorregulação está diretamente ligada à capacidade
de se adaptar e reagir às mudanças bruscas do meio externo.
Para Goldstein (1995, p. 50), a mudança e a adaptação são fatores fundamentais
para a manutenção da saúde dos organismos porque “O meio ambiente de um
organismo não é absolutamente algo definido e estático; ao contrário, está em
metamorfose contínua, comensurável com o desenvolvimento do organismo e de sua
atividade”.
Frente a essa metamorfose, busca-se a compreensão dos processos humanos,
biológicos, sociais e psicológicos como autorregulativos, na busca incessante pela
sobrevivência. O pesquisador ainda afirma que, em casos em que a pessoa percebe que
está impedida de se autorrealizar, ela acaba adotando de modo inconsciente atitudes
destrutivas, seja com ela mesma, seja com o ambiente ou ainda com outras pessoas.
23

Sob essa égide, entra então o importante processo psicoterapêutico da Gestalt-


terapia e da autorregulação organísmica. Essa abordagem permite, de acordo com Perls
(1969), que se atenha às emoções, sensações e pensamentos de maneira que seja
possível identificar a hierarquia das necessidades do momento e, desse modo, o
consulente pouco a pouco passe a confiar em seu próprio fluxo autorregulativo.
Dessa forma, entende-se por teoria organísmica – o contínuo processo de
autorregulação que permite o pensamento e aceitação das mudanças as quais os seres
humanos estão expostos. É por meio dela que se torna possível a sobrevivência diante
de inúmeras demandas e transformações dos ambientes externos e internos. Na sessão a
seguir serão apresentadas possíveis ligações, em busca de se consolidar o objetivo do
trabalho, entre o fenômeno pesquisado e o processo terapêutico.

3.3. A SCHADENFREUDE NO OLHAR DA GESTALT-TERAPIA:


IMPLICAÇÕES PARA UM PROCESSO TERAPÊUTICO

É sabido que o ser humano é um animal, ou melhor, uma espécie, que apresenta
uma peculiar pluralidade, ou seja, é multifacetada em várias maneiras. Entendemos que,
uma das facetas são os sentimentos que transforma a humanidade no que entendemos
como humanidade.
Existem, neste sentido, diversos desejos, situações controversas, disputas que,
em determinadas ocasiões, ou olhares, não fazem sentido. O sentir é algo íntimo do ser
humano. Algo que, de certa forma, está atrelado ao processo do logos11, a forma de
construir, de enxergar, de se enxergar em um mundo que, de várias maneiras pode ser
cruel ou gentil.
Entender o fenômeno e o existencialismo é um processo um tanto quanto duro,
mas, necessário, para se adquirir consciência de certas atitudes, as quais podem (ou não)
prejudicar o sujeito, sendo sabido apenas se realizando tal processo. A G-T se apresenta
satisfatória para se pensar o fenômeno schadenfreude devido suas especificidades da
configuração e de compreensão das informações obtidas.

11
Quando destacamos a ideia de logos, estamos pensando de maneira mais solta, despretensiosa, algo que
se relaciona ou se aproxima da ideia de racionalidade. Mas, não uma racionalidade tão dura que não esteja
contaminada com todos os sentimentos possíveis de um ser humano.
24

A forma de compreender o funcionamento do cérebro abre possibilidades para


que, ao lado do raciocínio lógico, estejam em igual posição os sentimentos. Sentimentos
estes que fazem parte do todo constituinte de qualquer ser humano. Neste sentido,
pensar em uma abordagem em que a holística esteja presente, abre um leque de
possibilidades. Nas palavras de Ginger; Ginger (1995, p. 160): “isso quer dizer que ela
leva em consideração a totalidade do organismo, e não simplesmente a voz, o verbo, a
ação ou qualquer outra coisa”.
Ao passo que o refinamento da informação bruta é diluído, esta se transforma
em Gestalt. Isso permite, por exemplo, a ocorrência do fenômeno, da schadenfreude,
que é passível de compreensão. A schadenfreude se realiza dentro de um dado contexto,
contexto este que pode ser entendido como um Gestalt. Isto quer dizer que, o terapeuta,
compreendendo os elementos do fenômeno, percebe suas múltiplas configurações, para
estar envolvido com o contexto em que se apresenta.
Dentro deste contexto, as chaves de leitura se consolidam como possibilidades
de compreensões, levando o sujeito (consulente) a se perceber, tendo como contexto a
relação consigo mesmo e com o mundo, e como elemento motriz o desejo do corpo na
busca de autorregulação, como destacado por Goldstein (1995).
Desta perspectiva, destaca-se a importância das especificidades da filosofia
calcada no Existencialismo, pois, ao passo que se busca compreender/perceber algo que
acontece dentro do contexto das emoções/sentimentos, o eu pode ser, e muitas vezes o
é, um dos melhores pontos de partida.
Neste passo, a Fenomenologia se torna elemento fundamental, uma vez que,
além de ser método filosófico, e isso é importante, pois, antes de tudo, o pensamento é a
chave para se expressar os sentimentos e de se compreender algo. Partindo-se também,
pelo fato de propor a descrição da experiência vivida, com suas especificidades
empíricas, ou não, trazendo-as para o processo de refinamento da G-T. Assim, o
terapeuta consegue progredir com o consulente, levando-o a compreender as
experiências que envolvem o fenômeno schadenfreude.
Um dos primeiros, ou principais passos a serem tomados é, por exemplo,
compreender que o todo tem características que não estão em suas partes. Para que isso
ocorra, junto ao terapeuta, o consulente merece caminhar para a visão de conjunto via
percepção. O elemento da percepção além de contemplar a questão de mostrar que o
25

todo tem características que não estão em suas partes, ela auxilia também, por exemplo,
no processo de autorregulação.
Levando-se em consideração a totalidade que é um indivíduo, ou seja, o
universo de possibilidades que é um ser humano, o entendimento do todo que ele
representa se torna possível compreender, por exemplo, as aplicabilidades em suas
especificidades, entendendo-as melhor, como é o caso da interação da G-T com o
conceito da autorregulação desenvolvido pela teoria organísmica.
Em outras palavras, seria, partindo do contexto mais amplo para as partes
menores sem, no entanto, deixar de compreender a especificidade que reside no todo, ou
no contexto mais amplo. Assim, a partir da percepção e do conjunto de estímulos, sendo
físicos e comportamentais, se torna possível traçar uma perspectiva em que, por
exemplo, o equilíbrio, a simetria, a estabilidade e a simplicidade, se consolide.
Neste interim, a personalidade e a subjetividade merecem ser levadas em
consideração, pensando principalmente, que a percepção do indivíduo de seu próprio –
Eu – está diretamente ligada a bagagem cultural e individual, isso implica, de certa
maneira, no reconhecimento, como também no processo de autorregulação. A
percepção põe em cheque a lógica das relações físicas e traz à tona a potencialidade da
subjetividade. Esta, por sua vez, é um elemento importante para que se realize todo o
processo, se efetivando o trabalho do terapeuta com o consulente.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação da G-T com a teoria organísmica trouxe, aos nossos olhos,


potencialidades a serem exploradas, no que diz respeito ao fenômeno do schadenfreude.
Entende-se que o processo que foi realizado no trabalho é de cunho teórico, e que seria
necessário, por exemplo, a aplicação de tudo que foi destacado em análise com um
consulente, algo que levaria o trabalho para outra perspectiva, ou melhor, outra
proposta. Em outras palavras, a realização de um trabalho de campo, tendo o consultório
como contexto de novos entendimentos, ou seja, exercendo a aplicabilidade de algo
pensando em contexto teórico e transportado para um contexto prático, de
aplicabilidade.
Todo o caminho percorrido durante a pesquisa, a questão de revisitar conceitos,
arejando o pensando em novas aplicabilidades faz parte do método de pesquisa
26

científica, assim, dentro do objetivo do trabalho, ou seja, entender o fenômeno


schadenfreude via G-T, percebeu-se que, a partir de todo o arcabouço teórico e das
hipóteses da aplicabilidade do mesmo, se torna possível levar o consulente a refletir,
compreender e lidar com a schadenfreude. Princípios da G-T como, por exemplo, da
figura fundo, da aproximação, do fechamento, semelhança, simplicidade, continuidade e
outros, todos dialogam de maneira frutífera para que a autorregulação ocorra da melhor
maneira possível.
A combinação da teoria organísmica e todo o processo de entendimento da G-T
em contexto de aplicabilidade, levando em consideração que o psicológico está para o
emocional, mais do que para o lógico, encontramos possibilidades para consolidar as
hipóteses do trabalho, ou seja, a schadenfreude ocorre como processo de autorregulação
do organismo frente alguma situação, levando o indivíduo a passar pelo fenômeno para
que em busca, mesmo que de forma simples, pensando pela G-T, ele consiga a
autorregulação, ou quem sabe, a compreensão e equilíbrio frente ao fenômeno ao passo
que ele entende todo o processo que ocorreu consigo mesmo.
Isso quer dizer que se torna possível o consulente entender especificidades,
como, por exemplo, a função de ele se sentir daquela forma, do como, do para que, do
que fazer, entre outras, que leva o indivíduo a entender a totalidade, com suas
características, mas não deixar de leva-lo a compreender também as especificidades das
partes menores que contemplam este todo. E claro, compreendendo todo o processo de
autorregulação do organismo diante do frenesi que é a vida, e do processo sutil ou
truculento que é ser humano.
Todo o processo destacado anteriormente no trabalho buscou alternativas e
meios pautados dentro de um arcabouço científico de entender como o nosso objeto de
pesquisa, a schadenfreude, está diretamente ligada as questões emocionais do indivíduo,
e que de certa maneira, vem se arrastando desde os primórdios da humanidade. Para tal,
salientamos, ainda que, a schadenfreude, pode ser entendida tanto pelo terapeuta, como
também, e merece ser principalmente, pelo consulente, para ele consigo, levando em
consideração a autorregulação do seu organismo, equilíbrio.
Por mais que, o fenômeno tenha em torno dele questões problemáticas como,
por exemplo, a hipocrisia, ou a moralidade, algo que pode chegar a tocar na ética, a
schadenfreude é em sua totalidade um fenômeno complexo e cheio de emaranhados, os
quais precisam ser estudados profundamente. Neste sentido, a proposta desta pesquisa é
27

contribuir para que se tenha mais e mais pesquisas para se entender as especificidades
dela, para que em outras etapas, como, por exemplo, pesquisas em seções terapêuticas
se consiga dar passos adiante no que diz respeito a profundidade de conhecimento a
respeito da schadenfreude.

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